ELEIÇÕES E PLANEJAMENTO MUNICIPAL
JUACY DA SILVA
Estamos nos aproximando
das eleições municipais de 2016, quando serão eleitos milhares de prefeitos e
vice-prefeitos e dezenas de milhares de vereadores, para, como espera a sofrida
população brasileira, realizarem uma
gestão pública ética, transparente, eficiente, eficaz, efetiva e voltada
para a solução dos problemas que, por décadas, tem afetado nossos municípios.
Talvez esta seja
uma boa oportunidade para que os partidos políticos ou coligações e não
apenas os candidatos, possam apresentar
aos eleitores dois tipos de planejamento,
um de curto prazo, ou seja, para
o próximo mandato e ao mesmo tempo outro de médio e de longo prazos, com
horizonte temporal de dez anos ou vinte anos, para que as futuras
administrações possam ter continuidade.
Geralmente os
candidatos apresentam uma série de
promessas, muitas das quais verdadeiras peças de fantasia, esquecendo-se de
realizar um diagnóstico profundo da
realidade demográfica, social, econômica, ambiental e, mais importante do que
isso, uma radiografia da situação orçamentária e financeira de cada município,
incluindo as estratégias e as metas que balizarão cada gestão.
Bem sabemos que os municípios são os primos
pobres de nossa federação, onde a União abocanha a maior parte, em torno de
63%, dos recursos que os contribuintes pagam em impostos, taxas e
contribuiçãos; os estados ficam com pelo menos 25% do bolo tributário nacional, restanto aos
municípios em torno de 12% ou pouquinho
mais do que isso.
Tanto a União, quanto
os Estados e municípios estão praticamente falidos, muitos, como no caso do Rio
de Janeiro, que é um verdadeiro
descalabro, não conseguem sequer pagar a folha de pagamento e demais encargos
que a União repassou aos estados e municípios, sem que a contrapartida de
recursos financeiros e orçamentários tivessem também sido compartilhados.
Ano após ano, assistimos um triste espetáculo de medicância política, seja de prefeitos e
governadores dirigindo-se a capital
federal, quando realizam individualmente ou tendo a tiracolo um parlamentar
federal, senador ou deputado, que ocupam a maior parte de seu tempo realizando atividades de padrinho ou
despachante de luxo em Brasília. O espetáculo é mais deprimente quando
prefeitos, aos milhares, resolvem realizar as famosas marchas, `a semelhança de alguns movimentos
sociais e chegam até mesmo a demonstrar
certa forma de “indignação” política, na esperança de “sensibilizar” nossos
governantes, vale dizer, os donos do
poder executivo, no caso o ou a
presidente de plantão no Palácio do Planalto, que tem a “chave do cofre”,
inclusive a liberação das famosas emendas parlamentares, uma espécie de moeda
de troca nas relações entre os poderes
executivo e legislativo.
O que prefeitos e em
menor escala governadores, não sabem ou fingem não saber é que tudo isso representa um verdadeiro
teatro ou circo politico,onde tres grandes problemas ou desafios estão
postos na política brasileira. O primeiro é que o Estado brasileiro, ai
incluindo União, estados federados e municípios não primam pela ética, pela
transparência, pela decência e pela racionalidade quando se trata de
arrecadação de impostos, taxas e contribuições e de outro não tem o mínimo
cuidado com a aplicação do dinheiro público. Basta ver que o
rombo nas contas públicas constantes
do OGU Orçamento Geral da União,
para 2016 foi aprovado pelo Congresso um deficit de 170 bilhões. Segundo,
a corrupção tem sido a marca registrada
tanto no Governo Federal quanto de estados e municípios, chegando a mais de
duzentos bilhões de reais por ano, segundo pronunciamento de um procurador da
República quando da apresentação do Projeto de Iniciativa Popular, encaminhado
ao Congresso recentemente. Terceiro, pela
incompetência do Governo e a falta de
planejamento nacional de médio e longo prazo, o Brasil há praticamente
quatro anos encontra-se em plena
recessão e estagnação econômica e isto
afetou profundamente as receitas federais , estaduais e municipais.
Resultado, os
candidatos nessas eleições municipais não podem apresentar a população planos
mirabolantes, desligados da situação em que vivemos, que é extremamente grave e nem podem imaginar que
tem uma bola de cristal ou varinha de
condão com o poder de gerar receitas
fora das limitações que a crise está
impondo ao país. Pior ainda é a
situação dos pequenos municípios, com
população menor do que 20 mil habitantes, cuja maior fonte de receita tem sido
as transferêcias constitucionais e o
principal fonte de renda de seus habitantes são as transferências da
aposentadoria, do bolsa família ou outros programas assistencialistas.
Este é o quadro de
nossos municípios que mobilizarão milhões de eleitores para escolher seus
govenantes para os próximos quatro anos. Oxalá os candidatos não estejam alienados quanto a esta realidade
e possam realizar um debate
honesto e aberto com a população sobre como encontrar as saídas para os
problemas que diretamente afetam o povo e seus municípios. Chega de mentiras e
demagogia, só a verdade abre caminho para as transformações.
JUACY DA SILVA, professor
univeristário, titular e aposentado UFMT, Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twtter@profjuacy
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