A VEZ DE MARINA
JUACY DA SILVA
Costuma-se dizer que Deus escreve certo
por linhas tortas. Longe de mim
tentar justificar a morte de qualquer
pessoa muito menos de Eduardo
Campos, politico jovem, que aos
poucos vinha empolgando boa parte do
eleitorado brasileiro, com seus princípios fundados na ética, na eficiência, na arte de dialogar e
romper barreiras e seu projeto de um Brasil diferente e melhor.
Na verdade Eduardo Campos representava o novo, as possibilidades de um modelo diferente de governar, um novo projeto para o país, a busca da
construção de uma terceira via entre a
experiênia desastrada do governo do PT e seus aliados, onde a corrupção, a
mediocridade, o populismo, o autoritarismo, o assistencialismo são suas marcas
registraadas e de outro a tentativa do retorno do neo-liberalismo gestado no
governo Collor/Itamar e aprofundado na
era FHC, com todas as mazelas que
também o povo brasileiro bem conhece.
Coube ao destino abortar
uma carreira brilhante que certamente,
mesmo não vislumbrando de imediato a vitória em 2014, poderia ser a
base correta para a grande mundança
que viria em 2018. Mas este mesmo
acaso acabou trazendo para o centro do cenário politico e eleitoral brasileiro outra figura
sui-generis, uma mulher de origem realmente humilde e simples, trabalhadora nos
seringais, analfabeta até os 16anos, sofredora com a impossibilidade de cuidar
da própria saúde pela ineficiencia do Sistema público de saúde.
No lugar dessas carências materiais Marina Silva, surgiu para o mundo da política ancorada em
princípios éticos que realmente acredita
e representa a base de suas atividades
na vida pessoal e na ação política. Mulher carismática, sem grandes vaidades, que não busca os
holofotes, a não ser para dizer o que pensa e que país imagina para nossos
filhos, netos e gerações vindouras. desenvolvimento
com sustentabilidade, eficiência, ética e justiça social.
Seu projeto de Brasil é
de um país justo, com oportunidade reais para todos, principalmente para as
classes menos favorecidas, não para usar os pobres como trampolim para oferecer
benesses aos grandes interesses políticos e econômicos, como continuam fazendo
a maior parte dos nossos governantes, principalmente para os atuais donos do
poder.
Além desta dimensão ética como base da ação
política, Marina aos poucos foi construindo ,
com alguns partidos políticos e,
mais importante, com a participação das pessoas que há quatro anos começaram a se juntar
nas “casas de Marina”, sem
precisar recorrer `as doações financeiras dos grandes grupos ou o uso da
máquina pública como atualmente faz a candidata Dilma, com apenas um minuto de
TV no horário eleitoral “gratuito” conseguiu mais de 20 milhões de votos nas eleições de 2010, com certeza fará muito mais agora.
Ao ser escolhida para substituir
Eduardo Campos , Marina já
começou a surpreender e a causar medo nos adversários que até então
estavam aparentemente tranquilos com a já ultrapassada disputa entre
PSDB x PT, que ocorre há mais de duas décadas.
Tanto isto é verdade que Marina conseguiu motivar os indecisos
que até há um mês representavam 35% do
eleitorado, razão pela qual ao ser incluida na última pesquisa do Data Folha,
apareceu com 21%, percentual muito superior ao de Eduardo Campos nas últimas sondagens.
Mais importante ainda, sua entrada consolida a certeza de que a eleição
para Presidente da República não será
definida no primeiro turmo como imaginavam o PT, PMDB e outros aliados, pois a
soma de quem não vota em Dilma no primeiro turno chega a 47% e a da candidata a
reeleição não ultrapassa 36%.
Em caso de
segundo turmo, mesmo sem ter sido confirmada candidata Marina
com 47% já demonstrou que supera
a Presidente Dilma que não passou de
44%, indicando que poderá vencer a disputa ,principalmente pelo fato de que
pelas suas caracteristicas e origem
poderá conquistar votos da população
mais humilde, principalmente nas
regiões Nordeste, Norte e nas periferias dos grandes centros e também dos
evangélicos.
A chegada de Maria
está tirando o sono da turma do Palácio
do Planalto e também de seu criador, que deseja voltar ao poder em 2018,
bastando garantir a vitória de Dilma, o que parece a cada dia fica mais distante.
De acordo com o influente periódico inglês “The
Financial Times”, do ultimo final de semana, o crescimento das preferências
dos eleitores, demonstrado na última pesquisa do Data Folha, já garante
a certeza do segundo turno e, neste caso, também o fato de que Marina está tecnicamente emprada com Dilma, mas três pontos
na frente, poderá facilitar a aglutinação
de forças de “todos contra Dilma e o PT”,
no segundo turno, podendo significar a vitória de Marina e a derrocada do
projeto de poder articulado e nutrido há décadas.
Tudo indica que o PT e
em menor grau o PSDB irão tentar “desconstruir” a
imagem de Marina, com uma
série de inverdades, tentando
infundir medo na opinião pública e nos eleitores, para que assim, tenham que
decidir entre dois projetos que já se esgotaram há anos.
Populismo e neo-
liberalismo são modelos ultrapassados. Um novo modelo
deve ser buscado, onde novos paradígmas
estejam no centro da nova política, da nova economia e da nova sociedade de um
novo século,em todas as dimensões. Parece que
as apostas agora estão indo na direção de Marina, a presidente que realmente está vindo de
baixo e da floresta, mas com visão
mais humana da política e do desenvolvimento do Brasil.
JUACY DA SILVA,
professor universitário,
titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta.
Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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