FUTURO INCERTO E
SOMBRIO
JUACY DA SILVA
Estamos
há poucos meses do que poderiamos chamar de “o maior evento de uma democracia”,
que são as eleições gerais para Presidente da República, dois terços do Senado
Federal, governadores estaduais, deputados federais e estaduais, momento em que
os eleitores podem renovar a cúpula política dirigente do país ou possibilitar
a continuidade das mesmas figuras já extremamente desgastadas e a permanência
de atores suspeitos, investigados ou denunciados por corrupção.
Todas
as pesquisas de opinião pública, há decadas vem demonstrando que o povo, os
eleitores, enfim, a população brasileira não acredita mais em partidos politicos,
nas instituições, todos os tres poderes e, principalmente, na chamada “classe politica”,
totalmente desacreditada seja pela sua costumeira incompetência em resolver as
grandes questões nacionais, além de seu envolvimento com a corrupção, com o
fisiologismo e com o mau uso do suado dinheiro público. O povo anda cético, sem
esperancas de um futuro melhor, descrente de tudo e de todos. Estamos
caminhando para o que muitos cientistas politicos e sociólogos denominam de
anomia social.
E
não é para menos, se considerarmos que a crise politica, econômica, financeira,
social e institucional já perdura há decadas, gerando um caldo de cultura muito
propício para um agravamento dos conflitos sociais, onde a violência,
principalmente a urbana, o desemprego, o retorno da pobreza e miséria, as desigualdades,
mais de 12,5 milhões de desempregados, 15 milhões de subempregados sem a mínima
segurança quanto ao futuro, mais de 55 milhões de inadimplemtes, uma divida pública
que já beira quatro trilhões de reais, que só de juros, encargos e um minimo de
amortização consome quase a metade do orcamento da União, quase R$900 bilhões
de reais a cada ano, estados e municipios `a beira da falência, contribuindo,
sobremaneira para o caos nos serviços públicos essenciais como saúde, educação,
saneamento, habitação, seguranca publica, infraestrutura e outros mais.
É
neste Quadro complexo que caminhamos para as eleições de outubro próximo. As
pesquisas de opinião pública/eleitoral realizadas por diversas institutos como
o Data Folha, o IBOPE, o Vox Populi, CNT/MBA e outros mais, indicam que o povo
ainda prefere, de forma clara, que votaria em Lula para ser o próximo presidente
da República e que o ex presidente, mesmo preso há dois meses, sem poder se
comunicar diretamente com as massas continua o preferido. A última pesquisa
indica que Lula tem a preferencia de 31% dos eleitores, mais do que a soma dos
dois seguintes: Bolsonaro 17% e Marina Silva 10%.
Lula,
se for candidato e houver um segundo turno, venceria todos os demais candidatos.
Sem Lula, a disputa seria acirrada entre Bolsonaro, que representa a direita e
extrema direita no espectro politico, estaria empatado com Alkmin e com Ciro
Gomes. Sem Lula na disputa, a única candidata que poderia vencer todos os
demais candidatos, inclusive Bolsonaro, seria Marina Silva.
O
problema é que tanto Marina Silva, quanto Bolsonaro e Ciro Gomes, os tres que
melhor tem pontuado nas pesquisas, depois de Lula, estão ligados a pequenos
partidos sem grande expressão eleitoral e, com toda certeza, seus partidos não
conseguirão eleger governadores, deputados estaduais e, principalmente,
deputados federais e senadores.
O
resultado seria a eleição de um ou uma presidente da República sem o respaldo
parlamentar no Congresso e entre os governadores, o que vai dificultar ou até
mesmo inviabilizar o mandato de um presidente fraco políticamente, exigindo do
mesmo muita habilidade para “negociar” e conseguir apoio no Congresso, sem o
que, estaria fadado ao fracasso, aos confrontos, contribuindo para o
agravamento da crise e também do fisiologismo e da corrupção.
Outra
alternativa seria o novo ou nova presidente da República buscar apoio na
população, trilhando o caminho do populismo politico como costumam fazer politicos
sem respaldo legislativo, isto enfraqueceria ainda mais as instituições,
incluindo o Congresso Nacional e a própria Presidência da República, instituições com as piores avaliações ultimamente.
Uma
terceira alternativa seria a implantação de um governo autoritário, incluindo
ai, até mesmo um golpe de estado, como fez Getúlio Vargas nos anos trinta do
século passado. Este cenário é bem provável de acontecer caso o eleito seja Bolsonaro,
de origem militar e posturas obscuras em relacao `as suas propostas de governo
em todas as áreas.
Os
atuais candidatos ou pré candidatos até o momento não apresentaram suas
propostas para equacionar os grandes desafios nacionais, o povo estará votando `as
cegas, na busca de um Salvador da pátria e nesta caminhada poderá estar cavando
o buraco para enterrar a democracia e o
estado de direito, as liberdades e o futuro de nosso pais. Desta cartola não
sai Coelho! Parece que nosso futuro está a cada dia mais incerto ,mais sombrio
e sem rumo, lamentavelmente.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de
comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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