EUA, DE OLHO EM 2016
JUACY DA SILVA
O Sistema politico e
eleitoral norte-americano, praticamente inalterado há mais de duzentos anos, tendo
como um dos pilares fundamentais o bi-partidarismo, onde a alternância de
poder,em todos os níveis, do local,
passando pelo Estadual até chegar ao nacional, tem sido uma constante.
Outro aspecto
é o que se chama de “check
and balance”, ou seja, um sistema de pesos e contra-pesos, entre os
poderes, incluindo uma certa sabedoria do povo/eleitores, de não
conferir todo o poder a um partido. Ao
longo da história, poucas vezes , por exemplo um partido tem conseguido ter ao
mesmo tempo a Presidência da República e as duas Casas do Congresso (Senado e
Câmara federal).
Outros aspectos importantes nesse Sistema é que não existe justiça
eleitoral e cada estado goza de uma certa liberdade quanto `a realização das eleições tanto estaduais
quanto para os cargos eletivos nacionais.
O voto é facultativo, mas apesar disso um grande contingente de pessoas
registra-se como eleitores, podendo inclusive declarar sua filiação ou
preferência paridária. Também não existe bolsa família ou políticas
assistencialistas para manipular a vontade do eleitor mais pobre. As disputas giram muito mais em função
de propostas para melhorar a vida do
povo e a atuação do país no contexto
internacional. Mesmo que não haja
uma diferença muito profunda,
Republicanos e Democratas tem visões de
mundo diferentes e projetos nacionais também diferentes, cabendo ao povo escolher os
postulantes aos cargos eletivos em função desses projetos.
O Sistema de
representação é baseado em distritos
eleitoriais, colocando o eleito em contato
mais direto com o eleitor, possibilitando ao povo acompanhar e
fiscalizar mais de perto a atuação de seu representante no Congresso, nas Assembléias Legislativas Estaduais e Câmaras
locais. Existe uma grande
fidelidade partidária, onde raramente os eleitos trocam de partido, razão pela qual a
possibilidade de uma “terceira via”,
mesmo que tentada em alguns
momentos, não tem prosperado. Os eleitores tem duas alternativas, apoiam o
governo ou a ele se opõe, trocando os
governantes de plantão.
Podemos destacar também
o fato de que o Congresso goza de
uma grande independência e tem suas atribuições respeitadas, mesmo que o Presidente e seu partido tenham maiorias parlamentares.O
Congresso tem sua identidade e merece muito respeito por parte da populaçao e
não se transforma em um apêndice da Casa
Branca, como acontece em alguns países,
onde o Executivo é quase um poder
imperial, como no Brasil por exemplo.
O mandato dos deputados
federais é de dois anos e dos senadores seis anos. Depois de eleito ou releito,
o Presidente da República não
pode concorrer a nenhum outro cargo eletivo, garantindo uma renovação nos
quadros dirigentes de maior relevância.
Outra característica
fundmental é a não coincidência de mandatos
entre Presidente da República, parte dos governadores, parte do senado e
toda a Câmara Federal, determinando que
ocorram as “mid-term elections” ou seja, eleições para essas
funções exatamente no meio do
mandato presidencial, possibilitando que o povo, indiretamente, faça uma
avaliação do mandato do ocupante da Casa Branca, antes que venham a ocorrer as
novas eleições presidenciais.
Isto foi o que aconteceu nesta últim terça feira, 04
de novembro, quando o Partido Democrata
sofreu uma de suas maiores e piores derrotas nas últimas décadas.
Durante o primeiro e esta metade de segundo mandato os democratas
tinham o comando da Casa Branca e
do Senado , cabendo aos Republicanos o comando da Câmara Federal.
A maioria que Obama
e seu partido detinham no Senado favorecia um pouco suas ações políticas e foi graças a isso que ele conseguiu
implementar, parcialmente, uma reforma do Sistema de seguro de saúde, conduzir as operações de Guerra, levar adiante suas
propostas para a recuperação da
economia, ainda que enfrentando oposição e os desafios dos Republicanos.
Em termos
gerais, o Partido Democrata tem uma boa aceitação entre os eleitores mais jovens e as minorias como negros, latinos, asiáticos,
mulheres, enquanto os republicanos tem a preferência das pessoas adultas e
mais idosas, dos homens, dos eleitores
das cidades menores e do meio rural e dos fundamentalistas religiosos.
Os resultados dessas eleições da última terça feira, impõe a perda do controle do senado, quando sete
democratas foram derrotados, possibilitando que os Republicanos passem a ter 52
senadores e os democratas apenas 43,
além de dois “independentes” que geralemtne
votam com o governo. Ficou
demonstrando que os Republicanos
avançaram sobre as bases democratas e
isto pode ter repercussões nas próximas eleições, inclusive
para a Presidência.
Na Câmara os Republicanos ampliaram a mioria que já
detinham, a maior desde a segunda Guerra mundial. A partir da próxima legislatura
os Republicanos terão 246 deputados e os demoratas apenas 174, dificultando
ainda mais a vida de Obama.
Apesar da derrota dos democratas na tarde desta última quarta feira OBAMA acenou com a possibilidade de trabalhar com a maioria republicana no
Congresso, resta saber como e
quando isto vai se concretizar.
A partir da
declaração oficial dos resultados, todos
os olhos deverão estar voltados para as eleições presidenciais de
2016, quando para os democratas a grande esperança parece ser Hillary Clinton, enquanto entre os republicanos vai demorar
pelo menos um ano para ver quais os postulantes `a Casa Branca emergirão
desta nova realidade política. É
aguardar para conferir!
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e
aposentado UFMT, mestre em
sociologia, articulista de A
Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blogwww.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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