DESAFIOS DA AMÉRICA
LATINA
JUACY DA SILVA
Há poucco mais de uma
semana aconteceram dois eventos super
importantes , um no Peru, onde
líderes de diversos países e representantes da sociedade analisaram as consequências que as mudanças climáticas estão provocando e
deverão provocar pelas próximas décadas. As conclusões e o documento assinado
pelos participantes do encontro servirão de base para a reunião do clima que
acontecerá em 2015 na França, que poderá ser
um passo adiante do protocolo de
Kyoto.
O segundo evento foi
realizado no Chile sob o patrocínio do FMI e do Governo Chileno e contou com a participação de mais de 500 pessoas incluindo líderes governamentais, empresários,
representantes de entidades da sociedade
civil organizada, representantes de universidades e de entidades de pesquisa.
O objetivo do encontro
foi a discussão dos desafios para garantir o
desenvolvimento com qualidade e
que a prosperidade, fruto do desenvolvimento,
ocorra com maior equidade, ou seja, contribua
para a redução das desigualdades
regionais, sociais e setoriais.
Depois da chamada década perdida dos anos oitenta, a
América Latina experimentou um
crescimento contínuo por vários anos
até a eclosão d crise financeira norte Americana e
européia de 2008/2009, quando
passou experimentar uma desaceleração acentuada, principalmente
nos últimos tres ou quatro anos. O crescimento do PIB caiu de mais de 5% ao ano para 1,3% em 2013 e
próximos anos.
O cenário para os
próximos anos, talvez até 2020, não é dos
mais desejados, tendo em vista problemas estruturais que ainda permanecem inalterados ou até mesmo se agravando, como
a desindustrialização, a gestão pública
e governança ineficientes, o patrimonialismo como dinamica política e social, a
corrupção como uma doença endemica,
elevados índices de pobreza e de desigualdades sociais e economicas e a
perda do dinamismo economico.
Este cenário é
agravado por alguns fatores conjunturais que estarão criando sérios obstáculos ao
desenvolvimento. Dentre esses fatores merecem maior atenção a desaceleração do crescimento economico da China, principal parceiro comercial da região. Em 2000 as trocas comerciais entre a China e América Latina eram de apenas dez bilhões de dólares, passando para 100 bilhões em 2009; em 2012
foi de 261 bilhões; em 2013 passou para 289 bilhões e deverá atingir 400 bilhões em 2017, caso o apetite importador da China não seja
arrefecido nos próximos anos.
Outro fator
extremamente negativo tem diso a queda acentuada dos preços das
“commodities”, incluindo minério de ferro, soja e derivados, carne e petróleo. Praticamente todos os países da região serão afetados, tendo em vista que aproximadamente
50 % da pauta de exportações são de produtos primários, chegando em alguns
casos até 90% como é o caso da
Venezuela.
A queda abrupta do
preço do petróleo nos últimso quatro meses
terá um impacto muito grande em
países exportadores como o México, Venezuela, Equador, e em menor grau também na Argentina e Brasil, cujas companhias estatais, como a YPF
argentina e a Petrobrás, devem
sofrer sérios reveses, da mesma
forma como já está ocorrendo com a Vale.
Outro desafio
da região tem sido a
desindustrialização acelerada que vem
ocorrendo, em grande parte graças ``as
relações com a China, tendo em vista que a América Latina passou a ser uma região exportadora de matérias primas e um
grande mercado importador dos produtos chineses, contra os quais não consegue
competir. Para se ter idéia
deste processo, basta notar que
em 1980
o setor industrial participava com 25%
na formação do PIB regional, caindo
para 21% em 2000 e com previsão de que em 2015 seja
de 15% e em 2020 estará em
12%, mesmo patamar do início do século passado. Paises como o Brasil, Argentina e México, que já
possuiam um parquet industrial
significativo estão sofrendo mais com
este processo.
Em contraposição na
China e em diversos países asiáticos como Japão, Coréia do Sul, Cingapura,
Taiwan, Thailandia e outros mais, a participação
do setor industrial é de 40% com
tendencia a chegar até a 45% nos próximos anos.
Relacionado com este
ciclo de dependencia ainda existe a
questão do baixo níivel de desenvolvimento científico e tecnológico, o qual transforma a região em um grande mercado consumidor de alta tecnologia e uma
baixissima capacidade de produção nesta área.
As perspectivas que
já não são boas para a região como um todo, serão muito piores para o Brasil, a Venezuela e a
Argentina, cujos governos de cunho
populista e com elevados níveis de corrupção não estão conseguindo superar esses e outros desafios em outras áreas. Nuvens pesadas
rondam nossa região, lamentavelmente!
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular
aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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