O CONTEXTO DAS
ELEIÇÕES MUNICIPAIS
JUACY DA SILVA
Há muito tempo o Brasil
não realizava eleições municipais em um contexto tão grave como deverá acontecer
neste ano. Apesar disso parece que os candidatos tanto a vereadores quanto, e
principalmente, a prefeitos vivem em um mundo de fantasia. Prometem resolver a
maioria dos problemas que afetam o povo brasileiro, principalmente das camadas
mais pobres excluidas política, econômica e socialmente e residentes nas
periferias urbanas ou no meio rural que
tem nos serviços públicos como saúde, educação, saneamento básico, transporte e
segurança pública as únicas maneiras de minorar seu sofrimento.
Estamos em meio ao
processo que deverá afastar definitivamente a Presidente Dilma Roussef, acusada
de alguns crimes contra na execução orçamentária, em meio a uma recessão
que já dura quase tres anos, a operação
LAVA JATO que continua aterrorizando políticos, gestores públicos e empresários
acusados de práticas de corrupção e, em diversos estados, alguns juizes ,
talvez inspirando-se no exemplo de Sérgio Moro, também tem condenado
`a prisão muitas figuras importantes do
cenário politico, administrativo e empresarial estadual.
A recessão econômica
que se abate sobre o Brasil não deve ser superada com discurso tipo “pensamento
positivo” utilizado pelo governo tampão de Temer e sua equipe econômica, o
mundo todo e o empresariado brasileiro ainda continuam com um pé atraz e não
tem coragem suficiente para realizarem grandes investimentos, cuja maturação é
de longo prazo, além de cinco ou dez anos.
Em 2015 o PIB brasileiro encolheu em R$210 bilhões de
reais, em 2016 deve encolher mais R$ 195 bilhões, ou seja, em dois anos o
Brasil cresceu como rabo de cavalo, para baixo e para traz, tendo o PIB sido reduzido
em R$ 405 bilhões de reais. Esta recessão e o “crescimento” em menos de 0,5% em 2014, tem provocado sérios reflexos
econômicos e sociais,com destaque para mais de 11 milhões de desepregados e
mais de 15 milhões de subempregados e,
de uma forma cruel, afetado as contas públicas do Governo Federal, que detém
próximo de 65% dos impostos arrecadados
no país e também nos Estados e municípios que ficam com a menor parte da
arrecadação de impostos e necessitam das transferências constitucionais FPM e
FPE, além de convênios e investimentos diretos do governo federal para a manutenção dos
serviços básicos como saúde pública, educação, saneamento básico, transporte e mais
de uma centena de programas, projetos e ações que o governo federal assume
através de suas políticas públicas, as
quais estão tendo dificuldades para
serem implementadas. O caos e sucateamento
dos serviços públicos é patente e causa indignação na população com frequência.
Há mais de dois anos a
arrecadação dos Governos Federal,
estaduais e municipais tem caido a olhos vistos. O deficit público do Governo
Federal em 2015 foi de R$114 bilhões, este ano deverá ser de
R$170 bilhões e em 2017 deverá ser de
R$142 bilhões, ou seja, em tres anos o deficit público deverá atingir o total
de R$426,5 bilhões. Os Estados e municípios também estão experimentando pesados
deficits e não tem a quem se socorrerr, já que o Governo Federal está também
falido e mal administrado. A grande maioria dos estados e municípios não estão
conseguindo sequer pagar salários em dia e nem
repor as perdas inflacionárias que corroem a renda dos trabalhadores do setor públicos,
causando greves e outras manifestações que acabam refletindo na baixa qualidade
desses serviços e prejudicando ainda mais a população mais pobre e sofrida e,
em menor grau a classe média.
O descontrole das
contas públicas também estão sendo afetadas por outros “buracos”,
como a renúncia fiscal, que deixam de arrecadar para o Governo Federal
mais de R$ 100 bilhões por ano e nos Estados mais de R$45 bilhões e nos
municípios mais de R$15 bilhões, um
total de R$160 bilhões deixam de entrar
nos cofres públicos, a título de “inventivos” para, na verdade, ajudarem a
acumulação de capital e o lucro dos grandes grupos econômicos, além de
alimentar a corrupção como aconteceu em MT e outros Estados.
Existe também a questão da dívida pública que é a maior sangria de recursos públicos de que se tem notícia na história recente do
Brasil. O país está praticamente nas
mãos de agiotas nacionais e internacionais. Quando teve início o Governo Lula
em janeiro de 2003 a dívida pública líquida do Brasil, interna e externa,
atingia R$633,3 bilhões de reais e a previsão do Banco Central é que em
dezembro de 2016 deve chegar a R$3,2 trilhões de reais, apesar de que neste
período só de juros e encargos o Brasil pagou pouco mais de R$3,5 trilhões de reais.
O peso da dívida
pública bruta representa mais de 70% do PIB e quase 50% do OGU – Orçamento
Geral da União. Só no mes de maio ultimo
esta dívida aumentou 2,77% ou seja, mesmo pagando juros e outros encargos, em
um mes a dívida pública aumentou em R$80 bilhões.
Segundo o Banco
Central, a dívida bruta do Brasil, incluindo os Governos Federal, Estaduais,
municipais, estatais e a previdência, atingiu em maio de 2016 nada menos do que
R$4.113,9 trilhões de reais, ou seja, 68,6% do PIB e deverá ultrapassar mais de
R$4,7 trilhões de reais em dezembro deste ano.
Em outro artigo
tentarei falar/escrever sobre a sonegação e as obras inacabadas/paralizadas que
causam prejuizos bilionários a cada ano ao país e aos poderes públicos. No
Brasil são sonegados por ano mais de R$500
bilhões de reais e só a DAU
dívida ativa da União em 2014 somavam 1,162 trilhões de reais e a
previsão é que possa chegar a R$1,8 trilhões de reais.
A ONG “Tax Justice
Network” especialista em investigações sobre sonegação e uso de paraíso fiscais
e outros países como forma de lavagem de dinheiro e sonegação, principalmente
de países subdesenvolvidos ou emergentes, calcula que grandes sonegadores e
corruptos brasileiros possuem mais de R$1,0 trilhão de reais for a do país.
É neste contexto de
crise econômica, financeira, fiscal, orçamentária e moral que os candidatos
devem discutir suas propostas. Ao mentir para a população nas eleições de
2014 os candidatos Dilma e Temer,
enganaram o povo, não falaram a verdade sobre a gravidade da crise e estão
colhendo os resultados. Mas quem paga o
pato pela corrupção, demagogia, incompetência e mentiras dos candidatos e
depois de eleitos, os governantes, na verdade é o povo. A hora da verdade é agora, precisamos de
discussão séria e verdadeira e jamais um monte de fuxicos e propostas
irrealizáveis e enganosas!
JUACY DA SILVA, professor
universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A
Gazeta há mais de 23 anos. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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