COMÉRCIO EXTERIOR E O
BRASIL
JUACY DA SILVA
Diversos sites e outros
meios de comunicação nas últimas semanas tem destacado que por cinco anos consecutivos as exportações brasileiras tem caido em torno de
26,8%, ou seja, o valor das nossas exportaçõs em 2015 foram iguais ou menores
do que em 2010.
O superávit que a
balança comercial em 2016 deve apresentar decorre muito mais das quedas das
importações devido `a recessão econômica
por tres anos seguidos e a desvalorização cambial que tem encarecido sobremaneira
as importações de insumos e outros
produtos necessários ao processo produtivo do que ao aumento do volume e do
valor das exportações.
Mesmo o agronegócio,
inclusive o complexo soja, tem apresentado uma queda nas exportações. Em
2014 o valor das exportações do
agronegócio foram de US$96,7 bilhões, caindo para US$88,2 bilhões de
dólares em 2015.
A crise econômica,
financeira, orçamentária e fiscal que, há praticamente cinco anos, vem afetando
o Brasil, a cada dia contribui mais para o estrangulamento de nossa economia e
sociedade, afetando os níveis de emprego, a queda das importações e das
exportações e colocando o Brasil como mero fornecedor de matérias primas e
extrativismo, situação de dependência da conjuntura internacional, marcada,
principalmente pela queda dos preços das “commodities” e a redução das
taxas de crescimento da China e de uma
lenta recuperação da Europa, dos EUA e do Japão.
Ao longo dos tempos o
Brasil sempre se notabilizou por ser um grande produtor e
exportador de matérias primas.
Desde o período da Colônia, passando pelo Império e chegando `a
República. Já fomos os maiores produtores
e exportadores de ouro, madeira, borracha, café, minério de ferro,
sempre com baixo valor agregado, que utilizava e ainda utiliza mão de obra
escrava, semi escrava ou com baixa remuneração e, até início ou meados da década de cinquenta
grandes importadores de produtos
acabados, industrializados que agregavam
tecnologia.
Outro saldo negativo
deste modelo agroexportador e
extrativista e de outros produtos primários é o grande passivo ambiental que
fica na esteira deste modelo predador, como o desmatamento e destruição de ecossistemas
como a mata atlântica, o agreste, as matas e o cerrado da região do Brasil
central e, ultimamente, a pré Amazônia, a região norte e opróprio Pantanal.
A despeito dos discursos oficiais e da elite exportadora,
o Brasil, apesar de já ter ocupado a sétima posição em termos do PIB no cenário
internacional, atualmente na nona e, em breve, a continuar esta recessão, a
décima posição, há praticamente meio século é um ator bastante secundário no
comércio internacional.
Desde a décadaa de setenta, época do milagre brasileiro, do
período militar, quando o Brasil crescia a taxas superiores a 7% ou até 8,5% ao
ano, quando as exportações representavam
1,5% do total das exportações mundiais até 2016, quando a recessão afeta todos
os setores da economia, inclusive nossas exportações que representam apenas 1,2% do total das exportações mundiais.
Tendo em vista que a recessão ou o chamado “crescimento negativa” da indústria
por mais de oito anos,
Existe uma
certa euforia sem base real e verdadeira e ao mesmo tempo uma certa manipulação
do discurso oficial de que a única saída para a crise brasileira é o comércio
exterior, principalmente através das
exportações. Pouca gente, principalmente
os governantes incompetentes, os gestores públicos que fazem da bajulação oficial
uma prática costumeira e os empresários que se beneficiam dos favores,
subsídios e outros privilégios
concedidos pelo Governo, com sacrifício da população, colocando as exportações
como a única tábua de salvação em momentos de crise.
Enquanto a pauta
das exportações dos países desenvolvidos ou emergentes está concentrada em produtos acabados, com valor agregado e alta
tecnologia e suas importações calcadas em produtos primários, extrativos, o
Brasil continua amarrado a um modelo primário, atrasado , sujeito `as
flutuações do Mercado externo e a instabilidade dos preços das “commodities”.
Comparando os dados
tanto do valor das exportações quanto
volume e valor das exportações per capita, também a relação das exportações com o PIB e a
participação das exportações brasileiras no total das exportações mundias com diversos outros países, inclusive da
América Latina, o desempenho do Brasil tem sido muito mediocre nesses ultimos 46
anos.
A participação das
exportações do Brasil no PIB em 2015 foi
de 13.0%, um dos mais baixos da América Latina e muitissimo abaixo dos países
da União Européia e outros desenvolvidos como a Alemanha que foi de 46.9%; da
Coréia do Sul 45,9%; do Paraguai 41.9%; da Bolívia 43,0%; da Bélgica 84,0%.
Em 1970 as exportações
do Brasil foram de US$2,5 bilhões e as
da China de US$2,8 bilhões e ocupavam, respectivamente, a 28a. e 24a. posições
no rankig mundial das exportações
naquele ano. Em 2014 as exportações do Brasil somaram US$270,3 bilhões e as da
China 2,475.7 trilhões de dólares, ocupando, respectivamente, Brasil 24a
psoição e a China 1a. posiçãp no ranking mundial das exportações.
Comparando as
exportações do Brasil neste e outros indicadores com a Coréia do Sul, a
Bélgica, a Índia, o México, a Thailandia, a Holanda, a Alemanha e outros países o Brasil continua muito mal
na foto.com desempenho bastante mediocre.
Por exemplo, o valor
das exportações per capita, ou seja, o valor total das exportações pelo tamanho
da população dos países, o desempenho do Brasil em 2015 foi de US$1.950,00
dólares bem abaixo da média mundial que
foi de US$3.278,00 dólares. Quando
comparado com alguns outros países esta
diferença fica bem clara: Alemanha US$13.317,00; Bélgica US$35.5536,00; Coréia
do Sul US$10.420,00; Holanda US$29.048,00; Suiça US$28.897,00.
O Canadá com uma população de apenas 35,5 milhões de
habitantes exportou em 2015 US$409,00 bilhões de dólares, a Holanda com 16,8
milhões de habitantes exportou no mesmo ano US$488,00 bilhões de dólares e a
Alemanha com 82,6 milhões de habitantes exportou US$1,1 trilhões de dólares e o Brasil com 204,2 milhões de habitantes,
sendo a nona economia do mundo só conseguiu exportar US$399,00 bilhões de
dólares.
Como podemos perceber
não existe jutificativas para discursos
ufanistas, o Brasil ocupa uma posição extremamente marginal do comércio
mundial, quando comparado com os demais países. Se em quase meio século nossa
participação não conseguiu passar de 2% do total das exportações e conseguimos melhorar apenas
quatro posições no ranking mundial dos países exportadores, como podemos
imaginar que um ator que representa apenas 2%
pode ter voz ativa no universo restante de 98%. Qualquer discurso que
não leve em consideração esses fatos e indicadores é falso, mistificador,
demagógico e não corresponde com a verdade.
A culpa por este desempenho mediocre, com certeza é dos
nososs governos e dos empresários que, ao longo de meio século, continuam
presos a um modelo ultrapassado e balizados por políticas equivocadas nas áreas
da educação, da ciência e da tecnologia e da qualificação da mão de obra e da
modernização do pais e das empresas. Falta qualidade e competitividade na
economia brasileira e no setor empresarial, inclusive ou principalmente na
politica de comércio exterior de noso país.
Este é mais um grande desafio nacional que precise
ser discutido, analisado em profundidade
e superado,antes que o Brasil perca o trem da história.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog
wwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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