sexta-feira, 27 de setembro de 2013


A CRISE NO ORIENTE MÉDIO

JUACY DA SILVA

O Oriente Médio está em crise há mais de setenta anos desde a partilha da região pelas potências ocidentais no decorrer da segunda Guerra mundial e a criação do Estado de Israel no final da década de quarenta e a diápora dos palestinos pela  região.

Diversos conflitos localizados e guerras generalizadas tem levado destruição e muito sofrimento principalmente `a população civil e as minorias étnicas como os Kurdos e os Palestinos. No decorrer deste processo milhões de vidas foram ceifadas e  milhões ainda vivem expatriadas em campos de refugiados. Gerações inteiras se perderam e continuam se perdendo  ante a falta de perspectiva de uma paz duradoura.

Países outrora pujantes como Iraque, Irã, Egito, Síria, Líbia e outros mais estão `a beira do colpaso total, com infra-estrurura destruida, conflitos internos sangrentos e com poucas esperanças de poderem construiir instituições democráticas, solídas e duradouras.

Ao longo dessas últimas três décadas a ONU tem feito um grande esforço para tentar mediar tais conflitos e buscar uma solução pacífica mas sempre tem esbarrado na intransigência dos lados em conflito, que não cedem um milímetro em suas posições e continuam alimentando o ódio, a violência e o terrorismo.

Parece que na atual 68a. Assembléia Geral da ONU que está acontecendo nesta semana em New York, uma luz está sendo acessa no final do tunel. Em seu discurso na segunda feira o Presidente Obama acenou com a possibilidade de um diálogo com o Irã e determinou que seu Secretário de Estado buscasse entendimentos com o  colega iraniano. Outra porta aberta foi o reconhecimento público de Obama  em relação `a existência de um Estado independente e soberano na Palestina, sem impor maiores condições, a não ser o reconhecimento da existência do Estado de Israel  por parte de alguns grupos radicais palestinos e também por parte do Irã,  que até  bem pouco tempo não reconhecia sequer que tenha havido o holocausto.  Outra condição estabelecida foi em relação ao programa nuclear iraniano que não pode ser utilizado para a produção de armas de destruição em massa  e a aceitação dos termos do tratado de não proliferação de armas nucleares.

Quem parece não ter gostado muito do que está acontecendo foi a representação de Israel na Assembléia Geral da ONU, que se retirou do recinto quando o Presidente do irã iniciou seu discurso, alegando que o pronunciamento do mesmo era apenas uma forma de manipulação e não correspondia `as reais intenções do regime dos aiatolás.

Em seu discurso e posteriormente em uma entrevista exclusiva  concedida, em inglês, `a CNN e dirigida  ao povo Americano, Hassan Rouhani, o novo presidente do Irã, afirmou  que trazia paz e amizade ao povo americano em nome do povo iraniano, um gesto que agradou bastante a opinião pública dos EUA.

Invocando o nome de Deus como  a fonte suprema da compaixão e de misericórdia, por pouco mais de meia hora Rouhani disse que o munndo vive emu ma encruzilhada entre  ameaças e esperanças. Ameaças de mais guerras, mais conflitos e mais miséria e esperança de que o diálogo de  paz e  de entendimento possa representar um novo momento tanto para aquela região tão conturbada quanto para o mundo. Apresentou seu projeto para desatar este nó em que se encontra a região denominado de WAVE, em ingles (onda) que significa uma cruzada mundial contra a violência e o extremism e disse que o Irã, em seu governo irão procurar ser parte da solução e não parte do agravamento da crise em que vive o oriente médio e o mundo.

Resta apenas aguardar e conferir para ver se tanto o país proponente  quanto os demais atores  regionais e internaionais venham a aderir e dar uma chance verdadeira para a paz.

JUACY DA SILVA, professor universitário, mestre em sociologia, Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

terça-feira, 24 de setembro de 2013


ESPIONAGEM E SOBERANIA

JUACY DA SILVA

Esta semana promete muito em termos de discussão das questões internacionais que mais de perto afetam os diversos países e territórios com assento na 68a. Assembléia   Geral da ONU em New York. Atendendo uma agenda bem preparada com antecedência, onde estão incluidas questões como a não proliferacão de armas nucleares; a  Guerra civil na Síria e a celeuma em torno do uso de armas químicas apesar de as mesmas já terem sido proibidas há mais de sete décadas; uma avaliação do que foi conquistado nas propostas do Objetivos do Milênio e o que deve ser feito após 2015, quando a agenda deve ser concluida; questões ambientais,  direitos humanos , desemprego mundial, fome e a recuperação econômica global, devem ocupar a maior parte do tempo dos chefes de Estados, de governos e inúmeras e enormes delegacões  durante esta e as próximas semanas.

A praxe determina que o primeiro pronunciamento de abertura de todas as Assembléias Gerais deva ser proferido pelo  ou pela Chefe do Estado Brasileiro, seguindo-se os demais pronunciamentos das autoridades que representam seus paíse: presidentes eleitos, monarcas, ditadores, enfim, quem esteja representando tais países.

Nesta condição coube `a Presidente Dilma abrir a fila dos pronunciamentos, uns bem alentados e longos, outros mais curtos e reduzidos em escopo.  Neste contexto a nossa Presidente aproveitou a deixa para apresentar aos participantes da mais alta cúpula mundial sua indignação pelo fato de os EUA terem realizado espionagem eletrônica/cibernética contra autoridades e empresas nacionais, apesar de o Brasil não possuir grupos terroristas e nem exercer ações de beligerância contra outros paíse, principalmente nossos vizinhos.

Disse de forma clara que “exigiu” do Presidente dos EUA explicações e até mesmo um pedido de desculpas  no que não foi atendida de forma como gostaria, razão pela qual estará propondo `a Asembléia Geral da ONU que inclua esta questão na pauta das discussões, possivelmente na próxima, pois a pauta da presente Assembléia já foi preparada há meses, antes da chiadeira da Presidente Dilma, do Senado da República e de partidos políticos, principalmente dos que fazem parte de seu governo.

Além desta questão, nossa presidente referiu-se `as várias políticas e programas de seu governo e de seu antecessor, como se estivesse fazendo uma prestacão de contas de suas  ações e pleiteando votos para continuar `a frente do país. Falou sobre desemprego, saúde, educação, fome, miséria, meio  ambiente, direitos humanos e vários outros temas. Falou também sobre  as manifestações de massa dos últimos  meses, de sua origem e de seus auxliares  diretos nas lutas pela democracia e mudanças, combate `a ditadura etc.

A única coisa que a Presidente Dilma esqueceu de falar, pois não mencionou uma única vez sequer, foi  sobre a indignação popular contra a corrupção que corre solta  nas estruturas do Governo Federal,  desde 2003 quando o PT e seus aliados tomaram de assalto e aparelharam as estruturas do Governo. Nada foi ditto sobre o maior escândalo que  tem tomado muito tempo da Justiça brasileira e com uma grande probabilidade deverá ser a  maior pizza de nossa história.

Em seu discurso logo após a Presidente Dilma, OBAMA deu também o seu recado ao afirmar que soberania não pode ser um escudo para promover massacres  contra seu próprio povo ou para colocar em risco os interesses de outros países, de seus aliados ou da comunidada internacional. Para Obama as relações internacionais  devem estar ancoradas na diplomacia, nas leis internacionais, no multilateralismo, no diálogo mas também no uso da força quando necessário. O recado foi   bem claro, só não o entende quem se fizer de mouco.

Pelo andar da carruagem, com excessão de alguns periódicos que nutrem há bastante tempo posições anti-americanas, o discurso de nossa Presidente não teve grande repercussão entre os chefes de governo e de estado . Praticamente ninguém vai “comprar” as propostas de nossa Presidente, pois todos os países desenvolvidos e também os emergentes sabem muito bem que espionagem é coisa rotineira nas rela,cões internacionais e que a cibernética é o novo teatro de Guerra do século XXI.

Neste contexto cada país que desejar zelar e ter sua soberania respeitada deve deixar de reclamar,  utilizar-se de bravatas e preparar-se científica e tecnologicamente para enfrentar esta nova Guerra. No caso brasileiro é lamentável que o governo somente tome conhecimento de que existe espionagem através do noticiário da imprensa. A indagação que se faz é a seguinte:  o que os serviços de inteligência e contra-inteligência do Brasil estão fazendo para informar `a nossa Presidente sobre o que se passa no mundo e também ao seu redor? Inclusive em seus email e seus telefonemas?

Com discursos, mesmo que sejam “inflamados” como quando dos palanques eleitorais,  nossa soberania não será defendida, cada país e cada governo deve agir mais e ir além dos pronunciamentos  pomposos!

JUACY DA SILVA, professor universitário, mestre em sociologia. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy

quinta-feira, 19 de setembro de 2013


OBAMA: O BODE EXPIATÓRIO    

JUACY DA SILVA

A figura do bode expiatório está associado aos costumes e tradições religiosas dos judeus,  quando o sacerdote sacrifica um animal e deixa o outro para ficar ao relento e vagar pela região, levando consigo os pecados do povo. De acordo com a Enciclopédia livre Wikipédia, “em sentido figurado, um "bode expiatório" é alguém que é escolhido arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou qualquer evento negativo (que geralmente não tenha cometido). A busca do bode expiatório é um ato irracional de determinar que uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável de um ou mais problemas sem a constatação real dos fatos”.

Esta tem sido mais ou menos a forma das relações diplomáticas estabelecidas pelo governo brasileiro com o governo americano. Decorrido mais de um ano de uma suposta espionagem que nem o  Palácio do Planalto, nem o serviço de inteligência e contra-inteligência brasileiro, nem a alta direção da Petrobrás tenham notado, eis que nossa Presidente e seu governo forram  sacudidos por uma reportagem bombástica dando conta de algo tão comum e corriqueiro nas relações internacionais que é a espionagem.

Tal fato caiu como uma luva em um momento em que a presidente estava no fundo do poço em relação aos seus índices de popularidade perante a opinião pública e novos casos de corrupção nas altas esferas do Governo Federal e em risco em suas pretensões eleitorais do próximo ano.

Dilma demonstrou sua indignação por diversas vezes e exigiu de Obama uma explicação clara e rápida quanto as razões e profundidade da espionagem que estaria afrontando a soberania brasileira. Como as explicações do governo americano nao foram suficientes para aplacar a indignação do governo petista, findo o prazo do ultimato, veio a tacada final.

O que muitos temiam é que a reação poderia vir através de um  rompimento de relações diplomáticas ou até  mesmo a declaração de guerra do Brasil contra os EUA, com sério risco para o gigante do norte, semelhante a estória de David e Golias, uma superpotência ser derrotada e humilhada por um país emergente que também aspira ser potência, que já possui e deverá aperfeiçoar seus serviços de espionagem, assemelhando-se a dezenas de países que também fazem da espionagem uma forma de ação diplomática.

Aconselhada por seus assessores  íntimos resolveu-se que a Presidente não mais iria aos EUA e sua visita de Estado seria adiada até que Obama responda de forma clara, objetiva e profunda o que as  agências de segurança e inteligência estão fazendo no Brasil e no resto do mundo.  Para aumentar a pressão   os ministros de defesa do Brasil e Argentina se reuniram e firmaram um pacto para o fortalecimento de seus serviços de inteligência, com o objetivo de melhor defender a soberania nacional.

Enquanto isto milhões de ha. das propriedades rurais no Brasil estão nas mãos de estrangeiros, a desnacionalização da economia segue a passos rápidos em todos os setores, chegando a 90% em alguns e diversos outros entre 50% e 90%.  Os investimentos em ciência e tecnologia no Brasil estão muito aquém de sua estatura política e estratégica internacional, a baixa produtividade de nossa economia impede que o Brasil ultrapasse a barreira dos 3% de participação no comércio internacional e nossos governantes só sabem o que a espionagem estrangeira realiza através dos meios de comunicaçao e a Justiça acaba de dar uma nova chance aos mensaleiros. Tudo isso e muito mais deve ser culpa do Obama.

Portanto, até as próximas eleições Obama  ou outro governo ou país serão usados como bodes expiatórios para induzir o povo a não ver os fatos que tanto denigrem nossa imagem mundo afora e nos angustiam internamente.

JUACY DA SILVA, professor universitário, Titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com