quinta-feira, 10 de novembro de 2016


DIABETES, ALERTA INTERNACIONAL

JUACY DA SILVA

Segunda feira  próxima, 14 de novembro, é o DIA INTERNACIONAL DE ALERTA sobre os riscos e problemas  relacionados com uma doença crônica, insidiosa, silenciosa que em  2015 atingiu 415 milhões de pessoas mundo afora, inclusive mais de 14 milhões no Brasil e em 2040 deverá  afetar 642 milhões de pessoas, principalmente na  faixa etária entre 20  e 79 anos. Esta doença tem um nome: DIABETES.

O Dia Internacional do diabetes, criado pela Federação Internacional de Diabetes e a Organização Mundial de Saúde em 1991, que escolheram o dia 14 de novembro, data do aniversário de Frederick Banting, cientista que, juntamente com dois outros cientistas lançaram as idéias que levaram `a descoberta da insulina.

Assim, o DIA INTERNACIONAL DO DIABETES e mais recentemente o mes de novembro, tem a finalidade  de alertar  as pesoas e os organismos públicos de saúde e a sociedade em geral,  sobre as causas, os riscos, as consequências, os custos e a importância dos cuidados que devem ser tomados, em todos os planos: pessoal, familiar e social sobre esta doença que a cada dia afeta milhões  de  pessoas.

Estima-se que além dos 415 milhões de pessoas diagnosticadas com diabetes no mundo, existem mais 193  milhões de pré-diabéticos,  os quais, se não tomarem os cuidados necessários acabarão engrossando esta terrivel estatística. Além disso, estudos e pesquisas internacionais avaliam e concluem que para cada duas pessoas com diabetes, existe mais uma pessoa que com certeza também sofre com a doença  mas que por nunca ter realizado um simples teste de dosagem de açucar no sangue, jamais sabem  ou irão saber que também  são diabéticas ou pré-diabéticos. Portanto, mais de 800 milhões de pessoas mundo afora estão sofrendo com o diabetes.

Os custos com o tratamento das pessoas com diabetes são elevados e representam em torno de 12% dos gastos com saúde, pública e privada, nos diversos países, ou seja, em torno de US$673 bilhões de dólares e como a doença é crônica e em certos casos degenerativa, o custo com o tratamento per capita anual  é superior a dez mil reais, nos países do terceiro mundo e mais do que o dobro disso nos países desenvolvidos.

Por  ano o diabetes  é  responsável  por cinco milhões de mortes no mundo, mais do que   a  soma da mortaliade por HIV/AIDS que atingem 1,5 milhões de pessoas; tuberculose 1,5  milhões de mortes e malária 600 mil mortes por ano. Em alguns países o diabetes já é a terceira ou quarta maior causa de mortalidade de pessoas entre 20 e 79 anos. Além disso, nada menos do que 68%  das pessoas que sofrem de diabetes além de várias  complicações como retinopatia, impotência sexual, cegueira, amputações de  membros, acabam  sendo vítimas de infarto do miocárdio.

O  tema  deste Dia interncional do diabetes em 2016 é “De olho no diabetes”, chamando a atenção  para os aspectos gerais  da doença e principalmente  para que quem já foi dignosticado com diabetes ou prediabetes ou quem, mesmo não o sendo, possam realizar um exame para prevenir-se contra   as indesejáveis  consequências desta terrivel doença  e procurar  tratamento e orientação com professional de saúde.

No Brasil, conforme  dados recentes da Sociedade Brasileira de Diabetes e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e metabologia, em 2015  existiam 14,3 milhões de pessoas com diabetes, ou seja, 9,3% da populaçõo de adultos, estimando-se  que em 2040 sejam 23,2 milhões ou 12,8% dessa faixa etária.

Em nosso país, a cada ano 130,7 mil pessoas morrem devido ao diabetes, mais do que a soma dos assassinatos e das mortes em acidentes de trânsito e transporte. Esses números crescem  anualmente acima das taxas de crescimento demográfico e do que da mortalidade decorrentes de várias outras doenças. Enfim, uma verdadeira tragédia que muito bem poderia  ser evitada.

Os custos públicos e particulares com o diabetes no Brasil em 2015 atingiram aproximadamente R$71 bilhões de reais e este valor deverá chegar a R$115,4 bilhões em 2040, a preços de 2015.

No Brasil, acompanhando o padrão mundial dos países subdesenvolvidos e emergentes, uma em cada sete criancas nascidas é diagnosticada com diabetes gestacional, ou seja, 14,3% dos nascidos vivos já vem ao mundo com esta  terrivel doença. Estima-se que em 2040 sejam 20%, ou seja, de cinco crianças nascidas uma terá diabetes gestacional.

No mundo, entre o  ano de 2000 e o final de 2016 deverão ter morrido 84,1 milhões de pessoas e no Brasil no mesmo período nada menos do que 2,1 milhões de mortes devido ao diabetes, uma tragédia muito maior do que as tragédias provocadas pelos homicícios, acidentes de trânsito e  diversas outras doenças. Todavia, parece que esses números passam  totalmente desapercebidos e merecem pouca ou nenhuma atenção por parte de nossos governantes, que  estão mais voltados aos seus esquemas de poder e seus privilegios do que na sorte do povo, principalmente de quem não tem recursos para cuidar de sua saúde e precisam unicamente do SUS.

Enquanto nos países desenvolvidos existem políticas públicas e também preocupações dos planos e seguros de saúde privados relativos ao diagnóstico precoce da doenca e as medidas preventivas e educacionais para evitar que o diabetes fuja  do controle e faça tantas vítimas cujo sofrimento e morte podem ser evitados, nos paises emergentes e subdesenvolvidos os governos pouco investem nesta área  e muitos, como está acontecendo no Brasil com a PEC  do teto dos gastos públicos, além de pouco investir nesta área ainda vão congelar os recursos aumentando os riscos e a mortalidade decorrente desta  doença.

Oxalá, que  este alerta no DIA INTERNACIONAL DO DIABETES seja entendido por milhões de pessoas que as vezes só muito tardiamente acabam sabendo que fazem parte das estatísticas que tanto sofrimento trazem aos diabéticos quanto seus familiares  e amigos.

Sem prevenção, sem educação para a saúde e sem recursos públicos, enfim, com o CAOS em que se encontra a saúde pública em nosso país os portadores de diabetes, da mesma forma que os portadores de váras outras doenças, principalmente os pobres que não tem a quem recorrer a não sera o SUS  terão dias muito mais difíceis no Brasil nos próximos anos!

Por tudo isso precisamos dizer  um basta `a PEC DA MENTIRA  que vai congelar  e reduzir os recursos para a saúde, uma proposta indecente e discriminatória contra quem tanto precisa dos servicos da saúde pública!

JUACY DA SILVA, professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy  Blog www.professorjuacy.blogspot.com

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