VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
JUACY DA SILVA
Na próxima quarta feira
de cinzas, dia 14 de fevereiro de 2018, terá inicio a CAMPANHA DA FRATERNIDADE,
cujo tema este ano é “Fraternidade e a superação da violência” e lema “Vós sois
todos irmãos”, conforme texto do Evangelho de São Mateus 23,8. A Campanha da
Fraternidade, ao longo da Quaresma, é uma oportunidade para que cristãos e não
cristãos, enfim, a população brasileira possam refletir sobre este problema que
tanto medo, sofrimento e custos sociais, econômicos, financeiros, humanos e
materiais causam ao nosso pais e sua gente.
Dando continuidade `as
reflexões sobre o tema da violência, tendo como referência os espaços onde a mesma
ocorre, gostaria de destacar, neste artigo, alguns aspectos da VIOLÊNCIA
ESCOLAR, como o segundo espaço onde criancas, adolescentes, jovens e adultos
presenciam, são vitimas ou perpetradores de atos de violência. O ambiente
escolar é integrado por alunos, professores, professoras, dirigentes escolares
e trabalhadores técnicos ou administrativos, ou seja, a Escola, desde o ensino
pré-escolar até a universidade forma e conforma uma verdadeira comunidade.
Mesmo que nosso Sistema
escolar brasileiro excluam milhões de criancas, adolescentes e jovens, ele é um
Sistema frequentado também por dezenas de milhões de brasileiros, sendo que a
educação é considerada a verdadeira porta para a mobilidade social, para a
formação para a vida e para o trabalho. Para tanto a escola deve ser um
ambiente onde seus integrantes possam viver e conviver em um clima de
entendimento, de amizade, de respeito e, acima de tudo, onde um ensino de
qualidade possa ser ministrado. Só assim, a escola estará cumprindo seu
verdadeiro papel.
Todavia, isto é o ideal
que temos de qualquer escola e de todos os sistemas escolares, muito longe, na
quase maioria das escolas brasileiras, que convivem com violência de toda ordem
dentro e em seu entorno, como ocorre no Rio de Janeiro e outros estados, onde
constantes tiroteios, balas perdidas, tráfico de drogas, ameaças do crime
organizado, que manda e desmanda nos territórios controlados pela bandidagem,
ante a falência do Estado, dos poderes públicos, falência esta proclamada pelo
próprio ministro da Defesa em seus pronunciamentos recentes.
No mundo, conforme dados
da UNESCO, 20% dos alunos das diferentes escolas, o que representam mais de 246
milhões de pessoas, sofrem algum tipo de violência todos os anos, sendo que
esses dados tem crescido de forma assustadora ao longo dos últimos anos. Em
alguns países esta é a realidade de 34% dos alunos entre 11 e 14 anos, que
disseram já ter sofrido algum tipo de violência nas escolas ou no trajeto para a
escola ou da escola para casa.
O Brasil está muito feio
na foto. Segundo relatório recente, de 2017, da OCDE, Organização para a
cooperação econômica, nosso país ocupa o topo do ranking da violência contra
professores e professoras, em uma pesquisa com mais de 100 mil professores/as
em 34 países desenvolvidos, emergentes e subdesenvolvidos, em escolas
frequentadas por alunos com idades que variam entre 11 e 16 anos. Mais da
metade dos Professores e professoras informaram aos pesquisadores que já
sofreram algum tipo de agressão verbal, ameaças e também agressões físicas, que
deixaram sequelas físicas, psicológicas e emocionais, acarretando sérias
consequências para o exercício de suas atividades, determinando até mesmo o
afastamento ou transferência para outros locais pela impossibilidade de
continuarem com suas atividades docentes.
Uma outra pesquisa
realizada pelo INEP/MEC em 2016, cujo relatório veio a publico em 2017,
conforme noticiou um grande jornal de circulação nacional, tendo como amostra
alunos, professores, dirigentes e funcionários de escolas frequentadas por
alunos com idade entre 11 e 14 anos, em todos os Estados, indica que mais de
50% dos entrevistados afirmam já terem presenciado ou sofrido atos de violência
dentro e no entorno da escola. A pesquisa entrevistou 132.244 pessoas e
constatou que 71% de professores/as já presenciaram ou foram vitimas da violência
escolar. Outra conclusão foi de que 13% desses alunos usam sistematicamente ou
já usaram drogas ilícitas e que o tráfico é feito nas imediações ou dentro das
próprias escolas.
Uma das formas de violência
escolar que tem crescido muito nos últimos anos é o Bullying, chegando a tal
ponto que acabou determinando a aprovação e sansão da Lei 13.277, de 29 de
abril de 2016, assinada pela então presidente Dilma. Esta Lei estabelece que o
dia 07 de abril, deve ser declarado Dia
Nacional de combate ao bullying e a violência na escola.
Com se percebe a violência
está presente nos lares, na familia, na forma de violência doméstica; na escola,
no ambiente do trabalho, na comunidade, não no sentido de favela como
ultimamente tem sido enfatizado, mas no contexto da moradia, incluindo todas as
classes e camada sociais e também nos espaços segregados, como as prisões e até
mesmo nas igrejas na forma de violência simbólica, psicológica e até mesmo
fisica.
Na verdade a violência, a
cada dia no Brasil, está ocupando todos os espaços, incluindo a violência
simbólica camuflada na forma de exclusão social, miséria, fome, doenças de
massa, caos nos serviços públicos, na corrupção, que é uma forma de violencia
política. Enfim, é um assunto que merece nossa atenção, reflexão e ao mesmo
tempo a busca de sua superacão. Só assim podemos dizer que vivemos em um país
decente e um Sistema politico onde primam o estado de direito, a democracia, a
justiça e a Liberdade.
Não podemos continuar
sendo prisioneiros do medo, da violência, das injusticas , da impunidade e da
corrupção! Isto é um simulacro de país!
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de
comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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