DESIGUALDADE, O
GRANDE DESAFIO.
JUACY DA SILVA
O Brasil enfrenta
diversos desafios para tornar-se um país
realmente desenvolvido, onde os frutos
deste desenvolvimento não fiquem
concentrados em determinadas regiões, setores ou grupos sociais. Mesmo que
tenha feito um certo progresso em termos
de redução dos índices de desigualdade,
medidos, como no caso da concentração de renda, pelo índice de gini, nosso
país ainda permanence entre os países
com a mais perversa distribuição de renda, a pior entre as 20 maiores economias
do mundo e também entre os países da
América do Sul.
Inúmeros estudos
realizados nas últimas duas ou tres décadas e inclusive em anos mais recentes,
tem demonstrado que existem desigualdades enormes e injustas em termos de gênero; homens continuam ganhando em torno de 30% mais do
que mulheres, apesar dos níveis educacionais serem maiores entre as mulheres;
brancos continuam ganhando muito mais e tendo mais oportunidades do que negros
e pardos; trabalhadores rurais continuam vivendo em péssimas condições e
ganhando salários que mal são suficientes para o sustento da família abaixo ou
na margem da linha de pobreza. Trabalhadores
urbanos ganham quase o dobro do que os rurais .
Existe também uma concentração econômica significativa nas regiões
Sudeste, Sul e Centro-Oeste, em
detrimento do Norte e Nordeste. Todavia, mesmo dentro de estados das regiões mais desenvolvidas, como São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Brasília,
continuam a existir duas grandes desigualdades, a social entre a parcela rica da população e uma
grande massa de pobreza que ainda persiste nesses estados, principalmente nas
periferias urbanas e a de genero e cor.
Dados recentes, de
2013 e 2014 da ONU, relativos
ao IDH - índice de
Desenvolvimento Humano, tanto em relação aos diversos paises quanto no caso do
Brasil do Atlas de Desenvolvimento das 16 Regiões Metropolitanas, demonstram
que ainda vivemos sob o império da desigualdde, da pobreza e da exclusão
social. Em todas as regiões
metropolitanas existem áreas em que o IDHM
são iguais ou até maiores do que
o IDH médio dos países com os mais altos
índices desenvolvimento.
Em todas as
regiões metropolitanas consideradas
existem áreas cujo IDHM varia de 0,930 como em Manaus até 0,965 em São Paulo, convivendo com áreas onde estão
concentradas pobreza, violencia e
exclusão social e economica. As piores
dessas áreas estão na Região
Metropolitana de Manaus, com IDHM de
0,501, situando-as entre Timor Leste e
Swazilandia, que ocupam as posições 120a. e 121a. no ranking
mundial da ONU, enquanto as áreas mais ricas de todas as regiões tem IDH
superiores `a média dos países
escandinavos, que estão no topo
do referido ranking.
Até mesmo na Região Matropolitana do Vale do Rio
Cuiabá, parte da chamada Baixada Cuiabana podemos identificar essa desigualdade. Áreas
como dos Jardins América, Itália, Santa Rosa em Cuiabá e algumas outras mais,
também apresentam IDHM acima de
0,947, padrão igual ou superior aos países que ocupam os
primeiros lugares no ranking da
ONU e áreas como o Praeirinho, com IDHM de apenas
0,622, igual ao IDH da Mongólia, que ocupa a 100a. posição no ranking dos países constantes do
relatório da ONU, ou então Barão
de Melgaço, que apresenta o menor IDHM da Baixada Cuiabana de apenas
0,600, ocupando a 4.144a posição entre
os municípios brasileiros em termos de
IDHM, equivalente a Indonésia, que está
na 108a. posição no ranking de IDH
do PNUD. Em 2010 o Brasil ocupava a 84a. posição e em 2013 e 79a posição
no ranking mundial do IDH, posição nada confortável para
um país que almeja ser potencia economica mundial.
Apesar da propaganda
oficial, políticas compensatórias não tem conseguido reduzir de forma mais efetiva este fosso que separa o grupo dos 10% que
estão no topo da piramide social , economica e política e abocanham
próximo de 50% da renda e da riqueza (PIB) do país, enquanto os 10%
mais pobres, os clientes de programas como o bolsa família ficam com pouco mais
de 1,2% da renda nacional. A diferença
salarial e de renda entre esses dois grupos é de pelo menos 65 vezes, quando em outros países da Europa, EUA, Canadá, Austrália e Japão essa diferença não chega sequer a cinco vezes.
Este é um desafio
estrutural que o Brasil apresenta e além do aspecto humano, ético e moral, também é
um fator negativo que dificulta o pleno desenvolvimento do país, gerando
distorções economicas, sociais e
políticas. Costuma-se dizer que uma corrente é
tão forte quanto o seu elo mais fraco, ou seja, de pouco ou quase
nada adianta um país ou estado
ostentar ilhas de desenvolvimento, progresso e bem estar
e continuar rodeado de uma grande massa de pobreza, miséria, violencia e insatisfação.
Para haver desenvolvimento pleno, são necessárias mudanças profundas e estruturais que alterem
o perfil e os paradigmas do modelo adotado. Com assistencialismo, ineficiencia
e corrupção jamais vamos alterar
a imagem e a realidade de nosso país. É imperioso que os governos estaduais e
também o Governo Federal, que iniciam um
novo mandato incluam a
redução efetiva das desigualdades
em nosso país como uma prioridade
de fato. Se isto não acontecer, estaremos
construindo um grande
“apartheid” social, politico e conomico,
com sérias consequencias para o futuro!
JUACY DA
SILVA, professor universitário, titular
aposentado UFMT, mestre em sociologia,
E-mail professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
3 comentários:
Olá Professor Juacy, Sou do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cuiabá-MT, e gostaria de saber qual telefone entro em contato com o Sr. pois é de interesse do Presidente desta entidade Sr. Edivaldo José da Silva.
O email do STRs é o Seguinte; strcba@hotmail.com. Obrigada.
Estou de acordo com as idéias expressadas pelo prof. Juacy, uma das maiores inteligências do Estado de Mato Grosso atualmente. Através de artigos assim os governantes, se quiserem, podem se orientar na tomada de decisões acertadas e consentâneas com a realidade. E realmente devedmos reduzir a desigualdade que é também um dos motivos preponderantes na violência urbana.
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