A CRISE INSTITUCIONAL
É GRAVE!
JUACY DA SILVA
O Brasil vive sem
dúvida uma das piores senão a pior crise institucional de todo o período
republicano. Esta crise tem inúmeros aspectos: ético, moral, econômico,
financeiro, fiscal, institucional e abrange tanto o governo quanto o setor
empresarial e a população em geral que
sofre com a escalada da violência, com a inflação, com o desemprego, com os
serviços públicos sucateados e de baixíssima qualidade, com uma carga
tributária que ninguém aguenta mais e com um aumento acelerado do endividamento
das pessoas e das famílias e queda do nível de vida da população.
No que tange aos
poderes públicos a corrupção é a marca registrada e em todos os poderes este
câncer está presente. Temos ou já
tivemos diversas autoridades e grandes empresários presos por estarem
envolvidos em esquemas de corrupção, tráfico de influência, lavagem de
dinheiro, formação de quadrilhas e outros crimes contra a administração e economia. Entre os presos e ou investigados
nos últimos treze anos, era em que o PT está ou
esteve no poder, temos
ministros, deputados, senadores,
prefeitos, vereadores, governadores, secretários, membros do poder judiciário
afastados de suas funções ou ao término de seus mandatos ou apeados dos
respectivos cargos, presos ou em envolvidos em processos que poderão leva-los/as `a prisão.
No imaginário coletivo,
a avaliação que a população faz dos
governantes, em todos as dimensões e níveis de poder é extremamente negativa, principalmente a
chamada classe política, que em pesquisas de opinião pública sempre é associada
ao fisiologismo, a corrupção, a demagogia, a mentira, ao corporativismo e `a
incompetência. Existe um grande fosso
entre as aspirações e interesses nacionais e as acões dos governantes, tidos
como utilizadores das estruturas do poder para benefício e enriquecimento
pessoal, familiar ou de grupos particulares.
Estamos em pleno processo de impeachment de uma
presidente da República, de processos investigando os presidentes da Câmara
Federal, do Senado Federal, um ex presidente sob a mira do Ministério Público
Federal e estadual de SP e da Operação Lava Jato, de um senador ,lider do Governo Dilma que foi
preso em pleno exercicio do mandato e
acabou sendo cassado pelos seus próprios pares, de um presidente da Câmara
acusado de corrupção em vários processos e que está por fio para perder seu mandato por decisão
do Conselho de ética daquela Casa de Leis.
Temos também mais de 150 parlamentares e outras figuras
importantes da política, do meio empresarial e da administração nacional que fazem parte das famosas
LISTAS do Janot, da Oebrcht e agora mais
vinte cujos nomes, inclusive do Presidente Interino Michel Temer, acusados de
receberem propina e outros recursos oriundos da corrupção. A chapa
Dilma/Michel Temer também responde a
alguns processos em tramitação no TSE
que, se e quando forem julgadas
podem levar a cassação do registro da referida chapa acusada de ter se utilizado de caixa dois alimentada com dinheiro sujo da corrupção
na PETROBRÁS, objeto também das
investigações da OPERAÇÃO LAVA JATO.
Temos ainda um ex presidente do senado e da República
envolvido nas gravações do ex diretor
de uma das subsidiárias da
PETROBRAS, declaradamente corrupto e que
foi mantido no cargo por longos doze anos com apoio do PMDB e do PT e que agora
acaba de fazer delação premiada,
incluindo a divulgação de nomes dos integrantes dessas quadrilhas que roubaram
a Petrobrás e ja aceitou devolver nada menos do que 90
milhões, com certeza apenas uma parte de
tudo que roubou enquanto esteve no cargo a serviço da corrupção e do enriquecimento
ilícito.
Temos o caso do vice
presidente da Câmara Federal, Deputado Waldir Maranhão que também responde a alguns processos por corrupção e
que mesmo tendo subsituido o presidente afastado não consegue dirigir os
trabalhos daquela Casa de Leis por
faltar-lhe legitimidade perante seus pares.
Mesmo que os processos a cargo do Procurador Geral
da República e do STF envolvendo
gente importante da República que gozam
desta excrecência que é o foro especial
ou privilegiado ande a passos de tartaruga, diferente do que ocorre com a outra
parte da LAVA JATO que corre sob a batuta da força tarefa em
Curitiba e que das mãos do Juiz Sérgio
Moro recebe um tratamento digno de combater de fato a corrupcão e colocar na cadeia os corruptos, aos poucos
também esses suspeitos de corrupção que
estão em posições e cargos importantes mais dia menos dia irão defrontar-se com a Justiça.
Dizem que todas as
crises, por piores ou mais profundas que sejam, ao serem superadas acabam
fortalecendo as instituições pelo
simples fato de desarticularem
todos os meandros e braços do crime organizado, da corrupção e também tirarem
de circulação criminosos de colarinho branco, principalmente os que por décadas
já fizeram da política seus refúgios ou portos seguros.
Para que o Brasil
possa retomar as veredas do
desenvolvimento, com justiça social, com sustentabilidade e com ética é imperioso que a LAVA JATO e outras
operações de combate `a corrupção tanto em Brasília quanto em todos os estados
e municípios os corruptos sejam identificados e presos. Só assim vamos
poder passar nosso país a limpo. Se os
corruptos continuarem atrelados `as instituições e estruturas do poder, dando as
cartas como sempre fizeram. o Brasil caminha a passos largos para a situação da
Venezuela e outras republiquetas onde o crime organizado se confunde com o
poder!
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitte@profjuacy
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