quinta-feira, 28 de junho de 2018


TABAGISMO TAMBÉM MATA

JUACY DA SILVA

Todos os países, em maior ou menor grau, convivem com diferentes niveis e tipos de violência e, não por acaso, os meios de comunicação desempenham um papel fundamental, seja em termos de análise desta triste realidade ou na forma de estardalhaços ao noticiar a violência.

Na forma espalhafatosa ou com estardalhaço, no caso, por exemplo do Brasil, existem veiculos impressos que as pessoas costumam dizer “este ou aquele jornal, se expremer sai sangue”, ou seja, as noticias estampam fotos de cadáveres, pessoas mutildadas e outras fotografias que chocam a opinião pública e, ao veicular por dias seguidos as mesmas noticias acabam levando o pânico a população.

Com o advento da televisão e mais recentemente com a internet e as redes sociais esta forma , um tanto distorcida, podemos dizer, de informação ou divulgação ganhou mais velocidade e atinge em poucos minutos milhões de pessoas.  Não é por acaso que programas televisivos que fazem da divulgação da  violência seu carro chefe acabam transformando seus apresentadores em verdadeiros âncoras, os ou as quais, com grande frequência se tornam figuras publicas e tem nesses programas uma plataforma para alçar voos politicos e um acesso direto ao poder.

Com certeza que os índices de violência no Brasil são  terríveis e estão crescendo ano após ano, tendo chegado e mais de 62 mil em 2016 e com certeza deverão ultrapassar de 70 mil assassinatos neste ano de 2018. O mesmo se pode dizer das mortes no trânsito, que, pela sua evolução, se nada ou pouco for feito pelos nossos governantes, dentro de poucos anos deverá superar o número de assassinatos.

Todavia, existem outras formas crueis e também terriveis de mortes que pouca ou quase nenhuma atenção recebe por parte dos meios de comunicação. Neste ról podemos incluir as mortes decorrentes do alcoolismo e do tabagismo, drogas, cuja comercialização é legalizada na maioria dos países, incluindo o Brasil, onde o governo passa a ser sócio desta tragédia humana `a medida que tais drogas podem ser vendidas e compradas livremente, com poucas restrições, as quais também são burladas sem que os poderes públicos exerçam  seu papel de policia. Ao arrecadar impostos que incidem sobre tabaco e álcool, o governo se torna sócio da mortalidade decorrente das mesmas.

No mundo, segundo dados recentes do Organização Mundial da Saúde (OMS),  o tabagismo mata mais de 7 milhões de fumantes e mais 900 mil de fumantes passivos a cada ano, principalmente  familiares e trabalhadores que convivem com fumantes ao longo da vida, as vezes desde criancas.

No Brasil em 2015 ocorreram 256,2 mil mortes doencas decorrentes do tabagismo, principalmente doencas cárdiovasculares, de cancer de pulmao, respiratórias e outras mais.

Convenhamos este numero de mortes é varias vezes o total de mortes em guerras e conflitos armados e assassinatos que ocorrem no mundo a cada ano. Mas esta realidade praticamente não recebe a mesma cobertura dos meios de comunicação e nem entra na pauta ou agenda das autoridades, passando a ser apenas um drama pessoal ou familiar, jamais uma prioridade na definição de politicas publicas.

Só para se ter uma idéia da gravidade do tabagismo, dados tanto da OMS quanto do  Instituto Nacional do Câncer (INCA), quanto de diversas outras instituicoes de pesquisas e de saúde publica, como a Fundação Oswaldo Cruz e outras de  ambito internacional, indicam que 90% dos casos de cancer de pulmão decorrem do tabagismo e que a cada ano mais de 3 milhões de pessoas morrem no mundo em decorrencia de doencas cardiovasculares decorrentes do tabagismo.

Deste total, em 2015 no Brasil  mais de 50.700 mil pessoas que morreram em decorrencia de doencas cardiovasculares eram fumantes ou seja, o tabagismo foi o fator determinante dessas mortes. Estima-se que o tabagismo será responsável por mais de 3.7 milhões de mortes em doencas cardiovasculares e no Brasil este numero devera ser superior a 68.250 mortes, de um total de 350 mil mortes por doencas cardiovasculares.

A taxa de mortalidade por tabagismo entre homens no Brasil é de 83,0% e entre as mulhres de 64,8%. Cabendo aqui uma ressalva ou um destaque, mesmo com a queda do numero de fumantes o numero de pessoas que contraem doencas graves deocrrentes do tabagismo continuam sendo um peso muito grande tanto para os sistemas publico quanto privado de saúde e também para a sociedade, cujos custos vão mais além e incluem tratamentos caros, mortes, afastamento do trabalho, queda na produtividade do trabalho e da economia.

Em um próximo artigo, tentarei destacar as consequências do alcoolismo, uma doenca mental, como o tabagismo, que também mata muito mais do que a violência do dia a dia que tanto aterroriza a população brasileira. Estamos vivendo em meio a um verdadeiro genocídio, com sérias consequências para as pessoas, as familias, os países e o mundo em geral.

Apesar desta triste realidade, muita gente imagina que basta legalizar as drogas e o problema estará resolvido. Basta refletirmos para o caso do tabagismo, do alcoolismo e das drogas “controladas” que a cada ano faz mais vitimas, muito mais do que todas as drogas consideradas ilegais e que estejam relacionados com o crime organizado. O problema é mais complexo e merece uma analise mais profunda e menos passional ou meros discursos eleitoreiros.

Se legalizar a venda de drogas fosse a solução, não haveria esta tragédia decorrente do tabagismo e do alcoolismo.

JUACY DA SILVA, professor universitario, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunição. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com




sábado, 23 de junho de 2018


COPA DE 2014 E A CORRUPÇÃO: ESTE É O LEGADO!

JUACY DA SILVA

Texto postado por Juacy da Silva, no facebook em 23/06/2013, um ano antes da FAMIGERADA COPA da FIFA, realizada no Brasil que ajudou a alimentar a corrupção e a incompetência dos nossos governantes e gestores publicos, muitos dos quais foram ou ainda estão presos e outros que mais cedo ou mais tarde vão parar atraz das grades, pelos crimes de colarinho branco cometidos.

Além disso, ainda hoje os organismos de controle como TCU, Ministério Público e a Polícia Federal estão investigando a corrupção ligada `as OBRAS DA COPA de 2014, muitas das quais, como esta vergonha que é o VLT em Cuiabá e Várzea Grande, os COTs e obras de baixa qualidade, verdadeiros elefantes brancos, como estádios  suntuosos de pouca utilidade.

Em Mato Grosso, por exemplo, só no VLT foram “gastos” mais de R$ 1,2 bilhões de reais, que para “concluir” serão necessários quase mais um bilhão de reais, e muitos outros milhões nas demais obras, o mesmo que aconteceu em todas as doze sédes da COPA, que totalizaram mais de R$30 bilhões de reais, dinheiro mal empregado que acabou fazendo falta para acabar com o CAOS NA SAÚDE, NA EDUCAÇÃO, NA SEGURANÇA PUBLICA e/ou outros investimentos para resolver problemas crônicos como a falta de saneamento básico, habitação, infra estrutura e logistica etc.

Como estamos em um clima de euphoria da COPA de 2018, na Rússia e   na véspera das eleições para Presiddente da República, Governadores dos Estados, renovação de dois terços do Senado e também para a Câmara Federal e Assembléias Legislativas, seria bom que os eleitores questionassem os candidatos o que irão fazer para evitar que o dinheiro público seja roubado ou jogado no ralo e também questionarem os candidatos que já tinham mandados, cargos ou funcções públicas de relevância quando a corrupção corria solta no Brasil, o que fizeram, se é que fizeram, para evitar que tanto desperdicio e roubalheira do dinheiro público pudesse ter acontecido.

Transcrevo, a seguir, o texto a que me refiro, inclusive a reprodução de uma notícia/reportagem do jornal Estadão, sobre o mesmo assunto. Vale a pena a gente ler para relembrar de como o povo foi e continua sendo enganado pelos falsos democratas de hoje, muitos dos quais participaram ou se omitiram em relação aos assaltos que foram feitos aos cofres públicos, num clima de euforia e patriotada, pelo sonho do hexa, da mesma forma que continua no momento em que estamos em plena COPA DA RÚSSIA, em 2018.



Juacy da Silva mensagem veiculado no facebook em  23 de Junho de  2013



Minhas amigas e amigos, boa tarde, ótimo domingo e uma nova semana melhor ainda. Uma das criticas veiculadas durante as manifestações da última semana e também bem antes, e relativa ( a critica) aos gastos exagerados, perdulários e indícios de irregularidade e corrupção nas obras da COPA. Não sao os governos estaduais, municipais e nem federal que irão pagar a conta, mas sim os contribuintes de cada estado. São empréstimos bilionários, com juros e outros encargos , para pagamento a longo prazo, quando uma dívida de 28 a 30 bilhoes (a precos de hoje), mas que pode supercar a casa dos 35 ou 40 bilhões, e quando terminar o pagamento devera ser mais de oitenta ou cem bilhoes de reais, daqui a vinte ou trinta anos.


Vejam este artigo veiculado no Jornal Estadao online, de hoje. E bem elucidative e demonstra a forma como tudo isto acabou sendo umgrande engodo e manipulacao do povo. Quem vai lucrar mesmo serao a FIFA, as grandes construtoras e os corruptos de sempre.


Leim este artigo e tirem suas conclusoes:



A mais cara de todas as Copas


Fonte: Site Estadao online, 23 de junho de 2013 O Estado de S.Paulo


A Copa do Mundo de 2014 no Brasil será a mais cara de todas. O secretário executivo do Ministério dos Esportes, Luís Fernandes, anunciou que em julho seu custo total chegará a R$ 28 bilhões, um aumento de 10% em relação ao total calculado em abril, que era de R$ 25,3 bilhões. E supera em R$ 6 bilhões (mais 27%) o que em 2011 se previa que seria gasto.


Por enquanto, já se sabe que o contribuinte brasileiro arcará com o equivalente ao que gastaram japoneses e coreanos em 2002 (R$ 10,1 bilhões) mais o que pagaram os alemães em 2006 (R$ 10,7 bilhões) e africanos do sul em 2010 (R$ 7,3 bilhões).


O "privilégio" cantado em prosa e verso pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que se sentou sobre os louros da escolha em 2007, e entoado por sua sucessora, Dilma Rousseff, em cuja gestão se realizará o torneio promovido pela Fifa, custará quatro vezes os gastos dos anfitriões do último certame e três vezes os gastos dos dois anteriores.


O governo federal não justifica - nem teria como - este disparate. Mas, por incrível que pareça, os responsáveis pela gastança encontram um motivo para comemorar: a conta ainda não chegou ao teto anunciado em 2010, que era de R$ 33 bilhões. É provável, contudo, que esse teto seja alcançado, superando o recorde já batido, pois, se os custos cresceram 10% em dois meses, não surpreenderá ninguém que subam mais 18% em 12 meses.


Esta conta salgada é execrada porque dará um desfalque enorme nos cofres da União, que poderiam estar sendo abertos para a construção de escolas, hospitais, estradas, creches e outros equipamentos dos quais o País é carente. Como, aliás, têm lembrado os manifestantes que contestam a decisão oficial de bancar a qualquer custo a realização da Copa das Confederações, do Mundial de 2014 e da Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016. E, além dos valores, saltam aos olhos evidências de que tal custo não trará benefícios de igual monta.


É natural que, no afã de justificar o custo proibitivo, o governo exagere nas promessas de uma melhoria das condições de vida de quem banca a extravagância. Segundo Fernandes, responsável pela parte que cabe ao governo na organização do torneio, "a Copa alavanca investimentos em saúde, educação, meio ambiente e outros setores". E mais: "Ou aproveitamos esse (sic) momento para o desenvolvimento do País ou perdemos essa (sic) oportunidade histórica".


A Nação aguarda, com muita ansiedade, que o governo, do qual participa o secretário executivo do Ministério dos Esportes, venha a público esclarecer quantos hospitais, escolas ou presídios têm sido construídos e que equipamentos têm sido adquiridos para melhorar nossos péssimos serviços públicos com recursos aportados por torneios esportivos que nos custam os olhos da cara.
Não é preciso ir longe para contestar esta falácia da "Copa cidadã": o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) previu um "legado inestimável" que ficaria da realização dos Jogos Pan-americanos de 2007 na mesma cidade onde será disputada a Olimpíada de 2016. O tal "legado" virou entulho: os equipamentos construídos para aquele fim estão sendo demolidos e reconstruídos e, enquanto não ficam prontos, os atletas simplesmente não têm onde se preparar para disputar os Jogos Olímpicos daqui a três anos.


A manutenção do estádio Green Point, na Cidade do Cabo, que custou R$ 600 milhões (menos da metade dos gastos na reforma do Maracanã, no Rio, e do Mané Garrincha, em Brasília) para ser usado na Copa da África do Sul, demanda, por ano, R$ 10,5 milhões em manutenção, o que levou a prefeitura local a cogitar de sua demolição. Por que os estádios de Manaus, Cuiabá e Natal terão destino diferente depois da Copa?


A matemática revela que o maior beneficiário da Copa de 2014 será mesmo a Fifa, e não o cidadão brasileiro, que paga a conta bilionária. Prevê-se que o lucro da entidade será de R$ 4 bilhões, o dobro do que arrecadou na Alemanha e o triplo do que lucrou na África do Sul. O resto é lorota para enganar ingênuos e fazer boi dormir.



Minha observação nesta data (23/06/2018): Todas essas mutretas, esquemas e corrupção, inclusive em  MT foram denunciados bem antes da realização da COPA de 2014 e pouco foi feito para evitar esta vergonha!



JUACY DA SILVA,  professor universitario, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com





quinta-feira, 21 de junho de 2018


ENVELHECIMENTO, UM GRANDE DESAFIO

JUACY DA SILVA

Todos os países, ao longo da história, experimentaram ou alguns estão experimentando ou ainda vão experimentar o que os estudiosos denominam de “transição demográfica”, que é uma fase em que esses países experimentam inicialmente altas taxas de fecundidade/natalidade, mas também altissimas taxas de mortalidade, principalmente a infantil.

Durante décadas ou séculos esses o países não apresentavam crescimento populacional ou se experimentavam, tais índices eram baixos, resultando também em uma expectativa ou esperança de vida ao nascer bem baixa, em torno de no máximo 30 ou 35 anos ou em alguns casos um pouco mais do que esta idade.

A transição demográfica acontece quando, fruto do avanço da ciência e da medicina, com a descoberta de novos produtos, como foi o caso dos antibióticos, conseguem reduzir drásticamente os altos índices de mortalidade geral e mortalidade infantil em particular, disto resulta um aumento rápido e contínuo da população, pois os índices de fertilidade/natalidade continuam elevados.

Durante decadas ou séculos a população cresce em rítmo acelerado, tendo como resultado também duas outras “revoluções” demográficas, o aumento da expectativa ou esperança de vida ao nascer e também as migrações rurais com destino `as cidades, surgindo uma urbanização também acelerada e caótica.

No caso dos países atualmente emergentes e também dos países de baixa renda, segundo a denominação da ONU e outras instituições internacionais, anteriormente denominados de países subdesenvolvidos, esta urbanização acontece de forma caótica, inúmeras invasões de áreas periféricas das cidades, sem as mínimas condições de vida.

A etapa seguinte da transição demográfica acontece, novamente, gracas aos frutos do desenvolvimento científico e tecnológico e também mudanças culturais, mesmo diante da oposição de grupos religiosos e conservadores existentes em todas as sociedades. Esta fase é representada pela redução também acelerada dos índices de fertilidade/natalidade graças ao uso de práticas anticoncepcionais como a famosa “camisinha’, o uso do DIU, o controle natural/tabelinha e também `a liberação, legalização ou discriminalização do aborto, ou então através de politicas públicas como acontece na China há mais de 70 anos, quando o governo estabelece que cada casal não pode ter mais de um filho ou até mesmo com esterilização forçada ou induzida da população pobre, para que deixe de ter filhos, como dizem os defensores dessas práticas.

Para que a população cresça cada casal precisa ter, em média, mais de dois filhos, pois em se tendo apenas dois ocorrerá apenas a taxa de reposição populacional e quando tem menos do que dois filhos o resultado será o declínio populacional, ou seja, nascem menos crianças do que o índice de mortalidade geral.

Na Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e alguns outros países a transição demográfica demorou mais de um século ou século e meio para estar completa, enquanto em diversas outros países, que experimentaram ou ainda estão experimentando esta transição demográfica, como no caso do Brasil, a mesma tem ocorrido ou esta ocorrendo em menos de meio século.

No primeiro caso, os países tiverem tempo para outras transformações econômicas , sociais, politicas e conseguiram dotar esses países de infraestrutura, recursos e politicas publicas que resultaram em padrões de vida elevados, oferta ampla de habitação de qualidade, melhor distribuição de renda, saúde pública  de qualidade, educacao pública de qualidade, universalização do saneamento básico e água tratada, qualificação da mão de obra para atender aos desafios do desenvolvimento e das transformações tecnológicas.

Já nos paises emergentes e subdesenvolvidos o chamado “bonus demográfico” não tem existido resultando em altas taxas de concentração de renda, riqueza e oportunidades, grandes massas vivendo em condicoes sub-humanas, niveis de pobreza e miséria elevados.

É neste contexto diferenciado entre países desenvolvidos, ricos de um lado e de outro países subdesenvolvidos e emergentes que ocorre a última etapa da transição demográfica que é o envelhecimento populacional, um grande desafio para as familias, os governantes e para a sociedade, um verdadeiro drama para os países do segundo grupo, incluindo o Brasil, quando o envelhecimento ocorre sem que tais países tenham recursos suficientes ou cuja situação econômica, social, cultural e politica não conseguem tratar as pessoas idosas que eles merecem.

No próximo artigo vamos apresentaram alguns números e índices que retratam bem esta realidade triste e dramática de como a população esta evelhecendo, formando grandes contingentes de marginalizados e excluidos, cujas perspectivas não são das melhores.
JUACY DA SILVA,   professor universitario, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

quarta-feira, 13 de junho de 2018


VIOLÊNCIA CONTRA AS PESSOAS IDOSAS

JUACY DA SILVA

Em 2006, por decisao da ONU, foi instituido o DIA MUNDIAL DA CONSCIENTIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, em parceria com a Rede internacional de prevenção da violência contra a pessoa idosa, a ser observado todos os anos em 15 de junho.

Este Dia mundial está voltado não apenas `a conscientização desta forma de violência, mas também ou fundamentalmente `a prevenção, evitando que milhões de pessoas idosas ao redor do mundo continuem sendo vitimas indefesas, a maior parte das vezes (70%) de uma violência que ocorre no ambiente doméstico.

Por mais que a gente possa imaginar diferente, quem mais comete violência contra pessoas idosas são os filhos, filhas, parentes próximos e no máximo 30% dos atos de violência são cometidos fora do ambiente doméstico. Isto não pode continuar impunemente.

Existem diversas formas de violência contra as pessoas idosas, cabendo destacar:  a violência fisica, espancamentos ou `as vezes até o assassinato, a psicológica, a econômica e financeira, a sexual, o abandono, a negligência, humilhação, o trabalho incompatível com a idade e condições físicas da pessoa idosa, chegando em alguns casos a trabalho forçado ou em condição análoga ao trabalho escravo, discriminação e maus tratos.

Uma das características demográficas que todos os países, em algum momento de sua história, acabam experimentando é o crescimento rápido da população idosa, com mais de 60 anos e quando isto ocorre exige-se desses países a definição de politicas públicas voltadas a garantir `as pessoas idosas condições dignas de vida na última etapa de suas jornadas aqui na terra.

A população mundial de idosos em 2016 era de 617 milhões de pessoas, representando 8,5% da população mundial, sendo que em alguns países europeus e asiáticos como o Japão este índice é superior a 25% e dentro de tres decadas poderá atingir 38% do conjunto populacional. Em 2050 estima-se que a população idosa no mundo deverá ser de 1,6 bilhões de pessoas ou 17% do total da população.

No mundo, segundo dados da ONU e de 52 pesquisas recentes em 28 países de todos os continentes e países em diferentes niveis econômicos e sociais, a conclusão é que 16% da população de idosos no mundo sofre algum tipo de violência todos os anos, esses índices variam de 11,7% nas Américas a 14% na Índia, 15,4% na Europa, atingindo 36,2% na China e o absurdo de 61% na Croácia, demonstrando a gravidade deste problema, razão pela qual a ONU, a OMS (Organização mundial de saúde) e outras entidades nacionais e internacionais devotaram um dia especial para despertar a consciencia das pessoas para a importância de colocar a questão da violência contra as pessoas idosas na pauta das discussões nacionais, regionais e locais.

No Brasil o problema também é grave, pois conforme diversas estudos e noticias veiculados pelos diversos meios de comunicação, a cada 10 minutos uma pessoa idosa, acima de 60 anos, é vitima de algum ato de violência, totalizando 52.646 registros oficiais em 2016. Esta situação é muito pior, pois segundo tais estudos apenas 25% dos casos de violência são registrados oficialmente, seja pela precariedade das estruturas públicas como poucas delegacias especializadas no atendimento `a pessoa idosa, acobertamento dos casos de violência pela própria familia, parentes ou vizinhos e morosidade na apuração das denúncias  facilitando a perpetuação da violência de forma indefinida.

Diante disto, da sub notificação dos casos de violência contra as pessoas idosas, pode-se afirmar com toda certeza que os casos deste tipo de violência no Brasil seja em torno de 210 mil a cada ano. Como a população idosa está aumentando de forma acelerada no mundo e também no Brasil, passando de 8,0% em 2000 (15,3 milhões de pessoas), para 12,9% em 2018 (27 milhões), atingindo 24% em 2030 (52,8 milhões de pessoas),  podemos esperar que tanto os índices de violência quanto de pessoas vitimas deste tipo de violência experimentem um crescimento assustador.

Apesar de que o ordenamento jurídico de proteção `as pessoas idosas tenha experimentado um avanço nos últimos anos, incluindo a entrada em vigor do Estatuto do idoso (Lei 10.741, de 01 de Outubro de 2003), assinado pelo então Presidente Lula, a violência contra as pessoas idosas, da mesma forma que todos os demais tipos e formas de violência continuam ceifando vidas indefesas, inocentes e pouco coisa tem sido feita pelos nossos governantes para coibir este e os demais tipos de violência. Um lembrete, Lei em si não muda a realidade, principalmente quando a impunidade é a regra geral na sociedade.

Já que estamos `as vésperas de eleições gerais seria de bom alvitre que os candidatos pudessem dizer para a população o que eles já fizeram na defesa da população idosa ou se propõem a realizar  caso sejam eleitos. É preciso exigir que este tema faça parte das discussões dos grandes desafios nacionais, este é o primeiro passo para que, de fato, enfrentemos o problema.

JUACY DA SILVA, professor universitario, titular e aposentado UFMT,  mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

segunda-feira, 11 de junho de 2018


FUTURO INCERTO E SOMBRIO

JUACY DA SILVA

Estamos há poucos meses do que poderiamos chamar de “o maior evento de uma democracia”, que são as eleições gerais para Presidente da República, dois terços do Senado Federal, governadores estaduais, deputados federais e estaduais, momento em que os eleitores podem renovar a cúpula política dirigente do país ou possibilitar a continuidade das mesmas figuras já extremamente desgastadas e a permanência de atores suspeitos, investigados ou denunciados por corrupção.

Todas as pesquisas de opinião pública, há decadas vem demonstrando que o povo, os eleitores, enfim, a população brasileira não acredita mais em partidos politicos, nas instituições, todos os tres poderes e, principalmente, na chamada “classe politica”, totalmente desacreditada seja pela sua costumeira incompetência em resolver as grandes questões nacionais, além de seu envolvimento com a corrupção, com o fisiologismo e com o mau uso do suado dinheiro público. O povo anda cético, sem esperancas de um futuro melhor, descrente de tudo e de todos. Estamos caminhando para o que muitos cientistas politicos e sociólogos denominam de anomia social.

E não é para menos, se considerarmos que a crise politica, econômica, financeira, social e institucional já perdura há decadas, gerando um caldo de cultura muito propício para um agravamento dos conflitos sociais, onde a violência, principalmente a urbana, o desemprego, o retorno da pobreza e miséria, as desigualdades, mais de 12,5 milhões de desempregados, 15 milhões de subempregados sem a mínima segurança quanto ao futuro, mais de 55 milhões de inadimplemtes, uma divida pública que já beira quatro trilhões de reais, que só de juros, encargos e um minimo de amortização consome quase a metade do orcamento da União, quase R$900 bilhões de reais a cada ano, estados e municipios `a beira da falência, contribuindo, sobremaneira para o caos nos serviços públicos essenciais como saúde, educação, saneamento, habitação, seguranca publica, infraestrutura e outros mais.

É neste Quadro complexo que caminhamos para as eleições de outubro próximo. As pesquisas de opinião pública/eleitoral realizadas por diversas institutos como o Data Folha, o IBOPE, o Vox Populi, CNT/MBA e outros mais, indicam que o povo ainda prefere, de forma clara, que votaria em Lula para ser o próximo presidente da República e que o ex presidente, mesmo preso há dois meses, sem poder se comunicar diretamente com as massas continua o preferido. A última pesquisa indica que Lula tem a preferencia de 31% dos eleitores, mais do que a soma dos dois seguintes: Bolsonaro 17% e Marina Silva 10%.

Lula, se for candidato e houver um segundo turno, venceria todos os demais candidatos. Sem Lula, a disputa seria acirrada entre Bolsonaro, que representa a direita e extrema direita no espectro politico, estaria empatado com Alkmin e com Ciro Gomes. Sem Lula na disputa, a única candidata que poderia vencer todos os demais candidatos, inclusive Bolsonaro, seria Marina Silva.

O problema é que tanto Marina Silva, quanto Bolsonaro e Ciro Gomes, os tres que melhor tem pontuado nas pesquisas, depois de Lula, estão ligados a pequenos partidos sem grande expressão eleitoral e, com toda certeza, seus partidos não conseguirão eleger governadores, deputados estaduais e, principalmente, deputados federais e senadores.

O resultado seria a eleição de um ou uma presidente da República sem o respaldo parlamentar no Congresso e entre os governadores, o que vai dificultar ou até mesmo inviabilizar o mandato de um presidente fraco políticamente, exigindo do mesmo muita habilidade para “negociar” e conseguir apoio no Congresso, sem o que, estaria fadado ao fracasso, aos confrontos, contribuindo para o agravamento da crise e também do fisiologismo e da corrupção.

Outra alternativa seria o novo ou nova presidente da República buscar apoio na população, trilhando o caminho do populismo politico como costumam fazer politicos sem respaldo legislativo, isto enfraqueceria ainda mais as instituições, incluindo o Congresso Nacional e a própria Presidência da República,  instituições com as piores avaliações ultimamente.

Uma terceira alternativa seria a implantação de um governo autoritário, incluindo ai, até mesmo um golpe de estado, como fez Getúlio Vargas nos anos trinta do século passado. Este cenário é bem provável de acontecer caso o eleito seja Bolsonaro, de origem militar e posturas obscuras em relacao `as suas propostas de governo em todas as áreas.

Os atuais candidatos ou pré candidatos até o momento não apresentaram suas propostas para equacionar os grandes desafios nacionais, o povo estará votando `as cegas, na busca de um Salvador da pátria e nesta caminhada poderá estar cavando o buraco para enterrar  a democracia e o estado de direito, as liberdades e o futuro de nosso pais. Desta cartola não sai Coelho! Parece que nosso futuro está a cada dia mais incerto ,mais sombrio e sem rumo, lamentavelmente.

JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com


sexta-feira, 8 de junho de 2018


BRASIL: MATANÇA GENERALIZADA

JUACY DA SILVA

Mais um capítulo da violência no Brasil, uma realidade macabra que amedronta,  ao mesmo tempo envergonha e mancha a imagem de nosso país ao redor do mundo, esta realidade pode ser constatada com a divulgação de mais um Atlas da Violência, referente ao ano de 2016 , uma visão retrospectiva e comparativa, neste estudo produzido pelo IPEA e pelo Forum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado há poucos dias.

Os dados, principalmente em sua dimensão evolutiva e também ao caracterizar a violência que está dizimando, exterminando grandes contingents demográficos, além de representar o descaso como nossos governantes vem tratando esta questão, também revelam a incompetência, insensibilidade perante um drama que afeta, em maior grau, a população pobre, os negros, pardos ou afrodescendentes, os jovens e as mulheres.

Em 2016 foram assassinadas 62.517 pessoas no Brasil, numero maior do que a soma dos homicidios ocorridos na Europa, Estados Unidos e China. Basta lembrar que esses países reunidos representam pouco mais de 2,4 bilhões de pessoas, enquanto o Brasil, em 2016 tinha apenas 206 milhões de habitantes ou seja, apenas 9,8% da população daqueles países em conjunto.

A taxa de homicidios por 100 mil habitantes vem crescendo desde os anos 1980, passando de 11,7 no inicio daquela década para atingir 30,3 no ano de 2016  e, com certeza muito mais em 2017 e 2018, com o destaque que nos últimos dez anos a taxa de homicidios para a população branca caiu 6,8%, enquanto esta mesma taxa para a população afrodescendete (negros e pardos) aumentou em 23,1%. Esta população, cujos antepassados foram violentados pela escravidão, aos poucos esta sendo dizimada pela violência que cresce a cada dia em nosso país.

Segundo o jornal O Dia de 07/12/2017, o número de homicidios em 2017, quando divulgado oficialmente, deverá ser de 70,2 mil e a tendência de que o ano de 2018 terá um número ainda maior. Isto demonstra que estamos vivendo uma verdadeira Guerra civil ou um genocídio.

Outro dado importante deste estudo, para entender a dinâmica deste extermínio de jovens, principalmente negros e pardos, é que a taxa  de homicidios nesta faixa etária para a população branca é de 16 por cem mil habitantes enquanto para negros e pardos é de 40,2, ou seja,  151,2% maior do que entre jovens brancos. A conclusão que se pode extrair desses dados é que 71,5% das vitimas de homicídios no Brasil em 2016 (44.700 pessoas) eram negros e pardos, enquanto 29,5% eram brancos (17.817 vítimas), que perderam a vida em decorrência da violência que ao longo de quase quarenta anos não para de crescer em nosso pais, aterrorizando cada vez mais a população.

A taxa de homicidios no Brasil é 140 vezes maior do que na Europa, na China ou em diversas países asiáticos. Entre 1980 até o final de 2018, estima-se que mais de 1,1 milhões de pessoas tiverem ou terão suas vidas ceifadas precocemente de forma violenta. Um absurdo, uma vergonha, muito descaso e incompetência dos nossos governantes.

Para a OMS , se um país apressenta taxa de homicídio acima de 10 mortes por cem mil habitantes está diante de uma epidemia.  A taxa média de homicidios no mundo em 2016, segundo a OMS foi de 8 assassinatos por cem mil habitantes e no Brasil foi de 30,3; ou seja; 279,1% maior do que a media mundial, algo que reflete uma realidade que todo mundo vê, sente, tem medo e está ceifando milhares de vidas a cada ano e milhões em poucas décadas, ante o descaso, incompetência, insesibilidade, demagogia de nossos governantes, os quais, por não definirem e implementarem planos, programas e ações efetivas para combater e colocar um paradeiro nesta Guerra, também são cumplices da bandidagem, do crime organizado que agem com desassombro.

O relatório do IPEA/FBSP, da mesma forma que tantas outras pesquisas de outras instituições que se dedicam a estudar a dinâmica da violência, devem ser lidos, debatidos e que esses dados sirvam de subsidios para que a população e as organizações da sociedade civil cobrem mais de nossas autoridades e governantes para agirem com inteligência, planejamento estratégico e alocarem recursos suficientes para que, de fato, esta carnificina tenha um fim.

O país e a população estão fartos de discursos, principalmente em períodos eleitorais ou ações espetaculosas ou demagógicas que acabam não dando em nada, a não ser muita pirotecnia e belas mentiras dourados  dos governos.

Enquanto esta incompetência e insesibilidade correm soltas, a população brasileira, todos os dias enterra seus mortos, deixando para traz um rastro de dor, indignação e descrença em relacao `as nossas instituicoes, inclusive a Justica, nossos governantes e nossas autoridcades.

JUACY DA SILVA,  professor universitario, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com