domingo, 3 de fevereiro de 2013


AS VEREDAS DO FUTURO

JUACY DA SILVA

O ultimo número da  revista “Strategy + Business”,  traduzindo Estratégia e negócios, de dezembro de 2012, uma publicação do grupo Booz & Company, dedicada aos estudos de cunho estratégico não apenas no universo empresarial mas também nos âmbitos nacional e mundial, traz dois interessantes artigos um sobre o setor de pesquisa e desenvolvimento por parte das mil maiores corporações internacionais e um outro sobre a questão dos modelos de universidade, em um mundo em transformação tecnológica acelerada.

O primeiro artigo  intitulado “The Global innovation 1000: making  ideas work” (inovação  global 1000: fazendo as idéias funcionarem) e o  segundo  Os dilemas da universidade”,  juntam-se a um terceiro artigo também muito interessante sobre Talentos como um recurso estratégico  tanto no âmbito das empresas quanto do Estado.

Essas reflexões nos remetem a um debate mais profundo sobre os modelos de desenvolvimento que os vários países tem adotado e vem adotando na busca de construir um futuro mais humano, mais justo e mais voltado para o atendimento das necessidades da população , as oportunidades e a divisão do bolo entre toda a população.  Um dos fatores determinantes, talvez o que maior impacto possa causar na busca desses caminhos (veredas) e a velocidade em  que tal pocesso possa ocorrer , sem dúvida  é o desenvolvimento do conhecimento e a transformação deste em produtos e seviços para a sociedade.

Todavia, como já tenho apontado em artigosr e reflexões anteriores, podemos agrupar os países e territórios nacionais  em  dois grupos: um que desenvolve certa capacidade para gerar conhecimento e desenvolver as áreas de ciência e tecnologia, via uma educação de qualidade e transformadora que privilegie a capacidade individual e a criatividade, e um segundo grupo que não consegue este feito e passa a ser apenas consumidor de conhecimento, ciência e tecnologia.

O primeiro grupo tem as rédeas de seu destino, atingem um nível de independência, de autonomia e,em certos  casos até de hegemonia setorial ou global,  enquanto o segundo grupo, mesmo que se “modernize”  será sempre um mero usuário do conhecimento , da ciência e tecnologia gerados além fronteiras, ficando dependente do domínio ,da transferência e pagamento desta tecnologia em todas as áreas, inclusive nas áreas estratégicas para a independência e a soberania nacionais.

O modelo adotado pelo Brasil está muito mais próximo do segundo grupo do que do primeiro. Mesmo em meio a tanto orgulho e ufanismo por parte do atual governo e alguns anteriores, nossa capacidade de gerar conhecimento, agregar valores, desenvolver ciência e tecnologia, criar produtos de alto valor agregado ainda está extremamente limitada. Orgulhamos pelas nossas exportaçõs de matéria prima de baixo valor agregado enquanto continuamos importando produtos acabados e de alta tecnologia. Esta relação de troca não gera novos patamares de autonomia.

Continuamos a nos orgulhar de termos mais de 200 milhões de celulares, milhões de televisores, computadores, medicamentos , veiculos, microondas, insumos agrícolas e tantos outros produtos sofisticados, mas a grande maioria continua sendo importada ou quando aqui fabricados as patentes, a propriedade intelectuais  pertencem a outros países.

Nosos níveis de investimento em educação, incluindo ensino superior, em ciência e tecnologia, inovação, criação de novos  produtos são muito abaixo do que a representatividade de nossa economia e de nossa arrecadação de impostos e dos orçamentos públicos.  De forma  semelhante  também o setor empresarial brasileiro pouco investe nessas áreas estratégicas, ficando a mercê do que os poderes públicos investem, muito pouco  como sabemos. As grandes prioridades dos governantes são setores que transformam as massas de pobres  e miseráveis e de boa parte da  classe média  em eleiores de cabresto, o eterno binômio pão é circo, bem conhecido desde o Império  Romano há mais de dois mil anos.

Enquanto isto, alguns países  que em passado não muito distante estavam em nível de desenvolvimento bem abaixo do Brasil deram um salto extremamente rápido e hoje desfrutam da independência e autonomia nessas áreas. Os exemplos da China, da Índia, da Coréia do Sul, da Turquia, de Twaian e outros tigres asiáticos bem atestam esta realidade.

Em uma próxima oportunidade irei apresentar alguns numeros que demonstram como este setor  tem se desenvolvido  em  alguns desses países. Quanto ao Brasil também precisamos ver nossas posições  nos “rankings” mundiais. A vergonha continua a mesma, nosso desempenho  tem  sido vexatório!

JUACY DASILVA, professor  universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador de Hipernotícias.  Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

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