FATOS RELEVANTES
JUACY DA SILVA
No desenvolvimento dos estudos de futuro, para que os cenários sejam ao mesmo tempo um referencial para o planejamento politico e
estratégico e também um
instrumento de acompanhamento da realidade, a
definição e estabelecimento dos “fatos relevantes” ou fatos portadores de futuro,
é de fundamental importância para um projeto nacional.
Neste aspecto, são
importantes tanto a dinâmica interna quanto os acontecimentos mundiais e as repercussões
dos mesmos nas relações internas. Este é um
exercício que exige dos governantes
uma visão de
estadista, jamais o aprisionamento em questões de menor importância e
nem a miopia da visão ideológica, que tanto prejudica as ações do governo
quanto do empresariado e da sociedade
como um todo.
Esta é a diferença
entre a dinâmica política institucional dos países do primeiro mundo e dos
subdesenvolvidos e também dos emergentes. Todo e qualquer país que aspire por
uma postura de independência, liderança regional ou atingir o nível de uma
potência emergente ou potência mundial precisa ter um projeto
nacional e seus governantes necessitam ter a habilidade e a capacidade de construir um modelo de
desenvolvimento de médio e longo prazos, ou seja, desenhar os caminhos a seguir pelos próximos
dez ou vinte anos, independente de que partido ou aliança esteja no poder. Sem isto, o país consegue
realizar apenas os “voos de galinha’
como dizem os analistas políticos e geopolíticos, jamais uma
visão de longo alcance.
O acompanhamento dos
acontecimentos mundiais, seus desdobramentos, a organização de blocos
econômicos ou de alianças políticas e
militares definem os grandes rumos no cenário internacional, cabendo a cada país
defender seus interesses nacionais, jamais
subordinando-os ao crivo do partido ou
aliança no poder, caso em que a mediocridade pode reduzir o peso politico e estratégico nacional no contexto internacional.
Governantes que
confundem interesses nacionais com interesses de grupos econômicos
ou políticos podem perder o bonde da história e colocar seus países de joelho perante as grandes potências, contribuindo assim para o agravamento da
crise interna. Parece que na presente conjuntura Brasil, Argentina e Venezuela são
exemplos típicos , na América
Latina, deste tipo de governos populistas, incompetentes, medíocres e
corruptos e que estão jogando por terra o futuro de seus países.
No contexto
internacional alguns fatos relevantes
podem ser identificados no agravamento do conflito no oriente médio;
o avanço das negaciações para a criação
do mega-bloco econômico e
politico-militar transatlântico, entre
União Européia e Estados Unidos, e, complementarmente pelo Canadá e México, que juntamente com os EUA, fazem parte do NAFTA;
o reatamento das relações diplomáticas entre EUA e Cuba, com desdobramentos
para as áreas econômica e política; o lancamento da candidatura de Hillary
Clinton como postulante `a Casa
Branca pelo Partido Democrata; o acordo
do G7,
liderados pelos EUA com o Iran, em relação ao programa nuclear
daquele país; o fortalecimento dos pactos
de defesa entre EUA e
países asiáticos para neutralizer o
avanço militar da China e, finalmente, o empenho dos EUA para
fortalecer a OEA como entidade representativa dos países do continente Americano,
enfraquecendo sobremaneira a UNASUL e
seu projeto bolivariano, onde o
Brasil adereiu de forma equivocada.
No Plano interno,
podemos destacar como fatos relevantes
o aprofundamento das investigações da Operação Lava-Jato, incluindo esta
12a. fase, com a prisão de Vacari,
tesoureiro do PT o que pode aprofundar
ainda mais a crise política em que a Presidennte Dilma e seu
partido e aliados estão
engolfados; o aprofundamento da crise econômica e a insegurança e indignacão
que este fato poderá ter sobre a população ameaçada pela inflação,
pela deterioração da qualidade dos serviços públicos, aumento acelerado do
endividamento das familias, o temor do
desemprego que está crescendo a olhos vistos; a perda da capacidade de articulação política e de
governar da Presidente, que aos poucos
se torna prisioneira do seu partido e de seu grande aliado, o PMDB; dos
equivocos dos pacotes econômicos de seu
novo ministro da fazenda; o aumento do poder de articulação, em oposição ao Palácio do Planalto,
por parte dos presidentes da Câmara Federal e do Senado.
A continuar neste rítimo dentro embreve Dilma será
igual a Rainha da Inglaterra, que tem a pompa do cargo mas não governa nada. Estamos vivendo quase um regime parlamentarista de fato, enquanto a reforma política não o
institui na prática. O Poder do
vice-Presidnte, que é do mesmo partido que os presidentes da Câmara e do
Senado, projeta um cenário
complicado para Dilma, o PT e o sonho de
Lula retornar em 2018.
Outro fator
relevante são as manifestações populares que
estão tomando conta das ruas e praças do país
inteiro, onde o povo expressa
tanto o FORA CORRUPTOS, quanto o FORA DILMA e FORA PT, caso este descontentamento seja ampliado
e fortalecido pelo aprofundamento
da crise econômica, tanto o Impeachment
quanto uma possível renúncia de Dilma
serão fatos relevantes dentro
de pouco tempo. Vamos acompanhar
e ver o que vai acontecer nos próximos meses.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, titular e
aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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