DESEMPREGO, O DRAMA DE MILHÕES
JUACY DA SILVA
O mundo em geral e,
praticamente todos os países em particular, cada um com suas características
próprias quanto ao desenvolvimento econômico, suas nstituições políticas,
sociais, militares e religiosas, suas desigualdades sociais e regionais,
enfrentam diversos desafios ao longo da história.
Muita gente pensa e acredita piamente que tais desafios
ou problemas são dos respectivos governos
e não percebem que tais problemas e desafios muito além dos números e
das estatísticas são dimensões
existenciais das pessoas, das comunidades e dos grupos sociais que sofrem, lutam , nutrem
esperanças de mudança ou desiluções e
revoltas como manifestação da vontade popular para mudar o rumo da história.
Em termos gerais
podemos destacar alguns desses problemas
e desafios como os conflitos étnicos e
raciais, as guerras, o terrorismo politico ou religioso, as mudanças climáticas
e a deterioração ambiental, a baixa qualidade dos serviços públicos,
principalmente nas áreas da educação, da saúde, da segurança pública, a
corrupção, a escalada da violência, a recessão econômica, a pobreza, a fome, as
desigualdades e por ai afora.
Há poucos dias, em
meados desta semana, a CNI divulgou uma pesquisa que costuma realizar todos os
anos intitulada “Retratos da sociedade
brasileira”, edição 2017. Os
resultados refletem o sentimento da população em relação ao que o povo
espera do governo, no caso governo federal, com
destaque para os tres maiores desafios ou problemas que espera serem
superados por políticas públicas
eficientes, transparentes e efetivas. O primeiro problema sentido pela
população foi o combate o desemprego com
52% das respostas, seguindo-se em empate, portanto em segundo lugar, o combate
`a corrupção e o equacionamento do caos na saúde, ambas com 42%, ficando para traz outros desafios
como combate `a violência, melhoria da qualidade da educação ou cuidados com o
meio ambiente e outros mais.
Interessante é que em
relação ao desemprego, fazendo coro com o drama que afeta mais de 200 milhões de pessoas ao redor do
mundo 25 milhões na América Latina e mais de 12,3 milhões em nosso país, o
sentimento não difere em todas as categorias sociais, econômicas, regiões do
país, tipos e tamanho de cidades, ou seja,
a maioria das pessoas identificam no desemprego a matriz do sofrimento
de milhões de pessoas, pais de família, crianças, jovens , adultos e idosos.
Cabe ressaltar que a OIT em seus relatórios sobre
as condições de emprego e desemprego no mundo
e em todas as regiões, nos últimos quatro ou cino anos, vem chamando a
atenção para a gravidade deste problema, que afeta todos os trabalhadores ou
pessoas em idade produtiva, mas de uma forma mais cruel os jovens de 20 a 29
anos, e neste grupo como no contexto geral do Mercado de trabalho ainda pesa
mais o aspecto de gênero, ou seja, as mulheres continuam ganhando menos do que
os homens e apresentam índices de desemprego maior do que os homens,
independente de apresentarem índices educacionais mais elevados.
Além do desemprego, os
relatórios da OIT, principalmente o de 2016 e as projeções para 2017 também
destacam a questão do subemprego ou do trabalho na informalidade, como
alternativea ao desemprego aberto, mas que deixa também
um contingente ainda maior, podendo chegar a mais de 550 milhões de
pessoas no mundo, 133 milhões na América Latina e mais de 25 milhões no Brasil,
sem proteção social, como previdência e atenção `a saude.
No contexto do
desemprego e do subemprego, que representa mais de 750 millhões de pessoas no
mundo, podemos também perceber pelos dados apresentados nesses relatórios que
está havendo uma precarização na qualidade do trabalho, uma deterioração do
salário real, ou seja, do poder de compra do salário, corroido por taxas de
inflação elevadas e com reajustes de salários muito aquém da inflação,
significando não apenas arrocho salarial mas perdas significativas do poder de
compra, em alguns países, como o Brasil em mais de 25% ao longo de uma década,
que somada ao aumento da carga tributária que recai de uma forma injusta e
pesada sobre os mais pobres, acaba revertendo o progresso alcançado nos últimos
anos ou até aumentando os níveis de pobreza geral da população.
De forma explícia, o
jornal The Guardian, de Londres de 13 de janeiro ultimo destaca um alerta feito
pela OIT no sentido de que o desemprego, na medida que interfere na vida ,ou
seja, nas condições de vida, na visão de futuro, nas perspectivas futuras da populaçãao, na esperança dos mais pobres, acaba funcionando como um
estopim para a frustração, as revoltas, as rebeliões das massas e também um
fator que impulsionaria as migrações internacionais. Constata-se uma grande decepcção na população,
principalmente os jovens entre 20 e
29 anos com seus países e seus
governantes e daí surgem com mais forca a vontade de abandonarm seus países e
buscarem melhores oportunidades em outros países, principalmente na Europa, Estados
Unidos e outras nações desenvolvidas.
Lamentavelmente, parece
que este drama que também está bem presente no Brasil não
tem motivado nossos governantes, que se preocupam muito mais com seus
privilégios do que definirem politicas públicas mais coerentes e que estimulem
não apenas a economia a voltar a crescer, mas principalmente tendo o fator
trabalho como fulcro dessas politicas.
Alguma coisa anda
errada em termos de macro economia em
nosso país e parece que o receituário não tem mudado e nem vai mudar, apesar da
troca dos governantes de plantão, como
se diz “farinha do mesmo saco”, a serviço dos grandes grupos economicos do que
com a sorte do povo.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, titular e apossentado
UFMT, mestre em sociologia, artculista e colaborador de
jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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