QUAL O FUTURO QUE NOS
AGUARDA?
JUACY DA SILVA
Passadas
as eleições, enquanto a “midia” e as forças conservadoras tentam direcionar a
opinião pública para a questão da formação da equipe do futuro presidente, o
novo formato da máquina administrativa federal; precisamos acompanhar mais de
perto quais as propostas que devem, de fato, serem apresentadas `a população e
quais os temas que deverão constar da agenda politica, econômica, social e
cultural do novo governo a partir de 2019.
Em
que pese que a justiça eleitoral exige que os candidatos aos cargos de
Governador e de Presidente da República apresentem e registrem seus “planos de
governo”, a maior parte desses planos não passa de meras cartas de intenção e
não aprofundam os temas que realmente devem ser definidos como prioridade dos
novos governos a partir do próximo ano, muitos candidatos escondem suas
verdadeiras agendas e acabam apresentando verdadeiras bombas após tomarem
posse, como foi o caso do confisco dos depósitos bancários feitos por Collor de
Mello.
No
caso de Bolsonaro, presidente eleito, ;parece que o mesmo pretende imitar o
Presidente Trump, que todos os dias faz questão de informar `a opinião pública
e seus seguidores o que está fazendo ou pretende fazer.
Parece
o futuro presidente vai substituir o diálogo e debate muito salutares para a
democracia, pelo monólogo e não demonstrou nada de concreto como vai se
relacionar com o Congresso. Todos os dias o que vemos é uma solenidade do
beija-mão de parlamentares, empresários e outras figuras e de vez em quando o
futuro presidente pipoca uma mensagem para suas redes sociais.
Bolsonaro
foi escolhido por mais de 57 milhões de eleitores, mas isto não lhe dá o
direito de simplesmente decidir de cima para baixo questões que afetam a população
brasileira como um todo, pois tanto seus eleitores quanto os 47 milhões que
escolheram Fernando Hadad quanto os
quase 30 milhões que se abstiveram, votaram nulo ou em branco devem ser ouvidos
também.
Afinal,
todos, ricos e pobres, trabalhadores e empresários, brancos, negros, pardos,
indigenas, mulheres, homens ou quem tem opções sexuais, religiosas ou
ideológicas diferentes pagam impostos e tem o direito não apenas de votar, mas
também de participar das discussões e ações, inclusive governamentais, que
afetam seus destinos.
No
último domingo esses mais de 57 milhões de brasileiros escolheram um Presidente
da República, não um imperador, um déspota, um ditador ou dono do país. É
fundamental que tanto as minorias quanto as oposições sejam respeitadas para
que o convívio democrático seja observado e as liberdades de ir e vir, de
manifestação pacífica, a liberdade de expressão, de cátedra, de religião,
enfim, todas as liberdades civis e demais que constam da Constituição Federal,
bem como todos os direitos e garantias individuais sejam respeitadas pelos
novos donos do poder.
A
titulo de combater a corrupção, o crime organizado e a violência, por exemplo,
jamais dá direito aos governantes e as instituições de imporem mordaça`a
justica, nem aos professores, nem aos jornalistas, ao Ministério Público, aos
partidos politicos, enfim, tentar implantar um regime de terror como acontece
em países que por décadas permanecem sob o tacão de ditadores militares, civis
ou religiosos.
O
momento deve ser de serernidade, mas também de coragem e vigilância e o futuro
será construido através de ações tanto dos governantes quanto da população como
um todo. Por isso a Constituição estabelece de forma clara que “todo poder
emana do povo”, isto quer dizer que ao povo cabe o direito de constituir os
governantes e a esses cabe obedecer a voz e a vontade do povo, que pelo
trabalho e pelos impostos que paga, com muito sofrimento, mantém o Estado, a
coisa pública, incluindo os salários e tantos privilégios que os marajás da
República usufruem, as custas dos cofres públicos, enquanto mais da metade da
populacao, mas de 130 milhões de pessoas levam uma vida miserável, longe de uma
vida dígna como merece, bem longe da vida nababesca dos donos do poder.
Há mais de 2.750 anos, quase oito séculos
antes de Cristo, o Profeta Isaias denunciava governantes opressores e assim dizia:
“Ai
daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores para privar
os pobres de seus direitos e da justiça os oprimidos do meu povo, fazendo das
viúvas sua presa e roubando dos órfãos”.
Já
que o Presidente Eleito se diz um homem de Deus e está sempre cercado de
pastores e outros líderes religiosos, vamos aguardar as propostas que o futuro
governo apresentará como caminho para que o Brasil possa se desenvolver com
justiça social, sustentabilidade, equidade, solidariedade, redução da pobreza,
da miséria, dos desníveis sociais, econômicos e regionais e de tantos
problemas/desafios que afetam nossa gente.
JUACY DA SILVA, professor universitario, mestre em sociologia,
colaborador e articulista de diversos veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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