quarta-feira, 29 de abril de 2015


AGENDA VERDE E DESENVOLVIMENTO

JUACY DA SILVA

Desde os escritos  de Malthus, principalmente com a publicação intitulada “Ensaios sobre o crescimento populacional  em 1.798, existe um debate entre  a capacidade de produção de alimentos e matérias primas no planeta e o crescimento demográfico.

Observando o crescimento populacional, a produção de alimentos e a melhoria dos níveis de bem estar nos quatro séculos que antecederam  suas pesquisas, Malthus  resumiu sua teoria afirmando que enquanto a capacidade de produção de alimentos e matérias primas crescia em uma progressão aritimética, o crescimento populacional seguia um projeção geométrica. Se nada fosse feito, com ceerteza a fome e a mortalidade acabariam se encarregando de restaurar um equilíbrio entre  estes dois vetores.

Em 1800, dois anos após a publicação da obra de Malthus, a população mundial era de aproximadamente UM BILHÃO de habitantes. Cinco décadas  depois, em 1.850,  a poulação mundial havia atingido  o patamar de 1.265  bilhões, ou seja, foram necessários 50 anos para que o mundo tivesse  este aumento populacional.

Em 2000 a população mundial atingiu 6.090  bilhões  de pessoas e no dia 01 de julho próximo (2015)  seremos 7.325 bilhões  de habitantes no planeta terra. Em apenas 15 anos a população mundial cresceu em 1.163  bilhões de habitantes, ou seja,  4,4  vezes o crescimento de cinco décadas no período após a publicação dos estudos de Malthus.

As previsões  de Malthus não se concretizaram de forma tão catastróficas como ele imaginava, principalmente pelo avanço da ciência e da tecnologia que permitiram uma verdadeira  revolução na produção agrícola, pecuária e de diversas matérias primas animais, vegetais  e minerais.  A fome, mesmo muito presente  em diversas partes do mundo, que  afeta mais de dois bilhões de pessoas, ocorre muito mais pelos desníveis sócio-econômicos e exclusão dessas pessoas  do que propriamente pela falta de produção.

Todavia, desde a publicação  da obra “Os limites do crescimento” pelo Clube de Roma  em 1972, além da primeira  conferência do meio ambiente  realizada pela ONU em junho de  1972, em Estocolmo na Dinamarca até a próxima conferência sobre mudanças climáticas, a ser  realizada  entre 30 de novembro e 11 de dezembro deste ano (2015), tanto a ONU quanto diversos organismos internacionais , universidades e instituições de pesquisas governamentais e não governamentais  tem batido na tecla dos limites e hiato entre um  crescimento acelerado da população e como consequência imediata o aumento rápido do consumo, seja decorrente do aumento demográfico em si, seja pelo aumento do poder aquisitivo de grandes massas até então alijadas do Mercado e também pelo enorme desperdício que ocorre em todos os países.

A ampliação da produção e oferta de alimentos e matérias primas  de forma  rápida tem ocorrido em total desrespeito ao meio ambiente, razão pela qual a ONU  tem enfatizado ao longo dos últimos 43  anos a importância  de serem incluidas a idéia  e  as práticas de sustentabilidade, ou seja, o  crescimento econômico tem um prêco ambiental .  Não é justo e nem ético que as atuais gerações  deixem  esta fatura para as próximas gerações.  A  maior parte dos recursos natarais  são finitos e a sua exploração sem critérios de sustentabilidade e  respeito ambiental vai aumentar os problemas em todos os países. Recursos como água, solo, sub-solo, fontes energéticas  e mesmo o ar, devem ser  tratados com parcimômina e respeito pelas  gerações atuais, principalmente  o setor produtivo e os consumidores.

Entre  1972  e os dias atuais vários altertas já foram dados na forma de  estudos, conclusões e recomendações de inúmeros  eventos, principalmente sob os auspícios da ONU, valendo destacar:  A Eco-92, conferência sobre meio ambiente realizada em nosso país; o Simpósio sobre  desenvolvimento sustentável realizado em Johanesburg, África do Sul  em dezembro de 2002;  o Protocolo de Kyoto, sobre o Climma, a  conferência da ONU  sobre mudanças climáticas realizada em dezembro de 2009, em Copenhagen, Dinamarca; a Rio + 20,  sobre desenvolvimento sustentável,  realizada novamente no Brasil em 2012  e no ano de 2014, os  simpósios  e pré-conferência sobre  as mudanças climáticas em New York e Lima, como preparação do que poderá  ser a grande conferência de Parias no final deste ano.

Percebe-se que o desenvolvimento mundial e de cada país, cada estado/província  e municípios  tem que estar  articulado com uma grande agenda verde, onde as questões ambientais diretas  ou indiretas precisam estar no âmago das diversas políticas públicas, sob pena dos problemas que enfrentamos hoje tornarem-se mais graves e de difícil solução.

A pergunta que não quer se calar:  Será que nossos  governantes, empresários, universidades, ONGs, enfim , a população em geral, tem consciência das catástrofes que poderão afetar bilhões de pessoas, o nosso futuro planetário e também nosso futuro imediato como pessoas?

JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador,titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta.  Email  professor.juacy@yahoo.com.br twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

quinta-feira, 23 de abril de 2015


PETROBRÁS, A VERGONHA NACIONAL

JUACY DA SILVA

Durante décadas a Petrobrás foi um símbolo da soberania e sonho do povo brasileiro, um verdadeiro orgulho nacional. Desde  a memorável  campanha de O PETRÓLEO É NOSSO, nos anos cinquenta, ate o descobrimento do pré-sal, a história da estatal  tinha sido de glória e eficiência.

Todavia,  este círculo virtuoso de crescimento, eficiêcia e posicionamento entre  as 10  maiores companhias petrolíferas no mundo, foi quebrado de forma vergonhosa  com a chegada do PT ao poder e o aparelhamento  das estatais, fundos de pensão e administação direta, que passou a fazer parte de seu projeto de poder. Para tanto, o Presidente Lula nomeou alguns diretores corruptos, que acabaram formando verdadeiras quadrilhas  que  assaltaram e dilapidaram bilhões de dólares da Petrobrás.

Dilma que participou com ministra das Minas e Energia e posteriormente como Ministra-Chefe da Casa Civil, e, nesta  condição, Presidente do Conselho de Administração da maior companhia brasileira, e ultimamente como Presidente da Repúlica , mesmo tendo ao seu dispor uma série de organismos  de controle interno e externo, da mesma forma que Lula, nunca soube de nada, nunca viu nada, nunca ouviu nada. A corrupção correu solto durante doze anos e envolvia gente importante do Governo e empresários de peso, que também tinham livre acesso aos gabinetes  ministeriais e ao Palácio do Planalto   e participavam dos banquetes do poder, vários dos quais deixaram seus  gabinetes de luxo e mordomias  e hoje estão no xilindró em Curitiba, graças as decisões do juiz federal Moro.

Coube a este Juiz que até o momento tem conseguido manter sua espinha vertebral ereta  e não tem se curvado `as ameacas  e encantos do poder, com a colaboração do Ministério Público Federal  e da  Polícia  Federal, bem como dados e informações levantados e trazidos a público pelos meios de comunição de massa, TCU  e uma  vaga contribuição do Congresso Nacional, que na maioria das investigacões  através de CPIS  tem  se comportado como um anexo ou   puxadinho do Palácio do Planalto, graças a uma maioria parlamentar composta pelos partidos da base de apoio ao Governo, extremamente subserviente aos interesses dos donos do poder, desvendar  o que até agora tem sido considerado o maior escândalo de corrupção do Brasil e do mundo, talvez em breve possa ser ultrapassado pelo que uma próxima CPI do BNDES.

Nesta   última quarta  feira, 22 de Abril, deve  passar para  história brasileira como a data da vergonha nacional, quando   a PETROBRÁS,  depois de muitas relutâncias  divulgou seu balanço  anual de 2014 e, de forma clara e cristalina informou que teve um prejuizo de R$ 21,6 bilhões de reais, dos quais nada menos do que R$6,2 bilhões de reais, ou seja, 3% do faturamento bruto da estatal , foi devido a corrupção. Todavia, todos sabem que a corrupção em alguns casos chega até a 10%  dos contratos,  e se for aplicado  o  percentual de 5%, ao invés de 3%,  o rombo provocado pela corrupção chega a R$10,3  bilhões e as “perdas” totais podem chegar a R$25,7 bilhões em 2014.

Como a roubalheira das quadrilhas comandadas pelos diretores que até o momento já foram idenfiicados,  agia abertamente  ha doze anos e não apenas em 2014, quando o escândalo ganhou  os meios de comunicação de massa, o montante  das perdas da PETROBRÁS  pode  chegar  a mais de R$150  bilhões de reais.  Estudos  do Grupo de economia e soluções ambientais  da Fundação Getúlio Vargas avaliou que as perdas da PETROBÁS  chegaria a R$87  bihões de reais, e que o patrimônio  da empresa perdeu 80% de seu valor em doze anos, além de que seu endividamento poderá chegar a R$300  bilhões  no final de 2015.

Os impactos da quedra de investimentos, o mais baixo nível em 20 anos, em 2014 representou  20%  a menos do que a média histórica, ou seja, a Estatal por problemas da corrupção, falta de caixa e rompimento de contratos, reduziu  seus investimentos em R$ 27,5  bilhões de reais.  No momento existe  uma pressão muito grande para que a estatal corte custos, inclusive os deocorrentes  da   ineficiência e da corrupção,  caso isto não  ocorra a mesma  terá que se desfazer de parte de seu patrimônio  e com baixa capacidade de investimentos,  agravada pela queda  do preco internacional do petróleo, existe  uma grande probabilidade de  que o pré-sal  tenha que revisar  suas metas e calendário.

Por ultimo, a divulgação do balanço da PETROBRÁS  e a confissão pública da existência da corrupção e o montante da roubalheira, ganharam as manchetes dos principais jornais de vários países europeus, Estados Unidos, Canadá e América Latina e do Brasil. Além disso, o maior fundo de pensõo Suécia que é um investidor da PETROBRÁS  está  entrando na Justiça internacional, da mesma forma que nos EUA, devem representar mais uma pedra  no sapato da estatal  e uma mancha indelével  na imagem da empresa, do país e , principalmente, do governo petista, já considerado um dos governos mais corruptos na história brasileira.

Em plena  crise que  abala profundamente a imagem e a própria sobrevivência da Estatal, recentemente a mesma  aprovou um aumento de 13% nos salários de seus dirigentes.  Neste  ano cada diretor da Petrobrás  vai receber a bagatela de R$ 2,5 milhões de reais, ou seja, R$208  mil por mes, enquanto o salário minimo dos trabalhadores é de apenas R$788  reais.  Para manter todas  essas mordomias e privilégios, afora a corrupção que quase destruiu  toda a empresa  os consumidores pagam um  absurdo pelo litro de combustível, um dos mais caros do mundo.

A novela  corrupção na PETROBRÁS  , no  governo Dilma  e o envolvimento de partidos e políticos  da base  aliada, tendem  a se  agravar nos próximos meses `a medida que os políticos constantes  da Lista do Procurador Geral do MPF, Janot comecem  a  ser innvestigados e denunciados  vai ser mais gasolina na fogueira e uma  pressão muito grande para o impeachment  ou renúncia de Dilma. Os gritos FORA DILMA, FORA PT, FORA CORRUPTOS vão ecoar  com mais vigor nas  próximas manifestações  populares.

JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,  articulista de A Gazeta.  Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

sexta-feira, 17 de abril de 2015


FATOS RELEVANTES

JUACY DA SILVA

No  desenvolvimento dos  estudos de futuro, para que os  cenários sejam ao mesmo tempo um  referencial para o planejamento politico  e  estratégico e  também um instrumento de acompanhamento da realidade, a  definição  e  estabelecimento dos “fatos  relevantes” ou fatos portadores de futuro, é  de fundamental   importância para  um projeto nacional.

Neste  aspecto, são  importantes  tanto a dinâmica  interna quanto  os acontecimentos mundiais e as repercussões dos mesmos nas  relações  internas. Este  é  um exercício que exige dos governantes  uma  visão  de  estadista, jamais o aprisionamento em questões de menor importância e nem a miopia da visão ideológica, que tanto prejudica as ações do governo quanto do empresariado  e da sociedade como um todo.

Esta é a diferença entre a dinâmica política institucional dos países do primeiro mundo e dos subdesenvolvidos e também dos emergentes. Todo e qualquer país que aspire por uma postura de independência, liderança regional ou atingir o nível de uma potência  emergente  ou potência mundial precisa ter um projeto nacional e seus governantes necessitam ter a habilidade e a  capacidade de construir um modelo de desenvolvimento de médio  e longo  prazos, ou seja,  desenhar os caminhos a seguir pelos próximos dez ou vinte anos, independente de que partido ou aliança  esteja no poder. Sem isto, o país  consegue  realizar apenas  os “voos  de galinha’  como dizem os analistas políticos e geopolíticos, jamais  uma  visão  de longo alcance.

O acompanhamento dos acontecimentos mundiais, seus desdobramentos, a organização de blocos econômicos ou de alianças políticas  e militares definem os grandes rumos no cenário internacional, cabendo a  cada país  defender  seus  interesses nacionais, jamais subordinando-os  ao crivo do partido ou aliança no poder, caso em que a mediocridade pode reduzir o peso politico e  estratégico nacional  no contexto internacional.

Governantes que confundem interesses nacionais com interesses de grupos  econômicos  ou políticos podem perder o bonde da história  e colocar seus países  de joelho perante as  grandes potências,  contribuindo assim para o agravamento da crise interna.  Parece que na  presente conjuntura Brasil, Argentina e  Venezuela são  exemplos típicos , na América  Latina, deste tipo de governos populistas, incompetentes, medíocres e corruptos e que estão jogando por terra o futuro de seus  países.

No contexto internacional alguns fatos relevantes  podem ser identificados  no  agravamento do conflito no oriente médio; o  avanço das negaciações para a criação do mega-bloco  econômico e politico-militar transatlântico,  entre União Européia e Estados Unidos, e, complementarmente pelo Canadá  e México, que   juntamente com os EUA, fazem parte do NAFTA; o reatamento das relações diplomáticas entre EUA e Cuba, com desdobramentos para as  áreas  econômica e política;  o lancamento da candidatura de  Hillary  Clinton como postulante `a  Casa Branca pelo Partido Democrata;  o acordo do  G7,  liderados pelos  EUA  com o Iran, em relação ao programa nuclear daquele país; o fortalecimento dos pactos  de defesa  entre  EUA  e países asiáticos  para neutralizer o avanço militar  da China  e, finalmente, o empenho dos EUA  para  fortalecer a OEA  como entidade representativa  dos países do continente Americano, enfraquecendo  sobremaneira a UNASUL  e  seu  projeto bolivariano, onde o Brasil adereiu de forma equivocada.

No Plano interno, podemos destacar  como fatos  relevantes  o aprofundamento das investigações da Operação Lava-Jato, incluindo esta 12a.  fase, com a prisão de Vacari, tesoureiro do PT    o que pode aprofundar ainda mais a crise política em que a Presidennte  Dilma e seu  partido  e aliados estão engolfados; o aprofundamento da crise econômica e a insegurança e indignacão que  este fato poderá  ter sobre a população ameaçada pela inflação, pela  deterioração da qualidade  dos serviços públicos, aumento acelerado do endividamento  das familias, o temor do desemprego  que está  crescendo a olhos vistos; a perda  da capacidade de articulação política e de governar  da Presidente, que aos poucos se  torna prisioneira do seu partido  e de seu grande aliado, o PMDB; dos equivocos  dos pacotes econômicos de seu novo ministro da fazenda; o aumento do poder de articulação, em  oposição ao Palácio do  Planalto,  por parte dos presidentes da Câmara Federal e do Senado. 

A continuar  neste rítimo dentro embreve Dilma  será  igual a Rainha da Inglaterra, que tem a pompa  do cargo mas não governa  nada. Estamos vivendo quase  um regime parlamentarista  de fato, enquanto a reforma política não o institui na prática.  O Poder do vice-Presidnte, que é do mesmo partido que os presidentes da Câmara e do Senado, projeta  um cenário complicado  para Dilma, o PT e o sonho de Lula retornar em 2018.

Outro  fator  relevante  são  as manifestações  populares que  estão  tomando conta  das ruas e praças  do país  inteiro, onde o povo expressa  tanto o FORA CORRUPTOS, quanto o FORA DILMA  e FORA PT, caso  este descontentamento seja  ampliado  e fortalecido pelo  aprofundamento da crise econômica, tanto o  Impeachment quanto uma possível renúncia de Dilma  serão fatos  relevantes  dentro  de pouco tempo. Vamos  acompanhar e ver o que vai acontecer nos próximos meses.

JUACY DA SILVA,  professor  universitário,  titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia, articulista de A Gazeta.  Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

quinta-feira, 9 de abril de 2015


INSATISFAÇÃO GERAL

JUACY DA SILVA

Acada  dia e  ano que  passa, apesar de alguns indicadores estarem  apontando que o Brasil  de  hoje  é muito diferente e, para os donos do poder e classes  abastadas muito melhor do que há  décadas  ou séculos, o  fato concreto é que o povão e também a classe média  percebem  que a vida do brasileiro não está nada  fácil.

Existe uma cantilena  de que o atual governo “retirou “ 36 milhões  de pessoas da pobreza e da miséria,  como se isto fosse  uma  dádiva dos governantes,  quando todos sabemos que este  “resgate”  de milhões de famílias  tem sido feito com dinheiro públicos e de uma forma paternalista e assistencialista. Se por alguma  razão,  até  mesmo por uma crise financeira e orçamentária o governo tiver  que congelar tais programas, cujo símbolo maior é o “bolsa  família” ou até  mesmo a extingui-los, depois de 12  anos,   todas  essas pessoas que formam a famosa  “nova classe média”  voltariam de imediato `a condição de pobreza, ou seja, nenhuma mudança estrutural foi realizada,  a não ser   a propaganda oficial e as mentiras fabricadas pela  mídia  chapa  branca.

Todos os dias os meios de comunicação de massa, principalmente a televisão  que ainda é o veículo que mais impacta a  cabeça,,a mente e os corações das pessoas, mostram  cenas que chocam os  telespectadores e ajudam a incutir o  medo, o  desespero  e revolta de forma quase generalizada.

Cenas que mostram  pessoas sofrendo em filas de hospitais, prontos socorros,   mães  aflitas  que não conseguem atendimento para uma  criança que  está praticamente entre a vida  e a morte.  Pacientes  que precisam viajar  300 ou até mil km  para  conseguirem trataamento  de câncer, pessoas vítimas da  violência  no trânsito ou da fúria assassina  ficam deitadas em  corredores de unidades de saúde, gemendo e sofrendo.  Pacientes  com doenças crônicas  que precisam  ingressar  na justiça para conseguirem medicamentos, sem os quais acabarão vindo a óbito e as vezes nem mesmo  as decisões judiciais que, supostamente deveriam  garantir  direitos constitucionais que são a saúde e a vida,  acabam,como  sempre descumpridas pelos gestores públicos  e nada acontece. Enquanto isto os donos do poder  tem atendimento em hospitais de primeira linha, as custas do dinheiro público.

De forma  semelhante, reportagens cotidianas  ou especiais mostram  como são transportados os trabalhadores,  em alguns casos em condições piores do que animais, em ônibus  e  trens  em  precárias condições, sujos, super lotados  , um  verdadeiro sofrimento diário, quando esses  mesmos veículos de comunicação informam  que ministros e gente  importante dos  tres poderes  da Repúblicam usam jatinhos da FAB, para transportarem  um unico marajá a um custo absurdo, afora a afronta  que é  a manutenção   desses privilégios e mordomias `as custas do dinheiro público, quando todos sabemos que os salários e outros privilégios desses marajás  afrontam o trabalhador que ganha um salário mínimo de miséria , complementado pelo assistencialismo governamental.

Outro  fator  que provoca a insatisfação popular é a violência  generalizada que cresce  a  cada dia.Não bastasse  o terror  que o banditismo impõe  sobre a população com roubos, furtos, estupros, sequestros  e  assassinatos,  a população pobre que vive nas periferias urbanas e nas  favelas  ainda tem que conviver  com a violência policial que acaba levando mais  medo  e morte Pior  em tudo isto é  a impunidade, quase sempre nada acontece a não ser a dor de famílias que perdem seus  entes queridos por “balas perdidas”, eufemismo para justificar a violência  dos  agentes  do Estado, que em alguns  casos acaba  se confundindo com a violência dos bandidos e do crime organizado.

O que  falar  de pais, mães  ou estudantes que precisam  ficar nas filas  nas portas de escolas ou na frente de uma tela  de computador para  conseguir vaga para matricular  uma criança, adolescente ou jovem, em  estabelecimentos públicos de ensino ou para obterem crédito educativo, verdadeiras migalhas,  perante o que os  bancos oficiais concedem aos grandes grupos econômicos,  a juros subsidiados ou na forma de “incentivos fiscais” que ajudam, na verdade, a acumulação de capital nas  mãos das elites  econômicas, políticas e sociais.

Em  meio a tudo isso, a população  ainda tem que conviver com uma inflação que rouba  o poder aquisitivo dos salários,  juros extorsivos, verdadeira agiotagem apoiada pelo  governo  que está levando as famílias  a um endividamento impagável; aumentos dos preços de energia,  dos alimentos e serviços em geral.

A pá  de cal que sepulta as esperanças do povo e aumenta a insatisfação e revolta  das massas  são  as constantes denúncias  de corrupção  envolvendo  governantes, gestores públicos, partidos  políticos  e empresários  que formam  verdadeiras quadrilhas de colarinho branco para  roubarem os cofres públicos e a certeza de que a impunidade será a recompense para esses crimes.

Essas  e outras condições que marcam a atual conjuntura,  já vividas pela Venezuela e Argentina,  estão contribuindo para a insatisfação generalizada que caracteriza o atual momento nacional. Em tais circunstâncias não é difícil prever que dias piores  ainda  estão por vir.  A passagem da insatisfação  generalizada e difusa  para a violência política e a instabilidade institucional é de apenas  um passo. A primavera nos países árabes  e em outras partes do mundo bem  atestam esta dinâmica política  e social.

JUACY DA SILVA, professor universitário,  fundador, titular e aposentado UFMT,  articulista de A GAZETA,  mestre  em sociologia.  Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@pofjuacy

 

segunda-feira, 6 de abril de 2015


DIA MUNDIAL DA SAÚDE 2015

JUACY DA SILVA

A  cada ano morrem mais  de dois milhões de  pessoas, principalmente  crianças  e idosas, em decorrência de doenças relacionadas com o consumo de alimentos contaminados por agrotóxicos, herbicidas, fungicidas, antibióticos  ou em estado de conservação impróprios ao consumo humano por conterem bactérias,virus, parasitas ou outros  vetores patogênicos.

Em  sua edição de março último  a Revista National  Geographic, destacou em uma matéria que mais  de dois milhões de pessoas nos EUA ficam doentes  a cada ano por consumirem alimentos de origem  animal (principalmente bovinos, suinos e aves)  impróprios, os quais  contém altas doses de antibioticos, tornando  as  bactérias  altamente resistentes. Em 2014  ocorreram 23 mil  mortes devido a doenças vinculadas  ao consumo de alimentos que não  estavam de acordo com os padrões e normas,  internacionais e dos EUA. O custo dessas doenças para  o Sistema  de saúde nos EUA   foi  entre 21  e 34  bilhões de dólares. Informa  também a reportagem  que 80%  de todos os antibióticos consumidos/comerializados no país  são utilizados na  criação  de animais voltados `a produção alimentar.

Em 1948, na primeira Assembléia da OMS (Organização Mundial de Saúde), organismo  especializado da ONU para  esta área, foi aprovada uma  Resolução instituindo o DIA MUNDIAL  DA SAÚDE, a  ser “comemorado” em 07  de Abril  de cada ano.  O primeiro DIA MUNDIAL  DA SAÚDE  foi em 1950 e  desde então, nesses 65  anos, a OMS  tem estimulado a  reflexão, análise e debates sobre  temas fundamentais para  a saúde.

O tema do DIA MUNDIAL DA SAÚDE  em  2015 é “Segurança  dos alimenntos”, e envolve  a discusão desde a produção,  `a industrialização, o armazenamento, o transporte, a distribuição ou comercialização e o consumo. Mais  de 200 tipos de doenças  são  causadas por alimentos que são produzidos ou comercializados  e consumidos fora  dos padrões  estabelecidos pela “ Codex  Alimentarius” uma  instância  da OMS  em parceria  com a FAO  e participação da União Européia, mais 49 organizações  inter-governamentais, 16 organismos  especializados da ONU, 150 ONGs  de vários países. Em  2015 nada menos que 186 países  haviam aderido a CODEX ALIMENTARIUS  e   a  mesma  desde 2012  tem o reconhecimento da Organização Mundial do Comércio  com instância para dirimir conflitos entre paises em relação as questões de alimentos e  também  o poder  de estabelecer normas  e padrões internacionais que todos os países  devem seguir para resguardar  a saúde  dos consumidores.

No momento em que o Brasil experimenta uma  verdadeira explosão na produção de “commodities”, sem que, todavia, muitas dessas normas sejam respeitadas, principalmente quanto ao uso de agrotóxicos, herbicidas, fungicidas, antibióticos e outros produtos nocivos `a  saude humana, é mais do que oportuno que possamos discutir este tema.

Outro aspecto  também importante nesta discussão é o papel da agricultura  orgânica ou agricultura sustentável ou agroecologia,  incluindo também pecuária  e os horti-fruti,  como alternativa ao Sistema mercantilista de produção.

Este é um grande desafio que todos os governos e também entidades não governamentais, incluindo as que representm  a agricultura familiar, a  economia solidária e também dos consumidores  devem  enfrentar. Os custos  para  os sistemas de saúde  e também para a qualidade de vida da  população estão diretamente relacionados com a qualidade e segurança dos alimentos, cabendo aos organismos publicos, nas tres  esferas de governo, fiscalizarem para que os alimentos consumidos  pela população atendam  a  essas normas estabelecidas pela OMS e objeto deste DIA MUNDIAL DA SAÚDE.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy