REVIRAVOLTA POLITICA EM
MT
JUACY DA SILVA
Costuma-se dizer que
todas as renúncias ou outros atos extremos causam impactos profundos não
apenas nas vidas dos personagens
centrais desses dramas, mas também de
outros que lhes estão próximos.Tanto a
renúncia quanto o suicídio são atos heróicos e assim devem ser entendidos.
Na história política
brasileira tivemos dois atos extremos que causaram grandes impactos na vida
nacional. Em Agosto de 1954, ante uma onda de denúncias de corrupção envolvendo
seu governo, o então presidente Getulio Vargas colocou fim a própria vida com
um tiro no peito. Por pouco o país não afundou em uma Guerra civil.
Mesmo com este trágico desfecho a crise que rondava
o governo e o país não desapareceu e continuou se apofundando, tanto no decorrer
do governo JK e agravando com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, que
novamente quase chegou a Guerra-civil, indo desembocar na intervenção militar menos
de tres anos depois (Março de 1964). O resto da história todos conhecemos.
Todavia,
nem a
carta testamento e muito menos a curta nota deixada por Jânio Quadros
contemplavam as verdadeiras razões deixando ao imaginário popular e aos
analistos políticos encontrar as motivações intimas para essas extremas
decisões.
Feito
este intróito, podemos tentar entender o
que levou o Senador Jayme Campos a renunciar a sua candidatura, considerada até
nesta data como favorita a única vaga ao
Senado em disputa, chegando a liderar com mais de 55% das intenções de votos.
Em
sua nota o Senador Democrata apresente quatro razões: 1) falta de unidade na
coligação que tem o também senador Pedro
Taques como candidato a governador; 2) sentimento de desconforto por estar
sendo boicotado por determinadas lideranças e partidos da própria coligação,
leia-se , Prefeito Mauro Mendes e PSB; 3) falta de ética e deslealdade, em sua
nota diz textualmente “alguns partidos e determinadas lideranças não agiram de
forma ética e não se comportaram como aliados”;
4) situação de desconforto com esta
situação , que na verdade se refere ao fato de que seu nome não estava
sendo colocado na publicidade de alguns candidatos da coligação.
Além
da nota também devem ter pesado na decisão do senador, o fato do Prefeito de
Cuiabá tudo ter feito para emplacar o nome do deputado federal Wellington, como
candidato ao senado quando a vaga, já havia sido articulada pelo senador Pedro
Taques como sendo para o representante
do DEM na coligação, aliado de primeira hora do candidato a Governador.
Logo
após o fracasso desta tentativa o representante
do PR retornou ao seu ninho natural que
era o grupo que atualmente ocupa o Palácio Paiaguás, ao lado
do PT e PMDB, que também sofreu a perda
do PSD, após a rasteira aplicada no vice-governador Chico Daltro e por tabela
também ao ex-Juiz Julier.
Emplacado
candidato a senador pela coligação detentora do poder estadual, coube ao já
candidato ao Senado Wellington Fagundes, dizer claramente que teria o apoio dos
Prefeitos Percival Muniz, de Rondonópolis e Mauro Mendes, de Cuiabá, declaração
não desmentida por nenhum dos dois de forma clara e enfática. Isto significava
que estava havendo traição ao senador Jayme Campos e gerando realmente muito desconforto ao
mesmo, podendo desembocar em sua derrota para o senado.
Segundo
alguns analistas e noticiário da
imprensa, como forma de retribuir o apoio que o
prefeito Mauro Mendes está dando a sua candidatura ao Senado, o
atual deputado Wellington Fagundes, está também traindo o compromisso feito com o
deputado estadual Jota Barreto, para que o mesmo viesse a ocupar seu espaço,
principalmente nas regiões de
Rondonópolis e leste. Em vez disso Wellington , segundo as mesmas fontes,
estaria apoiando Fábio Garcia, o
candidato do prefeito de Cuiabá e do
PSB `a Câmara Federal. Pelo visto a
trairagem é uma das marcas dessas alianças exdrúxulas ou ajuntamentos de ocasião em que se tornou a política nacional. Isto
ocorre em todos os Estados e não apenas em MT, para desencando dos eleitores e
da democracia, onde tudo não passa de um grande jogo de cena.
Diante
deste quadro coube ao mesmo , de forma clara e como um ato de heroismo abdicar
de sua postulação, podendo isto gerar novas situações não apenas
na eleição para o senado como também afetar a corrida ao Paiaguás, com
reflexos negativos para Pedro Taques, a quem caberia ter dado um rumo diferente
desde o início da formação das alianças e coligação que tentam leva-lo a vitória. Este fato ainda vai render muito.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
2 comentários:
É isso mesmo professor,infelizmente a política se tornou um balcão de negócios cada vez mais escrupulosos.Parabéns pela matéria,clara e objetiva.E a cima de tudo de fácil entendimento.
Professor cada dia fico mais preocupada com o futuro de todos nós, mas em especial com alguns cartazes esparsos sobre um Plebiscito que deve ocorrer na 1² semana de setembro, os políticos não estão falando nele, penso ser estratégico pois só as bases se movimentam. Tem uma Cartilha ( pode ser encontrada pelo google " Cartilha do |Plebiscito) cuja leitura me deixou apreensiva. Preciso de sua ajuda para ler e opinar se realmente é algo que dê motivos para preocupar. Por favor responda esta , preciso muito de seu parecer e desde já agradeço.
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