CORRUPÇÃO NA ORDEM DO
DIA
JUACY DA SILVA
Apesar
dos “esforços” de nossos governantes em
combater a corrupção, principalmente com as ações da operação lava jato e de
outras ações do poder judiciário em alguns estados, que redundaram em prisões
de ex governadores, secretários de
estado, ex parlamentares e até
afastamento de conselheiros de tribunais de contas e de membros do poder
judiciário, o fato concreto é que o Brasil ainda está muito
mal na foto e a corrupção continua na ordem do dia, enfim, na agenda política e
institucional de nosso país.
O
último relatório sobre a percepção da corrupção da ONG Transparência
internacional, divulgado há dois dias, coloca o Brasil na 79a posiçao no
ranking mundial da corrupção, muito pior do que alguns países daÁsia, África,
Europa e da América Latina como Uruugui
que ocupa a 21a. posição, o Chile a 24a, a Costa Rica 41a, Cuba 60a, a África
do Sul e Suriname que estão empatados na 64a posição. O Brasil faz parte do
grupo de peso do BRICs, ao lado da China e da Índia, demonstrando que continuam
tendo na corrupção um enorme desafio
para que o desenvolvimento possa acontecer respeitando padrões éticos muito
importantes nas relações internas e internacionais.
No
relatório foi demonstrado que existe uma
correlação entre altos índices de corrupção e altos índices de desigualdade e
de injustiça nesses países e no Brasil esta realidade é patente. Dinheiro
público roubado pelos politicos, gestores públicos e empresários fazem falta
para a implementação de políticas públicas e inclusive para o pagamento das
despesas correntes da administração pública, gerando uma grande crise
institucional e social em diversos estados e na União.
Mesmo
que nos dois últimos anos nosso país tenha “melhorado” e subido dois postos na
ordem do ranking internacional da percepção da corrupção, quando comparado este
último relatório com outros de alguns anos e décadas anteriores, a situação em nosso país piorou muito.
Assim,
não é por acaso que o desbaratamento dos esquemas do MENSALÃO e do
PETROLÃO e de outros esquemas menores em
diversos Estados, paira sobre o Brasil
uma nuvem carregada de inídicios de que ainda existe muita corrupção sendo
descoberta em todos os níveis de governo e poderes da República e
regiões/estados/municípios de nosso país.
Com
certeza ainda tem muita gente grauda que goza de foro especial, uma espécie de
privilégio legal que protege os grandes corruptos de acertarem as contas com a
justiça e com a sociedade. De outro lado a morosidade e os meandros do
funcionamento do poder judiciário também contribuem para a impunidade, inclusive
via prescrição das penas, demonstrem que a corrupção ou a criminalidade de
colarinho branco compensa e que o enriquecimento ilícito via esquemas
fraudulentos na gestão pública e em suas
relações com a iniciativa privada que realiza obras ou presta serviços ao setor
público é muito mais uma regra do que excessão.
O
desbaratamento de diversas quadrilhas de colarinho branco envolvendo políticos, gestores públicos,
enfim, servidores públicos com empresários, principalmente de médio e grande
porte, como as diversas fases da
operação Lava Jato tem demonstrado e atestam perfeitamente que a presença de
quadrilhas na administração pública ainda é
uma chaga, uma nódoa a ser extirpada.
Por
mais que as chamadas delações premiadas
contribuam para ampliarem e aprofundarem as
investigações nos casos de corrupção sob o escrutínio da justiça, parece
que a redução das penas que aos corruptos deveriam ser impostas acabam sendo um verdadeiro privilégio, como o
cumprimento de penas domicialiares em
residências de luxo ou verdadeiras mansões adquiridas com dinheiro sujo fruto
da corrupção.
Mesmo
não tendo sido utilizadas as delações
premiadas no caso do MENSALÃO, as penas que acabaram sendo impostas ao núcleo
politico, principalmente `a cupula petista, foram muito brandas, praticamente
nenhum corrupto condenado naquele processo cumpriu mais de tres ou quatro anos
de prisão e muitos tiveram suas penas comutadas e perdoadas na forma de idulto,
enquanto Marcos Valério e as diretoras
do Banco Rural “pegaram” mais de 30 e 15 anos, respectivamente.
Com
a morte do Ministro Teori Zavaski, uma sombra de dúvida voltou a pairar
sobre o andamento das investigações da
LAVA JATO, principalmente porque cabia ao mesmo a responsabilidade das decisões
sobre todos os suspeitos de corrupção que gozam do privilégio de serem
denunciados, investigados e julgados
apenas perante o STF. Deste grupo fazem parte mais de 40 parlamentares ,
deputados federais e senadores, incluidos na “Lista do Janot”, enfim, diversos
políticos que fazem parte da cúpula do poder legislativo e a morosidade na
tramitação desses processos, pode acarretar em maior impunidade e a
desmoralização de nossas instituições, principalmente do poder judiciário.
Enfim,
2017 e , com certeza 2018, vão continuar
tendo a mesma agenda dos anos recentes, ou seja, a crise política, econômica,
financeira, orçamentária, social e institucional que tanto tem denegrido a
imagem do Brasil interna e externamente. O fulcro central desta grande crise
com certeza tem um nome e este toda a população brasileira conhece muito bem e
se chama CORRUPÇÃO.
Enquanto
a corrupção não for banida e os
corruptos presos e afastados da vida política, econômica, social e
institucional do país nossos governantes não terão legitimidade para
apresentarem planos, propostas ou pacotes para darem um novo rumo ao pais,
inclusive o presidente Temer, cuja chapa Dilma/Temer continua sobre
investigação por abuso do poder econômico e uso de dinheiro sujo, fruto da
corrupção, nas últimas eleições.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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