NAUFRÁGIO `A VISTA
JUACY DA SILVA
A crise política,
econômica, fiscal-orçamentária, institucional e moral que o Brasil está
enfrentando está diretamente ligada `a falta de rumo do Governo Dilma que
perdeu totalmente o controle da situação. Muita
gente imagina que estamos no fundo do poço, mas a cada dia o tamanho do buraco em que o
Brasil se encontra está aumentando.
Todos os dias surgem
mais casos de corrupção envolvendo grandes empreiteiras, estatais e grandes obras do governo, fruto das investigações da
operação lava-jato, que aos poucos vai descobrindo os meandos da roubalheira.
Com certeza com a instalação de mais
duas CPIs, a do BNDES e a dos FUNDOS DE
PENSÃO, a podridão que existe nos porões
do poder ou nas entranhas do governo vai demonstrar que os escândalos do
MENSALÃO e do PETROLÃO são fichinhas perante o que poderá ser os
maiores escândalos dos últimos doze anos
em nosso País, envolvendo figuras
importantes da República e do meio empresarial.
Todavia, ainda existe
um buraco que tem passado desapercebido na atual crise que aos poucos vai destruindo
nosso país, da mesma forma que destruiu a Grécia , refiro-me `a questão da dívida pública brasileira, cuja responsabilidade maior é do governo Federal.
Conforme dados
do Banco Central e do Tesouro Nacional, quando a Presidente Dilma
iniciou seu primeiro mandato em janeiro de 2011, o total da dívida pública era
de R$ 1.628,99 trilhões de reais e em
maio de 2015, já no início deste seu
desastado segundo mandato atingiu o valor de R$ 2.496,23 trilhões de reais. Ou
seja, apesar de o Brasil ter gasto mais de
dois trilhões em pagamento de
juros, encargos e uma pequena parte em amortização, o estoque da dívida pública cresceu em mais de 876 bilhões de reais.Neste rítmo em dezembro de 2015 a
dívida pública poderá se aproximar de 2,8 trilhões de reais ou seja, mais de 70%
do PIB, principalmente em decorência dos aumentos constantes das taxas
de juros, pela recessão que está ocorrendo neste ano e pela
desorganização das contas públicas, como ocorreu em 2014 com as famosas “pedaladas
fiscais”.
A cada aumento da taxa básica de juros
promovido pelo Banco Central, o estoque da dívida pública aumenta de forma a
comprometer não apenas as contas do Governo Federal quanto o futuro da economia
e do país. Desde o início do Governo Lula até o momento atual, todos os
anos o Orçamento Geral da União “reserva”
entre 42% a 49% para pagamento de juros,
encargos, rolagem e amortização da
dívida pública.
Conforme notícia veiculada no Jornal Valor Econômico em 26
deste mes de julho de 2015, o TCU aponta 35 riscos para a gestão da dívida
pública e que entre 2008 e 2014 o Tesouro Nacional fez emissões no
valor de R$430 bilhões de reais em favor do BNDES. Como o Tesouro paga juros de
acordo com a taxa selic e os empréstimos do BNDES são a juros
menores do que os pagos pelo Tesouro ao Mercado, isto resultou em um prejuizo
de 120 bilhões de reais no mesmo período, a
serem cobertos pelos
contribuintes.
No Acordão 1798/2015, o
TCU determinou que a Secretaria de Macro avaliação governamental (SEMAG)
estabeleça com o apoio da Secretaria de controle externo (SEGECEX) execute estratégia de médio
prazo para a realização de ações de controle da dívida pública federal e promova as correções necessárias a
fim de atingir maior transparência e evitar maiores problemas para as contas
nacionais.
Diversos setores da sociedade civil organizada e também da oposiçao estão exigindo uma “Auditoria
cidadã da dívida pública” e que seja
estabelecido um limite aos gastos orçamentários do Governo Federal – Orçamento Geral
da União para o pagamento de juros, encargos, rolagem e
amortização da dívida, evitando que quase
a metade do orçamento da União seja
gasto com este setor, comprometendo de forma excessive o desempenho das
demais funções de governo como saúde, saneamento, segurança, investimentos,
pessoal, previdência etc.
O chamado “superavit
primário”, parcela dos gastos da União que são cortados para fazer caixa e administrar
esta colossal dívida pública tem deixado diversos ministérios, programas
e projetos sem condições de trabalho. Exemplo típico foi a tesourada que a
Presidente Dilma e os Ministros da Fazenda e Planejamento fizeram há poucos meses, quando aproximadamente 80
bilhões de reais foram cortados do OGU aprovado pelo Congresso, aumentando
ainda mais o CAOS na saúde, na educação,
na segurança pública e outros setores do Governo Federal.
Na verdade, apesar dos
belos discursos, da propaganda oficial do
Governo e de slogans como “pátria
educadora”, a grande prioridade do
Governo Dilma é a Dívida Pública e isto está sendo custeado por uma enorme e
pesada carga tributária, o aumento constante dos juros básicos da economia, a
redução dos investimentos públicos, o sucatamento da administração pública federal, o arrocho salarial dos
trabalhadores do setor público, a
desorganização das contas públicas e uma
grande incerteza quando ao futuro da economia brasileira, que está afugentando investidores e aumentando os
riscos de nosso país.
O Brasil está parecendo
um navio em alto mar que perdeu o rumo e
cujo comandante não sabe mais o que fazer ou qual o destino a tomar. Na
iminência de um desastre que leve o navio ao naufrágio parece que a tripulação
começa a se impacientar com o comandante e se prepara para um motim. Enquanto
isto os passageiros começam a ficar desesperados e podem participar do motim
contra a comandante do navio.
Parece que já
está na hora de trocar o
comandante deste navio que se chama Brasil antes que um desastre maior possa
ocorrer.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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