quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


UNIÃO DE GIGANTES (1)
JUACY DA SilVA
Ao longo de vários séculos o “centro” do mundo foi a Europa, a partir da qual diversos países e potências projetaram poder e dominação na Ásia, África e o continente Americano. Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Itália, Alemanha e Inglaterra em alguns momentos da história estenderam seus tentáculos sobre suas colônias e territórios de além-mar.
As colônias e territórios eram as fontes de matérias primas e mão-de-obra escrava que garantiram o desenvolvimento e o “progresso” das metrópoles.  O mundo era dividido entre colonizadores e colonizados, entre países centrais e periférios, exploradores e explorados.
Como o fim da segunda Guerra mundial uma nova ordem geopolítica, estratégica, militar,  econômica e cultural foi criada e em lugar dos países colonialistas europeus surgem duas novas supeerpotências:  EUA e URSS (União das Repúblicas Socialistas e soviéticas), cada uma com seus satélites.  O mundo passou a ser dividido entre capitalistas e socialistas/comunistas, sob a hegemônia dessas duas novas dominações.
A crise sino-soviética do início dos anos sessenta contribuiu  para o fim da hegemonia soviética em relação ao mundo socialista/comunista. Este é , na verdade, o início da ascensão do novo “império” chinês, que se firmaria de forma definitiva no  início da década de oitenta com as transformações econômicas, de cunho capitalista, ocorridas na China e aprofundadas nas últimas três décadas.
No final dos anos oitenta a crise que estava latente na URSS explode e o império soviético se esfacela, cujo símbolo maior foi a queda do muro de Berlim e a  independência dos vários países-satélites  do leste europeu. Como resultado surge  mais uma “nova” ordem mundial, onde a polarização da Guerra fria passa a ser substituida pela hegemonia dos EUA nos planos econômico, geopolítico, tecnológico  e militar e a afirmação da China como uma potência econômica e seus desdobramentos em outras áreas.
A crise  econômica e financeira que abalou as estruturas dos vários países capitalistas e emergentes na Europa, EUA e outras partes do mundo nos anos de 2007 a 2009, ao lado do crescimento econômico acelerado da China, da Índia, do Brasil e da Rússia (BRICs), indica que o “centro” do mundo parece que está se deslocando do Atlântico para o Pacífico e ocenano índico e outras regiões.
Para evitar que este deslocamento ocorra de forma rápida e inexorável, os antigos e atuais “donos”  do mundo nos últimos três anos têm feito um grande esforço e empenho para não perderem a primazia em relação aos espços conquistados ao longo dos tempos. Este esforço está voltado para a criação de uma mega-zona de livre comércio como forma de contrabalançar o peso dos avanços mencionados que indicam que este deslocamento  está ocorrendo de forma rápida.
Em seu discurso de posse de segundo mandato e mais recentemente  em sua mensagem sobre o “Estado da união”, o Presidente Obama delineia este projeto estratégico que deverá ser levado a cabo pelos Estados Unidos e os países que integram a União Européia. Vale destacar que já existem vários tratados de livre comércio entre os EUA e diversos países e também entre a União Européia e varios outros países.  Assim, ao  buscar este novo espaço econômico transatlântico, os EUA facilitarão a consolidação de outros blocos, como o NAFTA (Tratado entre EUA, Canadá e México) e indiretamente resgatando a força do G7 e de outras articulações com países asiáticos (ASEAN).
Isto demonstra que os países que integram o BRICs não vão estabelecer  uma nova ordem econômica, geopolítica, estratégica e militar de forma fácil. Afinal, hegemonia e poder no contexto internacional não é algo que se ofereça de “mão beiajada” é fruto de um grande estratégia e muita luta!
Esta reflexão continua nos próximos artigos.
JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

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