ASSALTO AOS COFRES
PÚBLICOS
JUACY DA SILVA
O Brasil, todos os
Estados e municipios estão vivendo uma profunda crise fiscal, orçamentária e
financeira, com deficits cada vez maiores, com endividamento que em breve irá
estrangular de vez as contas públicas, ou seja, em linguagem popular, nosso
país, incluindo estados e municipios estão quebrados e sem perspectivas de sair
do vermelho nos proximos anos, apesar das belas mentiras de nossos governantes,
tão preocupados com as “fake news” na internet, mas que também adoram dourar a
pílula e continuarem mentindo do para o povo. Falta transparência tanto nos
discursos de nossas autoridades quanto nas informações/estatisticas econômicas
e sociais das instituições públicas.
Na última segunda feira,
26 de fevereiro de 2018, o Jornal A Gazeta, de Cuiabá, utilizando-se de dados
oficiais estampou em sua primeira pagina uma manchete dizendo que “Até 2020,
Estado (no caso Mato Grosso) deixará de arrecadar R$11,321 bilhões de reais,
importânncia equivalente a aproximadamente 18,14% dos orcamentos annual em 2018
e dos demais anos, estimando que tanto o orcamento anual quanto a renúncia
fiscal tendem a aumentar a cada ano.
Ao povo fica dificil de
entender como um estado ou a união alegam falta de recursos financeiros para
pagarem seus servidores, seus fornecedores e prestadores de servicos e ao mesmo
tempo abrem mão de arrecadarem o que lhes é devido, favorecendo grandes grupos
economicos que, as vezes, acabam se envolvendo em corrupção em suas relações
com os poderes publicos.
Podemos imaginar os
cofres públicos, como uma Caixa d’ água, onde a entrada da água pode ser
representada pelos impostos, taxas e contribuições que os entes públicos,
União, Estados e Municípios impõem sobre o lombo e o bolso do povo, atualmente
a carga tributária representa em torno de 38% do PIB, os contribuintes
trabalham mais de cinco meses por ano só para pagar impostos, taxas e contribuições.
Toda Caixa d’água tem
também uma saida para abastecer a residência e no caso do Governo isto deveria
ser o destino dos recursos arrecadados para custearem as políticas públicas, os
investimentos e as despesas de custeio da máquina pública.
Só que pela
incompetência, descaso, corrupção, falta de planejamento, descontinuidade de
políticas públicas e ações de governo, esta imensa carga tributária não
consegue atender aos requisitos mínimos
de eficiência, eficácia, efetividade e transparência e ai surge um câncer das
contas públicas que é o endividamento, interno e externo, cujo valor em
dezembro de 2009 era de R$1,49 trilhões de reais, passou para R$3,55 trilhões
de reais em dezembro de 2017, um aumento de R$447 bilhões de reais em um ano e
a previsão do Banco Central é que em dezembro de 2018 possa chegar em R$3,98
trilhões de reais.
No periodo de 2010 até
final de 2018 o Brasil devera ter gasto mais de R$7,2 trilhões de reais com o
pagamento de juros, rolagem e amortização parcial da divida pública, interna e
externa. Esta situação mais se parece com uma agiotagem institucional, cujos
números não atendem ao critério da transparência, pois o governo se opõe a uma
auditoria independente, a chamada auditoria cidadã sobre a divida publica.
O outro buraco na Caixa
dágua é representado pela sonegação, que entre 2010 e 2018 deixou de arrecadar
para os cofres publicos a “bagatela” de
R$4,201 trilhões de reais, incluindo mais de R$460 bilhões sonegados da
Previdência.
Não podemos deixar de
mencionar também a renúncia fiscal por parte dosEstados e União, que
também entre 2010 e 2018 significará uma
perda de arrecadação de R$2,042 trilhões de reais. Outro buraco nesta Caixa d’água
são os subsídios representados pelos benefícios financeiros e creditícios que
no periodo considerado chegam nada menos do que R$874 bilhões de reais, cujo
impacto na receita da previdência é de R$406 bilhões de reais.
No caso concreto da
previdência, que tanta celeuma tem causado, onde uma verdadeira Guerra
psicológica está sendo conduzida pelo Governo Temer e seus aliados, o impacto
da renúncia fiscal e dos subsidios reperesentam uma sangria de R$866 bilhões,
demonstrando que o famoso “deficit” da previdência propalado pelo Governo é uma
“fake” news, ou seja, uma mentiras, uma balela.
Finalmente, temos o
buraco negro da corrupção, cujas estimativas apontam que entre 3% e 5% do PIB
são roubados dos cofres públicos por empresários, gestores, politicos
corruptos, incluindo obras paralizadas, concorrências super faturadas, tudo
isto, no periodo de 2010 até final de 2018 deverá ultrapassar a mais de R$150
bilhões por ano.
Resumindo, no periodo de
nove anos o assalto aos cofres públicos no Brasil deve ultrapassar a mais de
R$12 trilhões de reais, importância que poderia muito bem ser aplicada em
políticas públicas, em desenvolvimento científico e tecnológico e melhoria na
qualidade de vida da população e redução dos níveis de pobreza, miséria e
desigualdade social e econômica.
O produto desta pilhagem,
deste roubo institucional é carreado para as classes abastadas, a elite econômica,
politica e os marajás da República. Tudo isto acontece pelo fato de que nossos
governantes representam na verdade os interesses dos grandes grupos econômicos,
apesar de falarem em nome do povo e galgarem o poder com o voto do povo,
incluindo a granda maioria dos excluidos que se contentam com um “prato de
lentilhas” por ocasião das eleições.
Obs. Por falta de dados
não consegui incluir os valores representados pela sonegação, renúncia fiscal e
corrupção referentes aos municipios, incluindo as capitais, algumas das quais
tem peso maior do que estados e que também devem ser de muitos bilhoes ou quase
um trilhão de reais.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista
e colaborador de diversos
veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog
www.professorjuacy.blogspot.com
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