FRATERNIDADE E
POLÍTICAS PÚBLICAS
JUACY DA SILVA
Ao
longo de quase seis décadas a Caampanha da Fraternidade (CF) tem buscado construir-se
como referencia, estabelecer um diálogo com a sociedade brasileira e não apenas
com os fiéis católicos, abrindo uma grande discussão nacional, não apenas
durante o periodo da Quaresma, mas também ao longo do ano, sobre temas,
desafios e situações existenciais que afetam de uma forma global a sociedade
brasileira, principalmente as camadas excluidas, a população mais pobre,
coerente com o espirito do evangelho, da doutrina social da Igreja e as
exortações do Papa Francisco.
A
Campanha da Fraternidade (CF) surgiu no contexto de uma grande transformação
ocorrida na Igreja promovida pelo
Concílio Vaticano II, que também procurou abrir mais as suas portas para
o mundo e não ficar praticamente prisioneira de suas estruturas burocráticas e,
em certo sentido, alienada para o que estava acontecendo mundo afora.
Durante
as primeiras décadas as campanhas da fraternidade (CF) estiveram voltadas para
temas que mais de perto se relacionavam com a Igreja e aos poucos esses temas
foram se voltando para desafios da sociedade brasileira.
A
Campanha da Fraternidade deste ano, será lançada oficialmente nesta quarta
feira de cinzas, 06 de março de 2019; terá como Tema “FRATERNIDADE E POLÍTICAS
PÚBLICAS” e o Lema “ Serás libertado pelo direito e pela Justica”, lema este
extraido do livro do Profeta Isaias, capitulo 1, versículo 27.
A
CF de 2019 destaca um tema da máxima importância na realidade politica nacional,
dos estados e municipios, tendo em vista que em janeiro último tomaram posse um
novo presidente da República; todos os governadores estaduais e, desde inicio de
fevereiro também o Congresso Nacional e todas as Assembléias Legislativas
iniciaram suas atividades parlamentares.
O
foco, o norte, enfim, a atuação dos poderes Executivo e Legislativo e, em menor
escala do Judiciário, só existem em função do que chamamos de politicas públicas,
conjunto de Leis, diretrizes, definições, programas, projetos que norteiam os
gastos públicos, voltados para atender os reclamos, as necessidades, as
aspirações da população e os objetivos nacionais.
A
Igreja Católica e também as demais igrejas, religões, seitas e credos,
trabalham em duas dimensões, uma exclusivamente spiritual e outra voltada para
o atendimento temporal dos desafios que afetam todas as pessoas, em todos os
quadrantes, de todas as classes e faixas etárias.
É
atraves da definição e da implementação das politicas públicas, através das ações
goverenamentais e também não governamentais que o país procura reduzir as
disparidades sociais, os desigualdades sociais, econômicas e culturais e outras
chagas sociais, para que, de fato, passamos ser uma nação justa, desenvolvida e
ambientalmente sustentável, onde a miséria, a fome a violência, a degradação
ambiental, a exclusão e a corrupção sejam eliminadas do contexto politico, econômico
e social de nosso país.
Ao
longo de mais de meio século, a Igreja Católica, além das diversas campanhas da
fraternidade também tem uma atuação permanente atraves de mais de 23 pastorais
e movimentos que abrangem todas as esferas da vida nacional e está presente em
todos os municipios e dezenas de milhares de comunidades.
Para
tanto é utilizada a metodologia VER, JULGAR e AGIR, ou seja, para que nossas
ações sejam efetivas, eficientes e eficazes precisamos realizar uma análise da
realidade, o julgar está voltado para os principais destinatários das ações da
Igreja que são os pobres e, neste contexto, o lema da FC 2019 está voltado não
apenas para a ideia de uma justiça formal e morosa, mas sim para uma “justica libertadora,
referente ao melhoramento das condicoes do necessitado no meio do povo, que no
plano de governo se manifesta por medidas legais”, ampliando e não retirando
direitos sociais que mais de perto tocam a vida dos excluidos e o AGIR
corporifica nossas ações concretas.
Neste
sentido as politicas públicas não podem favorecer os donos do capital, como através
das bilionárias renúncias fiscais, da sonegaão consentida ou das anistias
fiscais que só favorecem os poderosos , enquanto setores como saúde, educação,
meio ambiente e assistência social e outros mais que atuam diretamente para
melhorar a vida das camadas mais pobres estão `a míngua de recursos
orçamentários e financeiros.
Ao
longo deste ano, inspirados na CF 2019, oxalá católicos em particular e
cristãos em geral possam participar das discussões e elaboração das politicas públicas
nacionais, estaduais e municipais, afinal, além de cristãos somos contribuintes
e pagamos impostos e, assim, temos o direito de opinar, participar e controlar os
rumos das ações politicas. Este é o sentido da CF 2019.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. Email
professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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