ELEIÇÕES, ÉTICA E
OUTROS PARÂMETROS
JUACY DA SILVA
Muita
gente, mesmo que não seja a maioria ou a totalidade dos eleitores, define a
escolha de seus candidatos levando em consideração a vida pregressa/passada dos
memos, se tem ficha limpa ou ficha suja, se é honesto ou desonesto, imaginando
que apenas o parâmetro ético seja a régua para medir a estatura politica e
estratégica dos futuros governantes.
Desgraçadamente,
tambem muita gente, com certeza a grande maioria quando vai votar não estabelece
nenhum critério, mas apenas se o candidato é seu “amigo/a”, se é um bom
despachante de luxo, que diz o tempo todo que quer ser eleito para “trazer”
recursos de Brasilia ou das capitais dos estados para seus municipios, que vai
fazer uma emenda ao orcamento destinando tais recursos para comprar uma
ambulância (aquelas que ficaram conhecidas como a máfia das ambulâncias), ou
para uma determinada obra, nem que for de fachada, como o VLT de Cuiabá ou
milhares de obras paralisadas ou super faturadas, que alimentaram a corrupção
que está sendo escancarada ultimamente por todas as investigações, como o
MENSALÃO e a LAVA JATO, tem demonstrado, sobejamente.
A
existência dos maus políticos e gestores incompetentes decorre desta forma de
votar dos eleitores e de nosso Sistema político partidário, onde ladrões dos
cofres públicos são eleitos e reeleitos/as a cada pleito, tendo como máxima o
“rouba, mas faz”, como acontecia com o governador Ademar de Barros e tantos
outros politicos corruptos que até este ano ainda fazem parte de nosso cenário politico, os quais e
as quais, deveriam mesmo é estar na cadeia, segregados do convívio social e
politico.
Além
do parâmetro ético, o Brasil como um todo, os estados e municipios precisam
também que o eleitor leve em consideração, quando da definição de seu voto, os
parâmetros da competência técnica, da visão estratégica, da capacidade de gestão,
que deve ser transparente, eficiente, eficaz e efetiva, do parâmetro da
impessoalidade e do compromisso com o bem comum, do respeito com o meio
ambiente e da defesa intransigente da soberania nacional e popular.
Para
administrar o bem público ou o dinheiro público, não basta ser honesto, dizer
que é honesto, este requisito deve ser uma norma geral nas relações em
sociedade, tanto na esfera política quanto na economica, social e cultural, nem
deveria ser algo a diferenciar as pessoas. Não podemos ter politicos honestos
mas medíocres na arte de governar, que só pensem em seus próprios interesses,
que sejam eleitos com o voto da população pobre, miserável, dos excluidos e
quando eleito, seja para cargos do poder executivo ou do poder legislativo
coloquem seus mandatos a serviço dos grandes grupos econômicos, seja do agronegócio,
dos setores industriais ou comerciais ou outros interesses excusos.
Para
que o eleitor possa “conhecer” melhor os candidatos e definir seu voto, a própria
Lei eleitoral exige que os candidatos aos cargos do poder executivo e, por
extensão do poder legislativo, apresentem e até registrem seus planos de
governos, suas propostas que deverão orientar seus mandatos, caso sejam
eleitos.
É
fundamental que os eleitores possam ter acesso com a devida antecedência a esses planos de governo e propostas de ação
politica para poder comparar os candidatos e decidir em quem votar, ai sim,
levando também em consideração os demais parâmetros como a ética, a competência
técnica, a transparência, a capacidade de gestão e outros mais que já tem sido
bastante repisados nas discussões politicas , acadêmicas ou mesmo nas conversas
de botequins.
Não
é mais possivel os eleitores continuarem votando sempre nos mesmos, em
politicos que já provaram que pouco ou nada fizeram por seus Estados e pelo
Brasil. Seria bom que os eleitores dessem uma olhada na ficha corrida, na
chamada “capivara” dos candidatos, muitos que não tem competência sequer para
administrar seus empreendimentos/empresas individuais, que como empresários são
sonegadores, participam de esquemas para
usufruirem das benesses que o Estado (ente publico) concede como juros subsidiados,
renuncia fiscal ou outros favores e privilégios que a população jamais tem
acesso ou usufrui.
Em
novembro próximo os eleitores terão mais uma oportunidade de contribuirem para
alguma mudança na composição da elite politica e governante, a chamada elite do
poder em nosso país. Caberá aos eleitores darem cartão vermelho não apenas para
os fichas sujas, os corruptos, mas também para os politicos demagogos,
mistificadores, incompetentes, enganadores, sonegadores, oportunistas e
exploradores da boa fé do povo brasileiro, só assim vamos poder iniciar uma
transformação mais profunda que chegue `as reformas do Estado, a reforma tributária,
a uma melhor distribuição do bolo tributário, com mais justica fiscal, respeito
ao meio ambiente e politicas públicas que reduzam de fato os niveis vergonhosos
de concentração de renda, de pobreza,
exclusão social e econômica que ainda existem em nosso país e, ai sim, acabar
com os privilégios dos marajás da República que vivem de forma nababesca
enquanto o povão padece com o caos e sucateamento dos servicos públicos, com destaque para a vergonha em que se
encontram a saúde pública, a educação, a segurança pública, o saneamento básico
, a habitação e o meio ambiente em geral.
Só
assim, podemos dizer que estamos vivendo em um “estado democratico de direito”,
caso contrário,a continuar como estão o
cenário e a vida politica e administrativa, o povo não acredita mais em nada e
em ninguém, conforme a avalanche de não comparecimento `as urnas , que, somados
aos votos nulos e em branco a cada pleito representam mais do que a soma dos
votos de todos os candidatos.
JUACY DA SILVA,
professor universitario, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
colarador e articulista de diversas veiculos de comunicacao. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário