REFORMA DA PREVIDÊNCIA
JUACY DA SILVA
A população brasileira
está sendo bombarbeada dia e noite, nas últimas semanas ou meses, com noticias,
entrevistas e ameaças por parte do governo Temer e seus aliados sobre a
urgência e imperiosidade da reforma da previdência, como se todos os males do
Brasil tivessem como a única causa a tão
malfadada crise da previdência.
Um verdadeiro terrorismo
de estado está sendo utilizado para “convencer” a opinião pública de que se a
Câmara Federal e o Senado não aprovarem tal reforma o país não vai se
recuperar, que o deficit público não será equacionado, que o desemprego vai
continuar e tudo vai piorar.
No discurso oficial, a
reforma da previdência é a única saida para que a economia volte a crescer,
gerar postos de trabalho e aumentar a receita pública e um mundo maravilhoso
está batendo `as nossas portas. Para que a reforma da previdência seja
aprovada, primeiro na Câmara Federal e depois no Senado, o governo e seus
aliados utilizam de todas as armas, muitas das quais bem distantes dos
princípios éticos que deveriam servir de base para a ação política e
administrativa, a começar pela troca de favores, liberação de emendas e até
mesmo tentativas de suborno das centrais sindicais, na forma de pacotes de
bondades custeados pelos já parcos recursos publicos.
O que o Governo Temer,
principalmente seu ministro da Fazenda, o mesmo que foi eleito deputado pelo
PSDB, renunciou ao mandato para ser presidente do Banco Central do Governo
Lula, quando a aliança PT, PMDB e outros partidos apoiaram muitas das políticas
que levaram o Brasil a esta situação, não se cansam de ameaçar o país e a
população com suas bravatas.
Todavia, nada falam sobre
a sonegação fiscal que afeta a arrecadação de impostos, inclusive os débitos
que grandes grupos empresariais tem com a previdência social na ordem de mais
de R$531 bilhões de reais e que são os verdadeiros responsáveis pelo buraco ou
deficit da previdência. Estão incluidos nesta conta R$14 bilhões de dívidas
previdenciárias dos Estados, mais R$75 bilhões das prefeituras, R$426 bilhões
das empresas privadas e das Estatais e em torno de R$15 bilhões dos Produtores
rurais que, mesmo perdendo na justiça, acabaram de receber um verdadeiro perdão
desta divida, na forma de um parcelamento a perder de vista.
Esta divida em relação `a
previdência faz parte de uma outra realidade que pouca gente tem tomado
conhecimento que é a divida ativa da união, dos estados e municípios que até o
final de 2016 totalizava nada menos do que R$1,8 trilhões de reais, a verdadeira
causa do deficit público e pelo estrangulamento das contas públicas nos tres
niveis de governo, pressionadas por uma divida publica trilhonária, que já
representa quase 80% do PIB.
Estudos recentes do Banco
Mundial indicam que a sonegação de tributos federais, estaduais e municipais no
Brasil representa em torno de 9,1% do PIB e chega a R$571 bilhões de reais por
ano, praticamente o mesmo valor da arrecadação de todos os Estados que , em
2016, foi de R$638 bilhões de reais.
Além da sonegação é bom também destacar que, mesmo em
meio a uma crise fiscal e orçamentária
profunda e a uma queda violenca da arrecadação, realidade esta representada
pelos deficits de mais de R$350 bilhões da União e mais de R$150 bilhões de
deficit dos Estados e Municípios, nos ultimos quatro anos, tanto o governo
federal quanto os governos estaduais continuam abrindo mão de receita na forma
de renuncia fiscal e outras “bondades” que favorecem grandes grupos econômicos
em detrimemnto do erário. O valor da reníuncia fiscal da União, estados e
municípios no Brasil chega a mais de $300 bilhões por ano, afora os juros e
amortização da divida publica que esta em torno de R$900 bilhões por ano.
Além da sonegação e da
renúncia fiscal existe outra causa que é responsável tanto pela perda de
receita quanto pela desorganização das finanças públicas e da ineficiência e
desorganização que estão destruido não apenas a previdência mas o país como um
todo que é a corrupção.
Portanto, com ou sem
reforma da previdência, se não houver um combate de fato `a sonegacao, `a
corrupção e `a renuncia fiscal e subsidios de toda ordem que criam privilégios
para grandes grupos econômicos em detrimento da população brasileira, a atual
crises ó tende a piorar nos próximos anos.
Finalmente, como estamos
`as portas de eleições gerais, em menos de dez meses, para que os eleitores
escolham um novo presidente da República, governadores de estados, dois terços
do senado, deputados federais e estaduais, talvez a melhor coisa seria que esta
questão e outras mais que tanto afligem a população brasileira fossem debatidas
pelos candidatos e partidos e as soluções fossem encontradas com maior
legitimidade e não em meio a um verdadeiro terrorismo de estado como está
acontecendo atualmemte.
Congressistas e politicos
em final de mandato não tem legitimidade para votar de afogadilho medidas que
irão impactar a vida de milhões de brasileiros. Muitos ou talvez a maioria dos
atuais mandatários receberão cartão vermelho nas próximas eleições,
JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e
aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais,
sites e outros veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
Nenhum comentário:
Postar um comentário