sexta-feira, 30 de novembro de 2018


CONFERÊNCIA DO CLIMA 2018

JUACY DA SILVA

Na próxima semana, no dia  03 de dezembro de 2018 terá inicio, na cidade de Katowice, na Polônia, mais uma conferência do clima, a chamada COP 24, que se estenderá até dia 14 do mesmo mês, quando estarão presentes chefes de Estados, de Governos, ministros, cientistas, ambientalistas e milhares de pessoas que estão realmente preocupadas com a questão das mudanças climáticas e suas consequências sociais, econômicas e naturais em nosso planeta.

A COP (Conferência das Partes) é a instância máxima da ONU no contexto das articulações da Convenção do Clima (UNFCCC) e foi criada/aprovada em maio de 1992, na conferência da terra, a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro e, desde 1995,  se reune anualmente para realizar um balanço das ações de combate `as mudancas climáticas , do aquecimento global e suas consequências sobre a vida no planeta.

A COP 24 é a penúltima etapa para que, de fato, sejam implementadas as diversas cláusulas do ACORDO DO CLIMA DE PARIS, firmado entre 194 países em 2015, com o objetivo de reduzir ou mitigar os efeitos da poluição e emissão de gases que provocam o chamada efeito estufa, produzidos, conforme conclusões do painel de cientistas sob os auspícios da ONU, principalmente pela ação humana.

O sistema produtivo mundial, desde o inicio da chamada “revolução industrial” em 1760 até 1840, quando o sistema de produção passou por um processo de profundas mudancas e, desde então, a matriz energética até os dias de hoje está baseada no uso de combustíveis fósseis, primeiro o carvão e depois, conjuntamente o petróleo e gaz natural. Sistema este altamente poluidor e que tem trazido sérios prejuizos ao meio ambiente.

De outro lado, o processo de  crescimento acelerado da população, com destaque para a urbanização mais acelerada ainda, principalmente nas últimas cinco décadas, tem exigido um esforço muito grande para a produção de alimentos e de diversos bens e serviços para atender `a uma população que atualmente já é de 7,6 bilhões de pessoas.

O desmatamento de florestas, a expansão das fronteiras agrícolas, a industrialização e a urbanização, com sistemas produtivos, de transporte,  ocupação desordenada das áreas urbanas, a desertificação, e o estilo de vida tem contribuido largamente para a degradação ambiental. Até recentemente a maior parte ou quase a totalidade dos  países, principalmente os já industrializados e também os chamados emergentes e inclusive os subdesenvolvidos não tinham nenhum compromisso com a questão ambiental. Desenvolvimento era sinônimo de destruição ambiental e muita poluição.

Muita gente, inclusive governantes e empresários urbanos e rurais imaginavam e, lamentavelmente, ainda imaginam que desenvolvimento e sustentabilidade estão em lados opostos, ou seja, não pode haver proteção ambiental e sustentabilidade porque essas preocupações prejudicam ou impedem o desenvolvimento. Outros ainda vão mais longe e imaginam que poluição do ar, degradação ambiental, mudancas climátiças e aquecimento global sejam balelas ou  invenções geopolíticas e ideológicas de alguns países ou grupos de pessoas para impedir que paises emergentes possam se desenvolver ou que países industrializados, do primeiro mundo, estejam sofrendo concorrência desleal por parte dos emergentes . E outros ainda imaginam que preocupação com o clima e as cláusulas do acordo de Paris sejam um risco para a soberania nacional.

Só para se ter uma idéia, no início da revolução industrial a população mundial era de apenas 770 milhões de habitantes, a partir de 1960 praticamente a cada década a população mundial tem agregado mais um bilhão de pessoas. Em 2024 a população mundial será de 8 bilhões; em 2030, horizonte dos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, será de 8,6 bilhões e em 2042 será atingida a marca dos NOVE BILHÕES de habitantes no mundo. O tamanho da população mundial é um desafio para a sustentabilidade de um lado e para a sobrevivência das pessoas de outro lado, um equilíbrio complicado para ser mantido.

Para se ter uma ideia, o PIB mundial (nominal) em 1960 era de US$1,366 trilhões; no ano 2000 atingiu US$ 33,574 trilhões; em 2015 chegou a US$74,843 trilhões, em 2018 deve atingir US$84,684 trilhões e em 2030 deve ultrapassar a marca de US$120 trilhões de dólares. Este crescimento econômico gera um grande impacto no meio ambiente e contribui sobremaneira para as mudancas climáticas e o aquecimento global,  exigindo produção e consumo responsáveis, só não percebe esta realidade as pessoas e governantes míopes ou descompromissados com as gerações futuras.

Havia uma grande expectativa de que a COP 25, a ser realizada no entre o final de novembro e inicio de dezembro de 2019, pudesse ser realizada no Brasil, uma espécie de reconhecimento em relação ao papel que o Brasil poderia e pode desempenhar não apenas na questão ambiental, mas também em outros setores em termos de uma inserção mais ativa no contexto das relações internacionais.

Todavia, parece que tanto o atual governo, que pouco ou quase nada tem feito pelo meio ambiente e também o novo governo a ser instalado em nosso país em janeiro de 2019, não colocam uma ênfase significativa quando se trata de questões ambientais e, a exemplo do que foi feito pela atual administração dos EUA, poderá estar na contra-mão do acordo de Paris, com sérias repercussões para a imagem do Brasil no exterior e também gerando muitas dificuldades para o comércio internacional de nosso país que poderá sofrer retaliações por parte de diversos países.

Vamos aguardar e observar como será a participação da delegação brasileira na COP 24 e o que o futuro nos reserva nesta e em diversas outras questões cruciais, com dimensões geopolíticas e estratégicas.

O que está em jogo é o futuro do planeta e de cada país em particular e não as posições de alguns governantes e empresários descompromissados com o meio ambiente e a sustentabilidade.

JUACY DA SILVA, professor titular, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de comunição. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com


sábado, 17 de novembro de 2018


POBREZA: DEFININDO UMA REALIDADE CRUEL

JUACY DA SILVA

Neste domingo, 18 de novembro, estará sendo encerrada a II Jornada Mundial dos Pobres e também será o DIA MUNDIAL DO POBRE OU DOS POBRES, como queria o leitor. Esses dois eventos mundiais foram criados/establecidos pelo PAPA FRANCISCO, para despertar a Igreja Católica e, também, todos os cristãos e fiéis das demais religões para a gravidade da pobreza que afeta mais de três bilhoes de pessoas em nosso planeta.

Para o Papa Francisco e todas as pessoas que almejam e sonham viver em um mundo melhor,  independente do lugar em que tenha nascido, origem racial, cor da pele, gênero, ocupação, faixa etária e crença religiosa, a pobreza é a maior afronta e violência `a dignidade humana e uma chaga social, econômica e política que deve ser extinta da face da terra.

Este sonho vai de encontro, ou seja, está contra-mão do espirito do egoismo, do materialismo, da insensibilidade , da busca do lucro imedianto a qualquer preco, da usura, da acumulação de capital, renda e riqueza nas mãos  uma minoria, em detrimento da maioria da população.

A quase totalidade dos problemas e desafios que existem em cada país sejam eles desenvolvidos, emergentes ou subdesenvolvidos, tem uma relação direta com o estado de pobreza, miséria e fome em que vive a  parcela da população mundial, nacional e local  nesta condição.

Existe uma questão metodológica no que concerne `a definição de pobreza. Vários países adotam definições diferentes tanto para a pobreza em geral, quanto `as gradações em que a pobreza se manifesta, inclusive a chamada pobreza extrema ou miséria absoluta.

Muitas das definições levam em conta apenas a questão monetária ou renda disponivel por pessoas ou domicílio, seja dos salários recebidos por um ou mais membros da familia e ou agregando-se também as transferências diretas ou indiretas de renda, os chamados “penduricalhos” para tentar esconder o estado de miséria em que vivem as pessoas.

Essas definições não vão mais a fundo, por exemplo, na questão do poder de compra em termos paritários entre os países, incluindo aí o valor do salário minimo, que na quase totalidade dos países, inclusive no Brasil, deixaria as pessoas que o recebem exatamente ou até abaixo da linha de pobreza, incluindo empregados, desempregados e sub-empregados.

No caso do Brasil, quando o salário minimo foi estabelecido, na década de 1940, sua definição estabelecia que o salário pago pelo empregador ao trabalhador, no caso, com carteira assinada, apesar de que milhões de trabalhadores em nosso país não tem carteira assinada, uma burla que atinge esses de trabalhadores; pois bem, na definição do salário minimo dizia-se que este valor deveria ser suficiente para atender as necessidades básicas do trabalhador e sua familia, incluindo: alimentação, moradia, higiene pessoal, transporte, roupa, saúde, lazer e previdência/aposentadoria.

Esta, com pequenas alterações, é a definição de organimos internacionais como ONU, OIT, Banco Mundial e diversos organismos que atuam nas relação de trabalho, incluindo os trabalhadores por conta propria e os avulsos ou que vivem de trabalho intermitente, os chamados “bicos”.

No Brasil, ao longo de quase oitenta anos, a completar-se no ano 2000, o salário minimo foi perdendo seu poder de compra para a inflação e para as manipulações governamentais. Os reajustes definidos pelos governantes de plantão, sempre a serviço do capital e dos barões da economia, tanto em governos civis quanto militares, com algumas excessões, sempre ou quase sempre foram definidos bem abaixo da inflação.

Segundo estudos do DIEESE, o valor do salário minimo que deveria estar vigorando em em junho de 2018, deveria ser de R$3.804,06 reais, para que tivesse o poder de compra do que é definido no artigo  7º, inciso VI, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, garantiu aos trabalhadores urbanos e rurais um “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.

Recentemente em solenidade no Congresso Nacional relativa aos 30 anos da promulgação da Constituição brasileira, todos os dirigentes máximos dos poderes, atuais e o futuro presidente da República não se cansaram de exaltar a Constituição, chegando ao ponto da Procuradora Geral da República, que, juntamente com o STF são os guardiões da Constituição e do ordenamento jurídico brasileiro, dizer que não basta exaltar e reverenciar a nossa Carta Magna, é preciso cumpri-la e faze-la ser  cumprida.

Mais de 55% dos trabalhadores na ativa e mais de 80% dos aposentados e pensionistas da previdência, no caso do INSS, recebem no máximo um salário minimo por mes, que possibilita suprir  apenas 25% das necessidades básicas definidas pela Constituição Federal, que é a nossa Lei Magna a ser cumprida tanto por governantes quanto governados e não apenas letra morta.

Enquanto isto, o Poder Judiciário e também os poderes Legilsativo e Executivo concedem vários privilégios aos seus membros, incluindo, só a titulo de auxilio moradia a seus integrantes, de forma direta ou indireta, importancia mensal de R$4.300,00 reais, mesmo que o beneficiado tenha resideência própria ou outro imóvel que lhe proporcione renda extra, além de outras regalias provenientes dos cargos e funções exercidas. Cabe aqui tambem mencionar que esses beneficiários do auxilio moradia  recebem salários mensais de mais de R$33 mil reais.

Situação bem diferente de quem ganha mensalmente apenas um salário minimo de  R$954 reais, que foi reajustado em apenas 1,8% em 2018, o menor reajuste em 24 anos, ou menos do que isto e não tem recurso sequer para pagar aluguel de um barraco em uma favela ou área periférica que pode custar menos de R$200,00 por mes, sem falar nas demais necessidades que devem  ser supridas para a sobrevivência de sua familia.

A pergunta é: como um país pode ter uma Constituição que estabelece tantos principios nobres como um de seus fundamentos , no artigo primeiro, “a dignidade da pessoa humana” e entre seus objetivos no artigo “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”, e,  ao mesmo tempo os governantes criarem tantos privilegios para si próprios; para os marajás da República e para os donos do poder?

Existem muitas pessoas que são extremamente críticas em rrelação aos gastos sociais do governo como o programa de transferência direta de renda (Bolsa familia), ou de outros pequenos subsidios voltados aos pobres, enquanto o mesmo governo concede benefícios bilionários aos donos do capital através do bolsa empresario, via juros subsidiados, renuncia fiscal, sonegacao tolerada e a propria corrupcao.

Como podemos ver, a questão da pobreza não é apenas como a definimos, mas fiundamentalmente como ela é gerada atravás da exploração do trabalho, dos baixos salários, inclusive no estabelecimento dos reajustes anuais do salário minimo, que empurram milhões de trabalhadores e suas familias para a pobreza, a miséria e para o mapa da fome.

Os niveis de desemprego, sub-emprego e o trabalho escravo ou semi-escravo, em condicoes análogas `a escravidão  tambem contribuem para que a pobreza seja e continue sendo uma vergonha nacional. Pobrreza e miséria não são questões conjunturais mas estruturais e estão vinculadas diretamente `a questão do poder e a quem este poder está a serviço, enfim, é tanto uma questão economica quanto e, fundamentalmente, politica.

Essas são algumas questões que devemos colocar na agenda politica nacional e dos estados, principalmente quando estamos prestes a inaugurar um novo periodo governamental, cuja opção por propostas extremamente liberais conduzirão o país a um fosso maior do que já existe entre pobres e miseráveis de um lado e privilegiados, ricos, milionários e bilionários do outro.

O “Deus Mercado” é uma divindade muito querida, adorada e cultuada pelos donos do poder e pelos barões da economia, cuja sensibilidade em relação `a pobreza e aos pobres é muito pequena, bem proxima de um bordão humorístico da TV de algumas decadas que dizia “eu odeio pobre”. Dos pobres os dondos do poder e seus aliados só querem o voto, um verdadeiro passaporte para continuarem e ampliarem seus privilégios e regalias `as custas do sofrimento e da miséria do povo.

Vamos pensar um pouco mais o que significa na verdade desenvolvimento inclusivo, solidário, sustenável ,humano e com justica social. Esta é a base para uma sociedade realmente justa e mais igualitária.

JUACY DA SILVA, professor universitario, aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador e artitulista de diversos veiculos de comunicacao. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com Email professor.juacy@yahoo.com.br




sexta-feira, 16 de novembro de 2018


MULHER, JOVEM, NEGRA, LATINA E LUTADORA!

JUACY DA SILVA

Alexandria Ocasio-Corteza , uma das mais novas mulheres eleitas para a Câmara dos Deputados dos EUA, pode ser considerada um dos simbolos ou nova cara da politica americana, como foi BARACK OBAMA, o primeiro negro a ser eleito presidente dos EUA.

Assim esta jovem deputada agradeceu seus eleitores e seguidores nas redes sociais após a confirmação de sua brilhante vitória: Words cannot express my gratitude. The people of the Bronx and Queens, and countless supporters across the country, elected us on a clear mandate to fight for economic + social justice in the United States of America. : Alexandria Ocasio-CortezConta verifi@Ocasio2018 7 de nov “. Traduzindo, “palavras não expressam minha gratidão. As pessoas do Bronx e Queens, e incontáveis apoiadores ao redor do pais, elegeram-me com um mandato claro para lutar por justica social e econômica nos Estados Unidos da América”.

Nas eleições da semana passada (07/11/2018), o Partido Democrata recapturou a maioria naquela Casa de Leis. Os democratas "tomaram" 23 cadeiras que pertenciam aos republicanos e com isso, mesmo tendo perdido e não conseguido fazer maioria no Senado, começam os preparativos para os embates que serão as eleições americanas para Presidente  e o Congresso dentro de dois anos e, ao mesmo tempo, os democratas poderão colocar "um freio" nas politicas de Trump, consideradas um retrocesso quando comparadas com os avanços sociais e na politica internacional conseguidos durante o governo OBAMA.

A novidade nesta grande vitória dos democratas em relação `a Camara dos Deputados (House of Representatives) é que a presença das mulheres aumentou consideravelmente, além de muitas mulhueres jovens, também foram eleitos/as representantes de minorias, como negros, latinos, LGTB  e pobres que sofrem ainda com discriminação e vivem em meio a pobreza e exclusão social, politica e econômica  que ainda existem no pais mais rico do mundo.

Sao mais de 40 milhões de pessoas vivendo na pobreza, entre as quais 12,8 milhões de criancas, adolescentes e jovens com menos de 18 anos e 6,8 milhões de idosos, com mais de 60 anos; uma grande contradição tanto em relação ao "sonho americano" quanto em relação a uma melhor e mais justa distribuição de oportunidades, renda/salário e riquezas.

Alexandria Ocasio-Corteza, uma mulher jovem, negra, de origem latina e que vive em uma área com muitos negros, mestiços, imigrantes e seus descendentes na cidade de New York, primeiro trabalhou como voluntária na campanha de Bernie Sanders na tentativa de ser o candidato do Patido Democrata para a presidência dos EUA, tendo perdido para Hilary Clinton.

A partir dai tomou gosto pela politica e, com coragem, "encarou" , durante as eleições primárias do Partido Democrata, um prestigiado deputado com diversos mandatos como representante do distrito eleitoral onde vive e, surpreendentemente, venceu e ficou aguardando o confronto direto com quem deveria ser candidato do Partido Republicano nas eleições da semana passada e venceu de forma arrasadora, mais de 70% dos votos, consagrando-se como a nova representante daquele distrito na Camara dos Deputados.

Ela é mulher, jovem, de origem Latina, negra, lutadora e muito consciente do que representa. Passou a ser uma referência para milhões de meninas, meninos, jovens, negros, mestiços e descendentes de imigrantes, legais ou ilegais, pouco importa, e representa uma esperança para quem deseja e sonha com mudancas.

Mesmo que o voto aqui nos EUA não seja obrigatório, a participação das pessoas que se registram voluntariamente e comparecem `as urnas também voluntariamente é bastante representativa e existe uma certa alternância no poder entre os partidos democrata e republicano, tanto em relação ao Congresso (Câmara dos deputados e Senado) quanto `a Casa Branca (Presidência dos EUA).

Os principais temas desta campanha foram: situação da imigração/legal e illegal; programa de saúde pública (Obama Care); acordos internacionais de comércio; questão dos acordos nucleares com Iran e Coreia do Norte, matriz energética, questões ambientais, incluindo o acordo de Paris sobre mudancas climáticas e o problema das drogas, principalmente a crise dos "opioides", além de inúmeras questões locais ou estaduais.

Em relação aos governadores, o Partido Republicano saiu-se vencedor em 20 estados e os democratas em 16, onde ocorreram eleições para governador no meio do mandato presidencial.

A partir de agora, começa nova vida na Camara dos Deputados, sob o commando dos democratas e podemos dizer que será também a largada para a Campanha Presidencial de 2020.

JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT,mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação, Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

quinta-feira, 15 de novembro de 2018


DESENVOLVIMENTO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

JUACY DA SILVA

Hoje, 15 de novembro, aconteceu a primeira nevada do ano aqui na Costa Leste dos Estados Unidos, inclusive  na área metropolitana de Washington,DC onde estamos  e já deu para a gente perceber que este inverno pode ser bem mais rigoroso do que em outros anos. Esta nevada está sendo considerada a maior/pior do mes de novembro nos ultimos 30 anos, como a que aconteceu em 1989, meu primeiro ano de residência aqui nesta região.

Enquanto isso, na  Califórnia segue o sufoco, verdadeiro inferno, das queimadas, incêndios florestais, ainda sem controle e que além dos bens destruidos, casas e outras propriedades, tem ceifado centenas de vidas e desalojado mais de 250 mil pessoas, o pior desta natureza na história daquele estado.

A cada ano os desastres naturais ao redor do mundo estão se tornando mais frequentes e as consequências mais devastadoras; os cientistas, a ONU e diversas instituições de pesquisas não se cansam de dizer que boa parte dessas catástrofes decorrem das mudancas climáticas, `as quais são provocadas em alto percentual pelas ações humanas  que promovem a degradação ambiental, incluindo desmatamento, erosão dos solos, queimadas urbanas e rurais, poluição urbana,:industrial e do trânsito e transporte de passageiros e de carga, queima de combustíveis fósseis, atividades agropecuárias, entre os principais fatores dessas mudanças climáticas.

Apesar de tudo isto, ainda existem empresários, gente do povo e governantes, atuais e futuros, que imaginam, falam e agem em desrespeito aos  termos dos acordos internacionais do clima como de Tóquio e o mais recente de PARIS, firmado pela totalidade dos países, inclusive o Brasil, que se comprometeram a tomar medidas efetivas para reduzir os impactos ambientais que provocam as mudanças climáticas.

Muitos desses anti ambientalistas, imaginam e afirmam que exigir o cumprimento das leis ambientais e respeitar a natureza e os termos desses acordos podem atrapalhar o desenvolvimento, e consideram quem defende o meio ambiente verdadeiros “xiitas”,,esquecendo-se de que não podemos aceitar um desenvolvimento que em sua esteira deixa um rastro de destruição e um enorme passivo ambiental, a serem pagos no presente e principalmente pelas futuras gerações, como está acontecdendo no Brasil atualmente.

Além disso, ainda devemos estar cientes de que todos os países, inclusive o Brasil, firmaram o compromisso com a ONU denominado de OBJETIVOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, ou AGENDA 2030.

Sempre é bom destacar alguns desses objetivos, no caso, os que mais de perto se relacionam diretamente com o meio ambiente. O objetivo seis estabelece: “Assegurar a disponibilidade e gestão da água e saneamento para todos”, o objetivos sete, “Assegurar o acesso confiável, sustentável, modern e a preco acessível `a energia para todos”; o objetivo 12 “Assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis”; objetivo 13 “Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos”; objetivo 14 “Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”; objetivos 15 “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e a perda da biodiversidade”.

A busca incenssante para que esses objetivos e suas metas sejam alcançados é de fundamental importância para que o desenvolvimento nacional, de forma global e em suas dimensões regionais e locais , deve fazer parte de uma agenda ambiental, tanto por parte do governo quanto do setor empresarial e da sociedade como um todo e que esta agenda tenha uma visão estratégica e de longo prazo, sem o que, estaremos pagando um preco muito alto para lucros e acumulação de capital de forma imediata.

Desenvolvimento só pode acontecer se for inclusivo, sustentável, com justiça social e equidade. “Desenvolvimento” que gera destruição da natureza, destruição dos ecossistemas e da bio-diversidade não é o desenvolvimento que respeita o planeta terra e nem as gerações futuras.

JUACY DA SILVA, professor universitario, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

domingo, 11 de novembro de 2018


DESENVOLVIMENTO, POBREZA E JUSTIÇA SOCIAL

JUACY DA SILVA

Neste domingo, 11 de Novembro de 2018,  é o inicio da II JORNADA MUNDIAL DOS POBRES. Em todas as Igrejas Católicas ao redor do mundo, onde mais de 1,3 bilhões de pessoas fazem parte da fé católica, aproximadamente 17,7% da população mundial, milhões de fiés estarão ouvindo sermões  e orando em favor dos pobres.

Por iniciativa do PAPA FRANCISCO, começando hoje e concluindo no próximo domingo, 18 de NOVEMBRO, considerado o DIA MUNDIAL DOS POBRES, caberá a IGREJA não apenas voltar sua atenção e suas orações aos pobres, como fez Jesus, mas fundamentalmente dar um passo adiante no combate a pobreza, a fome e `a miséria, através de atos concretos como a doação de alimentos, roupas e outros itens necessários a existência de uma vida dígna.

A luta na defesa dos pobres e o combate `a pobreza não estao circunscritas/os apenas em um dia ou uma semana, é obra e compromisso de  todos os dias, por parte de quem sonha com um mundo melhor, um Brasil melhor, onde a justiça social, a solidariedade, a fraternidade e a sustentabilidade sejam os verdadeiros pilares do desenvolvimento.

No Brasil, a JORNADA MUNDIAL DOS POBRES e as comemorações e ações no DIA MUNDIAL DOS POBRES, está a cargo da CÁRITAS BRASILEIRA, por delegação da CNBB. Seguindo sua metodologia e carisma a CÁRITAS destaca tres tipos de CARIDADE: a assistencial, que visa atender situações de emergência, “dando pão a quem tem fome, água a quem tem sede, roupa a quem esta nú e casa a quem está sem habitação”, a seguir vem a CARIDADE PROMOCIONAL e , finalmente, A CARIDADE LIBERTADORA.

A Cáritas Brasileira assim destaca sua metodologia e a importância do combate a pobreza e exclusão social: “Dar o peixe, ensinar a pescar, pescar juntos! Hoje, a Cáritas Brasileira, em conjunto com todos os seus agentes, conseguiu integrar essas três práticas: do assistencial e emergencial (dar o peixe), para o promocional (ensinar a pescar), para o projeto de Desenvolvimento Sustentável Solidário endógeno, isto é, de dentro para fora (pescar juntos).”


 


Para a Cáritas Brasileira, para a CNBB, enfim, para a Igreja Católica e diversas outras igrejas/religiões, a caridade libertadora é o caminho mais efetivo e eficiente para combater a pobreza, a miséria, a fome e a exclusão social e possibilitar a inclusão dos pobres e da questão da pobreza na agenda politica nacional e despertar/pressionar nossos governantes para a definição e implementação de politicas públicas que promovam não apenas o desenvolvimento do país de uma forma geral, mas tambem que os frutos desse desenvolvimento seja repartido de forma equitativa, justa e sustentável com toda a população e não através de uma enorme concentração de renda que gera pobreza e desigualdade.

Se e quando o “bolo”, o PIB cresce, todos tem direito a uma fatia mais justa e não da forma atual em que uns poucos barões da economia e os marajás da República se apropriam da maior parte deste bolo, relegando mais da metade da população a uma vida miserável que afronta a dignidade humana.

Ao finalizar esta reflexão destaco como a CÁRITAS BRASILEIRA se reporta a sua metodologia ao combate `a pobreza, fome e miséria. “A caridade libertadora só tem compromissos com a humanidade e com Deus, e alimenta a liberdade de doar a vida, como amor humano que revela o amor a Deus e o amor de Deus, em favor da libertação do próximo, seja cada pessoa, seja um povo, seja a humanidade. Libertação que é um processo e que alcança e mexe com todas as dimensões da existência. A caridade libertadora vê no pobre o explorado no seu trabalho e procura despertar o cristão para a solidariedade na luta pelos seus direitos.”

Oxalá, os católicos e adeptos de outras religiões que tem nos pobres a centralidade de suas crenças e ensinamentos, possam aproveitar esta semana dedicada aos pobres, não apenas para pequenas doações de dinheiro ou bens materiais, mas para também despertar a consciência dos fiéis e, principalmente, de governantes que se dizem cristãos, quanto `a responsabilidade dos mesmos em ajudar nas transformações das estruturas sociais, econômicas e polítcas iníquas que, em última análise, são as responsáveis pelo surgimento e perpetuação da violência, pobreza, da miséria, da fome e da exclusão social no Brasil e também nos demais país.

Este é o grande e único significado da II JORNADA MUNDIAL DOS POBRES e do DIA MUNDIAL DOS POBRES.

JUACY DA SILVA, professor universitario, titular e aposentado UFMT, meste em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com


sexta-feira, 9 de novembro de 2018


II JORNADA MUNDIAL DOS POBRES

JUACY DA SILVA

A pobreza, principalmente a pobreza extrema, sinônimo de miséria, pode ser considerada como o maior atentado contra a dignidade humana, pois além de privar as pessoas de condições minimas de existência, incluindo formas como a fome endêmica, a desnutrição que são responsáveis por mais de 800 milhões de pessoas que não tem o que comer ao redor do mundo, também rouba a esperança de uma vida decente para mais de 3,0 bilhões de pessoas em 2018, que são obrigadas não a viverem, mas meramente sobreviverem com uam renda pessoal de menos de US$1,90 dolares por dia, ou R$277,50 reais por mes, no caso do Brasil, onde mais de 9,9 milhões de pessoas estão nesta condição.

Durante a cúpula do milênio, realizada pela ONU no ano 2000; todos os 191 paises que participaram da mesma firmaram um pacto para que até o ano de 2015 fossem alcançados os chamados OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO, que, ao final daquele ano foram substituidos pela AGENDA 2030, ou os OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

No primeiro caso, em 2000 , foram definidos 8 grandes objetivos e em 2015, esses foram subsituidos por 17 novos objetivos e 169 metas, para que os países que se comprometeram com a AGENDA 2030 pudessem usar como balizadores para definirem politicas públicas e ações visando alcançar um nível de desenvolvimento mais inclusivo e menos excludente, como, lamentavelmente ainda hoje assistimos.

Na vigência dos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO, o objetivo número um estabelecia como compromisso “Erradicar a pobreza e a fome”. Já na AGENDA 2030 foram estabelecidos tres objetivos que, se realmente perseguidos e alcançados, poderão contribuir tanto para a eliminação da pobreza, mas também outros aspectos relacionados com a mesma.

O objetivo número um estabelece: “Erradicar a pobreza. Acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares”; o objetivo número dois estabelece: “Fome zero e agricultura sustentável. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”, já o objetivo número dez estabelece: “reduzir as desigualdades dentro dos paises e entre eles. Até o ano 2030, alcançar e sustentar o aumento da renda dos 40% mais pobres da população, de cada país, a uma taxa de crescimento maior do que a média nacional.

Diante deste tremendo desafio, o Papa Francisco, em 2016 fez um apelo e ao mesmo tempo tomou a decisão de criar a JORNADA MUNDIAL DOS POBRES e o  DIA MUNDIAL DO POBRE.  A primeira jornada ocorreu em 2017 e a segunda devrá acontecer neste ano , a começar no próximo domingo, 11 de novembro e concluir exatamento no domingo seguinte, 18 DE NOVEMBRO, o DIA MUNDIAL DO POBRE.

No Brasil existem mais de 9,9 milhões de pessoas que vivem ou melhor, sobrevivem, em condições de pobreza absoluta ou pobreza extrema e mais de 70 milhões que vivem na condição de pobreza, tendo em vista que além de desempregadas ou subempregadas, tais pessoas não dispõem de renda suficiente para terem uma vida digna, incluindo acesso a alimentação saudável, moradia digna, saneamento adequado,  serviços de saúde, enfim, milhões de pessoas que vivem sem esperança de dias melhores para si ou para seus filhos/as e familiares, que fazem  parte dos mais de tres bilhoes de pessoas no mundo que sobrevivem com renda diária menor de que US$2,50 dólares ou no máximo 277,50 reais por mes.

Tanto a ONU e seus organismos especializados, quanto outras instituições internacionais e centros de pesquisas, incluindo universidades e deiversas igrejas/religiões tem feito uma verdadeira cruzada para que o combate a fome, a pobreza e a redução das desigualdades sociais e econômicas  sejam banidas da face da terra, só assim teremos paz e justiça como primados humanos.

Em sua mensagem direcionada a II Jornada dos pobres, cujo tema é a citação do Salmo 34,7 “este pobre grita e o Senhor o escuta”, o Sumo Pontífice assim se expressa: “Este é o momento em que somos chamados a encontrar-nos com as diversas condições de sofrimento e marginalização em que vivem tantos irmãos e irmãs nossos/as que estamos habituados a designar pelo termo genérico de pobres”.

Oxalá, nesta semana dedicada pela Igreja Católica aos pobres, passamos parar por um momento e refletirmos com um pouco mais de amor, compaixão e nos indignarmos contra as injustiças, o egoismo e formas discriminatórias que são os fatos geradores da pobreza, da miséria e da fome e, por extensão  seja , com certeza, a maior violência que continuamos assistindo passivamente.

JUACY DA SILVA, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de comunicação. Twitter@profjuacy  Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com