DEZEMBRO VERMELHO: A
LUTA CONTRA A AIDS
JUACY DA SILVA
Hoje, 01 de dezembro é o
DIA MUNDIAL da luta contra a AIDS, que
em 2016 foi responsável por 1,2 milhões de mortes no mundo e que, desde
o surgimento da epidemia em 1981 até os dias atuais é a responsável por 41,5
milhões de mortes.
A AIDS matou e vem
matando tanto quanto ou muito mais do que as maiores tragédias, principalmente
as guerras, revoluções, violência urbana, guerrilhas e os desastres naturais. Por
exemplo, a primeira Guerra mundial foi
responsável por 17 milhões de mortes, a II Guerra mundial por aproximadamente
30 milhões nos campos de batalha e mais 22 milhões por fome e doenças
decorrentes; a Guerra do Vietnan por 3,1 mlhões de mortes, a revolução russa
por 9 milhões; os massacres do stalinismo chegaram a 49 milhões e a revolução
chinesa exterminou 45 milhões de pessoas.
Um balanço da ONU e da
Organização mundial da saúde relativo ao ano de 2016, apresentam números
estarrecedores, tais como: a) 19,5 milhões de pessoas ao redor do mundo, incluindo o Brasil, estavam realizando terapia
anti-aids’ b) nada menos do que 36,7 milhões estão vivenndo com o HIV/AIDS e se
não forem adequadamente tratados também irão a óbito; c) desde o inicio da
epidemia, em 1981, mais de 88 milhões de pessoas já foram infectadas e,
praticamente metade acabou morendo, principalmente nos países africanos e
outros subdesenvolvidos ou “em desenvolvimento”; d) entre o ano de 2000 e junho
de 2017, houve uma “melhoria” no tratamento e sobrevida das pessoas
diagnosticadas com AIDS, passando de 685 mil em 2000 para 20,9 milhões no ultimo
mes de junho deste ano.
O lema para este DIA
MUNDIAL DA LUTA CONTRA A AIDS em 2017 e o DEZEMBRO VERMELHO, mes dedicado `a conscientização
a respeito do HIV/AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST) deixa
claro a importância desta luta quando estabelece “Direito `a saúde – minha saúde, meu direito”, inserindo o tema da
AIDS nos objetivos do desenvolvimento sustentável, agenda 2030, onde a saúde além
de um direito humano fundamental é também considerado pilar ou fator de
desenvolvimento, ao lado da educação, do meio ambiente, saneamento e outros
mais.
Enquanto o mundo
apresentou uma redução de 11% no numero de casos de AIDS, o Brasil apresentou
um aumento de 3% no numero de casos diagnosticados, indicando que o CAOS na saúde
publica e o descaso dos governos federal, estaduais e municipais quanto aos
recursos destinados `a saude pode comprometer seriamente esta luta contra o
HIV/AIDS, da mesma forma que no atendimento da população pobre que depende
única e exclusivamente do SUS para ter o
seu direito `a saude respeitado.
Em Brasília e outras
capitais, edifícios públicos neste mes de dezembro estarão sendo iluminados com
a cor vermelha e outros materiais de propaganda para chamar a atenção da população
para esta terrivel doença e a importância da conscientização, mudanças
de hábitos e sexo seguro por parte das
pessoas, principalmente crianças, jovens, adolescentes e, também, população madura
e idosos, grupos até recentemente considerado pouco afetado pela AIDS, mas que
últimamente vem apresentando números elevados de infectados tanto no Brasil
quanto em diversos países, principalmente países mais pobres.
No caso do Brasil, a campanha
de prevenção da AIDS está bem distante das medidas concretas que deveriam ser
tomadas pelos governantes. Não tem sentido falar em saúde pública e vermos os
governos federal, estaduais e municipais cortando ou reduzindo drasticamente os
recursos destinados `a saude publica, em um país em que mais da metade da população
vive ou sobrevive com menos de um salário mínimo, onde mais de 13 milhões de
trabalhadores estão desempregados, mais de 15 milhões subempregados, enquanto
os donos do poder cuidam da saúde nos melhores hospitais, tudo as custas do
contribuinte, enquanto o povão continua morendo nas filas de hospitais ou decorrente
da falta de tratamento que demanda continuidade como no caso da AIDS, câncer,
diabetes, doenças cardíacas, respiratórias ou outros doenças crônicas.
Precisamos falar sobre
AIDS e tantas outras doenças, mas que esta discussão esteja inserida no
contexto da crise moral, econômica, financeira e orcamentária que afeta a população
e provoca o CAOS na saúde pública, da mesma forma que o CAOS na educação, na
segurança pública, no saneamento básico e praticamente em todos os setores e
instituições de nosso país.
Caso isto não seja feito,
este dia mundial da luta contra a AIDS e o dezembro vermelho serão epans
slogans vazios que em nada irá mudar esta triste realidade que afeta
principalmente as camadas mais pobres que não tem acesso a uma saúde humanizada
,de qualidade e universal que é a proposta desde o surgimento do SUS que a cada
dia esta mais moribundo, quase morrendo como a população excluída de nosso
país.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e
colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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