quinta-feira, 31 de outubro de 2013


O BRASIL NO CONTEXTO INTERNACIONAL

JUACY DA SILVA

Ao longo da história as nações se confrontaram na luta para conquistar e manter espaços tanto territoriais quanto econômicos, financeiros, culturais e até mesmo religiosos. Na verdade as guerras de conquistas ocorriam e ocorrem  com a finalidade de garantir o  suprimento de matérias primas e também de um mercado consumidor cativo.

Alguns estudiosos baseados em dados empíricos que lhes dão base, afirmam que esta seria a origem dos impérios que surigiram, floresceram, entraram em decadência e desaparecem ou foram subsituidos por outros que conseguiram avanços tanto na arte da Guerra quanto nos  seus sistemas produtivos, onde as descobertas de novos produtos, novas metodologias e relações de trabalho e de produção ocorriam em decorrência de inovações e também de um sistema educacional e de gestão que atendiam aos desafios da modernidade em cada época. Quem assim não agia ou não age estava e está fadado a ser derrotado nos campos de batalha ou na luta pelo domínio politico, econômico, cultural, social e religioso.

Ao redor  do mundo, as crianças, adolescents e jovens aprendem pelo estudo da história como esses impérios se formaram e também como desapareceram ou perderam espaços para seus concorrentes e competidores. O que não conseguimos entender é como esses estudantes quando chegam `as posições de liderança em suas respectivas áreas profissionais, inclusive na vida política, não conseguem aproveitar os conhecimentos disponíveis e contribuir para que seus países possam encarar com seriedade os desafios que têm no contexto das relações internacionais e domésticas.

O Brasil está incluido entre os dez países com características que lhe dão condições de ser um ator de primeira grandeza no cenário mundial. Em termos de território somos o quinto país; em população também ocupamos a quinta posição e em economia (PIB) o sétimo lugar e possuimos uma grande abundância de recursos naturais. Todavia em exportações caimos para a 23a. posição, participando com apenas 1,4% do mercado mundial exportador, situação praticamente inalterada pelos últimos 40 anos. O mesmo acontece com nossa participação nas importações  onde ocupamos a 21a.posição, com uma fatia insiginificante de 1,2% do total das importações mundiais.

Por mais que nossos governantes ou até mesmo inúmeras instituições e pesquisadores nacionais,  cheios de ufanismo, costumem alardear o crescimento espetacular de nosso comércio internacional,  a realidade tem demonstrado que nossos concorrentes estão crescendo e continuam a crescer tanto em termos de PIB quanto de comércio exterior muito mais do  que o Brasil.

Um país  que exporta basicamente produtos primários ou semi-industrializados, com baixo valor agregado, que possui uma indústria que a cada ano enfrenta mais dificuldades para sobreviver no mercado interno e também no mercado externo, que não consegue melhorar sua produtividade e seu poder de concorrência em termos de qualidade e preço, está fadado a, paulatinamente,  perder espaço nos aspectos econômicos, financeiros e geoestratégicos.

Para que um país possa se transformar em uma potência, seja econômica, científica e tecnológica ou militar precisa que seu PIB cresça em rítmo e índices superiores não apenas `as medias mundial ou regional, mas também de seus concorrentes mais próximos, por décadas seguidas.

Sem crescimento forte e contínuo do PIB um país não tem condições de gerar recursos para investimentos e na melhoria da qualidade de vida da população e enfrentar desafios como ter uma infra-estrutura e sistema logístico compatível com a grandeza de sua economia e com sua inserção no cenário internacinal.

Relatórios recentes de vários organismos internacionais têm demonstrado que também em diversas outras áreas como educação, saúde, cuidados com o meio ambiente, produtividade econômica e gestão pública o Brasil continua mal na foto.  Esses gargalos em termos econômicos fazem parte do chamado custo Brasil, que ao invés de diminuir tem aumentado ultimamente. Entra governo, sai   governo e parece que estamos parados no tempo, quando comparados com nossos concorrentes diretos. Já passou a hora de mudar tudo isso, a começar pelos nossos governantes!

JUACY DA SILVA, professor universitário,fundador, titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Twitter@profjuacy  Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

terça-feira, 29 de outubro de 2013


GOVERNO E O FUTURO DA SAÚDE NO BRASIL

JUACY DA SILVA

Muitas pessoas, de forma sincera ou manipuladora, principalmente governantes, imaginam  que para resolver um ou vários problemas que afetam a população brasileira, basta realizar algumas audiências públicas, onde quem mais fala são as autoridades, apresentar um projeto de lei ou de emenda constitucional, transformar tudo isso em Leis e os problemas que angustiam o povo estarão revolvidos.

Isto acontece em todas as áreas , cabendo um destaque especial `a saúde pública e privada no Brasil. Tendo a Constituiçao de 1988, que recentemente completou sua maioridade, atingindo 21 anos de promulgação, como referência, podemos identificar em nossa Lei Magna um enorme conjunto de direitos que a Assembléia Nacional Constituinte decidiu que deveria constar da nova Constituição,

Feito isso, o Brasil seria uma verdadeira democracia, onde os governantes agiriam com ética, eficiência, eficácia e suas ações consubstanciadas em políticas públicas iram colocar o Brasil no patamar dos países desenvolvidos, onde o povo, principalmente as camadas alijadas e excluidas do processo de desenvolvimento, entrariam no paraiso. Educação, saúde, meio ambiente, sanamento básico, segurança pública, para mencionar apenas algumas dessas áreas, seriam direito do povo e dever do Estado, ai entendido os tres níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal) e os tres poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Depois de cinco anos de governo do PMDB, tendo o antigo aliado dos militares e presidente do   PDS, atual Senador José Sarney, espécie de vice-rei do Maranhão, onde sua família tem uma influência impar; sucedeu-lhe na  Presidência a figura controvertida do atual senador pelas Alagoas, Collor de Mello, que acabou não concluindo seu mandato, sendo substituido por Itamar Franco, verdadeiro baluarte do  outrora combativo MDB.

Quiz o destino ou acaso que mais um intelectual , agora de esquerda e notávelcientista politico, tentasse inaugurar uma nova fase na vida política e administrative brasileira. FHC com seu figurino neo-liberal conseguiu aglutinar, por oito anos, todos os setores incluindo PMDB, trabalhistas e os remanescentes apoiadores do outrora regime militar, na  figura do PFL, a quem confiou a vice-presidência. A grande novidade foi  a emenda constitucional ,patrocinada por FHC e aprovada pelo Congresso, sempre fiel ao Executivo de Plantão, criando a figura da re-eleição, base para acertos partidários e muita corrupção como o tempo tem provado.

Enquanto na oposição o PT sempre teve como  bandeiras de luta a  defesa da saúde púbica, da “educação plública, de qualidade, laica e socialmente referenciada”,  a ética na política, um certo puritanismo ideológico, a defesa dos trabalhadores, tanto do setor privado quanto do público; a reforma agraria e muitas outras causas populares que foram deixadas de lado ao assumir o poder e cercar-se das mesmas forças conservadoras e interesses privados em todos os setores em que combatia os capitalistas.

Após quase onze anos de governo petista, percebe-se que o  governo federal aliou-se aos  latifundiários, aos usineiros, os mercantilistas da saúde e da educação, aos banqueiros nacionais e internacionais, `as grandes empreiteiras, enfim, acabou conseguindo apoio de todos os grupos convervadores e inclusive de figuras  marcadas ou carimbadas como propensas `a corrupção e falta de compromisso com os interesses nacionais, dos trabalhadores e da classe média.

É neste contexto que devemos tentar perscrutar os desafios que o Brasil terá que enfrentar na saúde pelas próximas décadas. Dependendo do rumo e do empenho, não deste governo que já esta em fim de mandato, mas do próximo, a saúde no Brasil se está um caos atualmente, poderá  ficar muito pior e entrar em um colapso total, de difícil superação e mais sofrimento para o povo. Este é o tema do próximo artigo, com dados e informações bem interessantes e a posição que o nosso país ocupa em  alguns “rankings” nesta e em outras áreas correlatas.

JUACY DA SIVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013


GPS  POLÍTICO

JUACY DA SILVA

Antigamente  as pessoas ao  se deslocarem a grandes distâncias eram guiadas pela lua e pelas estrelas. A estória  mais conhecida é a dos Reis Magos,  que foram do  Oriente visitar o menino Jesus que teria nascido em Belém, no que hoje é um território disputado por judeus e palestinos.

Costuma-se dizer que para quem não sabe onde deseja chegar, ou seja, não tem um ponto de referência quanto ao seu destino final, qualquer lugar pode ser seu destino. Modernamente os  avanços da ciência e tecnologia têm possibilitado `as pessoas navegarem com segurança e certeza de que estão no rumo certo ou na rota correta. Isto pode ser feito pelo GPS, que significa, em ingles “ global positioning  system” , traduzido para a língua portuguesa como  “sistema de posicionamento global”.

Este sistema foi criado nos EUA e é alimentado por 28 satélites em órbita transmitindo dados e informações de localizacão aos receptores em terra, no mar ou no ar. É usado pelos sistemas de navegação aérea, maritima, terrestre  e também  em mísseis e sistemas balísticos, relógios de alta  precisão, sistema de monitoramento remoto. Estão em carros, aviões, ogivas nucleares e até em celulares.

De forma semelhante, na admnistração e gestão tanto pública quanto privada também existe o que poderiamos chamar de GPS politico,econômico e social para guiar tais setores, facilitando a vida tanto de empresas privadas quanto os organismos do Estado a terem mais racionalidade, eficiência e eficácia. Este GPS já existe há muitas décadas, é muito elogiado mas pouco compreendido e utilizado,  principalmente pelos donos do poder. Denomina-se planejamento e quando se trata de uma viagem longa no tempo, passa a ser entendido como planejamento estratégico.

Parece que nos últimos tempos nossos governantes não estão preparados , não sabem ou não querem usar esta tecnologia moderna e continuam guiando-se pela lua, pelas estrelas, e pela própria intuição ou interesses menores para dirigirem os destinos de milhões de brasileiros e a usarem bilhões ou trilhões de reais que o país produz, que é denominado de PIB e boa parte de tudo isto (aproximadamente 38%) é recolhido aos cofres públicos para serem usados nesta trajetória, que muitas vezes é guiada pela improvisação e pelo sistema de tentativas e erros, mais erros do que tentativas racionais.

Assim, o GPS politico indica a localização dos países no contexto das relações internacionais e no espaço geopolítico e estratégico mundial. Para saber utilizar  corretamente o GPS politico primeiro o país (no   caso, por  exemplo, do Brasil) precisa ter um projeto de desenvolvimento nacional com ações de curto, médio e longo prazo, como se fosse o roteiro de uma viagem longa e cheia de obstáculos a serem vencidos até chegar ao seu destino. Este destino são os objeticos nacionais permanents e para avaliar como anda a trajetória é fundamental a utilização de indicadores,  metas, prazos para chegar a cada ponto intermediário desta viagem.

Desta forma, somente conhecendo a realidade e como está o país em termos de conquista desses objetivos é que um governo pode pretender representar os anseios e aspirações nacionais e isto só pode ser feito quando comparamos o Brasil com os demais países, ou seja, como estavamos há uma ou duas décadas passadas, como estamos hoje tanto interna quanto no contexto internacional e quanto falta para chegarmos a este destino de um país desenvolvido, justo, solidário com qualidade e padrão de vida dígnos de uma sociedade moderna que respeita os direitos das pessoas, seja transparente, onde seus governantes sejam guiados pela ética e comprimisso com o bem-comum. Tudo isso deve estar inserido na memória do GPS politico que deve nos guiar muito além das próximas eleições, independente dos nomes que sejam escolhidos pelas convenções partidárias e homologados pelos eleitores em 2014.

Será que um país cujo crescimento do PIB esteja na 115a. posição no ranking mundial, que possui uma das  maiores taxas de inflação, de juros,  de tributação, uma dívida pública de trilhões e outros indicadores vergonhosos está no rumo certo?

JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, Email  professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professojuacy.blogspot.com