sábado, 28 de junho de 2014


O BRASIL VAI DE MAL  A PIOR!

JUACY DA SILVA

Apesar dos discursos inflamados por parte da Presidente Dilma, recheados de meias verdades, o Brasil, durante o seu governo está a cada dia pior do que há anos ou décadas, em diversos setores incluindo a saúde, a escalada da violência e da criminalidade e a insegurança generalizada, a baixa qualidade da educação, a corrupção, a infra-estrutura totalmente sucateada, além, é claro, do baixo desempenho econômico.

Em pesquisa recente, no início deste mes de junho, 67% dos entrevistados avaliaram que a econômia está ruim, quando no mesmo mes de 2013  apenas 41% indicavam sua insatisfação com a economia nacional.  O nível de insatisfação geral com o desempenho do governo supera 70%, chegando a 78% quando se trata da saúde pública.

O programa “mais medicos” definido e implementado pelo governo não resolve as necessidades mais complexas da saúde, como os mais de 12 mil leitos hospitalares fechados durante os governos Lula e Dilma e nem a redução dos aportes do governo federal nesta área, que cairam de 51% dos  gastos totais em saúde em 2002 por parte do ministério da saúde para 42% em 2014, onerando de forma injusta municípios  que vivem de pires nas mãos  e estados que não conseguem suprir a redução dos gastos do governo federal.

O crescimento pífio do PIB no primeiro trimestre de 2014, de 0,2% repete o ridículo desmepenho de 2011 e deve chegar ao final deste ano no máximo em 1,2%, conforme análises de vários organismos nacionais e internacionais, quando na “previsão” do Governo Dilma feita em 2013  indicava que o PIB  deveria crescer em torno de 3,5% até 4,0%  em 2014. Esses  erros de previsão, bem distantes da realidade, refletem de um lado a incapacidade do governo em planejar corretamente ou então é uma forma de manipular a opinião pública.

De acordo com inúmeros dados e indicadores macro-econômicos  a economia brasileira, nos últimos quatro anos, sob o Governo Dilma,   está passndo por um periodo de estagnação ou crescimento pífio quando comparada com os índices de crescimento, de investimento, de poupança, e investimento externo e caminha para uma desaceleração e perda de dinamismo que deve perdurar  até final de 2016.

As taxas de juros  e de inflação  existentes atualmente ,  entre as maiores do mundo, inviabilizam investimentos e inibem o consumo. Diante disso, as ações do governo em conceder “incentivos” a alguns setores, cujos “lobbies” são mais  fortes e mais influentes, acabam acarretando distorções na economia e ao mesmo tempo interferindo na arrecadação. Em 2013 a renúncia  fiscal do Governo Federal foi de 22,4 bilhões de reais no primeiro trimestre  em 2014 em igual período foi de 35 bilhões de reis, devendo  atingir até final do ano em torno de 140 billhões de reais.

A taxa de poupança no primeiro trimestre deste ano foi de 12,7% , a menor/pior desde o ano 2000 e uma das menores entre os países emergentes , do BRIC e do G-20. A Taxa de investimento foi de apenas 17,7%, bem inferior `a média das economias  desses mesmos blocos que atingem em torno de 23%, esta taxa foi a pior desde 2009.

A crise do setor da energia elétrica revela a falta de planejamento , os equívocos de uma gestão ineficiente e poderá levar o país a enfrentar sérios desafios até mesmo um apagão/caos  neste setor . A manipulação das tarifas de energia para reduzir o impacto  das mesmas na aceleração da inflação tem custado mais de 23 bilhões de reais `as distribuidoras, compensado por pacotes de “bondades” do governo,  custo  este que deverá  ser repassado aos consumidores depois das eleiçõe, para não  atrapalhar a  tentativa da re-eleição de Dlma.

Parte deste processo da deterioração da economia brasileira se deve `a perda da competitividade do Brasil no contexto internacional. Durante o Governo Dilma. entre 2010 e 2014, o Brasil perdeu 16 posições no ranking global  de competitividade. Entre 60 países o Brasil caiu da 38a. posição para a 54a, sendo que no critério de eficiência do governo caimos para a 58a. posiçao  no comércio interncional para a 59a. posição e por ai vai.

Mesmo diante desses números e outros indicadores o Governo Dilma ainda deseja continuar ocupando as estruturas  da administração do país e aparelhando o Estado Brasileiro para usufruto do PT e de seus aliados. O Brasil vai mal e pode piorar muito mais. Quem viver verá!

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT. Mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

sexta-feira, 20 de junho de 2014

DILMA DESPENCA


JUACY DA SILVA

Apesar da polêmica em torno das  vaias e xingamento que a Presidente Dilma recebeu durante sua presença no jogo de abertura da Copa do Mundo há poucos dias,  o fato concreto é que a população brasileira anda altamente decepcionada e  revoltada com seu  governo.
Dentre as principais razões  para  esta decepção, que as vezes chega `as  raias da indignação popular, como as ocorridas durante as grandes manifestações de massa em meados de 2013, podemos destacar as constantes denúncias de corrupção envolvendo membros do aslto escalão de seu partido (PT), de seu governo (vários ministros foram defenestrados deviddo a meia faxina que ela mesma  realizou) e  também os escândalos que ocorreram durante o Governo Lula e que ainda estão nas manchetes dos meios de comunicação.
Além da corrupção, outro  fator que esta mexendo com o imaginário coletivo é o baixo desempenho da economia durante os quatro anos do Governo Dilma, o  terceiro pior em toda a história republicana, em mais de 120 anos, incluindo os baixos índices de crescimento doPIB, uma inflação alta para os padrões mundiais atuais, um certo  desequilíbrio das contas públicas, incluindo deficit público, aumento da dívida pública, aumento dos gastos do governo, devido ao inchaço da máquina federal e do aparelhamento do Estado brasileiro, por parte do PT e de seus aliados.
Um terceiro fator é a baixa qualidade dos serviços públicos, incluindo também o caos na saúde pública, a escalada da violência, educação de baixa qualidade, precariedade na infra-estrutura nacional, a começar pela logística e uma burocracia paquiderme que impõe  um elevado custo a economia brasileira, reduzindo dramaticamente sua competiitividade quando comparada com outro países desenvolvidos ou emergentes, uma  carga tributária enorme e juros elvados, um dos maiores do mundo.
Tudo isto tem provocado um desejo de mudança  tanto de governo quanto do modelo de desenvolvimento nacional, atingindo 75% da população conforme diversas pesquisas de opinião pública recentes, onde também os índices de rejeição ao nome de Dilma já atingem 35%, ou seja, mais de um terço dos eleitores ouvidos pelas pesquisas dizem que não votarão em Dilma de forma alguma. Este índice há pouco  mais de um ano era de apenas 15%.
Tres pesquisas  recentes, deste mês de junho de 2014, do Data Folha, do IBOPE e do Sensuas, apesar de apresentarem numeros um pouco diferentes, indicam uma mesma  tendência: uma queda acentuada e continua das preferências por Dilma e um aumento das preferências por outros candidatos, incluindo os dois maiores concorrentes, Aécio Neves e Eduardo Campos.
Há três meses esses  institutos de pesquisas traziam dados em que Dilma tinha mais votos do que a soma de todos os pré-candidatos que estão pleiteando apeá-la do Palácio do Planalto, uma diferença de quase oito pontos a  seu favor. Atualmente a soma dos votos dos possíveis adversários de Dilma no primeiro turno, já ultrapassa a 4% dos que ainda preferem  a atual presidente.
Pesquisa mais  recente do IBOPE indica  que por hora Dilma parou de cair, todavia a soma das intenções de votos nos demais candidatos ainda estão  2% a mais do que na Presidente. Todavia, a avaliação do Governo e os índices de rejeição da Presidente continuam altos. Apenas 31% aprovam o governo e 33% desaprovam. O setor com maior desaprovação é a saúde.Para 78% dos entrevistados o caos na saúde é o maior problema da população e a culpa e do Governo Dilma.
As conclusões de vários analistas políticos pelo Brasil afora, demonstram que as  eleições para Presidente da República devem ser decididas em segundo turno. Além disso, dependendo das sondagens de opinião pública nos próximos dois meses, se forem mantidas as atuais tendências de queda livre de Dilma, mesmo no segundo turno a atual presidente corre o risco de ser derrotada e encerrar o ciclo de hegemonia de 12 anos do PT no plano federal.
Alguns indícios já indicam  esta tendência, a começar pela debandada de alguns de seus aliados, como 41% dos integrantes do PMDB, que por pouco não abandonaram a coligação com o PT,e várias facções estaduais de outros partidos que ainda estão no governo, como PP, PR,PTB, PDT, PV, PSC e outros mais que já  se articulam com outras candidaturas.
Se as eleições  fossem hoje Dilma e o PT seriam derrotados de forma quase humilhante em SP, na Bahia, em Minas Gerais e corre o risco também de perder em outros Estados do Nordeste, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Enfim, as vantgens obtidas pela Presidente em 2010 em vários Estados poderiam desaparecer, fruto, principalmente do racha dos partidos que integram  a  base aliada,como em SP , onde a briga entre PT e PMDB  está se acirrando.
O movimento volta Lula que ensaiava impedir Dilma de ser candidata, parece que abortou e tudo leva a crer que o seu inferno astral  está apenas começando e será bom a mesma acostumar-se com mais vaias a menos que deixe de frequenter locais públicos, o que é muito difícil durante o período eleitoral.Ninguém gosta de ficar com candidato que esta caindo ladeira abaixo!

JUACY DA SILVA, professor  universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

sexta-feira, 13 de junho de 2014


POLÍTICA E A COPA

JUACY DA SILVA

Estamos em  pleno período da copa do mundo da FIFA 2014, considerado o maior espetáculo da terra que mobiliza a energia humana e dos meios de comunicação de massa. Durante um mês as  atencções do mundo estarão voltadas para o Brasil, estimando-se que esses jogos serão vistos por mais de dois bilhões de pessoas.

Para o bem ou para o mal, neste mês de junho, também  haverá um outro espetáculo que, em outras circunstâncias deveria chamar a atenção dos brasileiros, que são as convenções partidárias para a escolha dos candidatos a Presidente da República, senadores, deputados federais,  estaduais e governadores de estado.

A copa é um evento passageiro e poucas consequências produzem na vida das pessoas, euforia para alguns, decepções e frustrações para outros.  Todavia, o que acontece nas convenções irão influenciar o processo eleitoral e,  depois,  os destinos das pessoas e do país. Mesmo que boa parte deste espetáculo politico esteja mais próximo de uma farsa do que de mudanças concretas e profundas que possam contribuir para a solução dos problemas e desafios que afetam a vida do povo, o desencanto  do eleitorado com os governantes continua cada  vez maior.

No momento  estamos diante de um embate surdo e complicado entre os partidos que ocupam o governo federal, capitaneados  pelo PT e seus aliados  que desejam continuar aboletados nas estruturas do poder, já aparelhado completamente, para usufruirem de suas benesses e manterem seus esquemas , tráfico de influência e práticas corruptas que a cada dia vem a público.  De outro lado, surgem duas correntes representadas  basicamente pela aliança PSDB e DEM, capitaneadas por Aécio Neves; e a outra representada pelo PSB e PPS, tendo Eduardo Campos  e Marina Silva como os principais protagonistas. Em torno dessas duas correntes  algumas outras siglas de menor expressão vem hipotecando apoio tentando uma mudança singificativa  na política nacional, como desejam mais de 75% da população brasileira, já cansada da falta de rumo do atual governo.

Duas pesquisas  recentes de opinião pública, uma realizada pelo DATA FOLHA  há pouco mais de uma semana e  outra conduzida pelo IBOPE há poucos dias apontam uma queda acentuada e continua de Dilma nos últimos meses, indicando a possibilidade  concreta de que as próximas eleições para Presidente sejam decididas em  segundo turno, incluindo até mesmo uma derrota da atual Presidente e de seu grupo de apoio, a começar pelo PT.

Segundo o Data folha Dilma  despencou de 44% da preferência dos  entrevistados  em fevereiro último para 34% neste início de junho, enquanto o conjunto de candidatos de oposição passou de 27% para 35%  no mesmo período. Outro dado interessante é que Dilma se aproxima da zona de derrota nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e começa a perder fôlego também no Nordeste, o maior reduto do PT e do Governo Lula/Dilma graças ao Bolsa Família. Os índices de rejeição do Governo  que antes eram de apenas 15%, já está em 26%.

A mesma  tendência foi constatada na pesquisa do IBOPE  desta semana. Em maio Dilma  tinha 40% das preferências dos entrevistados e a soma dos candidatos de oposição 36%. Neste início de junho Dilma caiu para 38%  e a soma dos candidatos de oposição subiu para 42%. Com excessão da população das classes C e D, que representam a clietela do bolsa família e outras poíticas assistencialistas do Governo e de boa parte do Nordeste, Dilma caiu na preferência em todas as demais regiões e classes sociais.

Mesmo que o Brasil venha a conquistar o hexa e isto possa  ser altamente manipulado pelo Governo a seu favor, passada a copa o povo vai acordar desta letargia de pão e circo , e perceber que os reais problemas que afetam o país continuam. O caos na saúde, a violência, a educação de baixa qualidade, a corrupção, o transporte público de péssima qualidade, a precariedade da infra-estrutura, a inflação, os baixos índices de crescimento da economia e a mediocridade do   governo deverão vir mais a tona, fruto dos debates políticos  que devem ocorrer, mesmo que Dilma fuja e não compareça aos mesmos!

Pão e circo podem alimentar a ilusão de um povo sofrido, mas jamais perdura por muito tempo. Isto  tem sido demonstrado pela história e no Brasil não deve  ser  diferente.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

segunda-feira, 9 de junho de 2014

CAOS NA SAÚDE PÚBLICA (2)
JUACY DA  SILVA
O caos na saúde pública no Brasil,  nos estados e em  todos os municípios decorre de vários fatores, dentre  os quais o maior podem ser a concentração dos recursos oriundos na carga tributária nas “mãos” da União, que fica com aproximadamente 63% de todos os impostos que a população paga, cabendo aos Estados em torno de  24% e aos municípios apenas 13%.  A grande maioria dos municípios brasileiros vive de “pires nas mãos”,  praticamente mendigando recursos para fazer face aos diversos encargos que a União e os Estados tem transferido e continuam tranferindo para esses primos pobres da República.
Além das distorções naturais deste processo de concentração dos recursos  em poder da União, um segundo fator também contribui para este caos que vem se agravndo que é a reduçãp proporcional dos gastos e investimentos do Ministério da Saúde ao longo dos últimos  doze anos, durante os governos Lula e Dilma,.em relação aos gastos totais com saúde. Em 2003, coube ao  Ministério da Saúde 50,1% desses gastos, passando para 46,6% em 2006; para 42,9% em 2010, último ano do Governo Lula, passando para 45,4% no primeiro  ano do Governo Dilma e chegando em 2014, final de seu mandanto, com apenas 42,3%.
Isto significa que se o Ministério da Saúde em 2015 aplicasse o mesmo percentual dos gastos totais em saúde deveria ter um orçamento de 126 bilhões de reais ao invés dos 106 bilhões aprovados para o orçamento de 2014.
Um  terceiro fator é a não execução do orçamento do ministério da saúde, da mesma forma que vários outros ministérios, onde a cada ano deixam de ser aplicados vários bilhões em todas as áreas. Em artigo anterior, demonstramos que somente durante os governos Lula e Dilma deixaram de ser  gastos e investidos  a importância de aproximadamente 122 bilhões de  recursos aprovados pelo Congresso para o Ministério da Saúde.
Um quarto fator é a relação dos gastos e investimentos do Governo Federal em saúde pública, seja em relação ao PIB, ao orçamento  global do Governo Central ou em relação sobre quanto a população acaba tendo que desembolsar diretamente,além dos impostos que paga a cada ano.
Todos sabemos que o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, próxima  e as vezes muito superior  a vários países desenvolvidos ou os chamados emergentes. A população brasileira trabalha cinco meses por ano só para pagar impostos, equivalents a 38% do PIB,enqunto nos EUA esta carga é de 23%, e nos países escandinavos próximo a 50%.
Todavia, principalmente nesses últimos a população recebe em troca dos impostos que paga  ao governo, serviços públicos de qualidade e totalmente gratuitos, como saúde, segurança pública, educação, transpote urbano e infra-estrutura de primeira qualidade, enquanto aqui no Brasil além de pagar  uma enorme carga tributária ainda tem que  gastar  de seu  bolso se quiser tais  serviços e infra-estrutura com qualidade.
No Brasil o orçamento do Ministério da saúde em 2012, em relação ao orçamento geral da União foi 8,7%, enquanto no Chile foi de 15,1%, na China 12,5%, nos EUA e na Alemanha  19,8%, na Argentina  20,4%; na Suiça 21% e a média mundial 11,7%.  Se na  definição do orçamento do Ministério da Saúde fosse  aplicada a média  mundial, em 2014  seu orçamento deveria ser de 276.2 bilhões. Se o percentual aplicado fosse o do Chile seriam 356,5 bilhões e se fosse usado o percentual da Suiça, com seu padrão FIFA, seriam 495,8 bilhões.
Com certeza muita gente pode  imaginar que isto seja irreal  ou ininmaginável. Mas se considerarmos que do Orçamento Geral da União(OGU)  em 2014, para os servicos e encargos da Dívida Pública o Governo Dilma reservou mais de um trilhão de reais (42,4% do OGU) enquanto para a saúde apenas 106  bilhões (4,5% do OGU), podemos perceber que para os banqueiros e agiotas nacionais e interrnacionais os governos do PT destinam dez vez mais recursos orçamentários do que para a saúde pública.
As  eleições  estão se aproximando e as mentiras ou meias verdades estarão sendo  veiculadas para justificar o caos e horror que caracteriza a saúde pública brasileira, cuja responsabilidade maior, pelas razões  expostas, cabe  ao Governo federal, em segundo lugar aos Estados e por ultimo aos municípios, os primos pobres da República!

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado  UFMT, mestre em  sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

segunda-feira, 2 de junho de 2014


DILÚVIO POLÍTICO EM MATO GROSSO

JUACY DA SILVA

Há pouco mais de 40 anos Mato Grosso passou por uma grande  crise política quando as forças que se opunham ao então governador Pedro Pedrossian, capitaneadas pela UDN, por pouco não conseguiram aprovar o “impeachment” do mesmo. Foram dias e semanas de muitos debates, manifestações, ofensas e isto, com certeza, repercutia negativamente na imagem de nosso Estado, quando o mesmo ainda não havia sido divido dando lugar `a criação de Mato Grosso do Sul.

Os tempos mudaram, o ciclo dos governos  militares chegou ao fim, a “redemocrtização” já está completando quase trinta anos de governos civis, de diversos matizes políticos e ideológicos, mas a corrupção tem maculado esta democracia de fachada em que vivemos.

Conseguimos substituir governos autoritários por uma democracia corrupta, onde todos os anos, todos os meses, enfim, praticamente todas as semanas surgem casos e mais casos de denúnicas de quadrilhas de colarinho branco que assaltam os cofres públicos.

Inúmeras CPIs instaladas no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas, nas Câmaras Municpais, com a colaboração de organismos policiais federais  e estaduais, e dos aparelhos de repressão do Estado como Polícia Federal, ABIN, Polícias  estaduais, polícias fazendárias, Ministério Público Federal e MP estaduais, CGU, TCU, TCEs e a imprensa ,com uma frequência que entristece e envergonha a sociedade brasileira, têm vasculhado residências, gabinetes de autoriades do primeiro e segundo escalões dos Governos Federal, Estaduais  e Municipais e também dos Poderes Legislativos Federal, Estaduais e Municipais. Nem mesmo o Poder Judiciário e os  organismos de controle da União, dos Estados e Municípios têm  escapado desses vexames.

Com certeza não pode haver um  vexame maior do que  os recentes acontecimentos em Mato Grosso, quando as mais altas autoridades e praticamente todos os organismos e instituições públicas acabaram sendo objeto de busca e apreensão por parte da Polícia Federal. Além da prisão de um Deputado Estadual e um ex-secretário que até então gozava de muito prestígio e poder, também o Governador passou por um grande constrangimento ao quase ter que ficar preso por posse irregular/llegal de uma arma de fogo, além de outras denúncias que pesam contra ele e alguns de  seus “auxiliaries” próximos.

Mesmo que as prisões que figuras de destaque do mundo politico tenham sido relaxadas, as investigações continuam e a cada dia, seja fruto das analise de dados e informações contidas nos materiais apreendidos pela Polícia Federal  ou os constantes dos meios eletrônicos ou até mesmo em anotações e rabiscos que são bem parecidas com a “contabilidade” do crime organizado, das quadrilhas, bicheiros e outros delinquents comuns, esses  materiais  estão possibilitando `a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal desvendarem o que realmente se passava e com certeza ainda acontece nos porões, não da ditadura tão condenada pelos atuais detentores do poder, mas sim, nos porões  de uma democracia, relativamente muito “jovem”, como costumam  enfatizar os atuais donos do poder, mas sim nos porões fétidos de uma democracia que aos poucos está sendo corroida pela corrupção e pela impunidade.

O que está acontecendo em Mato Grosso não difere em nada do que há anos tem sido denunciado e acontece em todos os Estados e municípios. Um Presidente da República, Ministros, Senadores, Parlamentares Federais, Estaduais, municipais, secretários de Estado e de municípios tem sido denunciados pelos mais variados crimes, a grande maioria ligados a corrupcção ativa  ou passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão temerária  e fraudulenta, fraudes em licitações, superfaturamento, enfim, os constantes e eternos ralos por onde escoam a cada ano entre 5% e 10% do PIB nacional.

Vários políticos nesses últimos anos foram presos, algemados e conduzidos a Brasília, onde alguns gatos pingados cumprem pena na Papuda ou em alguns outros Estados. Diversos  representantes da chamada classe política renunciaram  para  escaparem da perda dos mandatos e direitos políticos. Alguns, usando o poder econômico e seus currais eleitorais conseguem retornar ao Congresso  e ainda fazem pose de honestos.

Estamos nos aproximando das eleições gerais. Diferente do que o ufanismo pode indicar, fica difícil ao povo escolher seus futuros governantes, principalmente porque quem  define os candidatos são os partidos, os quais são práticamente propriedade de alguns caciques e sujeitos aos mesmos esquemas que vez por outra a Polícia Federal consegue desbaratar, mas que a impunidade  reinante em nosso país teima em deixar tudo  igual ou pior do que está.

Resta ao povo apenas demonstrar sua indignação pelas mais variadas formas, inclusive os protestos e movimentos de massa. Todavia, a paciência e resignação do povo e das massas tem limites, basta ver o que tem acontecido em diversos países pelo mundo afora, inclusive na vizinha Venezuela.

Se os mecanismos democráticos  não conseguem colocar um paradeiro na corrupção, um dia a casa cai e aí, não adianta “chorar pelo leite derramado”. O que aconteceu no Egito, na Libia  ou  está  acontecendo na Tailândia, ou na Ucrânia também  pode ocorrer em qualquer país, inclusive no Brasil!

Não é justo e nem correto que o povo trabalhe de sol a sol, pague uma enorme carga tributária para que os governantes dilapidem os cofres públicos. A maxima de que “lugar de bandido e de ladrão é na cadeira” também pode ser aplicada  aos criminosos de colarinho branco!

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. Email professorjuacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy