ANTESSALA DO INFERNO
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JUACY DA SILVA
Longe  de mim a defesa de assassinos, matadores  de aluguel, estupradores, sequestradores,
ladrões, assaltantes, traficantes de drogas e de armas, corruptos e corruptores
de toda  espécie que estão ou deveriam
estar em prisões, longe do convívio social, cumprindo as penas que as leis
estabelecem para essas categorias.
Todavia,
“nossos”  representantes, eleitos pelo
povo, sempre manipulados por um Sistema eleitoral que prima pelo uso e abuso do
poder econômico, como  constituites
soberanos, resolveram aprovar  a
constituição cidadã em 1988, que desde então 
ja foi emendada e remendada  uma
série de  vezes. 
No
bojo de nossa Constituição Federal e o mesmo aconteceu com as Constituições
estaduais os constituintes incluiram diversos artigos e cláusulas que garantem
os direitos dos presos e nenhum que garanta o direito das vítimas e seus
familiares.
Desta
forma, apesar de que o Sistema prisional brasileiro possa ser caracterizado
como a antessala do inferno, onde a corrupção, a promiscuidade, a violência, a
truculência, os abusos sexuais, as chacinas e o mando do crime organizado sejam
suas caracteristicas, nossas Leis, inclusive a Constituição determinam que cabe
ao Estado, ou seja, ao poder público, a garantia da vida, da integridade e as
condições para que as pessoas reclusas, ou seja, os presos e as presas, tenham
condições de se recuperarem e após cumprirem suas penas voltarem, reeducadas,  para o convívio social, em condições de
cumprirem as leis e normas de convivência em sociedade.
Nossos
presídios, cadeias, centros de detenção 
provisórios e penitenciárias representam 
uma vergonha para o país e indicam o descaso, incompetência e corrupção
que também  estão presentes nos mais
diversos setores da administração pública e denigrem a imagem do país interna e
externamente. Mesmo assim, seu custo orçamentário, econômico e financeiro é
elevado, causando espanto para quem se debruça 
para analisar  esta triste e
vergonhosa realidade.
Dentre
as propostas que campeiam pela administração pública e entre alguns luminares
da política, da  economia e da gestão
pública, muito em voga nas últimas décadas, está a idéia e proposta de
privatização do Sistema prisional, na vã 
suposição de que em estando o Estado falido, o melhor para  a sociedade e para o contribuinte seria a
privatização, como acontece atualmente no Estado do Amazonas.
Mesmo
que o Estado do Amazonas tenha optado pela proposta privatizadora do Sistema prisional,
pagando a peso de ouro e sob  suspeita de
corrupção neste processo, a um custo de R$4.700,00 por preso/mes, ou R$56.400,00
por ano para manter um preso em condições 
extremamente degradantes e cujos 
resultados da incompetência desta gestão privatizada é do próprio
Estado, foi a chacina onde 60  detentos
foram executados, em lutas entre facções que mandam e desmandam nos
presídios   e  a fuga de mais de uma centena  de condenados, bem   demonstram 
a gravidade deste  Sistema falido.
Nem  bem o noticiário da chacina de Manaus acalmou
a opinião pública  foi sacudida  por mais um massacre em uma penitenciária  agrícola de Roraima, onde mais 35 presos
foram executados e outros motins e rebeliões 
devem acontecer  ao longo deste
ano, com  certeza.
O
Custo médio   nacional de manutenção de
um preso no Brasil está na ordem de R$2.200,00 a R$2.500,00 reais por mes,
praticamente o triplo do valor de um salário mínimo que é a remuneração de
milhões de trabalhadores e de aposentados, que a cada dia trabalham mais e
ganham menos, enquanto a casta governante, os marajás  da República continuam com seus privilégios,
altos rendimentos, discursos misificadores e oportunistas.
Os  dados mais recentes, apesar de que neste
setor os números são os mais díspares 
possíveis, levando a conclusão de que é necessário um censo do Sistema   prisional brasileiro, para se chegar aos
números verdadeiros, indicam que neste início de 2017 existem 668.1182 presos
no país e apenas 394.835 vagas, um deficit de 273.347 vagas.
Todavia,
apesar das “providências”  de nossas
autoridades, este deficit de vagas tem aumentado ano após ano. Em 2015 o
deficit de vagas no Sistema prisional era de 244.474 vagas,  ou seja, em dois anos o número de presos
aumentou em 8,5%  e o número de vagas no
Sistema prisional aumentou apenas  6,3%.
Em 2015  existiam mais de 430 mil
mandados de prisão em aberto. Imaginem o que seria o Sistema prisional se todos
esses mandados tivessem sido cumpridos.
O
assunto  continua em uma próxima
oportunidade.
JUACY DA SILVA,  professor universitário, colaborador e
articulista de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.