VIOLÊNCIA SEXUAL: TOLERÂNCIA ZERO!
JUACY DA SILVA
O ultimo anuário do
Forum Brasileiro de Segurança Pública de 2015. referindo-see ao Brasil, registra que “somos uma sociedade muito
violenta e nossas políticas públicas são
extremamente ineficientes e obsoletas”. Esta observação, ao lado
da impunidade quanto ao crescimento da violência e `a morosidade da justiça
demonstram que estamos longe de encontrar
uma saída para este drama que estamos
vivendo há décadas. Isto também é uma
comprovação que nossos governantes não tem
competência técnica e nem política para oferecer uma resposta `as
demandas da sociedade que clama por paz, justiça e segurança.
A cada
crime bárbaro que abala a opinião pública, como foi o caso de uma jovem
de 16 anos que foi mais uma vítima de estupro coletivo,
quando nada menos do que 33 bandidos a seviciaram e, tudo leva a crer, este
fato deverá ser mais um para engrossar a lista de mais de 47,6 mil estupros,
58.5 mil assassinatos e mais de 25 mil mortes no trânsito. Nossas autoridades
tiram um Coelho da cartola, como fez o senado de forma rápida tipificando o
crime de estupro coletivo. Pena que a grande maioria de nossas leis não passa
de letra morta.
Todavia, no caso dos
estupros alguns estudos costumam afirmar
que os casos registrados nas delegacias representam apenas 35% do número total desses crimes, pois existem
inúmeros constrangimentos e dificuldades para que as vítimas, que em sua grande
maioria são mulheres, possam registrar os
boletins de ocorrência.
A gravidade da insegurança
pública no Brasil é muito pior do que as estatísticas oficiais indicam. A
realidade dos estupros no Brasil é muito mais grave do que o noticiário da
imprensa ou que a “comocão pública” ou a
“indignação” de nossas autoridades, como lágrimas de crocodilo e isto tem sido demonstrado por alguns
estudos que a grande maioria da população desconhece.
Por exemplo, para ficar
apenas em duas bem recentes. A pesquisa
nacional de vitimização de 2013, verificou que somente 7,5% das vítimas de
violência sexual registraram o crime nas delegacias. A mais recente pesquisa nesta área intitulada
“Estupro
no Brasil: uma radiografia segundo dados da saúde”, feita pelo IPEA,
organismo respeitado pela qualidade de seus estudos e ligado `a Presidência da
República, atesta que apenas 10% dos casos de estupros são registrados e diz que por ano ocorrem, na verdade, 527 mil casos de
estupros em nosso país, dos quais em torno de 95% das vítimas são mulheres.
Durante os cinco anos
de mandato de Dilma, a primeira mulher a ocupar a Presidência da República,
confome dados do Forum Brasileiro de Segurança Pública, em sua edição de 2015,
foram registrado um aumento significativo de registros de casos de estrupos. Em 2014 foram
registrados 43.869; em 2012 nada menos do que 50.220 ; em 2013 aumentou
para 51.090; em 2014 houve uma redução para 47.646 . Quanto ao ano de 2015,
ainda que não se tem o número exato, mas
as estimativas indicam 52.087; totalizando 244.012 casos de estupros registrados.
Como existem tres
fontes de dados ,todas com credibilidade, podemos concluir que se os registros
de estupros representam apenas 35% do que realmente aconteceu, foram cometidos 699.749 estupros no Brasil.
Se tomarmos como referência a pesquisa do IPEA, que afirma que apenas 10% dos
casos de estupros são registrados, então podemos concluir que durante esses
cinco anos do mandato de Dilma, 2.449.120 pessoas, a grande maioria mulheres,
foram estupradas em nosso pais.
Se considerarmos como
parâmetro a pesquisa sobre vitimização que afirma que os casos de estupros
registrados representam apenas 7,5% do número de pessoas estupadas, então
podemos concluir que 3.265.403 pessoas sofreram abusos sexuais.
Tomando todas essas
metodologias e seus números, a média do
número de estupros que acconteceram no Brasil nos últimos cinco anos seria de 2.138.120
vítimas, cuja média anual seria de 476.624 número muito maior do que as
estatísticas oficiais indicam.
Se a esses números de
estupros forem agregados todos os outros casos de violência contra a mulher,
inclusive a violência doméstica como espancamentos, cárcere privado, lesões
corporais, ameaças de morte e
feminicídio, dão uma idéia da gravidade
desta violência e a importância para que nossas autoridades, legisladores e
também dos poderes judiciário , executive e ministérios públicos estaduais
aquilatem a gravidade deste problema e
passem dos discursos para acões mais
concretas. Se isto não acontecer logo, a
tendência é que a impunidade favoreça ou até estimule esses criminosos a
continuarem com sua sanha enlouquecida e aterrorize mais ainda tanto mulheres
quanto homens.
Esta realidade além de triste, pois o estupro é um
crime que mesmo não tirando a vida da vítima a destroi para sempre,
principalmente em seus aspectos psicológicos, além de outras consequências como
gravidez indesejada, dificuldade ou impossibilidade de provocar o aborto ou
quando as vítimas contraem doenças como DST/AIDS e outras sequelas que afetam
profundamente a família.
Enquanto no Brasil a
penalidade para os crimes de estupros, da mesma forma que para tantos outros
crimes, inclusive violentos, são extremamente brandas, em outros países os crimes sexuais, notamente
o estupro as penas são muito mais rigorosas, incluindo o tempo de
encarceramento, em regime fechado, podendo chegar`a castração química, `a
prisão perpétua ou até mesmo a pena de morte. Vejamos exemplos de como alguns países tratam os
crimes de etupros: India, ante uma onda
de estupros coletivos aprovou em 2013 uma lei que estabelece pena de prisão
perpétua e pena de morte; França mínimo de 15 anos `a prisão perpétua; China,
castração, prisão perpétua e pena de morte; Arábia Saudita, Afeganistão, Egito,
Iran enforcamento ou fuzilamento; Coréia do Norte fuzilamento público; Israel
minimo de 16 anos `a prisão perpétua; Estados Unidos de 40 anos, a prisão
perpétua ou pena de morte.
A idéia nesses países
de como estupradores, assassinos, sequestradores e pistoleiros de aluguel devem
ser tratados é que quem merece ter seus direitos grantidos são as pessoas que
trabalham, pagam seus impostos e que em troca cabe ao Estado devolver `a
população serviços públicos, incluindo segurança pública e que quem age `a margem da Lei deve
ser retirado do convívio social e punido severa e exemplarmente. Esta forma de
agir do Estado serve como elemento dissuassório em relação ao comportamento
anti-social dos criminosos.
Nesses países de fato,
existe tolerância zero para a totalidade
dos crimes violentos, incluindo o estupro! Oxalá no Brasil o Estado, nossos
legisladores e nossos governantes
tivessem um pouco mais de
sensibilidade social, respeito com o povo e protegessem a população em vez de
proteger criminosos que matam, roubam, sequestram, estupram e aterrorizam as
pessoas e famílias que vivem enjauladas e amedrontadas!
JUACY DA SILVA, professor universitário UFMT, mestre
em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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