O BRASIL VISTO DE
FORA
JUACY DA SILVA
Há duas semanas quando
cheguei `a Belgica para visitar minha filha , coincidiu que também estava em
Bruxelas o ex-governador de Mato Grosso, senador licenciado e atual Ministro da
Agricultura, Blairo Maggi, um dos maiores ou talvez o maior produtor de grãos
do Brasil e um dos maiores do mundo.
Em seu périplo por
vários países, nos mais diversos continentes e foruns internacionais o Ministro
está tentando “vender” o Brasil, ou seja, demonstrar a empresários internacionais
que vale a pena investir no Brasil. Para comprovar sua tese apresenta um áudio visual que pode até convencer
possíveis investidores, principalmente quando o foco é o agronegócio, a praia
do ministro onde o mesmo navega com
muita facilidade e maestria.
Todavia, ao longo de
anos o Brasil é visto no resto do mundo não pela excelência de suas terras,
pela “cordialidade” de nossa gente,
pelas belezas de nosso país, pela exuberância
da Amazônia e do cerrado, que,
como ecosistemas, continuam sendo destruidos impediosa e gananciosamente por aqueles que
não pensam nas gerações futuras e degradam o meio ambiente continuamente e
impunemente.
O Brasil, há várias
décadas. é mais visto pelos elevados índices
e a escalada da violência, pela corrupção que já se tornou endêmia e
epidêmica envolvendo gestores,
governantes e grandes empresários como
as operações MENSALÃO e LAVA JATO, bem
atestam; além de inúmeros casos que também acontecem em diversos Estados e
municípios, aspectos que tem conduzido `a
uma grande instabilidade política e institucional ao longo das últimas
tres décadas, onde um presidente e uma presidente foram afastados do poder e diversos políticos
importantes estão na cadeia ou prestes a
serem condenados.
No aspecto
econômico nosso país é
bem conhecido por sua burocracia
paquiderme, por altíssimas taxas de juros, por altas taxas de inflação, até mesmo hiperinflação em alguns anos e últimamente por uma grande recessão e estagnação por quase quatro
anos, tendo como consequência um elevado índice de desemprego e sub emprego, queda no nível e
padrão de vida de mais de 35 milhões
pessoas, queda na arrecadação de impostos nas tres esferas de governo e
uma deterioração na qualidade dos serviços plúblicos e a quase falência dos governos estaduais e municipais.
Outro tema que é
recorrente no noticiário internacional sobre o Brasil é o caos na saúde, o
surgimento e ressurgimento de doenças de
massa, muitas de caráter infecto
contagiosas, exigindo um alerta para visitantes e turistas internacionais que
desejam visitor o Brasil para admirarem
ou aproveitarem nossas belezas e hospitalidade.
Anualmente o Forum
Econômico Mundial, em suas reuniões em
Davos, na Suiça, costuma divulgar seus relatórios, o mais conhecido é o índice
Global de Competitividade, onde 140
países fazem parte de um ranking, tendo como balizamento tres conjuntos que totalizam 12 indicadores considerados
importantes para a economia e serve para que investidores e governantes dos
vários países possam analisar tais dados e traçarem suas políticas e
estratégias macro e micro econômicas. Outro relatório é o chamado hiato de
gênero e um terceiro relatório é denominado de riscos globais, onde estão
inseridos os principais cenários para os próximos anos.
No índice global de competitividade
relativa a 2016 e 2017, entre 138 países
o Brasil ocupa a 81a posição,
perdendo seis posições no ranking em relação ao relatório anterior referente a
2015 e 2016. Não bastasse tal posição no
ranking global, quando são apresentados
os rankings por indicadores ou pliares
como são denominados no Relatório, ai a situação é vergonhosa.
No indicador
Instituições nossa posição é a 120a; no ambiente macro econômico caimos para
126a; na saúde e ensino fundamental o Brasil ocupa a 99a posição; nas relaçcões
de trabalho 117a; no ensino superior e
treinamento 128a; no desenvolvimento do Mercado financeiro 93a; no indicador de
inovação 100a; nas habilidades e
capacitação da mão de obra 98a; no dinamismo empresarial 88a; no hiato,
distância de gênero 79a, na participação das mulheres na economia 91a e no
empoderamento das mulheres 86a.
No mundo como
também na América Latina tanto no
ranking de competitividade quanto no fosso de gênero ocupamos uma posição
bem abaixo da média, muito abaixo de diversos países com
peso econômico e posicionamento geoestratégico de menor importância do que o
Brasil. Por exemplo, no índice global de competitividade o Brasil tem o pior
desempenho entre os países dos Brics, ficamos atraz da China, da Índia, da
Rússia e também da África do Sul.
Um ultimo exemplo da
insignificância do Brasil no contexto internacional. Apesar da vastidão de nosso território, 85 vezes o
tamanho da Coréia do Sul,que praticamente do tamanho que o Estado de
Pernambuco, com uma população de 206,4
milhões de habitantes enquanto a Coréia
tem 50,8 milhões, nosso PIB em 2015 foi de apenas 60% maior do que aqule país.
Somos 22o país exportador com 190,1
bilhões de dólares e a Coréia o oitavo com 548,8 bilhões de dólares. O
total do comércio exterior brasileiro, exportações e importações, em 2015 foi de 432 bilhões de dólares e o da Coréia
do Sul nada menos do que 1,092 trilhões de dólares.
Convenhamos com tantos
dados assim, fica difícil qualquer marketing que o Governo brasleiro tente
fazer para mudar nossa imagem aos olhos
do mundo. Creio que também o trabalho de “vender” o Brasil realizado pelos ministros Maggi , José Serra ou qualquer outro vai ser muito difícil. Como
se diz, contra fatos não existem argumentos que mudem a realidade. É triste ver tudo isso, principalmente quando a
imprensa internacional noticia sobre o Brasil.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e
colaborador de Jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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