GOVERNO DILMA NA
BERLINDA
JUACY DA SILVA
Segundo definição,
berlinda é estar em foco, ser o foco das atenções, de forma negativa. Quando
todos prestam atenção em alguém e a pessoa é foco de críticas. Isto é o
que está
acontecendo cada vez mais com o Governo Dilma neste início de segundo
mandato. Envolta em suas
contradições internas, principalmente
pelo formato de condonomínio que faz parte
de sua sustentação política e
parlamentar, que tem pessoas e partidos de todos os matizes ideológicos,
de latifundiários, usineiros, banqueiros, enfim, representantes da elite econômica até ex-guerrilheiros, socialiostas,
trabalhistas, marxistas, trotsquistas, facistas e também muitos incompetentes e
oportunistas.
Com um time que
mais se parece um ajuntamento de jogadores escolhidos sem
nenhum critério, os quais jamais formam ou formarão uma equipe
afinada e de primeira grandeza,
além de um apetite voraz para poder ter a
chave do cofre, o trabalho da técnica
deste time de várzea (Dilma ) mesmo
com a ajuda de seus conselheiros mais próximos, incluindo seu mentor ou tutor Lula, não tem sido nada fácil.
`A semelhança
de um Campeonato nacional de futebol,
como time, o Governo Dilma está entre os piores, sujeitos ao rebaixamento
para uma divisão inferior. Neste caso, a Diretoria do Time, com
certeza, pressionado pelos torcedores
(eleitores) que desejam
melhores resultados, só teria um
caminho: demitir a técnica . Isto é o que com certeza aconteceria se o Brasil
fosse um país sério e o sistema político
ao invés do presidencialismo imperial fosse
uma democracia parlamentarista, onde os governos que não contam com maioria parlmentar de verdade e apoio do povo
acaba caindo e novas eleições são
convocadas.
Quais os fatores que estão colocando o Governo
Dilma na berlinda, indagarão os leitores
e eleitores. Existem várias razões, a
começar pelo fiasco na área econnomica, fnanceira e orçamentária. O seu primeiro mandato foi um rosário de incompetência, casuismos e
medidas contraditórias, levando o Brasil
para o fundo do poço, com baixos índices de crescimento do PIB, inflação em
alta, juros em alta, aumento assustador do endividamento público, aumento do
deficit público, deficit na balança
comercial, política cambial sem
efetividade, descontrole das
contas públicas.
Neste início de segundo mandato, apesar da troca da
equipe econômica, este quadro está se deteriorando de forma rápida, com
perspectivas de aumento do desemprego, da queda de arrecadação , do aumento
acelerado dos juros, da inflação, do endividamento das famílias, aumento rápido
da dívida pública e da dívida externa privada, ao aumento absurdo das
tarifas e preços administrados como da
energia, água, combustíveis, transporte público.
Nos aspectos sociais a insatisfação de todos os setores, incluindo
empresários, servidores públicos, trabalhadores do setor privado, dos movimentos sindicais e sociais estão conduzindo para greves em vários setores, inclusive dos caminhoneiros
e de outros que já se articulam para
paralizações e protestos de rua, como os
convocados para a próxima semana pelas centrais sindicais para
protestarem contra as mudanças das
regras trabalhistas e setores diversos que desejam o “impeachment” da Presidente.
Para completar
este quadro de crise, o Governo Dilma não tem conseguido dialogar nem com os partidos e o Congresso Nacional, onde tem acumulado
algumas derrotas emblemáticas, como para as Presidências da Câmara e do Senado e a mais recente, desta
semana quando o Presidente do Senado teceu várias críticas em relação a uma Medida Provisória que eleva as alíquotas de impostos
sobre folha de pagamento e a
considerou innconstitucional, devolvendo-a
ao Poder Executivo.
Há poucos dias, quando
ocorreu um empate em uma votação no
plenário do STF diversos ministros da
mais alta corte de justiça do país teceram críticas pesadas `a presidente Dilma
pelo fato de que passados mais de sete meses da aposentadoria do ex-ministro
Joaquim Barbosa o Poder Executivo ainda
não apresentou um novo nome para ser sabatinado pelo Senado e ser nomeado para
o STF. Alguns ministros chegaram a
dizer que isto é um desrespeito ao Poder Judiciário por parte
da Presidente e uma forma de atrapalhar o desempenho daquela corte.
Em meio a tudo isso, o escândalo
da roubalheira na PETROBRAS continua
sangrando o governo, principalmente pelas denúncias de dirigentes de grandes
empreiteiras, que até pouco tempo tinham
livre acesso aos gabinetes do Palácio do
Planalto e, imagina-se, sabem bem os meandros da corrupção dentro e fora do
Governo.
Finalmente, a pá de cal
nesta berlinda vem do exterior, onde o
governo brasileiro a cada dia é visto
de forma mais negativa, seja pelos investidores, seja pelas agências de classificacão e também
pela mídia. Há muito tempo o Brasil não
estava tão ruim na foto.
Ainda bem que eu não votei em Dilma e
não tenho do que me arrepender!
Muita gente começa a dizer que o Brasil está afundando,
salve-se quem puder!
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT,
mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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