AS MÚLTIPLAS FORMAS DA
VIOLÊNCIA:
1. A VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA
JUACY DA SILVA
Dando
continuidade `as reflexões sobre o tema da Campanha
da Fraternidade deste ano que é a superação da violência, é importante e
fundamental que se possa perceber a violência como um fato social complexo,
cujas origens, manifestações, formas, causas e consequências diferem historica,
cultural, temporal, econômica, politica e socialmente.
Diante
de uma realidade tão complexa, não se pode ter a ingenuidade de que existe uma
fórmula mágica para resolver o problema em todas as suas dimensões. É
importante que se faça uma análise a partir de cada dimensão e que as ações
também sejam realizados de forma coerente, integradas e jamais compartimentadas,
isoladas ou de forma descontínua.
Podemos
também identificar os espaços ou territórios, para usar uma linguagem atual e
muito em voga, onde a violência se manifesta e como esses espaços estão
interrelacionados ou superpostos tornando o problema mais complexo ainda,
principalmemnte pelos atores ou agentes envolvidos. Muitas vezes a vítima de
uma forma de violência também é agente que pratica outros atos de violência contra
outras pessoas e, desta maneira, se forma uma teia que facilita a reprodução da
violência de forma generalizada, o que caracteriza a chamada “cultura da violência”,
onde todos estamos inseridos, sem
excessão.
O
primeiro espaço onde a violência está presente e , muitas vezes de forma oculta
e dissimulada , é a familia. Estudos indicam que os índices de violência doméstica
é muito maior do que as denúncias feitas perante organismos públicos,
principalmente junto aos organismos de saúde, policiais e de defesa dos
direitos humanos.
Aqui
cabe um destaque, tem muita gente que confunde o conceito de direitos humanos com a defesa pura e simples de
bandidos, quando na verdade direitos humanos são os direitos fundamentais de
todas as pessoas, incluindo a vida, a liberdade de ir e vir, liberdade de
expressão, liberdade de opção sexual, liberdade de crença, liberdade para ter
uma vida digna, liberdade de a pessoa
não sofrer discriminação, ser maltratada, liberdade para buscar ser feliz, sem
que isto prejudique o próximo. A superação da violência pressupõe a garantia e
a defesa integral dos direitos humanos.
Pois
bem, a violência doméstica se manifesta na forma como os pais tratam, cuidam e
criam seus filhos e filhas. É comum, não apenas no Brasil como também em
diversas países, que pais espanquem filhos/as, sejam extremamente autoritários,
violentos em suas relações. Existe muita violência tanto dos pais quanto das
mães em relação aos filhos, inclusive uma forma dissimulada de violência que é
o abandono, a negligência ou até mesmo atos de violência fisica e psicológica,
incluindo assassinatos.
Tais
práticas irão moldar o caráter e a personalidade da criança e adolescente e acompanha-las pelo resto da
vida, vários estudos indicam que crianças e adolescentes que sofrem maus
tratos, sofrem violência doméstica se tornam adultos também violentos e irão
reproduzir os memos modelos ou padrões de relações familiares quando adultos; é
o que podemos dizer como “reprodução da violência”, culturalmente, geração após
geração.
De
forma semelhante as noticias e estudos indicam que, no caso brasileiro, por
exemplo, existe um alto grau de violência contra a mulher, a chamada violência
de gênero, onde boa parte desta violência tem suas raizes históricas e
culturais, pelo machismo que está na base da formação cultural de nosso país,
onde ao homem, ao marido, companheiro, amante, namorado é dado o direito de
posse em relação `a mulher, inclusive
seu corpo. Por muitas décadas ou séculos a sociedade brasileira e ainda isto
está presente nos dias de hoje, tolera inúmeros crimes contra a mulher em nome
da “defensa da honra”, tanto em relação `a esposa quanto `as filhas.
Essas
são as raizes do feminicidio, dos estupros, das agressões, dos assassinatos com
requinte de crueldade contra mulheres e meninas indefesas, tanto na dimensão da
violência doméstica quanto na violência contra as mulheres em espaços publicos,
que é o círculo ampliado do universo da violência.
No
contexto da violência domética existe também a violência sexual, que não pode e
nem deve ser negligenciada, principalmente de pais, padrastos, parentes próximos
contra criancas e adolescdentes, principalmente contra meninas, as vezes com
tenra idade. Há casos de volência sexual até mesmo contra bebes e criancas com
menos de quatro ou cinco anos, uma verdadeira aberração em se tratando de violência
contra seres humanos indefesos.
Outra
forma de violência doméstica muito frequente são as agressões, por vezes até
fatais, de irmãos e irmãs entre si ou de filhos e filhas contra pais e mães,
inclusive quando esses são idosos e acabam sendo vitimas indefesas de seus
próprios familiares, em um ambiente que deveria primar pelo amor, carinho e
compreensão mútua entre seus membros.
Portanto,
se desejarmos superar a violência precisamos repensar as nossas relações
familiares e subsituir a brutalidade, o autoritarismo, a perversidade, os maus
tratos, as agressões físicas, verbais ou psicológicas pelo diálogo, pela
solidariedade, pela compreensão mútua, pelo amor, pelo perdão e pela
reconciliação, ensinamentos sagrados constanets, principalmente, do Novo
Testamemento da Bíblia Sagrada, fonte única da fé cristã.
Não existe sociedade que busque a paz se no seio das famílias existe uma
verdadeira guerra que é a violência doméstica, que se manifesta nas formas de
violência de gênero
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