UNIÃO DE GIGANTES (1)
JUACY DA SilVA
Ao longo de vários séculos o “centro” do mundo foi a Europa,
a partir da qual diversos países e potências projetaram poder e dominação na
Ásia, África e o continente Americano. Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda,
Itália, Alemanha e Inglaterra em alguns momentos da história estenderam seus
tentáculos sobre suas colônias e territórios de além-mar.
As colônias e territórios eram as fontes de matérias primas e
mão-de-obra escrava que garantiram o desenvolvimento e o “progresso” das
metrópoles. O mundo era dividido entre
colonizadores e colonizados, entre países centrais e periférios, exploradores e
explorados.
Como o fim da segunda Guerra mundial uma nova ordem
geopolítica, estratégica, militar, econômica
e cultural foi criada e em lugar dos países colonialistas europeus surgem duas
novas supeerpotências: EUA e URSS (União
das Repúblicas Socialistas e soviéticas), cada uma com seus satélites. O mundo passou a ser dividido entre
capitalistas e socialistas/comunistas, sob a hegemônia dessas duas novas
dominações.
A crise sino-soviética do início dos anos sessenta contribuiu
para o fim da hegemonia soviética em
relação ao mundo socialista/comunista. Este é , na verdade, o início da
ascensão do novo “império” chinês, que se firmaria de forma definitiva no início da década de oitenta com as
transformações econômicas, de cunho capitalista, ocorridas na China e
aprofundadas nas últimas três décadas.
No final dos anos oitenta a crise que estava latente na URSS
explode e o império soviético se esfacela, cujo símbolo maior foi a queda do
muro de Berlim e a independência dos
vários países-satélites do leste europeu.
Como resultado surge mais uma “nova”
ordem mundial, onde a polarização da Guerra fria passa a ser substituida pela
hegemonia dos EUA nos planos econômico, geopolítico, tecnológico e militar e a afirmação da China como uma
potência econômica e seus desdobramentos em outras áreas.
A crise econômica e
financeira que abalou as estruturas dos vários países capitalistas e emergentes
na Europa, EUA e outras partes do mundo nos anos de 2007 a 2009, ao lado do
crescimento econômico acelerado da China, da Índia, do Brasil e da Rússia
(BRICs), indica que o “centro” do mundo parece que está se deslocando do
Atlântico para o Pacífico e ocenano índico e outras regiões.
Para evitar que este deslocamento ocorra de forma rápida e
inexorável, os antigos e atuais “donos”
do mundo nos últimos três anos têm feito um grande esforço e empenho
para não perderem a primazia em relação aos espços conquistados ao longo dos
tempos. Este esforço está voltado para a criação de uma mega-zona de livre
comércio como forma de contrabalançar o peso dos avanços mencionados que
indicam que este deslocamento está
ocorrendo de forma rápida.
Em seu discurso de posse de segundo mandato e mais
recentemente em sua mensagem sobre o
“Estado da união”, o Presidente Obama delineia este projeto estratégico que
deverá ser levado a cabo pelos Estados Unidos e os países que integram a União
Européia. Vale destacar que já existem vários tratados de livre comércio entre
os EUA e diversos países e também entre a União Européia e varios outros
países. Assim, ao buscar este novo espaço econômico
transatlântico, os EUA facilitarão a consolidação de outros blocos, como o
NAFTA (Tratado entre EUA, Canadá e México) e indiretamente resgatando a força
do G7 e de outras articulações com países asiáticos (ASEAN).
Isto demonstra que os países que integram o BRICs não vão
estabelecer uma nova ordem econômica, geopolítica,
estratégica e militar de forma fácil. Afinal, hegemonia e poder no contexto
internacional não é algo que se ofereça de “mão beiajada” é fruto de um grande
estratégia e muita luta!
Esta reflexão continua nos próximos artigos.
JUACY DA
SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia,
colaborador/articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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