quarta-feira, 6 de agosto de 2014


A TRAIRAGEM POLÍTICA

JUACY DA SILVA

Primeiro  vamos ao entendimento do que seja trairagem. De acordo com dicionários da lingua portuguesa trairagem tem signficados diversos, incluindo traição, safadeza, quebra de acordo ou contrato, sacanagem, falsidade, pessoa traiçoeira, mau caráter e outros derivados desta relação. Existe até  mesmo a música trairgem da dupla sertaneja Teodoro e Sampaio, que bem poderia ser o hino official  de nossas eleições, bastando apenas adapta-la  para o contexto politico-eleitoral  no Brasil como um todo e em Mato Grosso em particular.

A origem da trairagem política e eleitoral decorre do fato de que os partidos políticos no Brasil, mesmo os que se julgam com um grande  capital ideológico e ético, são muito mais instâncias burocráticas para registro de candidaturas e uso do fundo partidário do que propriamente uma entidade com credibilidade pública , programa, doutrina/ideologia e coerência.

Costuma-se dizer que todos os partidos, inclusive os chamados nanicos, tem seus donos em todos os níveis: municipal, estadual e nacional e seus  caciques usam e abusam dos partidos e do poder que decorre de sua organização muito mais para negociarem e defenderem  seus interesses ou dos grupos que dividem tais organizações, inclusive economicos e financeiros,  tempo de TV e de propaganda eleitoral obrigtória e, claro, decidir quem deve, pode ou não ser candidatos e  também participar do leilão dos cargos adminnistrativos.

A falta  de coerência e  de fidelidade são as normas básicas, razão do povo ja andar cansado do troca-troca partidário e de candidatos, de alianças incoerentes. Quando a luta interna ou a busca para espaco se agrava, um cacique ou candidato a tal, juntamente com seus seguidores não titubeiam em deixar o partido pelo qual foram eleitos ou estão filiados há anos ou décadas e organizam  um novo partido.

Durante o regime militar houve um esforço para a consolidação do bi-partidarismo no Brasil seguindo modelo de alguns países,  considerados democráticos, onde só existem dois partidos, o do governo e da oposição, mas com real possibilidade de alternância no poder, como acontece nos EUA, na Inglaterra, no Canadá, diferente do que ocorre em países dirigidos por ditaduras civis, militares  ou populistas, onde mesmo havendo um partido de oposição, este jamais conseguirá chegar ao poder.

Voltando a trairagem política e eleitoral, ela decorre e acontece  neste quadro de fragilidade dos partidos e a super-valorização de seus dirigentes, caciques e donos  em detrimento  da  organização partidária. Quem não se afina com  a cartilha da cúpula partidária acaba sendo excluído, mesmo quando se trata de políticos com certo nível de poder e influência. As atuais  alianças  ou coligações,  a começar  pela chamada base  de sustentação do Governo do PT,  iniciado  com Lula e continuando com Dilma, é o exemplo  típico deste ajuntamento incoerente e oportunista. Fazem parte do mesmo desde os partidos comunistas, socialistas, trabalhistas até os que sempre foram considerados pelas famosas forças de esquerda como conservadoresou direitistas,  como os malufistas, latifundiários, useineiros e atualmente os barões  do agronegócio.

É  diicil entender uma aliança entre latifundiários e o MST, entre banqueiros e a populaça, entre corruptos e virgens éticas na politica, entre grandes empresários capitalistas e organizações sindicais de  trabalhadores ou entender como alguns setores deste ajuntamento defendem a aplicação da Lei da Ficha Limpa para adversários e escondem os corruptos que fazem parte do governo.

Neste contexto a trairagem  política é apenas um complemento  a mais da demogogia, da  corrupção, da mentira, do oportunismo, incluindo taambém a falta de um projeto de desenvolvimento para o país, os estados e os municípios e em seu  lugar  surgem os diferentes projetos de poder. O importante é a conquista ou manutenção do poder, para usa-lo a seu bel prazer e para aparelharem o Estado e continuarem usufruindo de suas benesses. Por isso é que vivemos em uma democracia de fachada.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com   Twitter@profjuacy

 

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