ENVELHECIMENTO E SAÚDE
INTEGRAL
JUACY DA SILVA
A
saúde, não sentido simplesmente de ausência de doença, mas sim, como enfatiza a Organização Mundial
da Saúde, organismo especializado da ONU para esta área, como “o mais completo bem estar físico, mental, emocional
e social”; passa a ser ao mesmo tempo tanto um sonho a ser realizado ao
longo de nossas vidas quanto uma fonte de preocupação em todos os países,
principalmente nos de baixa, média e também nos países ricos, principalmente
para a população que vive na miséria, na pobreza e, em assim sendo, excluidos
dos bens e serviços que possibilitam uma vida dígna a todas as pessoas.
Ao
lado da busca deste sonho tanto para crianças, adolescentes, adultos e tambem
idosos; uma outra preocupação tambem está tem estado presente nas últimas décadas,
quando o envelhecimento da população em todos os países, de baixa, média ou
alta renda, acontece de forma muito rápida.
Enquanto
este processo de envelhecimento aconteceu de forma lenta e gradual nos países,
hoje desenvolvidos, dando tempo para que os mesmos tenham reduzindo os níveis
de pobreza, de miséria, de concentração de renda e, ao mesmo tempo, que
instituições voltadas `a saúde e ao bem estar de seus habitantes tenham sido
construidas e, assim, melhores cuidados e serviços públicos e privados possam
oferecer tais serviços; nos países pobres e emergentes, como é o caso do
Brasil, defrontam com uma grande número de pessoas, que chegam a quase 80% da
população estejam vivendo na miséria, abaixo ou pouco acima da linha da pobreza
e não dispõem de recursos para desfrutarem de uma vida com dignidade, incluindo
os cuidados com a saúde e o bem estar fisico, mental/emocional, espiritual,
econômico e social.
De
forma semelhante, quando 80% ou pouco mais da população dependem única e
exclusivamente do SUS para terem
atendimento `a saúde e não dispõem de recursos financeiros e nem renda
suficientes para pagarem planos de saúde ou procurarem hospitais, médicos ou
outros profissionais de saúde e muito menos ainda para custearem exemes mais
sofisticados, como imagens ou para medicamentos ou tratamento prolongados como
no caso de doenças crônicas e degenerativas que afetam de forma mais constante
e agressiva pessoas idosas, como câncer, demencias em geral ou doença de
Alzheimers, parkinsons, problemas
cardio-vasculares, diabetes, obesidade, locomoção, visão e outras mais, podemos
perceber que a questão da saúde das pessoas idosas, na dimensão e definição ds
OMS, seja um dos maiores desafios não apenas dos Sistemas públicos de saúde,
mas também das familias e desta parcela da população, chamada terceira idade,
eufemísitcamente denominada de “melhor idade”, que de melhor não tem nada.
Talvez
por tudo isso e também para colocar a questão do envelhecimento na pauta das
discussões públicas ou na agenda política e institucional do país, tanto no
plano federal quanto de estados e municipios, é que o Conselho Nacional dos
Direitos do Idoso oficializou realização da 5ª
Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (5ª CNDPI), no mês de
novembro de 2019, em Brasília.
Esta
conferência que é desdobrada nas etapas municipal e estadual, a serem
realizadas no país inteiro, terá como tema central “Os
Desafios de Envelhecer no século XXI e o Papel das Políticas Públicas”, incluindo
e sub-temas como do eixo I “Direitos fundamentais na construção/efetivação das
políticas públicas e sub-eixos como: saúde, assisitência social, previdência,
moradia, transporte, cultura, esporte e lazer”; e também o eixo II “Educação: assegurando
direitos e emancipação humana”; eixo III: Enfrentamento da violação dos
direitos da pessoa idosa; e, finalmente, o eixo IV: Os Conselhos de direitos:
Seu papel na efetivação do controle social, na geração/definição e
implementação das politicas públicas.
Tendo
em vista o conceito de saúde da OMS, podemos perceber que esta 5a. Conferência
Nacional dos Direitos da pessoa idosa
poderá vir a ser um marco significativo na efetivação de uma grande
politica nacional, com dimensões de longo prazo e visão realmente estratégica, voltada para as
pessoas idosas, tanto pelo aumento significativo do número de pessoas que a
cada ano vivem mais, realidade esta demonstrada tanto pela expectativa de vida
ao nascer quanto `a expectativa de vida em cada faixa etária a partir dos 60
anos.
Uma
pessoa que em 2017 no Brasil tinha 50 anos, por exemplo, tem uma expectativa de
vida de 80,5 anos, quem estava iniciando a terceira idade, com 60 anos, podera
viver ate seus 82,4 anos e uma mulher com 80 anos em 2017, poderá chegar aos
90,3 anos ou mais. A faixa populacional com mais de 80 anos tem crescido muito
mais de que outras faixas etárias, determinando que o Brasil, `a semelhança de
varios países desenvolvidos já tenha um contingente elevado de centenários,
situação que só tende a aumentar.
O
numero de centenários no mundo passou de 150 mil pessoas em 1995, atingindo
pouco mais de 300 mil em 2017 , podendo chegar a mais de 450 mil em 2030.
Crescimento semelhante tanto da população
com mais de 80 em geral ou de centenários em particular tem sido
observado no Brasil.
Este
é um grande desafio, talvez o maior de todos. A Constituição Federal quanto
demais leis infra-constitucionais determinam que a responsabilidade quanto aos
cuidados que a população idosa tem como direitos devem ser proporcionados pela
familia, pelo Estado (no caso Ente publico e não no sentido de unidade da
federação) e pela sociedade. A grande maioria das pessoas com 80 anos e mais
são extremamente dependentes de outras pessoas e instituições para que possam
desfrutar de uma vida realmente humana e digna na etapa final de sua caminhada
terrena.
Em
uma próxima oportunidade pretendo abordar e refletir um pouco também sobre a
questão da saúde mental em geral e da saúde mental/emocional das pessoas
idosas, outro capítulo desafiador nesta jornada em defesa da terceira e quarta
idade.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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