VIAGENS E MENSAGENS DE FRANCISCO
JUACY DA SILVA
Em pouco mais de dois anos
e quase quatro meses, o Papa Francisco
faz mais uma viagem internacional, desta vez aos três países com maiores índices de pobreza,
indígenas e seus descendentes da América
do Sul: Equador, Bolívia e Paraguai, bem no coração do continente.
Nessas viagens Francisco
tem aproveitado para tanto dialogar com a própria igreja, que sofre quanto para levar suas mensagens de fé, de
esperança , de justiça , de equidade
e caridade; avivando a fé de milhões de católicos, mas também, abrir e aprofundar um diálogo
inter-religioso e inter-social.
Suas recentes cartas apostólicas e Encíclicas não deixam
dúvida que aos poucos está revolucionando tanto as estruturas da Igreja quanto as práticas de evangelizar. No diálogo
interno, com o mundo católico, tem estimulado a discussão sobre temas
até então proibidos ou que eram
tratados de forma velada, jamais com a coragem e ao mesmo tempo com a humildade
que Francisco trata dos mesmos.
Temas como o sacramento da comunhão para os separados ou
re-casados; a questão do homossexualismo, do celibato, a questão dos
padres casados, o papel dos leigos e leigas
na igreja, a pedofilia que denigre clérigos e a Igreja, a corrupção no Banco
Vaticano e na própria Igreja não tem escapado aos olhares e orações de
Francisco, este papa que veio do fim do mundo, como ele mesmo o disse ao ser
escolhido para ocupar o Trono de São Pedro.
Depois do papado de Gregório III, que governou a Igreja
Católica entre 731 e 741, nascido na Síria, são mais de 1.270 anos que um papa
não europeu é escolhido. Francisco foi o
primeiro papa do continente Americano,
da América Latina e do Sul e também o
primeiro papa jesuita a assumir o trono de São Pedro, escolhendo muito apropriadamente o nome em homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres
e do meio ambiente.
Talvez por todas essas
razões podemos entender a urgência que Francisco trabalha para dar uma nova cara para a Igreja, um
pouco mais comprometida com o destino dos pobres, dos excluídos, sua condenação
`as práticas de violência e preconceitos, as guerras, os conflitos e a
prepotência dos governantes e o
materialismo dos portentados. De nada adianta amealhar poder e riqueza, nada disso é levado ao final de nossa vida
aqui na terra, parece querer dizer Francisco em suas mensagens, por isso sua ênfase na caridade, na equidade , na justiça
social e na solidariedade e nos cuidados com a natureza.
Aos líderes nacionais e internacionais ele os exorta `as boas
práticas da governança, o uso do poder para promover ações voltadas aos pobres e não para enriquecerem ainda mais os ricos. Por tabela
faz uma condenação constante a corrupção no governo, na sociedade e na
Igreja. Aos ricos ele os exorta para que sejam mais humildes, menos
prepotentes, menos egoistas, menos materialistas e a ajudarem a
cuidar das obras da criação, onde o meio ambiente merece um grande destaque. Foi neste sentido que
escreveu recentemente a chamada ENCÍCLICA VERDE, para que todos tenhamos um
pouco mais de respeito e cuidado com o meio ambiente, reduzindo o consumismo e
a degradação ambiental.
Nesta viagem a América
do Sul, em um de seus
pronunciamentos na Bolívia, talvez
movido pela compaixão frente `a pobreza
e exclusão social, econômica e política, Francisco enviou um duro recado tanto
aos países ricos quanto os ricos que exploram os pobres ao condenar de forma
explícita o capitalismo, pela forma como o mesmo continua explorando o povo e
disse que a economia precisa ser mais solidária e humana, ou seja, precisamos colocar limites
na busca desenfreada pelo lucro. Neste contexto voltou a condenar a destruição
do meio ambiente na busca desenfreada por resultados imediatistas, esquecendo-se de que o passive ambiental
acabará sendo pago por todos, principalmente, pelos mais pobres e as gerações
futuras.
Francisco fala mais
diretamente ao coração dos pobres, razão pel qual é tão aplaudido em todas as suas viagens,
inclusive a que fez ao Brasil e nesta atual aos países mais pobres da América
do Sul. Oxalá também os poderosos, os
governantes e as elites que se dizem cristãos
e a maioria desses que se dizem catolicos ouvissem e praticassem o que
Francisco tem dito. Com certeza o mundo, nossos países e nossas
sociedades seriam muito melhores, livres das mazelas que tanto infelicitam o
povo, principalmente os menos
afortunados.
Suas mensagens
também são dirigidas diretamente
`a Igreja para que volte-se mais voltem-
aos pobres, os humildes e excluídos, razão maior de seu pontificado.
Nossos países , o mundo e a Igreja tem muito a aprender com Francisco.
JUACY DA SILVA, professor universitário,
fundador, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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