quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


A OUTRA AGENDA DE OBAMA
JUACY DA SILVA

Conforme referido  em artigo anterior, neste início de segundo  mandato, Obama tem duas agendas, a primeira  apresentada quando  de seu discurso ao ser empossado pelo Congresso, onde a maior parte das ações indicadas estão  voltadas para a política interna.

A segunda agenda, que ainda está um tanto oculta, vai sendo  construida aos poucos. Esta é voltada, fundamentalmente, para a política externa e tem dois pilares, um no Departamento de Estado, cujo novo secretário Senador J. Kerry,  candidato democrata derrotado  pelo então presidente George W Bush, que buscava a reeleição em 2004,  acabou de ser aprovado pelo senado na última quarta feira, em substituição a Hillary Clinton, uma  provável candidata a presidente   em 2016.

O outro pilar desta agenda deverá estar no Departamnto de Defesa, onde o indicado por Obama ainda tem que ser sabatinado e aprovado pelo Senado. Apesar de o mesmo ser ex-senador pelo Partido Republicano, parece que a sua confirmação pode enfrentar dificuldades exatamente entre seus ex-pares republicanos.

Ambos, Senadores Kerry e Chuck Hagel, são veteranos da Guerra do Vietnã e construiram suas carreiras politicas combatendo e criticando a referida Guerra. Por isso são considerados como  pacifistas, ou pombos, pelos defensores daquela e de outras guerras, a maioria do partido republicano, denominados de falcões(ou seja mais belicistas).

A diretriz básica de Obama, no caso da política externa, é no sentido de procurar esgotar primeiro todas as alternativas para a resolução pacífica para os atuais e futuros conflitos. Todavia, fez questão de reforçar a idéia de que esta postura não e um recuo e nem capitulação por parte dos EUA, em relação aos possíveis adversários e inimigos. Sempre que necessário se tornar o uso da força bélica como o ultimo recurso para defender, interna e externamente, os objetivos  vitais e os interesses nacionais  dos EUA, tal postura jamais será descartada.

Com  certeza esta agenda deverá  ser detalhada após as posses desses dois novos secretários e  por ocasião do discurso de Obama quando de sua apresentação sobre o “Estado da União’, onde deverá  fazer um balanço da caminhada realizada durante seu primeiro mandato e as linhas mestras do que serão os próximos anos.

A partir daí  esta agenda passa a estar articulada com a anterior e com  certeza será a consolidação  da  NOVA DOUTRINA OBAMA, com projeções para além de seu segundo mandato, marcando o posicionamento americano quanto aos principais desafios, conflitos e oportunidades no atual e futuro cenário geopolítico e estratégico mundial.

Os principais conflitos,  atualmente existentes ou potencialmente  como prováveis ameaças futuras  estão relacionados com a instabilidade política no Oriente Médio, Norte da África,  a questão nuclear envolvendo o iran e a Coréia do Norte; as disputas territorias envolvendo a China e vários de seus  vizinhos, a maioria dos quais parceiros ou aliados antigos dos EUA, o ‘renascimento’ do “ expansionismo” russo, a crise européia,  os investimentos militares da China, Índia,Rússia e outros países, o terrorismo, a criminalidade transnacional, onde o tráfico de  drogas, de armas, de pessoas, a corrupção,  a pobreza extrema em vários países,  as mudanças climáticas, o impacto das imigrações interncionais, a  defesa dos direitos humanos são alguns dos eixos   importantes  para o balizamento  desta nova doutrina.

Dependendo das estratégias a serem usadas para a implementação  desta agenda, Obama poderá ser lembrado  como o presidente que evitou  que o mundo continue mergulhado em conflitos localizados e, ao mesmo tempo,  como o timoneiro para a recuperaçao do prestígio e da hegemonia americana nesta segunda década do século XXI.

JUACY DA SIVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


TRANSFORMAÇÕES TECNOLÓGICAS E O FUTURO

JUACY DA SILVA
Na terça feira, 22 de janeiro corrente (2013), em meio as várias matérias sobre a posse de Obama,  li no The Wall Street Journal uma reportagem  bem   interessante e instigante, incluindo uma entrevista com Peter Diamandis, Chairman e Diretor Executivo da X  Prize Foundation  e dados de uma pesquisa recente com  altos executivos de 500 grandes corporações aqui nos EUA,feita pela IESE Business School, sobre o limiar e os novos patamares de transformações tecnológicas e os impactos dos/as mesmos na economia, no governo e na sociedade no mundo todo.
O primeiro aspecto destacado é a velocidade das transformações tecnológicas,ou seja  cada vez mais as atuais tecnologias estão entrando em estado de obsolescência de forma mais rápido. Só para se ter uma idéia, o volume de dados estocados e transferidos diariamente pelo mundo afora tem crescido e continuará crescendo em  uma dimensão jamais vista ou imaginada. Em 2012 esses dados correspondiam a 2,84 milhões de pentabytes,  este volume passará para 6,12 milhões em 2014; 10,87 em 2016; 21,61 em 2018 e 40,03 em 2020.
O número de usuários de internet, cada vez mais em sistemas de alta velocidade, deverá passar de dois bilhões de pessoas em 2010, para cinco bilhões em 2020. Esses três novos bilhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento, com destaque para os integrantes dos BRICs, terão níveis educacionais e de saúde cada vez melhores. Os países que não investirem nesta área estarão fadados a ficar fora dos circuitos da sociedade pos-moderna, onde o conhecimento e a tecnologia serão as grandes “commodities”, cada vez mais valorizadas.
A relação entre valores de unidades das commodities tradicionais como alimentos, materias-primas,  minérios, produtos florestais será cada vez mais defasada,ou seja se hoje uma unidade de soja, digamos uma tonelada pode comprar uma determinada unidade de tecnologia, dentro de uma década serão necessárias quatro ou cinco vezes mais unidades traicionais para serem trocadas por unidades tecnológicas ou de conhecimento.
Os países estarão dividdos entre produtores de conhecimeno e de tecnologia e países que perderem o bonde da história e serão apenas usuários desses novos bens e serviços. Um aspecto  fundamental nesta corrida contra o tempo e rumo ao futuro são os investimentos e a qualidade da educacão. Países que deixarem de investir em educaçao de qualidade que  possa levar ao desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias estarão na periferia mundial.  O desafio atual é estabelecer prioridades estratégicas, por exemplo, entre premiar a competência ou certas formas demagógicas que os governantes são tentados a estabelecer, entre usar os recursos públicos em políticas assistencias ou investir em uma verdadeira revoluçao  educacional e tecnológica.
As oito grandes áreas onde os desafios quanto ao futuro devem ocorrer são: 1) Biotecnologia; 2) sistemas decomputação cada vez mais sofisticados, poderosos e  rápidos; 3) sistemas de redes e segurança  das informações; 4) inteligência artificial; 5) robótica; 6)manufaturamento digitalizado transnacional com presença de 3G cada vez  mais; 7)medicina tecnológica, articulado em nível  intercontinental,  diagnósticos, imagens, nformatização e gestão de grandes sistemas e unidades des saúde; 8)nanotecnoligia e novas modelações tecnológicas , novas baterias e novos materiais.
Além  disso estarão presentes alguns grandes desafios tanto ao nível empresarial quanto governamental e societário, entre os quais são ressaltados: a) gestão tecnológica  integrada e com  maior eficiência; b) governança electrônica com mais eficência e transparência por parte dos entes públicos e grandes corporações, principalmente as transnacionais; c) cidadania cibernética, possibilitando as pessoas participarem e fiscalizarem  mais os governos e grandes corporações; d) segurança cibernética, cada vez mais complexa e mais vulnerável  a ataques terroristas ou de grupos que tenham interesse em desestabilizar  governos e sociedades.
Creio que cabe `as universidadess e aos pesquisadores, enfim, pessoas e entidades públicas ou privadas  voltarem um pouco mais as suas atenções para esses desafios e possibilidades, antes que o futuro chegue e continuemos, como no caso do Brasil, a ser apenas o país do futuro enquanto outros estarão cada vez mais `a frente.  Esta é uma funcão do pesamento estrategico, pouco presente  em alguns países, incluindo o Brasil.
JUACY DASILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador do Site Hipernoticias. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

OS DESAFIOS DO ENVELHECIMENTO
JUACY DA SILVA
O envelhecimento é um processo que afeta diretamente as pessoas e, neste sentido, é uma realidade individual. No entanto, tem repercussões e está intimamente associado com outros aspectos como familiar, comunitário, societário e também no plano nacional e mundial.
Graças ao avanço do conhecimento científico e tecnológico, nas últimas cinco ou seis décadas décadas,  o mundo assiste a uma verdadeira revolução demográfica, alterando profundamente a estrutura etária da população, tanto nos países desenvolvidos quanto nos sub-desenvolvidos ou em processo de desenvolvimento.
A melhoria das condições de saúde e de higidez da população, reflexo do surgimento de vacinas, novos medicamentos, novos aparelhos, a possibilidade de diagnósticos mais precisos têm possibilitado reduzir os índices de mortalidade em todas as faixas etárias, inclusive enfrentando as doenças  crônicas e degenerativas que afetam de forma insidiosa as pessoas idosas.
De forma semelhante, a melhoria que vem  ocorrendo nas áreas da educação, do saneamento, da medicina preventiva, da nutrição e na mudança de hábitos como o combate ao tabagismo, ao alcoolismo, ao sedentarismo,`as doenças sexualmente  transmissíveis, alimentação mais saudável também têm contribuido para este processo de envelhecimento da populaçao. Com raras excessões, as pessoas estão vivendo mais e com melhores condições de vida. A redução da violência, que ainda é extremamente elevada em alguns países, inclusive no Brasil, tem impedido que a expectative de vida da população aumente ainda mais.
O aumento da expectativa de vida ao nascer tem contribuido para uma longevidade cada vez maior. A participação relativa dos grupos com 60 ou mais anos de idade no contexto global da população mundial e também nos diversos países tem aumentado de forma expressiva.
Em nível mundial em 1950 o contingente populacional com 60 ou mais anos de idade representava apenas 8% da populaçao mundial e totalizava 200 milhões de pessoas. Em 2011 este contingente passou para 11% e totaliza 760 milhões de habitantes. As projeções indicam que em 2050 serão 22% e nada menos do que 2,1 bilhões de pessoas.
Este processo tem avançado de forma mais efetiva nos países desenvolvidos. Em 1950 esta parcela representava 12% ; em 2011 era de 22%  e em 2050 será de 32%. Nos países sub-desenvolvidos o panorama ainda não atinge o mesmo nível: 1950 era de 6%; em 2011 chegava a 9% e em 2050 será de 20%. Todavia, como as projeções indicam que em 2050 a população dos países, hoje tidos como subdesenvolvidos,  representarão em torno de 72% da população mundial , que será superior a nove bilhões de habitantes,  haverá 1,6 bilhões de habitantes com mais de 60 anos.
Varias organizações internacionais como a ONU e suas agências especializadas como Organização Mundial de Saúde e suas respectivas representaçoes regionais, a  FAO,  o Fundo das Nações Unidas para a população, o Banco Mundial, a OECD, governos nacionais e instituições de pesquisas têm desenvolvido inúmeros estudos sobre este tema.
Tais estudos representam de  um lado um alerta a todos os governaos nacionais quanto aos desafios que o envelhecimento da população representa para o processo de desenvolvimento, o crescimento econômico, o Mercado de trabalho, o consumo, para os sistemas de saúde, de previdência e assistência social, para a educação, a mobilidade das pessoas e assim por diante.
De outro lado, tais estudos também oferecem as bases para que os governos nacionais e também internamente em cada pais os demais níveis como estados/provincias e as municipalidades possam  definir políticas públicas voltadas para o atendimento deste segmento demográfico que tem crescido e deverá crescer bem mais do que a média do crescimento populacional em geral de das demais faixas etárias.
Voltaremos a este tema oportunamente com outras reflexões e dados  estatísticos que permitem analisar mais os desdobramentos que o mesmo comporta.
JUACY DA SILVA, professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de Hipernotícias. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy  Blog www.professorjuacy.zip.net
 
COMO SERÁ O MUNDO EM 2030?
JUACY DA SILVA
Na última semana o CONSELHO NACIONAL DE INTELIGÊNCIA dos Estados Unidos, organismo do mais alto nível de assessoramento e integração das diversas agências de inteligência do país publicou sua mais recente versão de um estudo de acompanhamento e construção de cenários globais que vem sendo feito desde 1996 – 1997, sempre com um horizonte de 15 a 20 anos.
O Estudo de 160 páginas, denominado de “Global trends 2030 – Alternative worlds” , traduzido significa “Transformações globais 2030 – mundos alternativos” é um esforço para perscrutar o futuro a partir de um processo de construção de cenários, ouvindo ou tendo a participação de diversos organismos de inteligência, de estudos e pesquisas, em diversos estados ou mesmo for a do país, universidades e os chamados “experts”  ou especialistas em pensamento estratégico.
Na construção dos diversos cenários foram destacados quatro “megatrends”  e  também as principais mudanças no jogo do poder mundial e as grandes transformações ou macro-tendências. Foi ressaltado que este estudo visa subisidiar tomadas de decisão buscando estimular os fatores e variáveis que levem a concretização de cenários favoráveis e evitar que cenários desfavoráveis ou catastróficos acabem por aumentar os conflitos ou caos nos diversos países e na comunidade internacional.
As quatro grandes transformações (megatrends) são: a) empoderamento individual, com a redução dos níveis de pobreza e a expansão acelerada da classe média em praticamente todos os países. Em 2012 a classe media mundial é representada por aproximadamente um bilhão de pessoas, sendo que dessas 330 milhões estão na Europa, Estados Unidos e Japão. Em 2050 este segmento  deverá ser de 2 bilhões ou até 2,5  bilhões de pessoas, sendo 679 milhões nos países mencionados e o restante (2/3 ) nos países atualmente considerados sub-desenvolvidos ou em desenvolvimento, principalmente os integrantes dos BRIC (China, India, Brasil) e outros mais como Indonésia, Nigéria.
A segunda grande transformação é o que é chamada de difusão do poder mundial. Em lugar de hegemonia de um país como ocorre atualmente em relação aos EUA , o poder mundial deverá estar diluido entre outras potências como China, India, Brasil e outros países. A discussão sobre o declínio do poder tanto dos EUA quanto da Europa destaca a idéia dos pactos regionais, dos acordos e também a reorganização das instituições internacionais  ou regionais como ONU e outras mais.
O crescimento do PIB em alguns países, principalmente a China e Índia, deve estimular maiores investimentos em ciência e tecnologia e também maiores gastos com as forças armadas e área de defesa, incluindo aeroespacial,biotecnologia e outras áreas estratégicas.
A terceira grande transformação já está ocorrendo mas deve ser aprofundada é a chamada revolução demográfica, onde o envelhecimento da população e as migrações internas e internacionais estabelecerão um novo perfil demográfico em diversos países. O mundo será cada vez mais urbano, menos pobre e mais afluente, com padrões de vida e de consumo bem superiores ao que são encontrados atualmente nos países desenolvidos. A população mundial passará de 7,1 bilhões de pessoas em 2012 para 8,3 bilhões em 2030.
A quarta grande mudança (megatrends)  será o aumento da demanda por bens imprescindiveis para a sobrevivência da humanidade como os alimentos (35%), da água (40%) e energia (40%),decorrentes do aumento global da população, da expansão da classe média e pela adoção de padrões de consumo mais elevados. O grande fator de imponderabilidade em relação ao comportamento dessas variáveis serão as mudanças climáticas. Tanto o aumento da demanda pode interferer com as mudanças climáticas quanto essas podem limitar a produção e ofertas desses bens, gerando abundância ou crises gerais ou localizadas. O estudo indica que os EUA alcançarão a independência/auto-suficiência energética antes de 2030 e isto poderá alterar profundamente sua presença no cenário internacional.
Voltarei a este tema oportunamente.
JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta. Email professorjuacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.zip.net  Twittr@profjuacy
ENVELHECIMENTO E POBREZA (1)
JUACY DA SILVA
O envelhecimento pode ser analisado a partir de duas perspectivas: a individual e a coletiva. Quando tomamos a dimensão individual percebemos este fato cada vez mais próximo ou seja,  cada vez mais um maior número de famílias passam a conviver com alguém que está chegando e ultrapassando em muito a idade considerada como definidora do grupo idoso (60 anos em alguns países, 65 em outros e até mesmo 70 em alguns países, onde a longevidade já se aproxima ou ultrapassa o centenário).
Na perspectiva individual o emvelhecimento ou a longevidade e os cuidados decorrentes , incluindo cuidados com saúde, mobilidade, alimentação e outros mais são de responsabilidade direta do idoso ou quando muito de sua família. Em passado não muito distante os poderes públicos praticamente não voltavam suas atenções para esta faixa populacional, tanto por ser um grupo ainda pouco representativo no conjunto da população quanto pelo fato de que as familias eram as grandes e praticamente únicas responsáveis por cuidar dos idosos até o final da vida. Se a família dispunha de recursos financeiros e patrimoniais isto não impunha um grande sacrifício, mas para as famílias pobres ou miseráveis isto era e continua sendo um verdadeiro drama humano.
As excessões eram as entidades religiosas ou caritativas que se dispunham a criar “abrigos” onde as pessoas pobres cujas famílias não dispunham de renda para cuidar de seus idosos e assim este contingente populacional acabava ficando sob a responsabilidade da caridade  privada e filantrópica, ante a ausência ou omissão do Estado.
A segunda perspectiva é a coletiva, ou seja, perceber que o contingente de idosos tem aumentado no mundo todo, em todos os países, graças `a transição demográfica, `a melhoria da qualidade de vida, mesmo que a pobreza e a miséria ainda estejam presentes de forma aviltante em diversos países, inclusive no Brasil. Este aumento tanto em termos absolutos (número total de pessoas  com 65 anos e mais) quanto relativo (percentual de idosos no total da população e em relação aos dois grupos que demandam atenção e políticas públicas por parte do Estado: a)população com menos de 15 anos e, b) população em idade produtiva, entre 15 e 64 anos.
Só para se ter uma idéia, os países da Europa,  Estados Unidos,  Japão e alguns outros precisaram mais de cem anos para que a população idosa dos mesmos aumentasse de 7%  para 14%. Enquanto isto, no Brasil, esta alteração radical na estrutura demográfica vai ocorrer em apenas 20 anos, entre 2011 (idosos representam 7% da população total) e 2031, quando este grupo representará 14%.  Em termos absolutos o crescimento também é acelerado, de 20 milhões de pessoas em 2010 para 65 milhões em 2050.
Tendo essas duas perspectivas como foco de análise, é necessário também inserir outras variáveis para uma melhor compreensão da questão e possibilitar a definição de políticas públicas, ações por parte do Estado e mudanças de paradígmas em relação  ao que é necessário realizar no futuro, a partir do presente, antes que os problemas apareçam com toda a sua gravidade e complexidade.
Quando o processo de envelhecimento ocorreu na Europa e outros países desenvolvidos esses países já  haviam conquistado um nível de vida bem melhor do que acontece com os atuais países sub-desenvolvidos. Os níveis de pobreza, de concentração de renda, de riqueza e oportunidades eram completamente diferentes  do que atualmente acontece nos países sub-desenvolvidos ou emergentes, onde o Brasil está inserido.
Outro aspecto é que o processo de envelhecimento não altera a composição de classes de uma sociedade, nem os níveis de exclusão social, econômica, política e cultural; ou seja, se na basse da pirâmide social um país tem um elevado nível de pobreza e miséria, com toda a certeza as pessoas ao envelhecerem e passarem a condição de idosas carregarão consigo as dificuldades de sobrevivência e demandarão muito mais recursos, os quais só poderão ser supridos pelos poderes públicos.
Em uma próxima oportunidade abordarei outras questões como o impacto das transferências da previdência e das políticas compensatórias no combate e redução dos índices de pobreza e as perspectivas futuras desses impactos em relação ao processo de envelhecimento da população brasileira.
JUACY DA SILVA, professor universitário,  fundador e titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia Blog www.professorjuacy.zip.net E-mail professorjuacy@yahoo.com.br  Twitter@profjuacy
 
OS DESAFIOS DO ENVELHECIMENTO
JUACY DA SILVA
O envelhecimento é um processo que afeta diretamente as pessoas e, neste sentido, é uma realidade individual. No entanto, tem repercussões e está intimamente associado com outros aspectos como familiar, comunitário, societário e também no plano nacional e mundial.
Graças ao avanço do conhecimento científico e tecnológico, nas últimas cinco ou seis décadas décadas,  o mundo assiste a uma verdadeira revolução demográfica, alterando profundamente a estrutura etária da população, tanto nos países desenvolvidos quanto nos sub-desenvolvidos ou em processo de desenvolvimento.
A melhoria das condições de saúde e de higidez da população, reflexo do surgimento de vacinas, novos medicamentos, novos aparelhos, a possibilidade de diagnósticos mais precisos têm possibilitado reduzir os índices de mortalidade em todas as faixas etárias, inclusive enfrentando as doenças  crônicas e degenerativas que afetam de forma insidiosa as pessoas idosas.
De forma semelhante, a melhoria que vem  ocorrendo nas áreas da educação, do saneamento, da medicina preventiva, da nutrição e na mudança de hábitos como o combate ao tabagismo, ao alcoolismo, ao sedentarismo,`as doenças sexualmente  transmissíveis, alimentação mais saudável também têm contribuido para este processo de envelhecimento da populaçao. Com raras excessões, as pessoas estão vivendo mais e com melhores condições de vida. A redução da violência, que ainda é extremamente elevada em alguns países, inclusive no Brasil, tem impedido que a expectative de vida da população aumente ainda mais.
O aumento da expectativa de vida ao nascer tem contribuido para uma longevidade cada vez maior. A participação relativa dos grupos com 60 ou mais anos de idade no contexto global da população mundial e também nos diversos países tem aumentado de forma expressiva.
Em nível mundial em 1950 o contingente populacional com 60 ou mais anos de idade representava apenas 8% da populaçao mundial e totalizava 200 milhões de pessoas. Em 2011 este contingente passou para 11% e totaliza 760 milhões de habitantes. As projeções indicam que em 2050 serão 22% e nada menos do que 2,1 bilhões de pessoas.
Este processo tem avançado de forma mais efetiva nos países desenvolvidos. Em 1950 esta parcela representava 12% ; em 2011 era de 22%  e em 2050 será de 32%. Nos países sub-desenvolvidos o panorama ainda não atinge o mesmo nível: 1950 era de 6%; em 2011 chegava a 9% e em 2050 será de 20%. Todavia, como as projeções indicam que em 2050 a população dos países, hoje tidos como subdesenvolvidos,  representarão em torno de 72% da população mundial , que será superior a nove bilhões de habitantes,  haverá 1,6 bilhões de habitantes com mais de 60 anos.
Varias organizações internacionais como a ONU e suas agências especializadas como Organização Mundial de Saúde e suas respectivas representaçoes regionais, a  FAO,  o Fundo das Nações Unidas para a população, o Banco Mundial, a OECD, governos nacionais e instituições de pesquisas têm desenvolvido inúmeros estudos sobre este tema.
Tais estudos representam de  um lado um alerta a todos os governaos nacionais quanto aos desafios que o envelhecimento da população representa para o processo de desenvolvimento, o crescimento econômico, o Mercado de trabalho, o consumo, para os sistemas de saúde, de previdência e assistência social, para a educação, a mobilidade das pessoas e assim por diante.
De outro lado, tais estudos também oferecem as bases para que os governos nacionais e também internamente em cada pais os demais níveis como estados/provincias e as municipalidades possam  definir políticas públicas voltadas para o atendimento deste segmento demográfico que tem crescido e deverá crescer bem mais do que a média do crescimento populacional em geral de das demais faixas etárias.
Voltaremos a este tema oportunamente com outras reflexões e dados  estatísticos que permitem analisar mais os desdobramentos que o mesmo comporta.
JUACY DA SILVA, professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de Hipernotícias. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy  Blog www.professorjuacy.zip.net
 
GESTÃO PÚBLICA E VIOLÊNCIA
JUACY DA SILVA
Um dos problemas mais sérios e que afetam profundamente a população brasileira é a onda de insegurança, de medo e de violência que campeia abertamente e que a cada ano vem aumentando. Pesquisas recentes realizadas por diversas organizações não governamentais e instituições de pesquisas indicam que 80% dos brasileiros tem muito medo de serem assassinados.
De acordo com o Instituto Sangari, que há mais de 30 anos elabora e divulga “O Mapa da violência no Brasil” em 2012 foram assassinadas 49.932 pessoas em nosso país. Os índices de homicídios (por cem mil habitantes) e o número total de assassinatos vem aumentando desde 1980.
Entre 1980 e 2010 ocorreram 1.091.125 homicídios, ou seja, mais de UM MILHÃO de pessoas perderam a vida de forma extrremamente trágica, é como se neste periodo tivessem caido 5.456 aviões com duzentas pessoas a bordo e ninguém houvesse escapado com vida. Quando cai um avião com 200 pessoas é uma tragédia, mas quando são assassinadas 50 mil pessoas a cada ano, parece que isto virou rotina.
No Governo Figueiredo, início da década de oitenta o número médio de assassinatos por ano foi de 20.319; no Governo Sarney passou para 25.534; durante o periodo Collor/Itamar foi de 30.535, na era FHC pulou para 38.049, culminando no Governo Lula com 46.016, podendo ser esperado novo record durante o Governo Dilma, quando esta média deverá ser superior a 50 mil por ano, a continuar esta tendência e forma pouco eficiente de gestão.
Duas notícias desta semana veiculadas no Site Contas Abertas, de autoria de Dyelle Menezes, destacam que o Governo Dilma deixou de investir R$1,5 bilhões constantes do orçamento de 2012 em segurança pública e que os gastos efetivamente realizados no ano passado foram de apenas 23,8% do orçamento do setor.
A outra notícia destaca que o Fundo Antidrogas, gerido pela Secrataria Nacional de Políticas sobre drogas, do Ministério da Justiça só aplicou 7% dos recursos orcamentários aprovados. E que durante os anos de 2004 a 2012, no Governo Lula/Dilma, apesar de terem sido aprovados R$590,6 milhões para ações relacionadas com o combate `as drogas, o montante utilizado pelo governo foi de apenas R$143,1 milhões ou seja, 24,2%.
Enquanto isto, existem no Brasil em torno de 2,8 milhões de usuários de cocaina, crack e outras drogas ilícitas. O Brasil só perde para os EUA em número de usuários de drogas ilícitas, onde 4,1 milhões de pessoas são dominadas pelo vício.
Outro dado preocupante, para a população, já que para os governantes e gestores públicos parecem que esses problemas não existem tamanha é a omissão e conivência com a violência que dominada nossa sociedade, é o déficit de vagas no sistema prisional brasileiro. O Brasil tem a quarta maior população carcerária do planeta, 540 mil presos (afora mais de 100 mil que deveriam estar cumprindo penas), atraz dos EUA (2,2 milhões), China 1,6 milhões e Rússia com 740 mil detentos.
Entre 2001 (final do Governo FHC) e 2012 (Governo Lula/Dilma), o FUNPEN – Fundo Nacional Penitenciário, teve um orçamento de R$2,9 bilhões, mas o Governo Federal só conseguiu utilizar (gastar/investir) R$1,8 bilhões; deixando de usar a “bagatela” de R$1,1 bilhões de reais. O deficit no sistema prisional brasileiro é de 208 mil vagas. Cada nova vaga custa aos cofres públicos R$20.000,00 , ou seja, só o que o governo deixou de utilizar por imcompetência poderiam ser criadas mais 55 mil vagas, ou seja, o déficit do sistema penitenciário poderia ter sido reduzido em 26,4% e parte do problema da superlotação dos presidios e suas consequências poderiam ter sido minoradas.
Como se vê, boa parte ou talvez amaior parte da responsabiidade pela escalada da violência e do barril de pólvora que os presidios representam, além da situaçãoo vergonhosa e calamitosa como a existência das cacrolândias a céu aberto e em quase todas as esquinas do país, bem como a ação livre dos traficantes, decorrem da ineficiência da gestão pública, tanto na área da segurança, quanto em várias outras áreas da administração pública de nosso país.
Dinheiro e orçameno existem, basta ver o volume da arrecadação de tributos e os orcamentos públicos. Falta mesmo é competência e vontade política por parte de nossos governantes. Até quando o povo vai pagar impostos e ser relegado ao abandono?
JUACY DA SIVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta.Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter @profjuacy

VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

 
JUACY DA SILVA

O Brasil é o segundo país no mundo em taxas de mortes po acidentes  com motociclistas, so perdendo para o Paraguai. É também o quinto em total de mortes em acidentes de trânsito, com 40.610  fatalidades em 2010,ficando atraz da Índia, da China (ambos com mais de 1,3 bilhões de habitantes enquanto o Brasil tinha apenas 190 milhões), dos EUA (que também tinha 311 milhões de habitantes  e da Rússia. Entre esses países, o Brasil ostenta a segunda maior taxa de mortalidade por acidentes de trânsito 21,4 por 100 mil habitantes.

Essas taxas variam por regiões e por faixas etárias das vítimas.  A maior taxa é a de idosos/as, com 27,4 por cem mil habitantes, de 26,7na faixa de 20 a 39 anos e de 24,0 na faixa de 40  a 59 anos. O Centro-Oeste possui a maior taxa nacional de 29,0 por 100 mil habitantes.

Em Mato Grosso também a violência no trânsito tem deixado seu rastro de forma triste. Entre 2002 e 2010  foram 7.331 mortes no trânsito, um aumento de 27,3%  das fatalidades no periodo, com um elevado custo social, econômico e financeiro tanto para as instituições públicas quanto para as famílias das  vítimas.

Segundo declarações do Ministro da saúde o SUS registrou 145 mil internações com acidentados  no trânsito em 2010, ao custo de 190 milhões de reais. Esses custos para o SUS no periodo de 2002 a 2010 devem ser superiores a 1,3 bilhões de reais, sem considerar os custos diretos e indiretos com as mortes e invalidez,  custos esses que são mais de 27 bilhões no mesmo periodo.

No periodo de 2002 a 2010  o  Brasil registrou 327.512 mortes em acidentes de trânsito, sendo que dessas 62.571 foram de motociclistas. No mesmo periodo  o número de mortes por acidentes de trânsito aumentou em 24,0%,  enquanto as fatalidades atingindo motociclistas aumentaram em 170,7%, passando de 3.744 mortes em 2002 para 10.134 mortes em 2010.

Comparado com outros países, principalmente os integrantes do G-20, do qual o Brasil também participa,  ocupamos a segunda  posição em termos de violência no trânsito.  Enquanto nossa taxa de morte por acidentes de trânsito é de 21,4 por 100 mil habitantes, no Japão (que possui uma frota de veiculo mais do que o dobro da nossa) é de 4,72; na Alemanha 5,45 ; na Franca 6,8; nos EUA (cuja frota de veículo é cinco vezes maior) é de 12  por cem mil habitantes.

O “interessante” é que nesses países, onde as taxas de mortes em acidentes de trânsito já são  consideradas bem baixas, quando comparadas  com o Brasil, assim mesmo os índices de fatalidades nesta categoria nos últimos cinco anos cairam bastante. Na Itália a redução  foi de 46%; naa França de 44%  e na Alemanha de 45%  enquanto no Brasil houve  aumento de 14,1%. No geral e 69,3% nas  fataiidades envolvendo motociclistas.

Estimativas de  entidades que estudam e acompanham a violência no trânsito no Brasil indicam que em 2012 a cada hora cinco pessoas morreram em acidentes de trânsito em nosso país, isto significa mais de 43 mil pessoas, indicando que a escalada deste tipo de violência continua de forma acelerada, apesar das promessas de ações do governo.

As principais causas dos acidentes e das fatalidades  no trânsito no Brasil, ou a chamada violência no trânsito são: a) uso e abuso de álcool; b) imprudência e impericia dos condutores; c) mau estado de conservação dos veículos; d) mau  estado de conservação das vias, e) falta de cumprimento das leis de trânsito , falta de fiscalização, impunidade em geral e, finalmente, f)  legislação branda demais, favorecendo os assassinos do volante.

Nem  precisa dizer que o grande responsivel   por esta carnificina é o  Poder Público,  pela omissão, conivência com práticas criiminosas e pela corrupção que domina vários setores responsáveis pela gestão do trânsito e transporte em nosso país. Enquanto isto,  dezenas de milhares de pessoas perdem as vidas ou ficam com sequelas ou deficiências para o resto da vida. Isto é o Brasil dos belos discursos oficias!

JUACY DA SILVA,professor universitário UFMT, mestre em sociologia, colaborador de Hipernoticias. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Twitter@profjuacy Blogs http://professorjuacy.blogspot.com/  http://www.justicasolidariedade.blogspot.com/  http://www.justicaesolidariedade.blogspot.com/