LULA, DAVOS E A
GLOBALIZAÇÃO
JUACY DA SILVA
Na semana passada dois
acontecimentos significativos ocuparam as agendas nacional e internacional. Um deles foi a condenação , em segunda
instância da Justiça Federal em Porto Alegre, do ex presidente Lula, acusado
por prática de corrupção e lavagem de dinheiro, incluindo o aumento da pena de
9 anos e meio estabelecida em primeiro instância pelo Juiz Sérgio Moro, para 12
anos e alguns meses, incialmente em regime fechado, ou seja, mais dia, menos
dia, se a defesa de Lula não conseguir reverter essas decisões ele vai acabar
no xinlindró, como outros politicos e empresários graúdos que já estiveram ou
estão na cadeia há alguns meses ou anos.
Este fato é significativo
porque vai ter repercussão nas eleições de outubro, não apenas para presidente
da República, mas também para os demais cargos como senadores, deputadores
federais, estaduais e governadores.
Ao politizar as decisões
judiciais deste e de mais cinco ou seis processos que Lula ainda responde
também por corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e formação de
quadrilha, poderá impedir que o fundador
e líder máximo do PT seja candidato a um terceiro mandato como presidente da
República. Mas mesmo assim, Lula será uma referência importante no processo
eleitoral, podendo, inclusive ajudar a alavancar tanto o PT quanto os demais partidos de esquerda em
todos os estados.
Este acontecimento, ou
seja, a condenação de Lula, deverá dar muito pano para mangas, como dizem e
muita água ainda vai passar por debaixo da ponte até as eleições de outubro,
lembrando que, da mesma forma como tramitou este e outros processos contra
Lula, se a justiça, principalmente o STF e STJ, tiverem a mesma celeridade, com
certeza a grande maioria dos mais de cem parlamentares, ministros, governadores
e secretários de Estado e outros figurões poderão também ser impedidos de
concorrerem `as eleições, afinal, esses
são acusados e investigados por crimes semelhantes aos de Lula e não
seria justo condenar e prender meia duzia de corruptos e deixar mais de uma
centena de corruptos livres, leves e soltos ou então acontecer como no caso do
ex governador , ex prefeito e deputado Paulo Maluf que demorou 18 anos para ser
condenado e colocado na prisão, demonstrando que a morosidade da justiça
contribui para a impunidade.
O segundo acontecimento
da semana que terminou, foi a reunião do Forum Econômico Mundial, em Davos, na
Suiça, que contou com a participação de mais de 4 mil pessoas, incluindo mais
de 70 chefes de Estado, de Governo, ministros , grandes empresários, centenas
de jornalistas e representantes de organizações não governamentais, que
assistiram diversas apresentações de Chefes de Estado e também puderam
participar de mais de 400 painéis, onde foram debatidos temas importantes para
as relações internacionais e o futuro do planeta e da humanidade.
O tema deste ano da reunião
de Davos foi “ criando um futuro
compartilhado em um mundo fragmentado”. Decorrentes deste tema, diversas
outros, mais específicos fizeram parte do encontro e que tem estado na pauta das agendas oficiais e não
oficiais nos últimos anos.
Dentre esses temas,
também importantes, podemos destacar: mudanças climáticas, desastres naturais;
conflitos regionais e guerras, incluindo Guerra cibernética, conflitos geopolíticos;
migrações internacionais ou grandes deslocamentos populacionais internos;
corrida armamentista e a proliferação de armas de destruição em massa; crise
econômica, financeira e fiscal em vários países e, finalmente, um tema que
muitos governantes e grandes empresários nem gostam de falar que é o ajumento
da pobreza e da desigualdade econômica, social e politica no mundo, tanto entre
paises quanto internamente em todos os países.
Todos esses temas estão
interrelacionados e acabam gerando
diversas consequências tanto a nível mundial quanto nos países, com destaque
para o desemprego, sub emprego, falência dos estados, impossibilitando-os de
oferecerem obras e serviços públicos de qualidade e voltados, principalmente,
para as camadas mais pobres e excluidas da sociedade, gerando insatisfação,
protestos populares, conflitos sociais e politicos e instabilidade
institucional.
Como bússula para os próximos
encontros e as ações por parte das entidades governamentais, as agências
internacionais, o setor empresarial e também a sociedade civil organizada,
foram estabelecidas seis grandes agendas.
Essas são as seguintes:
Agenda global; agenda geopolítica; agenda econômica; agenda regional e
nacional; agenda de negócios e investimentos e, finalmente, a agenda do futuro,
voltada para as inovações, as pesquisas, as descobertas, a reengenharia das
instituições para fazerem face aos avan
ços científicos e tecnológicos e as mudanças de vanguarda, principalmente nas
áreas das artes, medicina, ciência e tecnologia e na formação de novas
lideranças políticas, empresariais e comunitárias.
Foi também aceita a ideia
da criação de um Conselho Global do Futuro, a ser integrado por mil dos maiores
e melhores pensadores, pesquisadores e empresários de diversas áreas e campos
do saber, com a finalidade de pensar e imaginar quais serão os grandes desafios
que a humanidade estará enfrentando nos próximos anos e décadas, ou seja,
identificar alguns fatos portadores de futuro.
Resta saber se tudo isso
será realmente implementado e como as pessoas, os governos, os empresários, as
ONGs e instituição vão navegar neste mar
extremamente revolto, evitando algumas catástrofes naturais ou humanas já bem
previsíveis.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veiculos de
comunicação. Email professorjuacy.yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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