quarta-feira, 5 de março de 2014


TRÁFICO HUMANO, UM CRIME HEDIONDO

JUACY DA SILVA

Em boa hora a CNBB- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, representando a Igreja Católica em nosso país, está abordando na Campanha da Fraternidade deste ano uma das questões da mais alta relevância da atualidade mundial.

O tema deste ano é “ Fraternidade e tráfico humano”, tendo como lema a passagem bíblica da Carta de São Paulo aos Gálatas, onde diz   “É para a liberdade que Cristo nos libertou”,indicando que o tráfico de pessoas fere profundamente a dignidade e a liberdade humana.

A ação deletéria do crime organizado tanto nacional quanto internacional representa  um verdadeiro câncer que corroi as pesoas, as famílias, as comunidades, os países e destroem as instituições nacionais em todas as suas dimensões.

O crime organizado age de diferentes formas e em vários níveis,cabendo destaque ao tráfico de drogas, de armas e de pessoas; a lavagem de dinheiro, o contrabando e descaminho; recrutamento de imigrantes ilegais, os sequestros. Em vários países existe  uma associação entre o crime organizado e as ações terroristas, como forma de amedrontar as pessoas , os governos e as sociedades.

Dois ingredients   estão muito presentes nas ações do crime organizado, a violência, geralmente com requintes de crueldade e a corrupção, como forma de cooptar e silenciar autoridades e agentes públicos para que suas ações não sejam coibidas. O Brasil não foge a esta regra.

Há várias décadas a Agência da ONU, especializada  no combate ao crime e tráfico de drogas , bem como outros organismos internacionais e nacionais vem trabalhando para desbaratar quadrilhas de traficantes de pessoas, de drogas e de armas e tem recomendado aos países membros que também intensifiquem as ações preventivas, de  apoio `as vítimas e suas famílias e  a prisão, julgamento e condenação desses bandidos. E também a adequação do ordenamento jurídico para enfrentar tal desafio.

Segundo dados de relatório recente (2012) da ONU, o tráfico de pessoas tem  três  objetivos: a) trabalho escravo; b) prostituição e c) para a retirada voluntária ou forçada de orgãos humanos. Estima-se que as vítimas do tráfico humano sejam de 20,9 milhões de pessoas e este negócio hediondo   movimenta anualmente mais de 32 bilhões de dólares.

Segundo ainda esses mesmos relatos 55% das vítimas são mulheres, jovens,  adolescentes e crianças e 45% são do sexo masculino, adultos, jovens ,adolescentes e criança. Enquanto as mulheres acabam como prisioneiras de redes de prostituição nacional ou internacional, os homens acabam na condição de trabalhadores escravos. O que impressiona é que 26% das vítimas do tráfico humano, ou seja,  aproximadamente  seis milhões de pessoas tem no máximo 27 anos.

Somente na década de oitenta mais de 20 mil crianças brasileiras foram  “adotadas” por pessoas de outros países, além de dezenas de milhares de crianças, muitas recém nascidas que desaparecem  todos os anos nos diversos países. Segundo  relatórios tanto da ONU quanto dos diversos países tem sido constatados inúmeros casos de tráfico de  crianças com a finalidade de extração e comercialização de órgãos, contra vítimas inocentes  e incapazes.

No Brasil o Congresso Nacional ja investigou e vem investigando essas questões através de CPIs do trabalho infantil, do trabalho escravo, da prostituição e do tráfico de pessoas. No entanto, parece que as ações do Governo não conseguem coibir esta prátia hedionda.

Talvez através da Campanha da Fraternidade e a ação de outras Igrejas e grupos sociais, de forma articulada, possamos analisar, discutir esta triste realidade que existe em todos os Estados e municípios. Só assim será possivel ao Governo  e `as organização não governamentais definirem políticas, estratégias e ações que coloquem um paradeiro `a mais esta ação nefasta do crime organizado em nosso país.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular  aposentado UFMT, Mestre em Sociologia, Articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

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