UM CADÁVER INSEPULTO
JUACY DA SILVA
Finalmente aconteceu o
que a grande maioria do povo brasileiro já
esperava, o Presidente Temer
, graças a todas as formas de ação e
manobras fisiológicas conseguiu barrar a
solicitação para que fosse investigado e
processado pelo Supremo Tribunal Federal, das acusações de corrupção passive
apresentadas pelo Procurador Geral de Justiça, Rodrigo Janot.
Primeiro foram as
substituições na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal impedindo a aprovação do relatório que
recomendava a autorização Legislativa para que viesse a ser processado. Esta
manobra, também espúria, possibilitou a
aprovação de um relatório que não
recomendava a autorização das investigações.
Depois vieram as
manobras através do pagamento de emendas parlamentares, totalizando mais de
quatro bilhões de reais, garantindo votos importantes no plenário da Câmara,
conforme ocorrido na última quarta feira.
Mesmo que Temer tenha saido vencedor com 263 votos, este total ficou aquém do que seus articuladores
na Câmara imaginavam, entre 290 e 300 votos, número necessário para dar
continuidade `a tramitação e aprovação de ouras propostas legislativas, como a
da Reforma da Previdência, que dificilmente conseguirá aprovação na Câmara
Federal.
Outro aspecto foi o “racha”
em algumas bancadas importantes que pertencem `a base do governo,
incluindo manifestações favoráveis a tramitação do processo que pedia
autorização da Câmara para que Temer pudesse ser investigado pelo STF. Causou
surpresa, por exemplo o fato de que líderes do PSDB e do PV,
votassem contra o relatório favorável a Temer. A bancada do PSDB
praticamente rachou ao meio,, inclusive dos doze deputados fedeerais do PSDB de
SP,que seguem a orientação do Governador Alkimin, onze votaram contra Temer.
Depois de tantas
traições na base aliada, alguns partidos que não ocupam cargos de primeiro
escalão já estão se manifestando no
sentido de exigir mais espaços , excluindo os infieis de seus postos, isto irá
gerar, de um lado, um apetite fisiológico e de outro vai acirrar os ânimos
entre parlamentares que pretendem continuar na base de um governo moribundo e
outros que desejam pular for a do
barco para não afundarem juntos com
Temer, o PMDB, PSDB e DEM nas eleições
de 2018.
Finalmente, esta foi uma
vitória de Pirro,pois mais cedo ou mais tarde as investigações contra
Temer, quer ele esteja no exercício da Presidência ou fora do cargo
poderá e deverá ser investigado, julgado e com certeza
condenado pelos crimes cometidos,
incluindo corrupção, obstrução da justiça, formação de quadrilha,lavagem de
dinheiro e tráfico de influência, como
está acontecendo com ex detentores de cargos públicos como Lula, Eduardo Cunha , Sérgio Cabral,
Silval Barbosa e mais de uma centena de deputados e senadores que ainda gozam
de foro privilegiado e também estão sendo investigados por crimes de
colarinho branco.
Um governo que a cada dia que passa se torna mais refém de parlamentares acusados de corrupção e
ávidos por favores nada éticos, que não tem apoio concreto da maioria dos
partidos políticos e que tem apenas 5%
da opinião pública ao seu lado, é na verdade
um governo moribundo, um cadaver insepulto, fétido com o passar do tempo.
Nesta análise cabe também
uma reflexão sobre a composição
da Câmara Federal em relação aos aspectos éticos, que não resta dúvida deixa a
mesma em situação de baixa legitimidade
como órgão julgador e de controle dos demais poderes e também como
expressão da vontade popular.
Do total de 490
deputados que votaram a favor ou contra o relatório, ou seja, a favor ou contra
Temer, nada menos do que 273 deputados, ou seja, 55,7% tem problemas com a
Justiça, incluindo dezenas que estão sendo investigados na LAVA JATO ou outras
denúncias de corrupção.
Dos 263 que votaram
para livrar Temer de ser investigado, processado e condenado pelo STF nada
menos do que 111 deputados, ou seja, 42,2% estão com problemas na justiça e dos
227 que votaram contra o Presidente,jactando-se de falar em nome do
povo, da democracia, daliberdade, da transparência, nada menos do que 62 também
estão as voltas com a Justiça e diversos são também investigados por corrupção.
Boa parte desses
deputados, tanto os que estão a favor quanto contrários `as inestigações contra
Temer por corrupção também faziam parte da famosa base dos governos Lula e Dilma, onde o PMDB e
Temer eram sócios majoritários.
Curioso também é a
ausência das massas que durante anos se manifestavam nas ruas empunhnando bandeiras e slogans como For a
Dilma, Fora Lula, Fora PT , FORA
CORRUPTOS e quando um presidente
éapanhado em gravações comprometedoras e
seus principais auxiliaries e aliados no Congresso também estão sendo denunciados por corrupção, essas
grandes massas estão ausentes, mudas de
uma crise tão ou mais grave do que a ocorrida durante o processo de Impeachment
de Dilma, de quem Temer foi sócio majoritário.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, mestre em sociologia,
articulista e colaborador de jornais, sites e blogs.Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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