sexta-feira, 29 de agosto de 2014


ESPERANÇA RENOVADA

JUACY DA SILVA

Há menos de um mes  parecia que tudo  estava consumado. Mesmo que as pesquisas de opinião pública demonstrassem que havia  uma  grande possibilidade das eleições presidenciais serem decididas em um segundo turno, mesmo assim, parecia que o povo brasileiro seria obrigado a aguentar mais quatro anos de Dilma, do PT e seus aliados.

Os prognósticos econômicos , sociais e políticos também  indicavam que o Brasil sob Dilma estaria  fadado a caminhar a passos largos para  o  agravamento de uma crise que vem sendo gestada  desde o início de seu governo. Os indicadores econômicos  como inflação, endividamento público, baixo  crescimento do PIB, desindustrialização   fariam parte de uma crise de governabilidade onde a corrupção, o caos na saúde, o  rombo da previdência, a  deterioração da educação, a degradação ambiental,  o aumento da violência e o sucateamento da infra-estrutura poderiam conduzir o País para um caos social, com o aumento da insatisfação popular. Neste rítmo em pouco tempo o  Brasil  estaria ao lado da Venezuela, da Argentina e de outros países que trilharam  este mesmo caminho nas últimas  décadas.

Até o fatídico 13 de Agosto, quando, de forma trágica, Eduardo Campos  teve  sua  vida ceifada,  este era o quadro politico e eleitoral em nosso país. Quis o acaso ou o destino que em seu lugar ressurgisse MARINA SILVA, mulher guerreira, carismática, com idíeas renovadoras em sua cabeca,  escudadas em princípios éticos e o compromisso  de provocar  uma grande mudança em nosso país, deixando para traz duas experiências já superadas: o neo-liberalismo Tucano e o assistêcialismo demagógico populista e medíocre do PT e de seus aliados.

Em duas  semanas, as pesquias, primeiro do Data Folha   e a mais recente do IBOPE demonstraram que o povo  brasileiro renovou suas  eperanças e que Marina Silva pode e vai derrotar  as duas candidaturas que  estavam  polarizando o expectro politico e eleitoral  e ao mesmo tempo passou a ser o porto seguro para milhões  de eleitores que, já desiludidos com o cenário politico, indicavam que iriam votar em branco, não sabiam em quem votar, ante terem  que escolher entre candidatos ruins  e milhões que iriam anular seu votos.

Este contingente  representava  35% do eleitorado  ou seja,  49,9 milhões de eleitores  e  agora  representam pouco mais de 13%. De acordo com os dados da pesquisa do IBOPE desta semana, Dilma perdeu 4%,caiu de 38% para 34%; Aécio também  caiu 4%,  de 23% para 19%, e  até  mesmo  o Pastor Everaldo perdeu 2%, caindo de 3% para 1%. No total os tres candidatos perderam 10%, ou seja, 14,3milhões  de eleitores devem ter migrado para Marina, além dos 18% que  antes  estavam indefinidos. Isto  ajuda a  entender  como Marina chegou a 29% das intenções de votos, ante os 9% que preferiam  Eduardo Campos há aproximadamente  um mês.

A simulação de um segundo turno tanto na pesquisa do Data Folha quanto agora do IBOPE  demonstram que a esperança foi renovada para  millhões de brasileiros razão pela qual Marina  Silva  deve  vencer Dilma por mais de 10%, podendo chegar  a  uma  diferença maior no segundo turno, para  desespero dos atuais e antigos donos do poder.

O desempenho de Marina   no debate realizado na última terça  feira pela Rede Band, jogou  por terra as  tentativas de “desconstrução” de sua imagem  como inexperiente, agressiva, radical, com pouco conhecimento da realidade  brasileira. Para diversos analistas brasileiros  e  internacionais seu desempenho foi bem superior aos demais candidatos e, tudo leva  a crer que com sua exposição  no horário politico gratuito, viagens  pelos Estados, debates  e entrevistas em diversos locais e nas  redes de comunicação, principalmente  na TV, poderá aproximar-se  mais ainda dos eleitores e apresentar sua proposta de um novo  modelo de desenvolvimento, com  transparência, justiça social, sustentabilidade ambiental e uma visão estratégica de futuro

Neste  sentido sua frase de que “o Brasil não precisa  de uma ou um gerente, mas  sim de um ou uma Estadista” , que saiba enfrentar os desafios e apresentar as saídas para a crise que angustia e dilacera o país e o povo brasileiro é mais do que um rumo a  seguir é a  certeza de que tem todas as qualificações para o exercício  pleno da Presidência da República!

Adendo: Os  resultados  da pesquisa  do DATA  FOLHA,  divulgados na  tarde desta  sexta feira, 29/08/2014,indicam emptate tecnico entre MARINA  SILVA E DILMA,deixando Aécio Neves  em  um longiquo  terceiro lugar.

Marina  subiu dez  pontos, Dilma perdeu quatro e  estão empatadas com 34%  e Aécio Neves  caiu  quatro pontos para 15%. As  simulações de um segundo turno  MARINA  SILVA  teria 50% dos votos contra 40% para Dilma, antes era 47%  a  43%, a diferença a  favor de MARINA SILVA  passou de 4%  para 10%.

Agora  é MARINA SILVA  NA  CABEÇA!  A Hora de mudar é agora!  VAMOS  QUE  VAMOS!

JUACY DA SILVA,  professor  universitário, Titular  e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia,  articulista de A Gazeta.  Email  professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

quinta-feira, 21 de agosto de 2014


A VEZ  DE MARINA

JUACY DA SILVA

Costuma-se  dizer que Deus escreve  certo  por  linhas tortas. Longe  de mim  tentar justificar a morte de qualquer  pessoa  muito menos de Eduardo Campos, politico  jovem, que aos poucos  vinha empolgando boa  parte do  eleitorado brasileiro, com seus princípios fundados na  ética, na eficiência, na arte de dialogar e romper barreiras e seu projeto de um Brasil diferente e melhor.

Na  verdade Eduardo Campos  representava o novo, as  possibilidades de um modelo  diferente de governar, um  novo projeto para o país, a busca da construção de uma  terceira via entre a experiênia desastrada do governo do PT e seus aliados, onde a corrupção, a mediocridade, o populismo, o autoritarismo, o assistencialismo são suas marcas registraadas e de outro a tentativa do retorno do neo-liberalismo gestado no governo Collor/Itamar e aprofundado na  era FHC, com todas as mazelas que  também o povo brasileiro bem conhece.

Coube ao destino abortar uma carreira brilhante que  certamente, mesmo não vislumbrando de imediato a vitória em 2014, poderia  ser a  base correta para a grande mundança  que viria em 2018. Mas  este mesmo acaso acabou  trazendo para  o centro do cenário politico  e eleitoral brasileiro outra figura sui-generis, uma mulher de origem realmente humilde e simples, trabalhadora nos seringais, analfabeta até os 16anos, sofredora com a impossibilidade de cuidar da própria saúde  pela  ineficiencia do Sistema público de saúde.

No lugar dessas  carências materiais Marina Silva,  surgiu para o mundo da política ancorada em princípios éticos que realmente  acredita e representa a base  de suas atividades na vida pessoal e na ação política. Mulher carismática,  sem grandes vaidades, que não busca os holofotes, a não ser para dizer o que pensa e que país imagina para nossos filhos, netos  e gerações vindouras. desenvolvimento com sustentabilidade, eficiência, ética e justiça social.

Seu projeto de Brasil é de um país justo, com oportunidade reais para todos, principalmente para as classes menos favorecidas, não para usar os pobres como trampolim para oferecer benesses aos grandes interesses políticos e econômicos, como continuam fazendo a maior parte dos nossos governantes, principalmente para os atuais donos do poder.

Além  desta dimensão ética como base da ação política, Marina aos poucos foi construindo ,  com alguns partidos  políticos e, mais importante, com a participação das pessoas que há  quatro anos começaram a se  juntar  nas “casas de Marina”, sem precisar recorrer `as doações financeiras dos grandes grupos ou o uso da máquina pública como atualmente faz a candidata Dilma, com apenas um minuto de TV  no horário eleitoral “gratuito”  conseguiu mais de 20  milhões de votos nas  eleições de 2010, com  certeza fará muito mais agora.

Ao ser  escolhida para  substituir  Eduardo Campos ,  Marina já começou a surpreender e a causar medo nos adversários que até  então  estavam aparentemente tranquilos com a já ultrapassada disputa entre PSDB x PT, que ocorre há mais de duas décadas.

Tanto isto é  verdade que Marina conseguiu motivar os indecisos que até há  um mês representavam 35% do eleitorado, razão pela qual ao ser incluida na última pesquisa do Data Folha, apareceu com 21%, percentual muito superior ao de Eduardo Campos nas  últimas sondagens.

Mais  importante ainda, sua  entrada consolida a certeza de que a eleição para  Presidente da República não será definida no primeiro turmo como imaginavam o PT, PMDB e outros aliados, pois a soma de quem não vota em Dilma no primeiro turno chega a 47% e a da candidata a reeleição não ultrapassa 36%.

Em  caso de  segundo turmo, mesmo sem ter sido confirmada candidata  Marina  com 47%  já demonstrou que supera a Presidente Dilma  que não passou de 44%, indicando que poderá vencer a disputa ,principalmente pelo fato de que pelas suas  caracteristicas e origem poderá conquistar votos da população  mais humilde, principalmente  nas regiões Nordeste, Norte e nas periferias dos grandes centros e  também dos  evangélicos.

A chegada de Maria está  tirando o sono da turma do Palácio do Planalto e também de seu criador, que deseja voltar ao poder em 2018, bastando garantir a vitória de Dilma, o que parece a cada  dia fica mais distante.

De  acordo com o influente periódico inglês “The  Financial Times”, do ultimo final de semana, o crescimento das  preferências  dos eleitores, demonstrado na última pesquisa do Data Folha, já garante a certeza do  segundo turno e, neste  caso, também o fato de que Marina está  tecnicamente emprada com Dilma, mas  três pontos  na  frente, poderá facilitar a aglutinação de forças de “todos contra Dilma e o PT”, no segundo turno, podendo significar a vitória de Marina e a derrocada do projeto de poder articulado e nutrido há décadas.

Tudo indica que o PT e em menor grau o PSDB  irão  tentar “desconstruir”  a  imagem de Marina, com uma  série  de inverdades, tentando infundir medo na opinião pública e nos eleitores, para que assim, tenham que decidir entre  dois projetos que já  se esgotaram há anos.

Populismo e neo- liberalismo  são  modelos ultrapassados. Um novo modelo deve  ser buscado, onde novos paradígmas estejam no centro  da nova política,  da nova economia e da nova sociedade de um novo século,em todas as dimensões. Parece que  as apostas agora estão  indo  na direção de Marina,  a presidente que realmente está  vindo de  baixo e da floresta, mas com visão  mais humana da política e do desenvolvimento do Brasil.

JUACY DA SILVA,  professor  universitário, titular  e  aposentado UFMT, mestre  em sociologia, articulista de A Gazeta. Email  professor.juacy@yahoo.com.br  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

sexta-feira, 15 de agosto de 2014


ELEIÇÕES  E  REFORMA TRIBUTÁRIA

JUACY DA SILVA

É comum, principalmente durante o período eleitoral, ouvirmos discursos de candidatos a deputado federal  ou senador, prometendo que, se eleitos forem, atuarem para “trazer”  mais recursos federais para seus estados. No caso dos  candidatos a deputado estadual a lenga-lenga é a mesma, so que a destinação dos recursos do orçamento  público são os municípios, onde estão as suas “bases”, ou currais eleitorais.

Nesta condição os candidatos a parlamentares que pretendem iniciar a vida pública ou os que já estão na vida parlamentar há anos, não passam de meros “despachantes de luxo”, que se propõe a acompanhar prefeitos ou empresários , abrindo portas de gabinetes de ministros ou de dirigentes de segundo e terceiro escalão em Brasília ou nas  capitais dos estados.

A ação legiferante, ou seja, propor/ apresentar projetos de Lei fica praticamente esquecida,já  que a iniciativa de mais de 60% dos projetos de Lei origina-se  no Poder Executivo, cabendo a  Câmara Federal, ao Senado e Assembléias  Legislativas serem praticamente apendices do Executivo.

Vários temas demandam uma ação por parte do Congresso Nacional e o mesmo não tem correspondido ao que a população brasileira deseja, incluindo diversos artigos da Constituição aprovada há 26 anos e ainda não regulamentados por Leis ordinárias ou casos em que projetos de Lei  dormem nos gabinetes durante décadas, sem que os parlamentares cumpram com a sua mais primordial função que é a elaboração e aprovação de Leis, além do exercício do papel  fiscalizador dos demais poderes (Executivo e Judiciário ) e do próprio parlamento.

Dentre  os temas mais candentes podemos destacar a reforma política e a reforma tributária, ambas estão relaciondas com as questões da representação, representatividade, organização e funcionamento da administração pública, reformulação do  pacto federativo, orçamento púbico, financiamento das políticas públicas, planejamento nacional e as suas articulações com os demais níveis de governos (Estados, Distrito Federal e municípios), desenvolvimento regional, urbano e sectorial, sistemas de previdência  , infra-estrutura nacional, política externa, de defesa e segurança nacional, as relações entre a iniciativa privada e os  entes públicos, além de tantos outros.

No caso da tributação, todos sabemos que o Brasil possui uma dar maiores cargas tributárias do planeta, chegando a 37,8% do PIB em 2012/2013, maiordo que a União Européia que é de 35,%; da OECD 34,8%, do BRICs que, tirando o Brasil , tem carga tributária de 27,3%, do G20  cuja  carga é de 29,5%; do G 7  que é de 35,2% ou da América do Sul que é de apenas 20,5%.

Existem diversos países que tem carga tributária inferior,  igual ou mesmo superior ao Brasil  como França, Alemanha, Espanha, Turquia, Austrália, Chile, Japão, Estados Unidos, Canadá, onde o dinheiro pago pelos cidadãos na forma de impostos, taxas  e contribuições são devolvidos ao povo na forma de infra-estrutura  e serviços de ótima qualidade, alguns dos quais de forma totalmente gratuitas como transporte urbano,  saúde, educação, justiça, segurança pública, enfim , serviços públicos definidos como padrão de primeiro mundo.

Aqui no Brasil, apesar do contribuinte pagar uma  carga tributária enorme, quem desejar ter educação, saúde, segurança, transporte e infra-estrutura de qualidade tem que pagar novamente  recorrendo `a  iniciativa privada.  Em recente estudo do Banco Mundial intitulado “pagando taxas 2014”, ao comparar 189 países o Brasil ocupa a 159a. posição , indicando o quanto estamos  atrasados nesta questão.

Em uma próxima oportunidade abordaremos os aspectos da origem dos tributos, a sonegação, as renúncias fiscais e a destinação dos nosos impostos através dos orçamentos públicos, importância superior a quase dois trilhões neste ano.

JUACY DA SILVA, professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@projuacy

quarta-feira, 6 de agosto de 2014


A TRAIRAGEM POLÍTICA

JUACY DA SILVA

Primeiro  vamos ao entendimento do que seja trairagem. De acordo com dicionários da lingua portuguesa trairagem tem signficados diversos, incluindo traição, safadeza, quebra de acordo ou contrato, sacanagem, falsidade, pessoa traiçoeira, mau caráter e outros derivados desta relação. Existe até  mesmo a música trairgem da dupla sertaneja Teodoro e Sampaio, que bem poderia ser o hino official  de nossas eleições, bastando apenas adapta-la  para o contexto politico-eleitoral  no Brasil como um todo e em Mato Grosso em particular.

A origem da trairagem política e eleitoral decorre do fato de que os partidos políticos no Brasil, mesmo os que se julgam com um grande  capital ideológico e ético, são muito mais instâncias burocráticas para registro de candidaturas e uso do fundo partidário do que propriamente uma entidade com credibilidade pública , programa, doutrina/ideologia e coerência.

Costuma-se dizer que todos os partidos, inclusive os chamados nanicos, tem seus donos em todos os níveis: municipal, estadual e nacional e seus  caciques usam e abusam dos partidos e do poder que decorre de sua organização muito mais para negociarem e defenderem  seus interesses ou dos grupos que dividem tais organizações, inclusive economicos e financeiros,  tempo de TV e de propaganda eleitoral obrigtória e, claro, decidir quem deve, pode ou não ser candidatos e  também participar do leilão dos cargos adminnistrativos.

A falta  de coerência e  de fidelidade são as normas básicas, razão do povo ja andar cansado do troca-troca partidário e de candidatos, de alianças incoerentes. Quando a luta interna ou a busca para espaco se agrava, um cacique ou candidato a tal, juntamente com seus seguidores não titubeiam em deixar o partido pelo qual foram eleitos ou estão filiados há anos ou décadas e organizam  um novo partido.

Durante o regime militar houve um esforço para a consolidação do bi-partidarismo no Brasil seguindo modelo de alguns países,  considerados democráticos, onde só existem dois partidos, o do governo e da oposição, mas com real possibilidade de alternância no poder, como acontece nos EUA, na Inglaterra, no Canadá, diferente do que ocorre em países dirigidos por ditaduras civis, militares  ou populistas, onde mesmo havendo um partido de oposição, este jamais conseguirá chegar ao poder.

Voltando a trairagem política e eleitoral, ela decorre e acontece  neste quadro de fragilidade dos partidos e a super-valorização de seus dirigentes, caciques e donos  em detrimento  da  organização partidária. Quem não se afina com  a cartilha da cúpula partidária acaba sendo excluído, mesmo quando se trata de políticos com certo nível de poder e influência. As atuais  alianças  ou coligações,  a começar  pela chamada base  de sustentação do Governo do PT,  iniciado  com Lula e continuando com Dilma, é o exemplo  típico deste ajuntamento incoerente e oportunista. Fazem parte do mesmo desde os partidos comunistas, socialistas, trabalhistas até os que sempre foram considerados pelas famosas forças de esquerda como conservadoresou direitistas,  como os malufistas, latifundiários, useineiros e atualmente os barões  do agronegócio.

É  diicil entender uma aliança entre latifundiários e o MST, entre banqueiros e a populaça, entre corruptos e virgens éticas na politica, entre grandes empresários capitalistas e organizações sindicais de  trabalhadores ou entender como alguns setores deste ajuntamento defendem a aplicação da Lei da Ficha Limpa para adversários e escondem os corruptos que fazem parte do governo.

Neste contexto a trairagem  política é apenas um complemento  a mais da demogogia, da  corrupção, da mentira, do oportunismo, incluindo taambém a falta de um projeto de desenvolvimento para o país, os estados e os municípios e em seu  lugar  surgem os diferentes projetos de poder. O importante é a conquista ou manutenção do poder, para usa-lo a seu bel prazer e para aparelharem o Estado e continuarem usufruindo de suas benesses. Por isso é que vivemos em uma democracia de fachada.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com   Twitter@profjuacy

 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014


PIZZARIA OU FÁBRICA DE MARMELADA?

JUACY DA SILVA

A revista Veja,  diversos  jornais de grande circulação nacional e noticiário de TV  neste último final de semana  estamparam  , com  profusão de detalhes, matérias que a opinião pública e o povo brasileiro já sabia de maneira informal o que estava acontecendo.

Desde que vieram a público as notícias sobre a maior negociata dos últimos  tempos, envolvendo a PETROBRÁS,  sobre a compra de uma refinaria nos EUA,  durante o Governo Lula, quando era Ministra da Casa Civil e , nesta qualidade, Presidente do Conselho de Administração da Estatal, a atual Presidente da República,  as cúpulas do Governo Dilma, do PT, PMDB e demais partidos aliados no Congresso, tudo  fizeram para impedir que a oposição conseguisse  aprovar uma CPI no Senado  ou uma CPMI no Congresso Nacional.

Pressionados pela opinião pública , pelos meios de comunicação e por diversas  organizações de combate a corrupçao , representativas da sociedade civil organizada, tanto o Senado quanto a Câmara e o Congresso acabaram aprovando a criação de duas Comissões de Investigação, apesar dos esforços do Governo e de suas lideranças no Congresso para boicotar o exercício constitucional que o Parlamento tem para investigar mal feitos, incúria e corrupção que existe  ou venha a existir em qualquer nível ou estrutura da administração pública. Afinal dinheiro público, incluindo o que o tesouro nacional injeta nas estatais e bancos públicos, é fruto de uma enorme carga tributária que recai  sobre o lombo do povo.

Como o Governo Dilma e seus aliados no Congrresso não conseguiram barrar a constituição das CPIs , utilizando de um exercício parlamentar, onde a maioria manda e desmanda, “aceitaram” a criação e instalação das  CPIs, mas abocanharam os cargos mais importantes: a Presidência e relatoria(s) das referidas comissões, indicando para compo-las e dirigi-las parlamentares “fiéis”  ao Governo Dilma,  que em linguagem popular atende pelo nome de “paus mandados” ou  o exercício de subserviência.

Ao longo das últimas seis décadas, pelo menos, o povo brasileiro supostamente elege representantes para o Congresso Nacional (senadores e deputados federais)  não para  serem despachantes de luxo,  “lobistas” de interesses excusos,  políticos subservientes  as ordens do Poder Executivo ,  mas sim  representantes  que realmente  defendam  os interesses públicos e dos Estados e fiscalizem todos os poderes da República, além de legislarem, é claro!

Não  foi isto o que se viu no desenrolar dos trabalhos das CPIs, que todos sabiam, iriam se transformar  , como a quase totalidade das CPIs,  em uma grande pizza, acobertando as ações que até  o TCU e a atual presidente da PETROBRAS consideraram como lesivas aos interesses da Estatal e do país. De forma um tanto estranha o TCU acabou “inocentando” a Presidente Dilma, na qualidade presidente do Conselho, quando todos sabemos que a última palavra nas Estatais cabe ao seu conselho de administração, a menos  que tal conselho seja  figura decorative e seus integrantes ali estão apenas  para engordar seus rendimentos mensais.

Jamais  na história política brasileira o Congresso  Nacional foi tão vilipendiado como neste caso, onde  alguns de seus integrantes e também representates do Poder Executivo se juntaram para  fraudar um innstrumento democrático e importante que são as CPIs. Ao fazer jogo combinado, elaborando as perguntas que os integrantes das  CPIs  deveriam responder, possibilitando que os mesmos pudessem preparar com antecedências suas respostas, o Congresso Nacional acabou se envolvendo em uma grande fraude  e um desrespeito a si próprio, a democracia e as instituições nacionais, contribuindo mais ainda para que a chamada classe política e as  instituições políticas sejam avaliadas de forma  extremamente negativa pela população em todas as pesquisas de opinião.

Estamos em pleno período eleitoral, quando o povo  brasileiro irá  escolher   os seus  representantes para os cargos executivos  e os legislativos estaduais, um terco do Senado e a renovação total da Câmara Federal. Oxalá,  em todas essas instâancias,  principalmente no Congresso Nacional possamos ter  pessoas dígnas, preparadas e que exerçam seus mandatos com altivez, competência e compromisso com a ética no exercício de suas ações. Se tudo continuar como está, em Brasilia  estaremos construindo uma enorme pizzeria  ou fábrica de marmelada.

Será que é  esta a democracia e República que queremos? Cabe ao povo a resposta em Outubro vindouro!

JUACY DA SILVA, professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy