A TRAIRAGEM POLÍTICA
JUACY DA SILVA
Primeiro vamos ao entendimento do que seja trairagem.
De acordo com dicionários da lingua portuguesa trairagem tem signficados
diversos, incluindo traição, safadeza, quebra de acordo ou contrato, sacanagem,
falsidade, pessoa traiçoeira, mau caráter e outros derivados desta relação.
Existe até mesmo a música trairgem da
dupla sertaneja Teodoro e Sampaio, que bem poderia ser o hino official de nossas eleições, bastando apenas
adapta-la para o contexto
politico-eleitoral no Brasil como um
todo e em Mato Grosso em particular.
A origem da trairagem
política e eleitoral decorre do fato de que os partidos políticos no Brasil, mesmo
os que se julgam com um grande capital
ideológico e ético, são muito mais instâncias burocráticas para registro de
candidaturas e uso do fundo partidário do que propriamente uma entidade com
credibilidade pública , programa, doutrina/ideologia e coerência.
Costuma-se dizer que
todos os partidos, inclusive os chamados nanicos, tem seus donos em todos os
níveis: municipal, estadual e nacional e seus
caciques usam e abusam dos partidos e do poder que decorre de sua
organização muito mais para negociarem e defenderem seus interesses ou dos grupos que dividem
tais organizações, inclusive economicos e financeiros, tempo de TV e de propaganda eleitoral
obrigtória e, claro, decidir quem deve, pode ou não ser candidatos e também participar do leilão dos cargos
adminnistrativos.
A falta de coerência e de fidelidade são as normas básicas, razão do
povo ja andar cansado do troca-troca partidário e de candidatos, de alianças
incoerentes. Quando a luta interna ou a busca para espaco se agrava, um cacique
ou candidato a tal, juntamente com seus seguidores não titubeiam em deixar o
partido pelo qual foram eleitos ou estão filiados há anos ou décadas e
organizam um novo partido.
Durante o regime militar
houve um esforço para a consolidação do bi-partidarismo no Brasil seguindo
modelo de alguns países, considerados
democráticos, onde só existem dois partidos, o do governo e da oposição, mas
com real possibilidade de alternância no poder, como acontece nos EUA, na
Inglaterra, no Canadá, diferente do que ocorre em países dirigidos por
ditaduras civis, militares ou
populistas, onde mesmo havendo um partido de oposição, este jamais conseguirá
chegar ao poder.
Voltando a trairagem
política e eleitoral, ela decorre e acontece
neste quadro de fragilidade dos partidos e a super-valorização de seus
dirigentes, caciques e donos em
detrimento da organização partidária. Quem não se afina
com a cartilha da cúpula partidária
acaba sendo excluído, mesmo quando se trata de políticos com certo nível de
poder e influência. As atuais
alianças ou coligações, a começar
pela chamada base de sustentação
do Governo do PT, iniciado com Lula e continuando com Dilma, é o
exemplo típico deste ajuntamento
incoerente e oportunista. Fazem parte do mesmo desde os partidos comunistas,
socialistas, trabalhistas até os que sempre foram considerados pelas famosas
forças de esquerda como conservadoresou direitistas, como os malufistas, latifundiários, useineiros
e atualmente os barões do agronegócio.
É diicil entender uma aliança entre
latifundiários e o MST, entre banqueiros e a populaça, entre corruptos e
virgens éticas na politica, entre grandes empresários capitalistas e
organizações sindicais de trabalhadores
ou entender como alguns setores deste ajuntamento defendem a aplicação da Lei
da Ficha Limpa para adversários e escondem os corruptos que fazem parte do
governo.
Neste contexto a
trairagem política é apenas um
complemento a mais da demogogia, da corrupção, da mentira, do oportunismo,
incluindo taambém a falta de um projeto de desenvolvimento para o país, os
estados e os municípios e em seu
lugar surgem os diferentes projetos
de poder. O importante é a conquista ou manutenção do poder, para usa-lo a seu
bel prazer e para aparelharem o Estado e continuarem usufruindo de suas
benesses. Por isso é que vivemos em uma democracia de fachada.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email
professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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