quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


PLANEJAMENTO E GESTÃO PÚBLICA

JUACY DA SILVA

Há quase um século os países, as empresas e as pessoas descobriram que o desenvolvimento pessoal ou coletivo, enfim, o progresso, não é fruto do acaso, da sorte ou da vontade dos deuses ou das forças sobrenaturais, mas sim, o resultado do esforço racional, da tenacidade  e da vontade de promover mudanças e transformações profundas na realidade.

Neste sentido surge a idéia de que as ações humanas (políticas, econômicas, sociais, culturais ou religiosas) podem ser realizadas de forma racional, vale dizer, planejadas. Assim, o planejamento é ao mesmo tempo um método e uma ciência que possibilita `as pessoas e todos os setores da sociedade, principalmente aos governos,  estabelecerem objetivos, metas, programas, projetos e ações  ao longo de um determinado prazo. Podendo ser de curto, médio ou longo prazo, inlusive a  construção de cenários, de mais longo prazo, com suas estimativas e projeções para décadas futuras.

Esses  parâmetros são fundamentais para a definição das políticas públicas e um instrumento  imprescindível `a gestao moderna e eficiente. Para tanto devem estar presentes alguns requisitos  como  a realização de um diagnóstico  correto da realidade (avaliação da conjuntura,  em todas as suas  dimensões), a identificação dos obstáculos e das potencialidades. Esses são os referenciais em relação aos quais deverão ser definidas as políicas públicas, os objetivos, metas  e demais  aspectos deste processo.

Além disso é também importante definir os recursos a serem utilizados, principalmente os financeiros, incluindo suas fontes e as alocações definidas de forma participativa, dentro do critério de prioridades estabelecidas em função das necessidades, das carências, das aspirações e interesses da população.

Se assim não acontecer, o planejamento não passa de um elenco de “boas intenções”  ou promessas demagógicas e eleitoreiras que “mexem”  com a cabeça do povo,  principalmente das camadas excluídas e mais necessitadas  e jamais serão cumpridas. O sistema e o processo politico brasileiro favorecem muito este tipo de ação política, razão do descrédito da chamada classe política.

Outro aspecto importante é a continuidade das ações de governo, sem com isto defender o  continuismo de pessoas, partidos ou grupos de interesse  nas estruturas e posições de mando politico causa básica do caciquismo em nosso país. A descontinuidade das ações de governo, muito presente infelismente no Brasil, além do desperdício de recursos excassos também tem contribuido para a desmoralizaçao do planejamento junto `a população .

Obras e serviços públicos paralizados ou encerrados em decorrência de decisões políticas equivocadas  representam o “cartão de visita”de governantes medíocres, corruptos e descompromissados com a ética, a eficiência e a transparência. Enfim, é um crime contra a sociedade, contra o patrimônio público perpretado por governantes inescrupulosos, demagogos e oportunistas.  É  uma afronta aos princípios da racionalidade e da democracia.

Para que as ações de governo sejam realmente planejadas são necessárias, pelo menos duas condições: a) definição de orçamentos realistas, cuja execução deveria ser mandatória, de fato, e não mera  peça de ficção política e adminnistrativa; b) definição de mecanismos de acompanhamento, fiscalização e avaliação, com particiação popular, através de indicadores técnicamnte corretos e de uso universal, ou seja, por outros países e organizações internacionis, possibilitando assim comparaçao entre países e não apenas da realidade local, regional ou nacional ao longo de um determinado periodo.

Por essas razões o contribuinte, o cidadão e o usuário dos serviços públicos têm  o direito de exigir qualidade e transparência nas ações do governo, incluindo  obras e serviços realizados pelos poderes públicos e também pela iniciativa privada, neste caso sob concessão do Estado.

Planejamento sem ação é sonho, é ilusão. Mas ação de governo sem planejamento é burrice, incompetência e um crime contra a sociedade e contra o povo! Oxalá nossos políticos e governantes tivessem um pouco mais de conhecimento, preparo  e de consciência sobre suas responsabilidades, enquanto gestores públicos!

JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia. Colaborador e articulista de A Gazeta há mais de 18 anos. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Twitter@pofjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


O ETERNO DRAMA DA SAÚDE NO BRASIL
JUACY DA SILVA
O termo drama se aplica perfeitamente `a situação em que de longa data se encontra a saúde em nosso país. Isto é verdadeiro tanto para a saúde pública quanto particular, individual quanto coletiva, incluindo planos de saúde e outros arranjos institucionais.
Podemos também associar à saúde  com outros termos que , de forma perfeita,  caracterizam este setor tão importante na vida das pessoas. Esses termos são: caos, horror, descaso, terror, incompetência, negligência, corrupção, subperfaturamento, roubo,  tráfico de influência, descaso, desastre, tragédia, catastrofe. Enfim, o que acontece diariamente na área da saúde,  em todos os estados, municípios e DF é patético e ao mesmo tempo comovente. Só  escapam desta  vergonha os grandes hospitais que atendem pacientes da elite política,econômica e social do país, boa parte `as custas dos cofres públicos,enquanto os pobres continuam com um atendimento de quinta categoria!
Ao longo das últimas décadas a saúde passou a ser manchete das páginas policiais, onde a intervenção da polícia e do ministério público estão cada vez mais frequentes  transformando-a em situação criminosa. As pessoas que necessitam dos serviços de saúde são relegadas ao abandono  nos corredores de unidades de saúde, hospitais, pronto-socorros, ficam amontoados em corredores, em macas enferrujadas, sujas, colchões podres, mofados, em cadeiras velhas, carcomidas pelo tempo
Todos os anos os meios de comunicação , radios, jornais, TV, mídia eletrônica, virtual ou de qualquer  natureza não se cansam de estampar manchetes que bem demonstram a gravidade do que está acontecendo. O povo paga imposto mas o SUS não funciona como foi concebido, parece que por ser uma estrutura para atender principalmente a pobreza ou talvez a “nova classe média” que o governo fala  que esta escapando da base da pirâmide social, o atendimento é precário e infeficiente.
Quem tem condição financeira e deseja uma saúde de “melhor qualidade” tem que buscar os planos de saúde, que são contratados de forma coletiva ou individual, neste ultimo caso custando os olhos da cara com dizem. E mesmo assim, com frrequência seus usuários tem que recorrer `a justiça para fazer valer seus direitos de cidadãos e de consumidores.
O último, mas que na verdade não será o último no sentido restrito do termo, foi a ação criminosa descoberta em um hospital de Curitiba, o segundo maior hospital da capital paranaense, tida  como modelo de desenvolvimento urbano, nos  aspetos arquitetônicos, mas que em matéria social nada deixa a desejar ao que acontece com a pobreza no restante do país.
Naquele hospital foi descoberto um verdadeiro campo de concentração, onde os pacientes que por ironia da sorte iriam parar na UTI, boa parte acabava sendo assassinada de forma fria e cruel. Uma médica que era a chefe da UTI está presa, juntamente com alguns outros médicos e enfermeiros/as, sob a acusação de  deliberadamente desligarem aparelhos, principalmente os que permitiam aos pacientes continuarem respitando e lutando pela vida.
Conforme  depoimentos prestados por familires de algumas vítimas e até por sevidores do referido hospital o que se passava naquela UTI é digno de um roteiro de filme de horror e terror, muito sadism e  uma violência ignominiosa contra pessoas impossibilitadas de reagirem. Foi dito em um depoimento  que a médica chefe desta casa de horror, como poderia ser denominada a UTI, cunhou uma expressão SPP (se parar parou) referindo-se ao que poderia acontecer se pacientes tivessem seus aparelhos de oxigênio/respiradouros desligados. 
Imagino que isto também é uma forma cruel e de extrema violência executada contra pessoas que buscam uma unidade de saúde na certeza de que alí poderiam encontrar alívio para suas dores, seus sofrimentos  e também a cura de suas enfermidades.  Afinal  o exercício das atividades ligadas `a saúde estão éticamente ligadas a salvar e preservar vidas, jamais a tortura contra pessoas fragilizadas pela doença e indefesas.
Um hospital jamais deve  ser uma câmara de morte, onde as pessoas/doentes  sejam internadas para abreviarem a vida! Oxalá tudo seja exclarecido e os culpados sejam punidos!  Mas  a possibilidade de que isto acabe em pizza é  muito grande. Nossas leis tanto na área dos  chamados erros médicos quanto tantas outras formas de violência são extremamente brandas ou frouxas, como diz o povo. A  morosidade dos procedimentos investigatórios e da Justica alimentam a impunidade, principalmente quando  as vítimas são integrantes das camadas mais baixas da sociedade. LAMENTAVELMENTE isto  continua acontecendo em pleno Século XXI, como se ainda estivessemos nos primórdios da história!
JUACY DA SILVA, professor universitário,UFMT, mestre em sociologia.  Twitter@profjuacy Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

 

 

 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


UNIÃO DE GIGANTES (1)
JUACY DA SilVA
Ao longo de vários séculos o “centro” do mundo foi a Europa, a partir da qual diversos países e potências projetaram poder e dominação na Ásia, África e o continente Americano. Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Itália, Alemanha e Inglaterra em alguns momentos da história estenderam seus tentáculos sobre suas colônias e territórios de além-mar.
As colônias e territórios eram as fontes de matérias primas e mão-de-obra escrava que garantiram o desenvolvimento e o “progresso” das metrópoles.  O mundo era dividido entre colonizadores e colonizados, entre países centrais e periférios, exploradores e explorados.
Como o fim da segunda Guerra mundial uma nova ordem geopolítica, estratégica, militar,  econômica e cultural foi criada e em lugar dos países colonialistas europeus surgem duas novas supeerpotências:  EUA e URSS (União das Repúblicas Socialistas e soviéticas), cada uma com seus satélites.  O mundo passou a ser dividido entre capitalistas e socialistas/comunistas, sob a hegemônia dessas duas novas dominações.
A crise sino-soviética do início dos anos sessenta contribuiu  para o fim da hegemonia soviética em relação ao mundo socialista/comunista. Este é , na verdade, o início da ascensão do novo “império” chinês, que se firmaria de forma definitiva no  início da década de oitenta com as transformações econômicas, de cunho capitalista, ocorridas na China e aprofundadas nas últimas três décadas.
No final dos anos oitenta a crise que estava latente na URSS explode e o império soviético se esfacela, cujo símbolo maior foi a queda do muro de Berlim e a  independência dos vários países-satélites  do leste europeu. Como resultado surge  mais uma “nova” ordem mundial, onde a polarização da Guerra fria passa a ser substituida pela hegemonia dos EUA nos planos econômico, geopolítico, tecnológico  e militar e a afirmação da China como uma potência econômica e seus desdobramentos em outras áreas.
A crise  econômica e financeira que abalou as estruturas dos vários países capitalistas e emergentes na Europa, EUA e outras partes do mundo nos anos de 2007 a 2009, ao lado do crescimento econômico acelerado da China, da Índia, do Brasil e da Rússia (BRICs), indica que o “centro” do mundo parece que está se deslocando do Atlântico para o Pacífico e ocenano índico e outras regiões.
Para evitar que este deslocamento ocorra de forma rápida e inexorável, os antigos e atuais “donos”  do mundo nos últimos três anos têm feito um grande esforço e empenho para não perderem a primazia em relação aos espços conquistados ao longo dos tempos. Este esforço está voltado para a criação de uma mega-zona de livre comércio como forma de contrabalançar o peso dos avanços mencionados que indicam que este deslocamento  está ocorrendo de forma rápida.
Em seu discurso de posse de segundo mandato e mais recentemente  em sua mensagem sobre o “Estado da união”, o Presidente Obama delineia este projeto estratégico que deverá ser levado a cabo pelos Estados Unidos e os países que integram a União Européia. Vale destacar que já existem vários tratados de livre comércio entre os EUA e diversos países e também entre a União Européia e varios outros países.  Assim, ao  buscar este novo espaço econômico transatlântico, os EUA facilitarão a consolidação de outros blocos, como o NAFTA (Tratado entre EUA, Canadá e México) e indiretamente resgatando a força do G7 e de outras articulações com países asiáticos (ASEAN).
Isto demonstra que os países que integram o BRICs não vão estabelecer  uma nova ordem econômica, geopolítica, estratégica e militar de forma fácil. Afinal, hegemonia e poder no contexto internacional não é algo que se ofereça de “mão beiajada” é fruto de um grande estratégia e muita luta!
Esta reflexão continua nos próximos artigos.
JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


O ANTIGO (AINDA ATUAL) E O FUTURO PAPA

JUACY  DA SILVA
Poucos dias após a anúncio feito por Bento XVI, que chocou o mundo e deixou mais e um bilhão de católicos sem entender nada, de que iria (como realmente vai) renunciar `as suas funções de sumo pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, eu escrevi  um artigo intitulado “Um Papa Negro?”.
Naquele artigo que foi veiculado em vários jornais, sites e blogs, demonstrei, segundo informes da grande imprensa interncional, que existem diversos prováveis candidatos, incluindo dois negros, que poderiam ser escolhidos como o futuro Papa.
A revista semnal Times, versão  em inglês e que circula nos EUA e Europa desta semana, mas com data de 25 de fevereiro, traz  como reportagem de capa um interessante e extenso artigo (cinco páginas) sobre os meandros que cercam não apenas a escolha do successor de Bento VI quanto outros aspectos demográficos, geopolíticos e estratégicos da Igreja Católica e aponta também sete cardeais dentre os quais um pode ser o escolhido para o Trono de São Pedro.
O único  que em meu artigo não mencionei foi o Cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, de 70 anos, de Honduras, um critico mordaz da atuação violenta do crime organizado e  da corrupção  nos governos, incluindo seu país e diversos países do mundo (onde o Brasil, país com  o maior número de católicos faz parte).
Tanto o Cardeal Peter Turkson, de 64 anos, de Gana, Presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz do Vaticano quanto o Cardeal Oscar Rodriguez, independente da cor da pele ou de suas origens geográicas, estão comprometidos com aspectos fundamentais que podem mudar a face da Igreja Católica nos próximos anos, incluindo questões como direitos humanos, combate `a corrupçao, direito das minorias, etc.
Todavia, um ou talvez o maior desafio do novo Pontífice seja um reavivamento da fé católica em todos os países, principalmente onde a Igreja está perdendo seus fiéis para outras religiões, principalmente para as denominações pentecostalistas, ou para outras como islamismo, budismo ou mesmo  para o ateismo.
Para que tal desafio seja enfrentado e tenha sucesso a Igreja terá que apagar de sua história práticas imorais e anti-éticas como os escândalos sexuais, uma maior transparência em sua gestão financeira e encarar de frente questões como o aborto, das preferências sexuais, do celibato e outras tantas que contribuem para afugentar seus fieis.
O diálogo inter-religioso, o ecumenismo e questões temporais como as imigrações internacionais, as guerras e conflitos armados em várias partes do mundo, as crises econômicas e financeiras que abalam o mundo capitalista, a pobreza e miséria que ainda rondam bilhões de pessoas, a corrupção governaental , a violência, tráfico de drogas, de armas e de pessoas, são apenas alguns desses graves desafios que estão `a espera do successor de Bento XVI.

Afinal, o Papa, além de ser a autoridade maxima para 1,2 bilhões de fiéis espalhados pelo mundo todo, é também Chefe de um Estado “sui generis” temporal, e, nesta condição um lider politico com grande autoridade moral para ajudar a construir um mundo melhor, com justiça, paz e dignidade para todas as criaturas de Deus e não apenas um guardião da fé cristão e católica ou o successor de Pedro, em Roma!
Com certeza, os cardeais que irão escolher o novo Papa são homens experientes, bem preparados e conhecedores plenos da realidade em que vivem seus fiéis, principalmente os que compõem as grandes massas de excluídos aqui na Terra
Entendo que o reino de Deus começa aqui na terra, com mais faternidade, justiça e melhor distribuição de renda, dos bens e serviços produzidos pelas economias dos vários países. Esquecer esta realidade é transformar toda e qualquer religião em um instrumento de alienação e de defesa dos privilégios e das camadas dominantes em todas as nações. Imagino que Deus não deve ficar satisfeito e feliz em meio a tanto sofrimento humano!

JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, meste em sociologia,colaborador de Hipernotícias. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


A “NOVA” DOUTRINA OBAMA

JUACY DA SILVA
Na última terça feira o Presidente Obama dirigiu-se ao Congresso Americano, `a população do país em geral e também aos demais países quando de sua apresentação sobre o Estado da União, quando é feito um balanço da situação nacional e os desafios que são visualizados em um futuro próximo ou décadas `a frente.
Ao ser reeleito e empossado para um segundo mandato OBAMA, tanto durante a campanha eleitoral quanto no discurso de posse e em seu círculo mais restrito vai expondo suas idéias que na verdade reresentam o seu diagnostico pessoal e também os aportes de seus auxiliaries diretos em relação aos grandes temas que afetam diretamente os interesses e objetivos nacionais do país.
Além do diagnóstico, que representa uma avaliação da conjuntura e do poder nacional com os respectivos meios de que dispõe para enfrentar e vencer os desafios que se apresentam, cabe ao Presidente, que também é o Comandante-em-chefe das Forças Armadas, as mais ponderosas do mundo, estabelecer as suas grandes diretrizes políticas e estratégicas, as quais devem orientar as ações de todos os setores do governo.
Tais definições e estratégias passam a representar o que é chamada de Doutrina, um conjunto de princípios, valores e compromissos que devem ser atualizados permanentemente `a medida que a conjuntura se altere. Doutrina, neste sentido não é uma camisa de força mas sim uma bússula para orientar as ações do governo.
Como se trata de um segundo mandato, com certeza foi feito e deverá ser realizada uma re-avaliação dos desafios enfrentados durante o primeiro mandato, os métodos utilizados e os resultados aalcançados, incluindo os erros e fracassos.  Assim podemos denominar que com o segundo mantado o governo deverá  se balizar em uma “nova”  doutrina ou seja, uma revisão de tudo o que foi realizado e as mudanças que devem ser imprimidas na nova gestão.
Os grandes temas abordados por Obama em seu pronunciamento ao Congresso foram: a) Economia,com destaque para a criação de empregos; o controle orçamentário, com redução do deficit e a reforma fiscal;  ênfase no crescimento da indústria, aliado ao desenvolvimento da ciência e tecnologia e a inovação, a  plena recuperação do mercado imobiliário, os incentivos e treinamento de mão-de-obra.
b) Energia, com ênfase na independência energética e redução da dependência de fontes externas e o desenvolvimento de fontes alternativas e de energia limpa e renovável, incluindo maior eficiência em todos os setores da economia e da sociedade.
c) Educação, como um setor estratégico de longo prazo, com ênfase `a qualidade e a cobertura universal da educação infantil, melhoria da qualidade do ensino fundamental e médio, e também um  reforço substancial ao ensino superior, como mecanismo para aumentar a competividade da mão-de-obra, novas invenções e permitir que os EUA continuem sempre `a frente das grandes transformações científicas e tecnológicas.
Em relação `a política externa e `a segurança nacional a ênfase foi no combate a todas as formas e grupos terroristas, o fim da Guerra no Afeganistão e a retirada das tropas americanas daquele país até final de 2014; a condenação da proliferação de armas nucleares, com destaque para os riscos que os programas nucleares do Iran e Coréia do Norte representam não apenas para os EUA como principalmente para a maior parte da Ásia.
Outras questões importantes apresentadas foram: reforma imigratória, combate `a violência e controle de vendas de armas de fogo e a segurança e defesa cibernética, como uma  séria ameaça  deste início de século. Finalmente, mencionou a importância da continuidade da reforma da saúde, da recuperação da infraestrutura de transportes do país.
Obama convocou uma verdadeira cruzada para o fortalecimento da classe média, a redução da pobreza e da concentração de renda e propos um aumento substancial do salário mínimo  que passará para nove dólares por hora.
JUACY DA SILVA, professor universitário,UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com

UM PAPA NEGRO?

JUACY DA SILVA
O mundo todo, principalmente os católicos, tanto a hierarquia quanto os leigos em geral, foram pegos de surpresa pelo anúncio feito pelo Papa Bento XVI, há poucos dias, de que no ultimo dia deste mês de fevereiro irá abdicar de suas funções papais. O último papa a renunciar, em meio a uma crise política e institucional que abalava a igreja católica, foi Gregório XII em 1.415, há 598 anos.
Bento XVI alega, como motivos básicos para sua renúncia, suas condições de saúde que não mais lhe permitem exercer em sua plenitude as funções pontifícias e sabendo dos desafios que estão por vir, de forma consciente, corajosa e com muita humildade abre espaço para que a Igreja possa escolher um novo Papa, dentro de no máimo três semanas ou pouco mais de um mês.
As especulações sobre que outros motivos, além das dificuldades de saúde, teriam influenciados nesta extrema decisão, como os escândalos sexuais que têm abalado a igreja nos últimos anos ou as acusações de envolvimento do Banco do Vaticano com lavagem de dinheiro, foram logo colocadas por terra.
Passados os primeiros dias do choque provocado pela anúncio de Bento XVI, antes mesmo de sua renúncia formal e definitiva  que deverá ocorrer no final deste mês, as atenções se voltam agora para o Conclave (reunião  dos cardeais que deverá escolher o novo Papa) cuja “bolsa de apostas” já está aberta,  alimentada pela grande midia internacional e pelas avaliações dos especialistas em Vaticano.
O Colégio  cardinalício é composto  por 208 cardeais, sendo que apenas 118, com menos de 80 anos, tem direito a voto. Desses, 62 são da Europa (28 italianos); 17 da América do Norte (11 dos EUA), 13 da América do  Sul (10  do Brasil, sendo 4 com mais de 80 anos, portanto apenas 6 com direito a voto para escolher o novo Papa); 3 da América Central; 11 da Ásia; 11 da África e um a Oceania.
Segundo os especialistas em Vaticano, possivelmente o novo  Papa deverá ser alguém mais jovem do que Bento XVI quando foi escolhido, possibilitando, assim um papado mais longo para poder imprimir sua marca ao longo de pelo menos duas décadas ou mais, como aconteceu com Leão XIII, cujo  papado foi de 1878 a 1903; ou de Pio XII que governou a Igreja por 19 anos, de 1939 a 1958 ou de João Paulo II, o Papa peregrino, que deixou sua marca ao longo de 27 anos, de 1978 a 2005.
Além da idade, outros fatores pesam na escolha do novo Papa como sua inserção da burocracia do Vaticano; posições teológicas e doutrinárias em relação aos vários temas em debate dentro e fora da  Igreja, incluindo questões éticas, moraes, econômicas, políticas, culturais e inclusive o diálogo inter-religioso.
Nessas e em outras questões existem três correntes dentro da Igreja Católica: a conservadora, a  moderada e a chamada progressista. Esta última mais alinhada com as grandes transformações advindas com o Concílio Vaticano II, que em 2012 completou meio século de convocação, pelo também saudoso Papa João XXIII, que governou a Igreja por apenas 5 anos, de 1958 a 1963.
Dentre os possíveis escolhidos, as apostas recaem sobre Ângelo Scola, arcebispo de Milão, especialista no diálogo entre cristãos e mulçumanos; Ângelo Bagnasco, Arcebispo de Gênova, critico do Governo Berlusconi pela corrupção e pelos desvios éticos, bastante vinculado `a política secular e a mídia, foi duas vezes presidente  da Conferência dos Bispos da Itália; Marc Quellet, canadense e ex-arcebispo de Quebec, é presidente da Congregação dos Bispos do Vaticano, experiente e estudioso das questões da secularização do mundo occidental, muito próximo de Bento XVI em questões teológicas e doutrinárias; Gianfranco Ravasi, elevado a cardeal em 2010, é  presidente do Conselho Cultural  da Santa Sé e um mestre em comunicação, muito familiar com a burocracia do Vaticano; Leonardo Sandri, chefe do Gabinete do Vaticano para as relações da Igreja na Ásia e por muitos anos um diplomata da Santa Sé.
Completando esta lista não podem ser destacados o Cardeal Peter Turkson, de 64 anos, Arcebispo de Cape Coast, em Gana; filho de pai católico e mãe metodista, ex-presidente da Conferência os Bispos de Gana,  elevado a Cardeal em 2003, com 55 anos e Presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, desde 2009.
Caso a escolha recaia sobre Peter Turkson, ou mesmo sobre o Cardeal Francis Arinze (com quase 80 anos) da Nigéria, a Igreja Católica poderá ter o seu Papa Africano e Negro, fato que poderá ser considerado uma grande transformação na postura da Igreja, como foi a escolha de Obama como o primeiro presidenente  negro nos EUA.
JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de Hipernotícias. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


TURISMO E DESENVOLVIMENTO

JUACY DA SILVA

A medida que as pessoas passam a viver mais, principalmente depois que se aposentam e as rendas individual e familiar aumentam, fatores  esses aliados a meios de transporte mais rápidos e eficientes e outras condições  como segurança pública,  recursos humanos mais qualificados  o turismo cresce , em vários países, bem acima das taxas médias de crescimento da economia em geral.

O turismo é um fator importante para o crescimento das diversas regiões e dos países em geral. No caso do turismo interno, na verdade, é como em  uma família, ou seja, a renda acaba sendo transferida de uma parte para outra sem afetar de forma significativa o tamanho do bolo. Mas do ponto de vista local, estadual ou regional passa a ser um fator que dinamiza a economia e cria oportunidades de emprego e de  renda.

Todavia, o turismo internacional é que de fato pode contribuir de forma significativa para o crescimento do PIB de um país pois ao atrair milhões de visitantes a cada ano e criar condiçoes para que esses turistas  decidam ficar mais tempo e voltarem novamente, alguns todos os anos, tal processo contribui para o aporte de bilhões de dólares à economia nacional e também `as economias regionais e locais.

O turismo internacional é um dos setores que mais tem crescido  tanto em termos de número de turistas quanto dos gastos que cada turista realiza nos destinos visitados, além do aumento do tempo de duração que tais turistas ficam nos países visitados.

Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, uma agência especializada  da ONU para  este setor, em 1950  o número de turistas internacionais foi de 25 milhões, em 1980 passou  277 milhões, 1990  para 435 milhões; em 2000  para 675 milhões; em 2010 para 940  milhões; em 2011 para 983 mlhões e em 2012 ultrapassou 1,05  bilhões de pessoas. As projeções indicam que em 2030 serão 1,8 bilhões de turistas viajando pelo mundo afora.

Mesmo em meio `a crise que abate sobre a economia mundial, afetando os países desenvolvidos da Europa, EUA, Canadá e Japão o turismo foi o setor que praticamente não sofreu com a crise e conseguiu crescer em média 3,3% ao ano durante os últimos quatro anos. Em alguns países como a China, India, Turquia, Indonésia, Coréia do Sul e outros tigres asiáticos o ritmo de crescimento foi acima de 5 %  chegando em alguns casos até a mais de 10%  ano ano.

Em 2010 os principais destinos do turismo intenacional foram: a) Europa 51,3%; b) Ásia/pacifico 22,1%; c) Américas 15,9%;  d) África  5,1%; e) Oriente Médio 5,6%.  A América do Sul foi o destino de apenas 2,6% do total de turistas internacionais.

O Brasil, apesar de ser  classificado como o país número um em termos de recursos naturais e estar se preparando para dois grandes eventos esportivos, a Copa da FIFA em 2014 e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016,  continua ruim na foto. No ranking elaborado pelo Forum Econômico Mundial em relação ao turismo nosso país ocupava a 38a  posição em 2008  e caiu para a 40a posição em 2010, ficando em 7a posição no contexto do continente Americano e Caribe.

Quando o ranking  geral é detalhado em relação aos rankings setoriais  podemos ver que ainda estamos muito longe de transformar nosso país em uma potência turistica internacional. No aspecto de segurança pública o Brasil está na 75a posicção, entre o 141 países que integram o relatório da OECD; no aspecto  das políticas públicas e regulação do setor estamos na 114a posição;  na infra-estrutura do turismo em geral nossa posição é 76a; no transporte  terrestre e infra-estrutura rodoviária caimos para 116a; no item preços e custos para os turistas 114a, em recursos humanos ligados ao turismo  ostentamos a 70a. posição e, finalmente, a avaliação do turismo como prioridade nas políticas públicas o Brasil está na 108a posição.

Enfim, apesar dos discursos, dos “planos e programas” dos governos federal, estaudais e municipais,  quando confrontados com essa realidade apresentada por diversos organismos especializados, fica fácil entender porque milhões de turistas escolhem outros países em lugar do Brasil para viajarem e desfutarem dessas oportunidades de lazer e negócios. Será  que nossos governantes não percebem esta realidade? Ou tudo não passa e um grande circo politico?

JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy