TABAGISMO TAMBÉM MATA
JUACY DA SILVA
Todos os países, em maior
ou menor grau, convivem com diferentes niveis e tipos de violência e, não por
acaso, os meios de comunicação desempenham um papel fundamental, seja em termos
de análise desta triste realidade ou na forma de estardalhaços ao noticiar a
violência.
Na forma espalhafatosa ou
com estardalhaço, no caso, por exemplo do Brasil, existem veiculos impressos
que as pessoas costumam dizer “este ou aquele jornal, se expremer sai sangue”,
ou seja, as noticias estampam fotos de cadáveres, pessoas mutildadas e outras
fotografias que chocam a opinião pública e, ao veicular por dias seguidos as
mesmas noticias acabam levando o pânico a população.
Com o advento da
televisão e mais recentemente com a internet e as redes sociais esta forma , um
tanto distorcida, podemos dizer, de informação ou divulgação ganhou mais
velocidade e atinge em poucos minutos milhões de pessoas. Não é por acaso que programas televisivos que
fazem da divulgação da violência seu
carro chefe acabam transformando seus apresentadores em verdadeiros âncoras, os
ou as quais, com grande frequência se tornam figuras publicas e tem nesses
programas uma plataforma para alçar voos politicos e um acesso direto ao poder.
Com certeza que os
índices de violência no Brasil são
terríveis e estão crescendo ano após ano, tendo chegado e mais de 62 mil
em 2016 e com certeza deverão ultrapassar de 70 mil assassinatos neste ano de
2018. O mesmo se pode dizer das mortes no trânsito, que, pela sua evolução, se
nada ou pouco for feito pelos nossos governantes, dentro de poucos anos deverá
superar o número de assassinatos.
Todavia, existem outras
formas crueis e também terriveis de mortes que pouca ou quase nenhuma atenção
recebe por parte dos meios de comunicação. Neste ról podemos incluir as mortes
decorrentes do alcoolismo e do tabagismo, drogas, cuja comercialização é
legalizada na maioria dos países, incluindo o Brasil, onde o governo passa a
ser sócio desta tragédia humana `a medida que tais drogas podem ser vendidas e
compradas livremente, com poucas restrições, as quais também são burladas sem
que os poderes públicos exerçam seu
papel de policia. Ao arrecadar impostos que incidem sobre tabaco e álcool, o
governo se torna sócio da mortalidade decorrente das mesmas.
No mundo, segundo dados
recentes do Organização Mundial da Saúde (OMS),
o tabagismo mata mais de 7 milhões de fumantes e mais 900 mil de
fumantes passivos a cada ano, principalmente
familiares e trabalhadores que convivem com fumantes ao longo da vida,
as vezes desde criancas.
No Brasil em 2015
ocorreram 256,2 mil mortes doencas decorrentes do tabagismo, principalmente
doencas cárdiovasculares, de cancer de pulmao, respiratórias e outras mais.
Convenhamos este numero
de mortes é varias vezes o total de mortes em guerras e conflitos armados e
assassinatos que ocorrem no mundo a cada ano. Mas esta realidade praticamente
não recebe a mesma cobertura dos meios de comunicação e nem entra na pauta ou
agenda das autoridades, passando a ser apenas um drama pessoal ou familiar,
jamais uma prioridade na definição de politicas publicas.
Só para se ter uma idéia
da gravidade do tabagismo, dados tanto da OMS quanto do Instituto Nacional do Câncer (INCA), quanto
de diversas outras instituicoes de pesquisas e de saúde publica, como a
Fundação Oswaldo Cruz e outras de ambito
internacional, indicam que 90% dos casos de cancer de pulmão decorrem do
tabagismo e que a cada ano mais de 3 milhões de pessoas morrem no mundo em
decorrencia de doencas cardiovasculares decorrentes do tabagismo.
Deste total, em 2015 no
Brasil mais de 50.700 mil pessoas que
morreram em decorrencia de doencas cardiovasculares eram fumantes ou seja, o
tabagismo foi o fator determinante dessas mortes. Estima-se que o tabagismo
será responsável por mais de 3.7 milhões de mortes em doencas cardiovasculares
e no Brasil este numero devera ser superior a 68.250 mortes, de um total de 350
mil mortes por doencas cardiovasculares.
A taxa de mortalidade por
tabagismo entre homens no Brasil é de 83,0% e entre as mulhres de 64,8%.
Cabendo aqui uma ressalva ou um destaque, mesmo com a queda do numero de
fumantes o numero de pessoas que contraem doencas graves deocrrentes do
tabagismo continuam sendo um peso muito grande tanto para os sistemas publico
quanto privado de saúde e também para a sociedade, cujos custos vão mais além e
incluem tratamentos caros, mortes, afastamento do trabalho, queda na
produtividade do trabalho e da economia.
Em um próximo artigo,
tentarei destacar as consequências do alcoolismo, uma doenca mental, como o
tabagismo, que também mata muito mais do que a violência do dia a dia que tanto
aterroriza a população brasileira. Estamos vivendo em meio a um verdadeiro
genocídio, com sérias consequências para as pessoas, as familias, os países e o
mundo em geral.
Apesar desta triste
realidade, muita gente imagina que basta legalizar as drogas e o problema estará
resolvido. Basta refletirmos para o caso do tabagismo, do alcoolismo e das
drogas “controladas” que a cada ano faz mais vitimas, muito mais do que todas
as drogas consideradas ilegais e que estejam relacionados com o crime
organizado. O problema é mais complexo e merece uma analise mais profunda e
menos passional ou meros discursos eleitoreiros.
Se legalizar a venda de
drogas fosse a solução, não haveria esta tragédia decorrente do tabagismo e do
alcoolismo.
JUACY DA SILVA, professor universitario, aposentado UFMT, mestre
em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunição.
Email professor.juacy@yahoo.com.br
Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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