SEXTA CONFRÊNCIA DA CIDADE DE CUIABÁ
JUACY DA SILVA
Teve início ontem,
quinta feira, 30 de junho de 2016, a sexta conferência nacional das cidades,
etapa municipal de Cuiabá, que terá continuidade nesta sexta feira, quando
estão sendo discutidos temas e assuntos da mais alta relevância para o
futuro da capital de Mato Grosso, que em breve (2019) deverá estar comemorando 300 anos de sua fundação.
Esta, como as demais
conferências das cidades, realizadas em mais de mil cidades insere-se no bojo
de articulações dos governos federal,
através do Ministério das cidades e do Conselho Nacional das cidades, dos governos estaduais e seus respectivos conselhos estaduais das cidades e , lógico, da maioria dos municípios que contam com mais
de 50 mil habitantes e também de seus conselhos municipais de cidades ou seus
similares.
Na verdade, desde a primeira conferência
nacional das cidades realizada em sua etapa
nacional entre os dias 23 e 26 de outubro de 2003, uma série de
ações vem sendo realizadas com vistas `a formulação e implementção de uma política
nacional de desenvolvimento urbano, tendo como parâmetros da Constituição
Federal de 1988, em seus artigos 182 e
183, bem como a Lei Federal 10.257, de
10 de julho de 2001, mais conhecida como
Estatuto da Cidade e o Plano Diretor de Desevolvimento , exigido para todas as
cidades/municípios com mais de 20 mil habitantes.
Dos 5.570 municípios
brasileiros, em 2014, nada menos do que 3.842
ou seja 69% tinham população com menos de 20 mil habitantes, ficando de
fora dessas exigências constitucionais e legais, dando bem a idéia de que o
desenvolvimento urbano no Brasil ainda está fora de controle e seus problemas, dadas as precariedades
orçamentárias e financeiras que sempre enfrentaram e atualmente mais ainda enfrentam
os municípios, não oferecem condições para um planejamento de lono prazo e
muito menos de estabelecimento de normas urbanisticas.
No caso de Cuiabá, esta
sexta conferência está proporcionando a discussão de velhos temas que de
há muito vem fazendo parte dos discursos
de governantes e candidatos a governantes, bem como de gestores públicos
municipais e também das reclamações,
protestos e reivindicações da população.
Neste sentido são temas recorrentes, boa parte não resolvidos, apesar de que Cuiabá já contar com um Plano Diretor desde o final
da década de oitenta, muito antes da aprovação do Estatuto da Cidade. Este
Plano Diretor foi revisado, de forma participativa e democrática, ao longo de 2006 e aprovado
pela Câmara Municipal através da Lei Complementar 150 de 29 de janeiro de 2007,
com a denominação de Plano Diretor de Desenvolvimento Estratégico de Cuiabá,
com um horizonte de mais de dez anos, ou
seja, para vigorar até 2020, com bússula de um planejamento de longo prazo, que deveria
ser seguido por sucessivos governos
municipais.
O tema desta sexta
conferência, cujas etapas estaduais e nacional serão desenvolvidas até final de
março de 2017, oferece bem a idéia que vem orientando essas discussões: Afunção
social da cidade e da propriedade e o
Lema é: Cidades inclusivas, participativas e socialmente Justas. Os eixos de discussão são os seguintes: a)
Mobilidade e acessibilidade; b) Saneamento básico; c) Habitação; d)
Regularização fundiária; e) gestão urbana e controle social.
Voltando ao Plano
Diretor de Desenvolvimento Estratégico de Cuiabá, o mesmo, apesar de já ter completado quase dez anos
e ter estabelecido diretrizes e normas para o ordenamento urbano e
outras funções da cidade, bem como inserir a necessidade de serem elaborados planos
setoriais e especiais ou específicos
direcionados para determinadas áreas ou desafios urbanos, o mesmo é
praticamente desconhecido tanto por parte da população quando de autoridades,
essas que deveriam propugnar pelo cumprimento de uma Lei tão importante.
Todos os problemas
contidos no âmbito desses eixos de discussão são graves e, muitos, como no caso
do saneamento, acessibilidade, mobilidade são críticos e já passaram da hora de serem enfrentados com
racionalidade e comrpromisso social e politico. A própria gestão urbana tem sido feita de modo
errático, faltando planejamento de longo prazo e sem continuidade, ficando ao
sabor de cada prefeito ou Câmara Municipal, que são trocados a cada quatro anos
ou as vezes até em menor prazo.
Para se ter uma idéia, o ultimo relatório do
Instituto Trata Brasil, coloca Cuiabá na
70a. posição entre as cem maiores
cidades do país no que tange a situação
da coleta e tratamento de esgotos e
Várzea Grande, que juntamente com Cuiabá formam
o maior aglomerado urbano contínuo de Mato Grosso na 97a posição.
Se o maior núcleo urbano de Mato Grosso apresenta esta situação em relação ao sanamento básico,
que tem como consequência a morte do Rio
Cuiabá, que no perímetro urbano desses
dois municípios em um grande esgoto a
céu aberto, juntamente com todos os seus córregos, ficamos imaginando como deve estar a situação
do saneamento básico e do meio ambiente nos demais municípios do Estado.
Enfim, desenvolvimento
urbano exige planejamento, partipação e controle das ações do poder público por
parte da população que paga impostos e merece servicos públicos de qualidade e
continuos. Este é o sentido das conferências das cidades. Além das discussões
são necessárias ações para mudar esta triste realidade que caracteriza o Brasil
urbano.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em socioloia, articulista de A Gazeta.
Email professor.juacy@yahoo.com.br Blo www.professorjuacy.blospot.com Twitter@profjuacy
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