quarta-feira, 31 de outubro de 2018


COLANDO OS CACOS

JUACY DA SILVA

Parece que o Brasil entra em mais uma nova fase de sua história e, como em tantas outras, muitas coisas podem mudar, algumas para melhor e outras para pior, com certeza. Alguns dizem que as crises e os conflitos são parteiros da história, pois exigem que os países tenham a capacidade de se reinventarem.

Este é um novo momento em nossa história politica quando velhos caciques e raposas perderam as eleições, velhos esquemas se mostraram ineficientes e partidos, até entao considerados “fortes” e donos da verdade quase desapareceram, como no caso do antigo e novamente MDB e o PSDB.

Quanto ao PT, surgido em pleno periodo de governos militares, fruto da luta sindical, depois de diversas tentativas chegou ao poder em 2003, após tres derrotas consecutivas de LULA, seu líder maior e que nesta eleição teve que assistir de dentro de uma prisão a vitória da extrema direita através do voto de milhões de eleitores, mesmo que em percentual bem menor do que de suas duas vitórias e da primeira vitória de Dilma, sua sucessora, em 2010.

Mesmo sendo derrotado, para tristeza de seus algozes, o PT ainda demonstra um grande fôlego, um capital politico e eleitoral considerável que lhe garantiu vitórias importantes em todos os estados do nordeste, além de Tocantins e do Pará, onde Fernando Hadad foi o vencedor no segundo turno.

De uma figura de pouco brilho na Câmara Federal durante sete mandatos, integrante do chamado “baixo clero”, quase invisível para a opiniao publica, tendo passado por diversos partidos, seu partido atual, um dos até poucos meses considerado nanico, o PSL, antes o PSC que não topou apostar da candidature de Bolsonaro, demonstrou alguns aspectos e fatos novos na politica brasileira.

Primeiro, ficou a certeza de que tempo de TV e um monte de partidos tradicionais não pavimentam o caminho da vitória. Através de uma coligação considderada pífia o PSL, melhor dizendo, Bolsonaro conseguiu “desbundar” o MDB de Temer e Romero Jucá e o PSDB de Geraldo Alkmin que tinha quase todo o tempo do mundo de propaganda eleitoral no rádio e TV e como aliados diversos partidos  fisiológicos do chamada “centrão”, que já estiveram com Lula, com Dilma, com Temer e com certeza estarao com Bolsonaro.

A votação inexpressível de Alkimin em todos os estados, inclusive em São Paulo, onde ele próprio já exerceu o cargo de governador por quatro mandatos e o PSDB é “dono do pedaço” há mais de duas decadas não impediram que Bolsonaro o derrotasse no primeiro turno de forma vergonhosa.

Parece que o PSDB entrou dividido na disputa presidencial em 2018 e saiu não apenas derrotado mas estraçalhado, incluindo a derrota de alguns de seus caciques em diversos estados como Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Paraná e no nordeste inteiro.

Os tucanos que em 2014 elegeram 54 deputados federais viram a bancada cair para quase a metade nas eleicoes de 2018, quando conseguiram eleger apenas 34 deputaods, passando da condição de terceira maior bancada há quatro anos para a nona, empatado com o DEM a partir de 2019.

A mesma sorte teve o MDB que caiu da segunda posição em 2014 quando elegeu 66 deputados federais para 34 na eleição deste ano. Pela ordem, os quatro partidos que mais perderam cadeiras na câmara federal nas eleições de 2018 foram: MDB 32; PSDB 25; o PTB 15 e o PT 13 e o único que realmente ganhou um espaço de grande destaque foi o PSL, partido de Bolsonaro, que  em 2014 elegeu apenas um deputado federal e nesta eleição passou `a condição de segundo maior partido na Câmara Federal, com 52 parlamentares e que com a sinuca de bico em que se encontram 14 partidos que elegeram 41 deputados mas não conseguiram superar a chamada clausula de barreira, poderá receber logo no inicio da legislatura mais de uma dezena de parlamentares eleitos por esses partidos e que desejam mesmo é estarem `a sombra do poder, de onde pode jorrar leite e mel, sonho acalentado por politicos fisiológicos que agem como mariposas em relação `a luz.

Diferente de Collor de Melo que também foi eleito por um partido na época com pouca expressão politica e eleitoral, não tendo formado uma base parlamentar  forte no Congresso e acabou sofrendo o “impeachment”, Bolsonaro, chega ao poder com uma base parlamentar, principalmente na Câmara Federal com força suficiente para, se não conseguir aprovar tudo o que deseja, pelo menos para ter espaço suficiente para navegar em céu de brigadeiro, se não meter os pés pelas mãos, com propostas que dividam não apenas o Congresso mas, principalmente, o país que entrou dividido e saiu dilacerado dessas eleições.

Em uma democracia, quem ganha  também deve respeitar quem perde e não tentar eliminar os adversários como se inimigos fossem, afinal, em uma democracia podemos estar divididos em termos de ideologias, idéias, propostas e modelos de desenvolvimento para o país, jamais em Guerra real, onde, o que conta é a destruição ou até a eliminação fisica do adversário. Quando isto acontece, estamos na ante sala de um regime totalitário em detrimento das instituições do estado democrático e de direito. Aí o caos substitui a ordem democrática e a pluralidade, como atualmente acontece na Venezuela, cujo ciclo de violência politica teve inicio com a chegada ao poder, via eleições, até então livres, de um coronel do exército que acabou dando auto golpes, destruindo os poderes judiciario e legislative e perseguindo implacavelmente a oposição, deixando um país arrazado para seu successor que continua sua obra devastadora no país vizinho.

O Brasil continua dividido não apenas em termos politicos e eleitorais, mas também em termos economico, racial, social, cultural e religioso, o momento deve ser de tentarmos colar os cados do que resta de um país sofrido em meio a tanta violência, corrupção e desagregação institucional. Se antes o mapa do Brasil era dividido entre azul e vermelho, a partir dos resultados dessas eleições continuará dividido entre verde e vermelho, onde o verde apenas ocupou o lugar do azul, com a debandada do centro rumo a direita e extrema direita.

Dias nebulosos e sombrios ainda rondam os céus de nosso país, quem viver verá!

JUACY DA SILVA, professor universitario, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy  Blog www.professorjuacy.blogspot.com


quarta-feira, 24 de outubro de 2018


CÂNCER DE TODAS AS CORES

JUACY DA SILVA

Estamos quase chegando ao final do OUTUBRO ROSA, mês dedicado ao alerta, principalmente `as mulheres, quanto aos riscos do CÂNCER DE MAMA e a importância do diagnóstico precoce para que o tratamento seja viável e possivel, evitando-se mais mortes, consideradas desnecessárias.

Dentro de uma semana, será iniciado o NOVEMBRO AZUL, mês dedicado ao alerta, principalmente, aos homens quanto ao CâNCER DA PRÓSTATA, doença que também vem crescendo e fazendo vitimas que poderiam não apenas sobreviverem mas terem uma vida dígna em lugar de mortes precoces e evitáveis, em meio a um grande preconceito quanto ao exame de toque é a forma de detectar-se a doença.

O câncer, em seus mais de 22 tipos diferentes, mas com o mesmo estígma e pavor que causa nas pessoaas e em seus familiares, é uma doença que data de milhares de anos e, mesmo com o avanço da medicina, da indústria farmacêutica e uma verdadeira revolução tecnológica na saúde, ainda está presente no mundo através de mais de 18,1 milhões de novos casos em 2018 e em escala crescente pelos próximos anos, podendo chegar a mais de 25 milhões de novos casos em 2030, além de 9,6 milhões de mortes, muitas totalmente evitáveis, caso a doença tivesse sido detectada, diagnosticada e o tratamento realizado a tempo.

Só para se ter uma idéia, em 2012 foram estimados 14,1 milhões de novos casos de câncer no mundo, passando para 18,1 milhões em 2018 e deverá atingir mais de 25 milhões em 2030. Em relação `as mortes por câncer, no ano 2000 ocorreram 6,9 milhões de óbitos; passou para 8,1 milhões em 2010, este ano de 2018 deverá registrar 9,6 milhões e em 2030 estima-se que mais de 21 milhões deverão morrer vitimas de algum tipo de câncer, sendo que os principais serão: pulmão; colorretal, estômago, fígado, mama e esôfago.

Em relação aos novos casos, em 2018, pela ordem decrescente os mais significativos são: Pulmão e mama, com 2,1 milhões de casos aproximadamente cada um; colorretal com 1,7 milhões; próstata com 1,3 milhões e estômago com 1,03 milhões de casos.

No Brasil o panorama acompanha da tendência mundial, com um fator agravante que é a circunstância de sermos um país sub-desenvolvido ou emergente, com poucos recursos para a saúde em geral e a área do câncer em especial, além do caos em que se encontra a saúde pública em nosso país, pela da falta de planejamento, gestão empírica e deficiente, situação ainda mais agravada pela corrupção endêmica que tomou conta do Brasil em geral e da saúde pública em particular,  há decadas ou séculos, pouco importando o tipo de governo ou ideologias defendidas pelos governantes de plantão.

Segundo estimativas do INCA – Instituto Nacional do Câncer e de outras instituições públicas e não governamentais, a luta contra o câncer, inclusive do CÂNCER DE MAMA, objeto do OUTUBRO ROSA ou do CÂNCER DE PRÓSTATA que será destaque dentro de poucos dias com o NOVEMBRO AZUL, tanto em 2018 quanto 2019, o número de novos casos de câncer no Brasil será de 634.880, um aumento de 35,1% em relação a 2008 e 2009 quando ocorreram aproximadamente 470 mil casos.

Neste mesmo período o número de novos casos de câncer de mama passaram de 49.400 em 2012 para 59.700 em 2018/2019; o de próstata aumentou de 49.530 em 2012 para 68.220 em 2018; o colorretal de 26.990 para 36.360 e o de pulmão de 22.770 em 2012 para 31.270 em 2018.

O que mais desafia a sociedade brasileira quando falamos de câncer é que o tratamento é caro e as vezes se prolonga por vários anos e para 80% da população que é constituida de trabalhadores, urbanos e rurais, de baixa renda, onde mais de 85% tem uma renda per capita de no máximo 2,5 salários mínimos, a única alternativa para diagnosticar a doença e realizar o tratamento é o SUS, que está praticamente falido, faltando recursos para aquisição de medicamentos de alto custo, como são os  relacionados com tratamento de câncer e outras doenças crônicas, falta de equipamentos como mamógrafos, tomógrafos e para outras imagens ou mesmo falta de leitos hospitalares e profissionais nas áreas de média e alta complexidade. Por isso este número elevado de mortes e muito sofrimento.

Segundo matéria da BBC/Brasil em fevereiro último, nada menos do que 235 mil pessoas morreram de câncer no Brasil em 2017, sendo que dessas mortes 38,7% eram de pessoas entre 15 e  65 anos, ou seja , participantes da população economicamente ativa , outra parte entre crianças e a maior parte entre idosos, grupo populacional bastante vulnerável e excluidos social, econômica e políticamente em nosso país.

Enfim, tanto o OUTUBRO ROSA quanto o NOVEMBRO AZUL e os demais meses com suas cores e fitas ligadas aos demais tipos de cancer, não basta apenas alertar a população, despertar a consciência para que as pessoas se precavejam,  se, ao mesmo tempo, nossos governantes, nos poderes legislativos, executivos e judiciário também não se conscientizarem de que tratamento do câncer e de todas as demais doenças, principalmente as crônicas, não se faz com discursos e belas mentiras, mas sim, com dotações e execução orçamentárias adequadas e uma gestão humanizada e de qualidade.

Se isto não for feito, vamos presenciar centenas de milhares de pessoas sofrendo, sendo mal tratadas e morrendo ante o descaso de quem tem por obrigação e dever de zelar pela dignidade e qualidade de vida da população. Para isso é que são eleitos ou designados para cargos importantes nos governos federal, estaduais e municipais. O resto é conversa mole ou discursos para boi dormir.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador e articulista de diversos veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@ profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com




terça-feira, 16 de outubro de 2018


DIREITA, VOLVER!

JUACY DA SILVA

Os resultados do primeiro turno das eleições gerais de 2018 tem deixado analistas, institutos de pesquisas, dirigentes partidários, acadêmicos, enfim, estudiosos da dinâmica politica brasileira um tanto estupefactos ou atarantados.

Alguns analistas e profissionais da mídia falam em um verdadeiro “tsunami” na politica brasileira, com a derrota de velhos caciques que durante decadas, alguns com quase meio século de vida pública, verdadeiros donos de currais eleitorias e de cadeiras cativas no Senado, na Câmara Federal e nas Assmelbéias Legislativas foram vergonhosamente derrotados nas urnas.

Parece que os eleitores, de forma anônima, deram cartão vermelho para velhas raposas,  boa parte ou talvez a maioria desses politicos e de outros que escaparam por pouco da guilhotina eleitoral, fazem parte de suspeitos e investigados por corrupção ou pertencem a grupos que são acusados de corrupção ativa e passiva, enriquecimento ilícito, formação de quadrilha e com alta probabilidade, ao perderem a impunidade e o foro privilegiado, poderão ter o mesmo destino de outros politicos que estão trancafiados, longe do convívio politico, social e econômico da vida nacional.

Outro aspecto desta onda foram as derrotadas dos chamados partidos de centro ou o “centrão”, incluindo os tucanos (PSDB), MDB, DEM e alguns outros de seus satélites. Comparados os desempenhos, por exemplo, da ex presidente Dilma, do atual senador e futuro deputado federal Aécio Neves nas últimas eleições em 2014, tanto a derrota de Dilma para o Senado em Minas Gerais quanto a pífia votação de Geraldo Alkmin quanto de Henrique Meireles, foi possivel perceber que os mesmos foram deixados `a propria sorte por seus correligionários, traidos como se chegou a dizer de forma aberta.

Outra particularidade deste primeiro turno foi o derretimento de Marina Silva, que passou de mais de 20 milhões de votos há quatro anos quando quase  chegou ao segundo turno contra seus poucos mais de um milhão de votos, metade da votação de Janaina Paschoal, do PSL,  eleita como a deputada estadual em São Paulo, com mais de dois milhoes de votos, a mais votada na história do Brasil.

A busca de um consenso como alternativa de centro para evitar a radicalização entre esquerda e direita, mesmo com o empenho de Ciro Gomes, de Geraldo Alkmin, Meirelles e outros candidatos fracassou de forma clara. Os eleitores preferiram os extremos, com Bolsonaro representando as forças de direita, os conservadores como a opção mais provável no segundo turno, a não ser que ocorra outro tsunami no segundo turno e Fernando Hadad, que representa a esquerda,venha a ser o vitorioso, realidade pouco provável.

Além do DEM, MDB e PSDB, que em passado recente eram os partidos que representavam os interesses do mercado, das forcas conservadoras, também o PT e alguns de seus aliados, principalmente o PCdoB, perderam espaço no Congresso Nacional. O espaco antes ocupado pelos partidos de centro deverão ser ocupados  de forma avassaladora pelo PSL um partido nanico até a presente legislatura e que a partir de 2019 deve ser a segunda força na Câmara Federal.

Com o advendo da cláusula de barreira diversos partidos nanicos devem desaparecer e ou seus parlamentares eleitos deverão migrar para outros partidos. As perspectivas, devido ao fisiologismo que é a marca registrada da politica brasileira, a maioria desses parlamentares devem aumentar as fileiras do PSL, partido de Bolsonaro e outros que deverão ser seus aliados no Congresso.

Dificilmente os partidos de esquerda, mesmo com o bom desempenho do PSB, deverão ter número de deputados e senadores para barrarem o rolo compressor da direita tanto no Congresso Nacional quanto nas Assesmbléias Legislativas, incluindo a de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Nota-se perfeitamente não apenas uma polarização entre esquerda e direita na politica brasileira a partir deste segundo turno e com mais ênfase a partir de 2019, mas sim, uma guinada avassaladora das forças de direita, incluindo empresários e a classe media, servidores públicos graduados e os marajás da República nos tres poderes, no MPF/MPE que, com excessão do Nordeste e do Pará e da populacao pobre, deverão mudar as pautas da vida nacional, estimulando, ainda mais não apenas os conflitos ideológicos, mas principalmente a violência politica nos próximos anos, incluindo as eleições municipais de 2020, onde esquerda e direita voltarão a se enfrentar em verdadeiras lutas fratricidas.

Quem viver verá.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

segunda-feira, 1 de outubro de 2018


IDOSOS E DIREITOS HUMANOS

JUACY DA SILVA

Existe uma parcela bem grande de pessoas, no Brasil, inclusive um certo candidato que defende posturas conservadoras e de extrema direita, que confundem direitos humanos com a defesa pura e simples de bandidos. Esta é uma visão equivocada de quem não estuda as questões politicas, sociais e econômicas e não sabe que a ONU tem um setor o Conselho dos Direitos Humanos, para cuidar exatamente dos direitos fundamentais das pessoas e que existe um documento aprovado quando do surgimento da ONU em 1948, denomiando de Declaração Universal dos Direitos Humanos,  e que o Brasil, além de ser signatário da Carta da ONU  tem por obrigação cumprir tratados internacionais aprovadas pela referida organização, inclusive tratados sobre direitos humanos. Ninguém que aspira a ser presidente do Brasil deveria falar que, se eleito, vai acabar com os direitos humanos, isto é uma ofensa ao ordenamento jurídico internacional e um total desrespeito `a dignidade e direitos fundamentais das pessoas.

No dia 14 de dezembro de 1990 a Assembléia Geral da ONU, com o voto favorável do Brasil, aprovou uma resolução estabelecendo que todos os anos, a partir daquela data, 01 DE OUTUBRO passaria a ser considerado o DIA INTERNACIONAL DA PESSOA IDOSA, a ser “comemorando” por todos os paises e estados-membros da ONU e também por outras organizações internacionais, nacionais, incluindo ONGs e entidades representativas da sociedade civil organizada.

A cada ano é escolhido um tema para que sirva de reflexão sobre a importância das contribuições que as pessoas idosas já fizeram ou ainda continuam fazendo para seus países, suas familias e para a sociedade em geral e que, ao se encaminharem para a etapa final da vida, precisam ser respeitadas, reconhecidas em sua dignidade e terem seus direitos básicos e fundamentais respeitados por todos, inclusive seus governantes, direitos esses que devem servir de base para a definição de politicas públicas, programas, projetos e ações de governo.

Entre os direitos básicos e fundamentais das pessoas idosas podemos destacar: o direito `a vida, o direito `a saúde, o direito a cuidados especiais quando as condições físicas, mentais e emocionais impedem que as pessoas idosas cuidem sozinhas de sua sobrevivência e as rotinas do dia-a-dia; direito `a proteção social e econômica representada pela aposentadoria e pensão, que garantam uma renda minima para viverem, direito ao transporte coletivo, direito a uma alimentação saudável; direito ao lazer compatível com a faixa etária e condições físicas e mentais, direito de serem felizes, apesar do processo de envelhecimento.

O tema do DIA INTERNACIONAL DA PESSOA IDOSA em 2018 reflete esta dimensão da necessidade de se respeitar e reconhecer as contribuições que os idosos fizeram e continuam a fazer na defesa dos direitos humanos em geral e dos próprios idosos em particular. Este tema indica o alcance desta luta: “Celebremos os mais idosos, campeões lutadores pelos direitos humanos”, ou em ingês “ Celebrating  older human rights champions”.

Só para termos uma ideia do abandono e descaso que os países, inclusive o Brasil, tem em relação aos idosos. De acordo com dados da OIT – Organização Internacional do Trabalho, organismo da ONU responsável por cuidar da questão do trabalho, emprego, desemprego e temas correlatos, em 2015 apenas 27% dos idosos no mundo, com 65 anos e mais tinham alguma cobertura previdenciária.

No Brasil em 2005 apenas37,3% dos idosos não tinham nenhuma cobertura previdenciária. Esta parcela aumentou para 46,8% em 2015 e as previsões indicam que em 2030, pouco mais de 60% dos idosos não estarão cobertos pela previdência. Para uma população idosa de 42,8 milhões de pessoas, estaremos diante de uma parcela consideravel de idosos, 25,7 milhões que estarão vivendo na pobreza e pelo menos 30% (7,7 milhões ) dos idosos que estarão na condição de pobreza absoluta ou extrema pobreza, esses serão os idosos miseráveis propriamente ditto, totalmente excluidos, vivendo no abandono total.

Com certeza a situação atual dos idosos no Brasil e as projeções indicam que uma parcela considerável da população, milhões de pessoas que não gozam de condições mínimas de vida e não tem sua dignidade, enquanto pessoas humanas respeitada, vale dizer, os direitos humanos dos idosos tanto no mundo quanto e, principalmente, no Brasil não tem sido respeitados.

Ainda temos uma grande caminhada pela frente e só com muita luta vamos conseguir que os direitos básicos e fundamentais das pessoas idosas sejam respeitados em sua integralidade, aqui vale tambem a assertiva “nenhum direito a menos”.

Esta deve ser a reflexão que devemos fazer neste 01 de Outubro de 2018, DIA INTERNACIONAL DA PESSOA IDOSA. Vamos pensar nisso, principalmente neste momento em que estamos indo `as urnas para escolher Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais.

Apenas “uma pergunta quer não calar”, será que esses candidatos tem propostas concretas para a definição de politicas públicas voltadas para a pessoa idosa e que garantam a defesa dos direitos humanos desta parcela tão esquecida da populacao brasileira? Ou apenas idéias vagas, superficiais, demagógicas, abraços e tapinhas nas costas das pessoas idosas que ainda são eleitores e eleitoras? Se voce, mesmo não sendo idoso/idosa, mas se preocupa com o presente e futura de nossa gente, pense nisso quando for apertar as teclas da urna eletrônica.

JUACY DA SILVA, professor univeresitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de comunicacao. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com