DIA INTERNACIONAL DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA
JUACY DA SILVA
Desde 1992 quando a
Assembléia Geral da ONU declarou que 03 de dezembro deveria ser dedicado `a
reflexão sobre as condições de vida das
pessoas com deficiência, esta data passou a ser observada como DIA
INTERNACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.
Ao longo desses 24 anos, diversos temas de importância para as
pessoas com deficiências tem sido enfocados,buscando, com isso , aprofundar as
reflexões sobre a importância e a necessidade de garantir direitos fundamentais
para que essas pessoas não sejam excluidas, discriminadas e também tenham
condições de vida digna.
O tema do DIA
INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
em 2016 é o seguinte: “Conquistando
os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável para o futuro que eu quero”,
que a ONU aprovou em substituição aos objetivos do milênio para o período de
2016 a 2030. A discussão e as reflexões
devem estar centradas em como cada país , cada setor das diferentes sociedades
e em todos os níveis de governo ao redor do mundo podem realizar para a
inclusão efetiva das pessoas com deficiência e que essas pessoas possam fazer
parte do processo do desenvolvimento sustentável.
De uma forma direta,
sete dos objetivos do desenvolvimento sustentável, a chamada agenda 2030 da ONU, estão diretmente relacionados com as
pessoas com deficiência e outros seis de forma mais indireta. Isto significa
que para alcançar ou conquistar esses objetivos todos os segmentos
populacionais, independente de suas condições físicas, intelectuais, mentais,
psicológicas, visual ou outras características
como raça,etnia, cor da pele,religião, gênero, orientação sexual, status
sócio econômico ou faixa etária devem usufruir do progresso conquistado
através desses objetivos.
Em 2006 a ONU através de sua Assembléia Geral aprovou
a Convenção dos Direitos das pessoas com
deficiência, que até o momento já foi ratificada, ou seja, aprovada por 169
países, inclusive o Brasil, como forma de unificar a luta de mais de UM
BILHÃO de pessoas,ao redor do mundo, que tem algum tipo de deficiência. Ao aderir, ratificar os
termos da Convenção, cada país se obriga a definir e colocar em prática um
ordenamento jurídico interno para garantir tais direitos e a definir políticas
públicas, estratégias, planos nacionais, estaduais, regionais e locais para que
os direitos estabelecidos na convenção das Nações Unidas e o ordenamento
jurídico interno não seja apenas cartas de intenção ou letra morta. Para tanto
é fundamental que as pessoas com deficiência também lutem e conquistem seus
direitos e espaços de participação em todos os setores da sociedade, incluindo
Mercado de trabalho, mobilidade e acessibilidade, acesso a todos os serviços públicos, principalmente
na educação, na saúde, cultura, lazer, esportes, enfim para que sejam pessoas
humanas na sua plenitude e deixem de ser excluidas ou tratadas com espírito de
comiseração ou piedade.
Segundo a OMS –
Organização Mundial de Saúde, organismo especializado da ONU para este setor e
também da UNICEF, em 1970 estimava-se
que apenas 10% da população mundial era portadora de algum tipo de
deficiência, mas as estatisticas da própria OMS informa que em 2016 este
percentual atinge 15%, chegando a 19,5% em alguns países ou até mais como
acontece no Brasil que, segundo o censo
de 2010 do IBGE 45,6 milhões de pessoas tinham algum tipo de deficiência, ou
seja, 24% da população brasileiraa. Considerando que a população do Brasil em
03 de dezembro de 2016 é de 206,8
milhões de habitantes e considerando o parâmetro do próprio IBGE de que 24% da
população tem algum tipo de deficiência, podemos concluir, sem sombra de dúvida
que existem atualmente em nosso país nada menos do que 49,6 milhões de pessoas
com algum tipo de deficiência, a grande maioria das quais excluidas, discriminadas,
desrespeitadas em seu direitos fundamentais, a começar pela liberdadede ir e
vir, a tão proclamada mobilidade e
acessibilidade.
Basta andarmos pelas
nossas cidades vamos perceber o estado vergonhoso e de verdadeira calamidade
pública em que se encontram as calçadas, a falta de rampa, as escadas enormes
nas portas de igrejas, escolas, organismos públicos, estabelecimentos
comerciais, locais de trabalho. As dificuldades e barreiras arquitetônicas ou outras que as pessoas com deficiência
enfrentam nos transportes coletivos, ônibus sem elevador, taxis que não tem
condições de transportar cadeiras de rodas e assim por diante,tolhendo alguns
ou diversos direitos fundamentais dessas pessoas.
Apesar de que o Brasil
tenha aprovado o Estatuto da Pessoa com deficiência, que contempla conselhos
nacional, estaduais e locais/municipais dos direitos das pessoas com
deficiência e tenha definido políticas públicas voltadas para este segmento que
já se aproxima de 50 milhões de pessoas, ainda estamos muito longe, muito longe
mesmo, de garantir os direitos fundamentais dessas pessoas. Boa parte ou
talvez a maior parte disso tudo não
passa de mera letra morta ou publicações
para enfeitar relatórios ou prateleiras.
Um outro exemplo, os
avanços para que a comunicação no Brasil voltada para as pessoas com surdez,
cegas ainda é precária nas escolas, em todos os níveis de ensino, fundamental, médio ou superior,
nas igrejas, nos serviços públicos e no setor empresarial. Isto restringe um
dos direitos mais importantes que é o diálogo, poder comunicar-se, aconte
principalmente na educação e de forma direta aos serviços de saúde, uma forma
direta de exclusão social e econômica.
Oxalá este 03
de dezembro possa ser um momento para uma reflexão mais profunda sobre qual
o projeto de país, de estado, de município e de cidade que queremos. Se
continuarmos ignorando esta realidade, com certeza estamos apenas reforçando a
exclusão de milhões de pessoas que tem
direitos fundamentais, entre os quais a vida, a Liberdade de ir e vir, a igualdade
de oportunidades, a dignidade, a equidade, a justiça e o direito mais sagrado que é o de sonhar com
um futuro melhor para si e suas famílias.
Desgraçamente enquato
milhões de pessoas portadoras de deficiência sofrem para serem reconhecidas
como cidadãos e cidadãs, nossos governantes e gestores públicos aliam-se a
empresários desonestos para assaltarem os cofres públicos e fazerem da
corrupção uma forma de aumentar seus lucros, seus privilégios , seus
patrimônios e suas rendas. A corrupção, juntamente com a sonegação, roubam
bilhões de reais a cada ano que poderiam estar sendo utilizados para ações que
garantam a cidadania e dignidade das pessoas com deficiência.
Este é mais um desafio
que o Brasil precisa enfrentar de forma efetiva, não apenas através de
discursos demagógicos e falsas promessas de nossos governantes, principalmente
durante as campanhas eleitorais.
Pense nisso caro
leitor, eleitor e contribuinte. Voce pode ajudar a mudar o Brasil, onde todas
as pessoas, inclusive as portadoras de deficiência, sejam tratadas com respeito
e dignidade! Isto sim é democracia e estado de direito!
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular
e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista, colaborador de jornais,
revistas, sites, blogs e outros veículos
de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog
ww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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