CONFERÊNCIA DO CLIMA
2018
JUACY DA SILVA
Na
próxima semana, no dia 03 de dezembro de
2018 terá inicio, na cidade de Katowice, na Polônia, mais uma conferência do
clima, a chamada COP 24, que se estenderá até dia 14 do mesmo mês, quando estarão
presentes chefes de Estados, de Governos, ministros, cientistas, ambientalistas
e milhares de pessoas que estão realmente preocupadas com a questão das mudanças
climáticas e suas consequências sociais, econômicas e naturais em nosso
planeta.
A
COP (Conferência das Partes) é a instância máxima da ONU no contexto das
articulações da Convenção do Clima (UNFCCC) e foi criada/aprovada em maio de
1992, na conferência da terra, a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro e, desde
1995, se reune anualmente para realizar
um balanço das ações de combate `as mudancas climáticas , do aquecimento global
e suas consequências sobre a vida no planeta.
A
COP 24 é a penúltima etapa para que, de fato, sejam implementadas as diversas
cláusulas do ACORDO DO CLIMA DE PARIS, firmado entre 194 países em 2015, com o objetivo
de reduzir ou mitigar os efeitos da poluição e emissão de gases que provocam o chamada
efeito estufa, produzidos, conforme conclusões do painel de cientistas sob os
auspícios da ONU, principalmente pela ação humana.
O
sistema produtivo mundial, desde o inicio da chamada “revolução industrial” em
1760 até 1840, quando o sistema de produção passou por um processo de profundas
mudancas e, desde então, a matriz energética até os dias de hoje está baseada no
uso de combustíveis fósseis, primeiro o carvão e depois, conjuntamente o
petróleo e gaz natural. Sistema este altamente poluidor e que tem trazido sérios
prejuizos ao meio ambiente.
De
outro lado, o processo de crescimento
acelerado da população, com destaque para a urbanização mais acelerada ainda,
principalmente nas últimas cinco décadas, tem exigido um esforço muito grande para
a produção de alimentos e de diversos bens e serviços para atender `a uma população
que atualmente já é de 7,6 bilhões de pessoas.
O
desmatamento de florestas, a expansão das fronteiras agrícolas, a industrialização
e a urbanização, com sistemas produtivos, de transporte, ocupação desordenada das áreas urbanas, a
desertificação, e o estilo de vida tem contribuido largamente para a degradação
ambiental. Até recentemente a maior parte ou quase a totalidade dos países, principalmente os já industrializados
e também os chamados emergentes e inclusive os subdesenvolvidos não tinham
nenhum compromisso com a questão ambiental. Desenvolvimento era sinônimo de destruição
ambiental e muita poluição.
Muita
gente, inclusive governantes e empresários urbanos e rurais imaginavam e,
lamentavelmente, ainda imaginam que desenvolvimento e sustentabilidade estão em
lados opostos, ou seja, não pode haver proteção ambiental e sustentabilidade
porque essas preocupações prejudicam ou impedem o desenvolvimento. Outros ainda
vão mais longe e imaginam que poluição do ar, degradação ambiental, mudancas climátiças
e aquecimento global sejam balelas ou invenções geopolíticas e ideológicas de alguns
países ou grupos de pessoas para impedir que paises emergentes possam se
desenvolver ou que países industrializados, do primeiro mundo, estejam sofrendo
concorrência desleal por parte dos emergentes . E outros ainda imaginam que preocupação
com o clima e as cláusulas do acordo de Paris sejam um risco para a soberania
nacional.
Só
para se ter uma idéia, no início da revolução industrial a população mundial
era de apenas 770 milhões de habitantes, a partir de 1960 praticamente a cada
década a população mundial tem agregado mais um bilhão de pessoas. Em 2024 a população
mundial será de 8 bilhões; em 2030, horizonte dos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL, será de 8,6 bilhões e em 2042 será atingida a marca dos NOVE BILHÕES
de habitantes no mundo. O tamanho da população mundial é um desafio para a
sustentabilidade de um lado e para a sobrevivência das pessoas de outro lado,
um equilíbrio complicado para ser mantido.
Para
se ter uma ideia, o PIB mundial (nominal) em 1960 era de US$1,366 trilhões; no
ano 2000 atingiu US$ 33,574 trilhões; em 2015 chegou a US$74,843 trilhões, em
2018 deve atingir US$84,684 trilhões e em 2030 deve ultrapassar a marca de
US$120 trilhões de dólares. Este crescimento econômico gera um grande impacto
no meio ambiente e contribui sobremaneira para as mudancas climáticas e o
aquecimento global, exigindo produção e consumo
responsáveis, só não percebe esta realidade as pessoas e governantes míopes ou
descompromissados com as gerações futuras.
Havia
uma grande expectativa de que a COP 25, a ser realizada no entre o final de
novembro e inicio de dezembro de 2019, pudesse ser realizada no Brasil, uma
espécie de reconhecimento em relação ao papel que o Brasil poderia e pode desempenhar
não apenas na questão ambiental, mas também em outros setores em termos de uma
inserção mais ativa no contexto das relações internacionais.
Todavia,
parece que tanto o atual governo, que pouco ou quase nada tem feito pelo meio ambiente
e também o novo governo a ser instalado em nosso país em janeiro de 2019, não
colocam uma ênfase significativa quando se trata de questões ambientais e, a
exemplo do que foi feito pela atual administração dos EUA, poderá estar na
contra-mão do acordo de Paris, com sérias repercussões para a imagem do Brasil
no exterior e também gerando muitas dificuldades para o comércio internacional
de nosso país que poderá sofrer retaliações por parte de diversos países.
Vamos
aguardar e observar como será a participação da delegação brasileira na COP 24
e o que o futuro nos reserva nesta e em diversas outras questões cruciais, com
dimensões geopolíticas e estratégicas.
O
que está em jogo é o futuro do planeta e de cada país em particular e não as posições
de alguns governantes e empresários descompromissados com o meio ambiente e a
sustentabilidade.
JUACY DA SILVA,
professor titular, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e
colaborador de diversos veiculos de comunição. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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